Muito antes da tecnologia digital deixar os nichos técnicos para se tornar um tema corriqueiro no dia-a-dia nacional, ele já era um jornalis...
Muito antes da tecnologia digital deixar os nichos técnicos para se tornar um tema corriqueiro no dia-a-dia nacional, ele já era um jornalista especializado no tema. Premiado com o Prêmio Esso de Jornalismo em 1968 e 1978, cobriu, da chegada do homem à Lua aos programa espaciais dos Estados Unidos e da extinta União Soviética, em plena Guerra Fria.
Nessa entrevista, Ethevaldo Siqueira, 84 anos, sendo mais de 50 anos de profissão, fala sobre o fim do jornalismo, do porquê teve que entrar para o partido comunista e como conseguiu entrevistar Arthur C. Clark. Uma celebridade que detestava jornalistas.
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Ethevaldo Siqueira: Os maiores jornais do mundo tem o número já reduzido. Nova York tinha dez jornais, tem dois diários importantes. O Times de Londres, era o ícone da imprensa mundial, virou um tabloide com pouquíssima influência. Não tendo como disputar a massa de notícias que você tem instantaneamente por outros meios. Depois da internet não há condição de fazer jornalismo diário quando a produção do jornal leva de 8 a 10 horas. O atraso é fatal.
Ele hoje tem 5 vezes mais leitores na internet do que na versão impressa.
A substituição de empregos por robôs e inteligência artificial
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ES: As profissões que estão acabando, quais são? Manufatura, impressão 3D com robôs que produzem tudo com muito mais velocidade precisão e menor custo. O que ficou para os engenheiros planejar... Os engenheiros também serão substituídos.
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ES: Primeiro, o que que o advogado faz? Compara os direitos previstos nos códigos com a causa que ele tem. Isso o robô faz numa velocidade muito maior. Numa precisão. Sem distorções. Usando até todas as interpretações de sentenças anteriores. Os grandes advogados, serão poucos, que não serão substituídos por robôs. Na próxima década, não é para cinquenta anos. Administradores, executivos, pilotos.
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Eu dei uma volta em um Audi em Barcelona há um mês atrás, com IA, a primeira coisa que o engenheiro me perguntou foi: Você está com medo? Não, porque eu já andei em Las Vegas em janeiro, quando ele me deu a seguinte estatística:
Os motivos de se tornar um jornalista especializado em tecnologia
[00:12:11 ##film##]
ES: Eu me sinto um privilegiado por várias coisas. Primeiro, por ter tido os pais que eu tive, em especial, minha mãe que me transmitiu pelo DNA esse amor pelas telecomunicações já que ela era telegrafista. E ela, aos nove anos, tentou ensinar a todos os filhos, o Código Morse.
[00:12:46 ##film##]
Segundo privilégio foi ser vítima do golpe militar de 64. Se não fosse esse golpe eu seria bancário, estaria aposentado em casa de pijama, o colesterol lá em cima, brigando com a mulher. Se já não tivesse morrido há alguns anos. Eles abriram o mundo para mim, sem querer. Com prisão, processo, e a perda do emprego no Banco do Brasil.
Sobre motivos que levaram à sua prisão
[00:13:16 ##film##]
ES: Eu cometi alguns crimes na cabeça dos militares. Do Coronel Chaminot de Ribeirão Preto, que era o mais radical dos perseguidores da esquerda. Eu como jovem, fazia parte da Ação Popular (AP) da qual fazia parte, na época, Fernando Henrique, Luiz Carlos Bresser Pereira, o Betinho, José Serra.
Augusto Nunes (apresentador): É crime! (risos)
O futuro da tecnologia daqui a 50 anos
[00:14:40 ##film##]
ES: Se eu tivesse o talento e a visão de Arthur Clarke eu poderia dizer que 50 anos é quase que impossível de ser projetado em uma visão que tenha alguma possibilidade de ser factível. Imagine, por exemplo, a Universidade da Singularidade que faz esse exercício todos os dias com pessoas como Ray Kurzweil, como o Vince Cerf, como o Bill Gates que são três cabeças extraordinárias. Que imaginam que nos anos 2030, por exemplo, de 60% a 70% dos empregos terão desaparecidos. O que não significa que tenha desaparecido novas formas de trabalho. (...) Eu digo o seguinte: Não é 2050 que me preocupa, é 2020, daqui a três anos. Hoje nós temos conectados de 10 a 12 bilhões de objetos que se comunicam como se fossem pessoas. (...) A máquina falando com máquina, coisa falando com coisa.
