São 137 anos de história do Brasil e do mundo. Tendo entre os seus correspondentes o célebre Euclides da Cunha. Capa da primeira edição. ...
São 137 anos de história do Brasil e do mundo. Tendo entre os seus correspondentes o célebre Euclides da Cunha.
Um verdadeiro tesouro para historiadores que antes precisariam recorrer a microfilmes no Museu Paulista (a.k.a. Museu do Ipiranga) , que agora está se mudando para a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária da USP.
Em seu primeiro exemplar, lançado em 4 de janeiro de 1875, o nome do jornal era A Provínvia de São Paulo. A mudança para o nome atual só foi anunciada pouco dias depois da Proclamação da República. Sendo adotado de fato no ano seguinte.
Euclides da Cunha
O correspondente Euclides da Cunha foi enviado pelo diretor do jornal na época, Julio Mesquita, para cobrir a revolta de Canudos.
Uma série de reportagens que deu origem, em 1902, ao livro Os Sertões, um clássico da literatura mundial. Nele Euclides narra como o Exército enfrentou os seguidores de Antônio Conselheiro, que resistiam à Proclamação da República. Euclides partiu de São Paulo no dia primeiro de agosto de 1897 certo de que o conflito tinha gênese monarquistas. Porém, ao se deparar com a realidade do trabalho de campo. O escritor, que era um republicano convicto, foi obrigado a reformar seu julgamento, por força das evidências. Sendo que esse processo de construção da opinião sobre a vida (e a morte) dos viventes naquela região foi fundamental para a criação de Os Sertões.
O componente religioso era certamente preponderante na base daquela revolta. Por exemplo, ao testemunhar o interrogatório de um prisioneiro de Canudos, Euclides espantou-se com a resposta do rapaz quando esse foi indagado sobre qual era o objetivo dos rebeldes. Euclides ficou abismado com a resposta ("Salvar a alma"), a ponto de anotar em seu diário que pessoas assim não mentem, não tentam enganar, nem hesitam.
Muitas de suas anotações eram feitas literalmente no joelho, enquanto viajava em sua montaria. Mas tinha um impecável domínio do português e as adversidades não impediram que criasse obras magistrais da literatura.
Mas a vida de Euclides da Cunha foi marcada por uma tragédia amorosa que ficou popular através da série Desejo, apresentada pela Rede Globo em 1990, e marcou a história do Brasil como um dos mais célebres crimes passionais. Enquanto o escritor, sociólogo, repórter jornalístico, historiador, geógrafo, poeta e engenheiro Euclides da Cunha desbravava os sertões e a amazônia por anos, sua esposa, Anna de Assis (a.k.a. S´Aninha), com quem teve quaro filhos, muito solitária, vivia um tórrido romance com um jovem tenente, Dilermando de Assis, 17 anos mais novo do que ela. Em 1909, depois de saber que Ana continuava se encontrando com o amante, Euclides entrou na casa de Dilermando disposto a "matar ou morrer", e acabou morto. Teria atirado no irmão de Dilermando (que fiou paraplégico) e em Dilermando. Que mesmo ferido atirou em Euclides, sendo absolvido pelo tribunal militar por ter agido em legítima defesa.
Anos depois, Euclides da Cunha Filho foi vingar o pai e também acabou morto após balear Dilermando. Assim, Ana finalmente se casou com Dilermando com quem teve mais cinco filhos. O casamento acabou 20 anos depois quando Anna descobriu que Dilermando tinha uma amante o tempo todo (Marieta, com quem Dilermando se casou após a separação com Anna). Anna mudou-se para a Ilha de Paquetá, na Baía da Guanabara no Rio e morreu sozinha de câncer, em 1951.
E por que estou falando tanto da história da família de Euclydes? Para você, amigo leitor, ter uma ideia do quanto esses artigos jornalísticos perdidos no tempo podem ser os causadores de dor e sofrimento para levar o registro histórico de uma importante evento de nosso passado para nosso amnésico povo.
Dessa forma, isso talvez possa motivá-lo ainda mais a mergulhar em uma época em que honra e desonra, ideologia e erudição tinha um valor bem diferente do atual.
