Eliezer Batista é um engenheiro cuja visão o fez ser pioneiro na gestão de empresas com desenvolvimento sustentável além de catalisar um mix...
Eliezer Batista é um engenheiro cuja visão o fez ser pioneiro na gestão de empresas com desenvolvimento sustentável além de catalisar um mix de logística que abriu a exportação mineral para países do mundo todo (entre eles o Japão) e fez emergir uma das maiores empresas do mundo, a Vale.
Presidente Lula, junto com os governadores Aécio Neves e Paulo Hartung, comemora o aniversário do ex-presidente da Vale do Rio Doce, Eliezer Batista, durante cerimônia de inauguração da Usina Hidrelétrica de Aimorés, em 2009
Eliezer Batista da Silva é um engenheiro e administrador de empresas brasileiro, que se notabilizou na presidência da Vale (na época, Companhia Vale do Rio Doce) que a exerceu por duas vezes, e por sua atuação no Programa Grande Carajás, a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral dos Carajás, abrangendo áreas do Pará, Tocantins (na época ainda pertencente a Goiás) e Maranhão.
Contudo, é pela sua imensa capacidade de pensar estrategicamente e colocar em prática obras estruturadoras para atingir metas arrogantemente ambiciosas, em prol do Brasil, mesmo quando o país lhe virava as costas, que o documentário "Eliezer Batista. O Engenheiro do Brasil" confere a ele a alcunha de "engenheiro de uma nação".
O filme tenta provar que o título não é um exagero através de uma série de entrevistas. São ouvidos desde seus filhos até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), que declarou que Eliezer foi contra a privatização da Vale, uma das marcas de seu governo.
Em 1949, foi contratado pela Companhia Vale do Rio Doce, então uma empresa inexpressiva, como engenheiro ferroviário e graças ao seu desempenho na construção da ferrovia Vitória-Minas, tornou-se durante muito tempo o principal estrategista da companhia. Tornou-se o primeiro presidente da mineradora oriundo dos quadros da empresa, tendo assumido sua presidência em 1961.
No final dos anos 1950, a Vale era uma empresa acanhada que extraía cerca de 3 a 4 milhões de toneladas/ano, menos da metade do que planejara Farquhar (dono da empresa em seus primórdios) em 1920. Um faturamento pequeno, dado o baixo valor econômico do mineral bruto.
Coube a ele transformar a mineradora em uma das maiores companhias do planeta, presidindo-a de 1961 a 1964, quando saiu ameaçado de prisão pelo regime militar que acusava o pai de Eike Batista (o homem mais rico do Brasil) de ser comunista, e de 1979 a 1986, a convite do então presidente, General João Figueiredo (que teria pedido que ele esquecesse o passado...).
Eliezer Batista com o presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo
Em sua primeira gestão como presidente da empresa, ainda no governo Janio Quadros, viu a necessidade dos japoneses de expandir a siderurgia, praticamente destruída na segunda guerra, e criou o conceito inédito de "distância econômica", o que permitiu à Vale entregar minério de ferro ao Japão, a maior distância possível do Brasil, a preços competitivos com o das minas da Austrália, bem mais próximas dos nipônicos.
A ideia consistia em entregar sete vezes mais minério por viagem do que os australianos e ainda trazer petróleo na viagem de volta. O que exigia um enorme navio de 100 mil toneladas com flexibilidade para se tornar um petroleiro.
Esse conceito foi antecipada em 40 anos pelo empresário estadunidense Percival Farquhar, que em 1911 adquiriu todas as ações do Brazilian Hematite Syndicate e mudou seu nome para Itabira Iron Ore Company.
Farquhar queria que a Itabira Iron Ore Co. exportasse 10 milhões de toneladas/ano de minério de ferro para os EUA, usando navios pertencentes a seu sindicato que, no retorno, trariam dos EUA carvão ao Brasil, tornando assim o frete mais econômico.
A ideia foi sepultada após a empresa ser estatizada por Getúlio Vargas, como parte dos Acordos de Washington, e se tornar a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Que alguns anos depois de privatizada no governo FHC adotou o nome fantasia Vale.
Esse plano, modificado e atualizado, viria a se tornar realidade como um grande conceito revolucionário de logística, sob a direção de Eliezer Batista, na década de 1960, quando da inauguração do Porto de Tubarão. Além de criar um novo eixo de exportação e diminuir a dependência dos EUA.