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Bitcoin e Blockchain
Aproveitando a deixa do entrevistado, Fábio Gandour, cientista-chefe da IBM Brasil explica:
Fábio Gandour: O conceito de blockchain existe atralado ao conceito de Bitcoin. A moeda virtual só pode existir se eu tiver a monitoração completa da cadeia produtiva de bens e serviços que será remunerada pela moeda virtual. (...) Já está acontecendo. Também no Brasil.
O conhecimento no mundo digital
ES: O conhecimento vai se tornar muito mais atraente a cada ano que passa por todos os recursos que a tecnologia permite. Por exemplo, eu estou fazendo um curso pela internet, porque eu tenho banda larga, estou estudando em Harvard no edx.org. Pouca gente acreditava que era possível fazer um curso a distância no ritmo que eu quero. Conversar com os professores, quero dizer, dialogar. Lá da Granja Viana falando com Harvard.
[00:39:23 ##film##]
Porque o Brasil não é uma potência tecnológica
Em 1970 eu estive na Coreia pela primeira vez. Em trabalhos jornalísticos 10 anos depois... 20, 30, 40 e 50. Em 1970, a renda per capita da Coreia era a metade do Brasil e o índice de analfabetismo era o dobro. Para você ver o que foi o investimento maciço em educação. Essa foi a primeira coisa que transformou a Coreia. A Coreia eliminou o analfabetismo em dez anos. Totalmente. (...) O Japão eliminou o analfabetismo em 1899. Foi o primeiro país do mundo que eliminou o analfabetismo no século XIX. Porque o imperador Meiji estabeleceu que a única riqueza japonesa era o homem japonês.
(...)Nós nunca conseguimos fazer um plano a longo prazo.
Fonte: Canal Roda Viva, SRzd
[Visto no Brasil Acadêmico]
Nessa entrevista, Ethevaldo Siqueira, 84 anos, sendo mais de 50 anos de profissão, fala sobre o fim do jornalismo, do porquê teve que entrar para o partido comunista e como conseguiu entrevistar Arthur C. Clark. Uma celebridade que detestava jornalistas.
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O jornalismo impresso como informação diária já acabou.
Ethevaldo Siqueira: Os maiores jornais do mundo tem o número já reduzido. Nova York tinha dez jornais, tem dois diários importantes. O Times de Londres, era o ícone da imprensa mundial, virou um tabloide com pouquíssima influência. Não tendo como disputar a massa de notícias que você tem instantaneamente por outros meios. Depois da internet não há condição de fazer jornalismo diário quando a produção do jornal leva de 8 a 10 horas. O atraso é fatal.
O New York Times não será publicado em 2020. Em papel.
Ele hoje tem 5 vezes mais leitores na internet do que na versão impressa.
A substituição de empregos por robôs e inteligência artificial
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ES: As profissões que estão acabando, quais são? Manufatura, impressão 3D com robôs que produzem tudo com muito mais velocidade precisão e menor custo. O que ficou para os engenheiros planejar... Os engenheiros também serão substituídos.
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Advogado nem se fala. Graças a deus!
ES: Primeiro, o que que o advogado faz? Compara os direitos previstos nos códigos com a causa que ele tem. Isso o robô faz numa velocidade muito maior. Numa precisão. Sem distorções. Usando até todas as interpretações de sentenças anteriores. Os grandes advogados, serão poucos, que não serão substituídos por robôs. Na próxima década, não é para cinquenta anos. Administradores, executivos, pilotos.
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Veja, você já tem carros sem piloto. Na realidade, quem está pilotando é o próprio carro com inteligência artificial.
Eu dei uma volta em um Audi em Barcelona há um mês atrás, com IA, a primeira coisa que o engenheiro me perguntou foi: Você está com medo? Não, porque eu já andei em Las Vegas em janeiro, quando ele me deu a seguinte estatística:
93% dos acidentes de carro são causados pelo ser humano.
Os motivos de se tornar um jornalista especializado em tecnologia
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ES: Eu me sinto um privilegiado por várias coisas. Primeiro, por ter tido os pais que eu tive, em especial, minha mãe que me transmitiu pelo DNA esse amor pelas telecomunicações já que ela era telegrafista. E ela, aos nove anos, tentou ensinar a todos os filhos, o Código Morse.
