O eletricista mineiro Francisco Xagas Silva, 66, intriga médicos em caso inédito na cardiologia nacional. Ex-tabagista, Francisco agora ...
O eletricista mineiro Francisco Xagas Silva, 66, intriga médicos em caso inédito na cardiologia nacional.
Em um intervalo de apenas 12 horas, o coração de Francisco parou de bater e foi reanimado 70 vezes. Seu caso deve ser publicado em breve no periódico "Ressuscitation", referência mundial na área.
Francisco é o que podemos chamar de sobrevivente. Seu estilo de vida não é o que convencionou-se chamar de "exemplo" de zelo pela da saúde. Muito pelo contrário. Todavia seu histórico médico é impressionante.
Aos 17 anos, ele teve uma úlcera supurada.
Aos 26, contraiu tuberculose.
Em 1999, sofreu uma trombose na perna. Submeteu-se a uma cirurgia para revascularizar a área, mas acabou precisando amputar o dedão do pé.
Novo drama, no local da amputação surgiu uma ferida que não cicatrizava. Os médicos recomendaram a amputação da perna. Aí Silva se negou.
A esposa Fidélia, 55, e a filha Ninótica, 32, assumiram o risco na ocasião e o levaram para casa.
Em 2004, fez uma cirurgia para retirar três tumores benignos na próstata e acabou por contrair uma infecção generalizada. Superada com sucesso.
Mas isso tudo não é nada comparado ao ocorrido no dia 31 de dezembro de 2008. À época, ele fumava dois maços de cigarro por dia. Francisco estava pálido, com diarreia e sentindo dor no peito. Fidélia chamou o Samu. Na ambulância, ele desmaiou.
A primeira parada cardíaca ocorreu já no pronto-socorro.
Mas Fidélia não esquece.
E o médico do SUS não desistiu. A cada parada cardíaca, o reanimava com massagens, choque no peito e altas doses de antiarrítmicos. E foi assim por quase 12 horas.
Com o coração estabilizado, ele foi transferido para o Hospital das Clínicas da UFMG, onde receberia uma ponte de safena e três stents (uma espécie de "mola" para manter aberta as artérias).
Na UTI, sofreu embolia pulmonar, insuficiência respiratória e infecção generalizada. Ficou 15 dias em coma.
Mais uma vez, Silva surpreendeu. Voltou do coma sem sequelas.
Do período em que ficou entre a vida e a morte, ele se lembra apenas da sensação de estar em um navio afundando. "Eu pelejava para sair e não conseguia."
O caso das 70 paradas cardíacas de Francisco Silva só foi recuperada bem recentemente, quando a enfermeira Daniela Morais pesquisava casos de paradas cardiorrespiratórias atendidos pelo Samu-BH entre 2008 e 2010 para a sua tese de doutorado na UFMG. Foram 1.165 pacientes - 239 encaminhados a hospitais.
O cardiologista Sergio Timerman, médico do Incor (Instituto do Coração) e um dos examinadores da banca de doutorado de Daniela, endossa: "Nunca vi nada igual." Segundo ele, é comum o paciente sofrer, no máximo, quatro paradas cardíacas após um infarto.
Timerman levanta três hipóteses.
A primeira é a boa condição clínica (apesar da diabetes e do tabagismo) do paciente. A segunda é ele ter recebido uma ressuscitação de alta qualidade.
Para a família Silva, no entanto, a explicação é uma só: milagre.
Após o infarto, Francisco largou os cigarros, começou a praticar exercícios, mas, apesar do diabetes descompensado, abusa dos doces.
"São só umas balinhas", desconversa ele.
Fonte: Folha
[Via BBA]
Ex-tabagista, Francisco agora faz exercícios para prevenir problemas de saúde. |
Em um intervalo de apenas 12 horas, o coração de Francisco parou de bater e foi reanimado 70 vezes. Seu caso deve ser publicado em breve no periódico "Ressuscitation", referência mundial na área.
Francisco é o que podemos chamar de sobrevivente. Seu estilo de vida não é o que convencionou-se chamar de "exemplo" de zelo pela da saúde. Muito pelo contrário. Todavia seu histórico médico é impressionante.
Aos 17 anos, ele teve uma úlcera supurada.
Aos 26, contraiu tuberculose.
Em 1999, sofreu uma trombose na perna. Submeteu-se a uma cirurgia para revascularizar a área, mas acabou precisando amputar o dedão do pé.