No acervo você encontrará ainda os textos censurados pela governo militar pós-golpe de 1964. Os quais foram substituídos, por exemplo, por textos de Camões na edição que foi veiculada. Deixando evidência de que algo fora silenciado. Agora, o mosaico da história está um pouco mais completo.
O acesso ao acervo do Estado não é gratuito. Todavia pode-se navegar livremente até na hora de ampliar as páginas digitalizadas. Aí uma opção é fazer um cadastro gratuito que dará direito a 20 ampliações (ou pagar por uma assinatura do jornal).
Link: Acervo Estado
Fonte:
Estadão, Wikipedia
[Via BBA]
Capa da primeira edição. [Estadão] |
Um verdadeiro tesouro para historiadores que antes precisariam recorrer a microfilmes no Museu Paulista (a.k.a. Museu do Ipiranga) , que agora está se mudando para a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária da USP.
Trecho de um exemplar de 23/ago/1897. Euclydes da Cunha:A Republica é immortal! |
Em seu primeiro exemplar, lançado em 4 de janeiro de 1875, o nome do jornal era A Provínvia de São Paulo. A mudança para o nome atual só foi anunciada pouco dias depois da Proclamação da República. Sendo adotado de fato no ano seguinte.
Euclides da Cunha
O correspondente Euclides da Cunha foi enviado pelo diretor do jornal na época, Julio Mesquita, para cobrir a revolta de Canudos.
Uma série de reportagens que deu origem, em 1902, ao livro Os Sertões, um clássico da literatura mundial. Nele Euclides narra como o Exército enfrentou os seguidores de Antônio Conselheiro, que resistiam à Proclamação da República. Euclides partiu de São Paulo no dia primeiro de agosto de 1897 certo de que o conflito tinha gênese monarquistas. Porém, ao se deparar com a realidade do trabalho de campo. O escritor, que era um republicano convicto, foi obrigado a reformar seu julgamento, por força das evidências. Sendo que esse processo de construção da opinião sobre a vida (e a morte) dos viventes naquela região foi fundamental para a criação de Os Sertões.
O componente religioso era certamente preponderante na base daquela revolta. Por exemplo, ao testemunhar o interrogatório de um prisioneiro de Canudos, Euclides espantou-se com a resposta do rapaz quando esse foi indagado sobre qual era o objetivo dos rebeldes. Euclides ficou abismado com a resposta ("Salvar a alma"), a ponto de anotar em seu diário que pessoas assim não mentem, não tentam enganar, nem hesitam.
Muitas de suas anotações eram feitas literalmente no joelho, enquanto viajava em sua montaria. Mas tinha um impecável domínio do português e as adversidades não impediram que criasse obras magistrais da literatura.
Elenco principal da série Desejo |
Anos depois, Euclides da Cunha Filho foi vingar o pai e também acabou morto após balear Dilermando. Assim, Ana finalmente se casou com Dilermando com quem teve mais cinco filhos. O casamento acabou 20 anos depois quando Anna descobriu que Dilermando tinha uma amante o tempo todo (Marieta, com quem Dilermando se casou após a separação com Anna). Anna mudou-se para a Ilha de Paquetá, na Baía da Guanabara no Rio e morreu sozinha de câncer, em 1951.
E por que estou falando tanto da história da família de Euclydes? Para você, amigo leitor, ter uma ideia do quanto esses artigos jornalísticos perdidos no tempo podem ser os causadores de dor e sofrimento para levar o registro histórico de uma importante evento de nosso passado para nosso amnésico povo.
Dessa forma, isso talvez possa motivá-lo ainda mais a mergulhar em uma época em que honra e desonra, ideologia e erudição tinha um valor bem diferente do atual.
No acervo você encontrará ainda os textos censurados pela governo militar pós-golpe de 1964. Os quais foram substituídos, por exemplo, por textos de Camões na edição que foi veiculada. Deixando evidência de que algo fora silenciado. Agora, o mosaico da história está um pouco mais completo.
O acesso ao acervo do Estado não é gratuito. Todavia pode-se navegar livremente até na hora de ampliar as páginas digitalizadas. Aí uma opção é fazer um cadastro gratuito que dará direito a 20 ampliações (ou pagar por uma assinatura do jornal).
Link: Acervo Estado
Fonte:
Estadão, Wikipedia
[Via BBA]
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