O documentário mostra que o grande mérito de Eliezer foi perceber a necessidade de uma visão sistêmica para competir no mercado internacional. Fazendo com que mina, ferrovia e porto passassem a integrar o processo produtivo da Vale.
Poliglota autodidata, aprendeu sozinho russo, inglês, alemão, francês, italiano e espanhol, e adquiriu noções básicas de grego.
Foi ministro de Minas e Energia do governo João Goulart, o que motivou uma perseguição política durante o regime militar pós-1964, levando à sua destituição da presidência da Vale.
No documentário, Marcos Vianna relata uma reunião de governo em Brasília, em que Delfim Netto assim o descreve na frente do presidente Médici:
O rótulo de comunista talvez tenha sido reforçado pela sua preocupação com a educação e o desenvolvimento das pessoas da região dos grandes projetos que teve envolvido. Incluindo-se aí preocupações ambientais, algo totalmente fora da agenda desenvolvimentista dos militares.
Na presidência da Vale pela segunda vez, Eliezer, após duras e complexas negociações, conseguiu tornar a Vale, (que era minoritária, com uma participação de 49,75%), a sócia majoritária do complexo Carajás que fora descoberto, na década de 1970, pela U.S. Steel.
Situada na Serra dos Carajás, é uma grande província mineralógica que contém a maior reserva mundial de minério de ferro de alto teor, além de grandes reservas de manganês, cobre, ouro e minérios raros.
Mina da Vale na Serra dos Carajás com a ferrovia em primeiro plano
Responsável pelo Projeto Grande Carajás, foi o idealizador de uma grande infra-estrutura, que inclui a Usina hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do mundo, a Estrada de Ferro Carajás-Itaqui e o Porto de Ponta da Madeira, localizado em Itaqui, no Maranhão.
O projeto Grande Carajás entrou em operação em 1985, o que permitiu à Vale bater novo recorde na extração de minério de ferro, em 1989, com 108 milhões de toneladas métricas.
Em 1990, recusou um convite para fazer parte da equipe ministerial de Fernando Collor de Mello (1990-1992). Entretanto, em 1992 assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), onde direcionou a atuação da Secretaria para os problemas ligados ao desenvolvimento econômico do país, especialmente a crise do setor elétrico. Escaldado com a política, deixou este cargo ainda em 1992, no início do processo de impeachment do presidente Collor.
Quando foi privatizada, em 1997, a Vale produzia 114 milhões de toneladas/ano, nível que se manteve praticamente estável nos dois anos subsequentes à privatização.
No segundo governo FHC (1998-2002), foi membro do Conselho Coordenador das Ações Federais no Rio de Janeiro, órgão ligado à presidência da República.
Apesar de tentar fazer com que FHC desistisse de privatizar a Vale. Hoje o engenheiro continua de braços dados com a empresa.
Tendo adquirido várias outras empresas, o que dificulta comparar seus números com o passado da companhia, em 2005, sua produção de minério de ferro, que engloba a produção da Samitri e de todas as suas incorporadas a partir de 2000, se elevou a 255 milhões de toneladas, sendo 58 milhões destinadas às siderúrgicas brasileiras e 197 milhões destinadas à exportação.
A Vale se tornou a 33a maior empresa do mundo (de acordo com o Financial Times de 2008) e é a maior do Brasil em volume de exportações, com quantidade superior à da Petrobras.
Apesar das suas realizações e contribuições, o filme mostra que Eliezer também valorizava a família.
Porém esse pode ser o ponto frágil de sua biografia, marca comum dos grande realizadores. Suas ausências e viagens envolto nos negócios especialmente no que dizia respeito à Vale foram sentidas em casa.
Quando viva, sua mulher, a alemã Jutta Batista, a quem cabia cuidar dos filhos, dizia que a empresa era "a amante" de Eliezer.
Fonte:
Documentário retrata Eliezer Batista como construtor do Brasil Grande - Último Segundo
Eliezer Batista - Wikipedia
Vale S.A. - Wikipedia
Eliezer Batista: o Engenheiro do Brasil (Documentário) - TV Brasil
[Via BBA]
Meu pai era um homem pouco culto mas extremamente inteligente, ele tinha o espírito do empreendedor nato. Então essa coisa acabou me empurrando na direção... Então através dos anos eu cheguei à conclusão de que eu gostava mesmo era de fazer coisas. E coisas grandes.
Muito cedo com essa conclusão de que você vale o que você sabe.