Eu fui o único que me apaixonei pelo Código Morse, que é o primeiro sistema digital binário de comunicação da humanidade, criado por Samuel Morse lá em 1844.
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Segundo privilégio foi ser vítima do golpe militar de 64. Se não fosse esse golpe eu seria bancário, estaria aposentado em casa de pijama, o colesterol lá em cima, brigando com a mulher. Se já não tivesse morrido há alguns anos. Eles abriram o mundo para mim, sem querer. Com prisão, processo, e a perda do emprego no Banco do Brasil.
Sobre motivos que levaram à sua prisão
[00:13:16 ##film##]
ES: Eu cometi alguns crimes na cabeça dos militares. Do Coronel Chaminot de Ribeirão Preto, que era o mais radical dos perseguidores da esquerda. Eu como jovem, fazia parte da Ação Popular (AP) da qual fazia parte, na época, Fernando Henrique, Luiz Carlos Bresser Pereira, o Betinho, José Serra.
E eu caí, no que eles chamavam da loucura de alfabetizar camponeses pelo método Paulo Freire. Alfabetizei 200. Consegui que eles aprendessem a ler em quatro meses.
Augusto Nunes (apresentador): É crime! (risos)
Se eu tivesse que colocar um único item no meu currículo eu colocaria: Alfabetizei 200 brasileiros.
O futuro da tecnologia daqui a 50 anos
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ES: Se eu tivesse o talento e a visão de Arthur Clarke eu poderia dizer que 50 anos é quase que impossível de ser projetado em uma visão que tenha alguma possibilidade de ser factível. Imagine, por exemplo, a Universidade da Singularidade que faz esse exercício todos os dias com pessoas como Ray Kurzweil, como o Vince Cerf, como o Bill Gates que são três cabeças extraordinárias. Que imaginam que nos anos 2030, por exemplo, de 60% a 70% dos empregos terão desaparecidos. O que não significa que tenha desaparecido novas formas de trabalho. (...) Eu digo o seguinte: Não é 2050 que me preocupa, é 2020, daqui a três anos. Hoje nós temos conectados de 10 a 12 bilhões de objetos que se comunicam como se fossem pessoas. (...) A máquina falando com máquina, coisa falando com coisa.
Internet das Coisas em 2025 nos dá um cenário de mais de 100 bilhões de objetos conectados.
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Bitcoin e Blockchain
Aproveitando a deixa do entrevistado, Fábio Gandour, cientista-chefe da IBM Brasil explica:
Fábio Gandour: O conceito de blockchain existe atralado ao conceito de Bitcoin. A moeda virtual só pode existir se eu tiver a monitoração completa da cadeia produtiva de bens e serviços que será remunerada pela moeda virtual. (...) Já está acontecendo. Também no Brasil.
O conhecimento no mundo digital
ES: O conhecimento vai se tornar muito mais atraente a cada ano que passa por todos os recursos que a tecnologia permite. Por exemplo, eu estou fazendo um curso pela internet, porque eu tenho banda larga, estou estudando em Harvard no edx.org. Pouca gente acreditava que era possível fazer um curso a distância no ritmo que eu quero. Conversar com os professores, quero dizer, dialogar. Lá da Granja Viana falando com Harvard.
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Porque o Brasil não é uma potência tecnológica
Em 1970 eu estive na Coreia pela primeira vez. Em trabalhos jornalísticos 10 anos depois... 20, 30, 40 e 50. Em 1970, a renda per capita da Coreia era a metade do Brasil e o índice de analfabetismo era o dobro. Para você ver o que foi o investimento maciço em educação. Essa foi a primeira coisa que transformou a Coreia. A Coreia eliminou o analfabetismo em dez anos. Totalmente. (...) O Japão eliminou o analfabetismo em 1899. Foi o primeiro país do mundo que eliminou o analfabetismo no século XIX. Porque o imperador Meiji estabeleceu que a única riqueza japonesa era o homem japonês.
Há 50 anos que eu escuto que educação é prioridade.
(...)Nós nunca conseguimos fazer um plano a longo prazo.
Fonte: Canal Roda Viva, SRzd
[Visto no Brasil Acadêmico]
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