Novo drama, no local da amputação surgiu uma ferida que não cicatrizava. Os médicos recomendaram a amputação da perna. Aí Silva se negou.
Nasci com a minha perna e vou morrer com ela.
A esposa Fidélia, 55, e a filha Ninótica, 32, assumiram o risco na ocasião e o levaram para casa.
Ficamos sete meses fazendo curativo, até cicatrizar a ferida.
Ninótica, 32, enfermeira e filha de Francisco.
Em 2004, fez uma cirurgia para retirar três tumores benignos na próstata e acabou por contrair uma infecção generalizada. Superada com sucesso.
Rezo muito pouco, mas sou devoto de Nossa Senhora de Fátima. Acho que tem um dedinho dela nisso tudo.
Mas isso tudo não é nada comparado ao ocorrido no dia 31 de dezembro de 2008. À época, ele fumava dois maços de cigarro por dia. Francisco estava pálido, com diarreia e sentindo dor no peito. Fidélia chamou o Samu. Na ambulância, ele desmaiou.
A primeira parada cardíaca ocorreu já no pronto-socorro.
Eu não me lembro de nada. Apaguei.
Mas Fidélia não esquece.
O médico dizia: 'Ele tá muito mal, sofreu parada cardíaca. Prepare-se para o pior. Eu ajoelhei no chão e pedi: 'Doutor, salve meu marido. Não desiste dele, não'.
E o médico do SUS não desistiu. A cada parada cardíaca, o reanimava com massagens, choque no peito e altas doses de antiarrítmicos. E foi assim por quase 12 horas.
Com o coração estabilizado, ele foi transferido para o Hospital das Clínicas da UFMG, onde receberia uma ponte de safena e três stents (uma espécie de "mola" para manter aberta as artérias).
Na UTI, sofreu embolia pulmonar, insuficiência respiratória e infecção generalizada. Ficou 15 dias em coma.
Os médicos diziam: 'Ele tá bem ruim. Se sobreviver, deve ficar com sequelas'. Eu só rezava.
Fidélia. Esposa de Francisco.
Quando o telefone de casa tocava, dava um frio na espinha, a gente travava diante do aparelho. Não conseguia atender.
Ninótica. Filha e enfermeira.
Mais uma vez, Silva surpreendeu. Voltou do coma sem sequelas.
Sabia até as senhas do banco.
Fidélia
Do período em que ficou entre a vida e a morte, ele se lembra apenas da sensação de estar em um navio afundando. "Eu pelejava para sair e não conseguia."
O caso das 70 paradas cardíacas de Francisco Silva só foi recuperada bem recentemente, quando a enfermeira Daniela Morais pesquisava casos de paradas cardiorrespiratórias atendidos pelo Samu-BH entre 2008 e 2010 para a sua tese de doutorado na UFMG. Foram 1.165 pacientes - 239 encaminhados a hospitais.
A maioria faleceu nas primeiras 24 horas. A história do Francisco é a mais incrível.
Daniela Morais. Enfermeira e doutoranda
O cardiologista Sergio Timerman, médico do Incor (Instituto do Coração) e um dos examinadores da banca de doutorado de Daniela, endossa: "Nunca vi nada igual." Segundo ele, é comum o paciente sofrer, no máximo, quatro paradas cardíacas após um infarto.
Setenta é, sem dúvida, um caso único.
Timerman levanta três hipóteses.
A primeira é a boa condição clínica (apesar da diabetes e do tabagismo) do paciente. A segunda é ele ter recebido uma ressuscitação de alta qualidade.
A terceira é a sorte. Sem dúvida, esse é um homem de sorte.
Para a família Silva, no entanto, a explicação é uma só: milagre.
Após o infarto, Francisco largou os cigarros, começou a praticar exercícios, mas, apesar do diabetes descompensado, abusa dos doces.
Ele come doces escondido. Dá um trabalhão.
Fidélia
"São só umas balinhas", desconversa ele.
Fonte: Folha
[Via BBA]
Xagas? Fidélia? Ninótica? Acho que o segredo da longevidade é se cercar de nomes bizarros. >)
ResponderExcluirE um fdp desses que ferra com a própria vida sabendo das consequencias disso ainda tem que dar trabalho para os outros e se sente feliz em continuar vivo! ah pelamor! vai se ferrar!
ResponderExcluir