Eliezer Batista da Silva é um engenheiro e administrador de empresas brasileiro, que se notabilizou na presidência da Vale (na época, Companhia Vale do Rio Doce) que a exerceu por duas vezes, e por sua atuação no Programa Grande Carajás, a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral dos Carajás, abrangendo áreas do Pará, Tocantins (na época ainda pertencente a Goiás) e Maranhão.
Contudo, é pela sua imensa capacidade de pensar estrategicamente e colocar em prática obras estruturadoras para atingir metas arrogantemente ambiciosas, em prol do Brasil, mesmo quando o país lhe virava as costas, que o documentário "Eliezer Batista. O Engenheiro do Brasil" confere a ele a alcunha de "engenheiro de uma nação".
Pensar e construir uma nação é como construir uma catedral. Vai além do físico. Chega ao metafísico.
O filme tenta provar que o título não é um exagero através de uma série de entrevistas. São ouvidos desde seus filhos até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), que declarou que Eliezer foi contra a privatização da Vale, uma das marcas de seu governo.
Em 1949, foi contratado pela Companhia Vale do Rio Doce, então uma empresa inexpressiva, como engenheiro ferroviário e graças ao seu desempenho na construção da ferrovia Vitória-Minas, tornou-se durante muito tempo o principal estrategista da companhia. Tornou-se o primeiro presidente da mineradora oriundo dos quadros da empresa, tendo assumido sua presidência em 1961.
No final dos anos 1950, a Vale era uma empresa acanhada que extraía cerca de 3 a 4 milhões de toneladas/ano, menos da metade do que planejara Farquhar (dono da empresa em seus primórdios) em 1920. Um faturamento pequeno, dado o baixo valor econômico do mineral bruto.
Coube a ele transformar a mineradora em uma das maiores companhias do planeta, presidindo-a de 1961 a 1964, quando saiu ameaçado de prisão pelo regime militar que acusava o pai de Eike Batista (o homem mais rico do Brasil) de ser comunista, e de 1979 a 1986, a convite do então presidente, General João Figueiredo (que teria pedido que ele esquecesse o passado...).
Em sua primeira gestão como presidente da empresa, ainda no governo Janio Quadros, viu a necessidade dos japoneses de expandir a siderurgia, praticamente destruída na segunda guerra, e criou o conceito inédito de "distância econômica", o que permitiu à Vale entregar minério de ferro ao Japão, a maior distância possível do Brasil, a preços competitivos com o das minas da Austrália, bem mais próximas dos nipônicos.
A ideia consistia em entregar sete vezes mais minério por viagem do que os australianos e ainda trazer petróleo na viagem de volta. O que exigia um enorme navio de 100 mil toneladas com flexibilidade para se tornar um petroleiro.
Esse conceito foi antecipada em 40 anos pelo empresário estadunidense Percival Farquhar, que em 1911 adquiriu todas as ações do Brazilian Hematite Syndicate e mudou seu nome para Itabira Iron Ore Company.
Farquhar queria que a Itabira Iron Ore Co. exportasse 10 milhões de toneladas/ano de minério de ferro para os EUA, usando navios pertencentes a seu sindicato que, no retorno, trariam dos EUA carvão ao Brasil, tornando assim o frete mais econômico.
A ideia foi sepultada após a empresa ser estatizada por Getúlio Vargas, como parte dos Acordos de Washington, e se tornar a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Que alguns anos depois de privatizada no governo FHC adotou o nome fantasia Vale.
Esse plano, modificado e atualizado, viria a se tornar realidade como um grande conceito revolucionário de logística, sob a direção de Eliezer Batista, na década de 1960, quando da inauguração do Porto de Tubarão. Além de criar um novo eixo de exportação e diminuir a dependência dos EUA.
Abrimos o mercado para um produto que podia valer pouco, mas a idéia era ganhar dinheiro com a "logística", transformando uma distância física (a rota Brasil-Japão-Brasil) numa "distância econômica" , (o valor necessário para colocar o minério brasileiro nas usinas japonesas).
Ele foi a pessoa que botou (sic) êste conceito de transformar uma distância física numa distância econômica, ele é o pai disso aí. Permitiu ao mundo operar numa escala que jamais se imaginou...Da mesma maneira que a Boeing lançou o 747, Dr. Eliezer lançou o jumbo dos mares.
Eike Batista
O documentário mostra que o grande mérito de Eliezer foi perceber a necessidade de uma visão sistêmica para competir no mercado internacional. Fazendo com que mina, ferrovia e porto passassem a integrar o processo produtivo da Vale.
Poliglota autodidata, aprendeu sozinho russo, inglês, alemão, francês, italiano e espanhol, e adquiriu noções básicas de grego.
Nunca aposente o seu cérebro. Você começa o fim quando o aposenta.
Foi ministro de Minas e Energia do governo João Goulart, o que motivou uma perseguição política durante o regime militar pós-1964, levando à sua destituição da presidência da Vale.
No documentário, Marcos Vianna relata uma reunião de governo em Brasília, em que Delfim Netto assim o descreve na frente do presidente Médici:
É um comunista! Até fala russo!
Delfim Netto. Ex-ministro da Fazenda
O rótulo de comunista talvez tenha sido reforçado pela sua preocupação com a educação e o desenvolvimento das pessoas da região dos grandes projetos que teve envolvido. Incluindo-se aí preocupações ambientais, algo totalmente fora da agenda desenvolvimentista dos militares.
Na presidência da Vale pela segunda vez, Eliezer, após duras e complexas negociações, conseguiu tornar a Vale, (que era minoritária, com uma participação de 49,75%), a sócia majoritária do complexo Carajás que fora descoberto, na década de 1970, pela U.S. Steel.
Situada na Serra dos Carajás, é uma grande província mineralógica que contém a maior reserva mundial de minério de ferro de alto teor, além de grandes reservas de manganês, cobre, ouro e minérios raros.
Responsável pelo Projeto Grande Carajás, foi o idealizador de uma grande infra-estrutura, que inclui a Usina hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do mundo, a Estrada de Ferro Carajás-Itaqui e o Porto de Ponta da Madeira, localizado em Itaqui, no Maranhão.
O projeto Grande Carajás entrou em operação em 1985, o que permitiu à Vale bater novo recorde na extração de minério de ferro, em 1989, com 108 milhões de toneladas métricas.
Em 1990, recusou um convite para fazer parte da equipe ministerial de Fernando Collor de Mello (1990-1992). Entretanto, em 1992 assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), onde direcionou a atuação da Secretaria para os problemas ligados ao desenvolvimento econômico do país, especialmente a crise do setor elétrico. Escaldado com a política, deixou este cargo ainda em 1992, no início do processo de impeachment do presidente Collor.
Quando foi privatizada, em 1997, a Vale produzia 114 milhões de toneladas/ano, nível que se manteve praticamente estável nos dois anos subsequentes à privatização.
No segundo governo FHC (1998-2002), foi membro do Conselho Coordenador das Ações Federais no Rio de Janeiro, órgão ligado à presidência da República.
Apesar de tentar fazer com que FHC desistisse de privatizar a Vale. Hoje o engenheiro continua de braços dados com a empresa.
Roger (Agnelli) pensa como eu: acha que a Vale tem de ser gigante.
Tendo adquirido várias outras empresas, o que dificulta comparar seus números com o passado da companhia, em 2005, sua produção de minério de ferro, que engloba a produção da Samitri e de todas as suas incorporadas a partir de 2000, se elevou a 255 milhões de toneladas, sendo 58 milhões destinadas às siderúrgicas brasileiras e 197 milhões destinadas à exportação.
A Vale se tornou a 33a maior empresa do mundo (de acordo com o Financial Times de 2008) e é a maior do Brasil em volume de exportações, com quantidade superior à da Petrobras.
Apesar das suas realizações e contribuições, o filme mostra que Eliezer também valorizava a família.
Porém esse pode ser o ponto frágil de sua biografia, marca comum dos grande realizadores. Suas ausências e viagens envolto nos negócios especialmente no que dizia respeito à Vale foram sentidas em casa.
Quando viva, sua mulher, a alemã Jutta Batista, a quem cabia cuidar dos filhos, dizia que a empresa era "a amante" de Eliezer.
Meu pai doou um tempo enorme ao trabalho. A dose foi demais, e ele sabe disso.
Eike Batista
Fonte:
Documentário retrata Eliezer Batista como construtor do Brasil Grande - Último Segundo
Eliezer Batista - Wikipedia
Vale S.A. - Wikipedia
Eliezer Batista: o Engenheiro do Brasil (Documentário) - TV Brasil
[Via BBA]
Uma visão digna do Olho de Thundera. Thundercats, HO!
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