Tente falar sozinho sem abrir a boca, simplesmente dizendo palavras internamente. E se você pudesse pesquisar na internet assim e obter uma ...
Tente falar sozinho sem abrir a boca, simplesmente dizendo palavras internamente. E se você pudesse pesquisar na internet assim e obter uma resposta? Na primeira demonstração pública ao vivo de sua nova tecnologia, o Bolsista TED Arnav Kapur apresenta o AlterEgo: um dispositivo de inteligência artificial com o potencial de permitir que você fale silenciosamente e receba informações de um sistema de computador, como uma voz dentro de sua cabeça. Saiba mais sobre como o dispositivo funciona e as implicações de longo alcance desse novo tipo de interação humano-computador.
Desde que os computadores surgiram, temos tentado torná-los mais inteligentes e poderosos. Do ábaco, às máquinas do tamanho de um quarto, aos computadores de mesa, até os computadores em nossos bolsos. E agora estão projetando inteligência artificial para automatizar tarefas que exigiriam inteligência humana.
Na história da computação, sempre tratamos computadores como dispositivos externos que calculam e agem em nosso favor. Quero tecer a computação, a IA e a internet como parte de nós. Como parte da cognição humana, nos libertando pra interagir com o mundo ao redor. Integrar a inteligência humana e a da máquina dentro de nosso corpo para nos aumentar, em vez de nos diminuir ou substituir.
Este todo poderia ser melhor que a soma das suas partes?
Temos um dispositivo que pode tornar isso possível. É chamado AlterEgo e é um dispositivo usável que permite a experiência de uma IA conversacional que mora dentro da nossa cabeça, podendo-se conversar de forma semelhante a falar consigo mesmo internamente. Temos um novo protótipo que mostraremos aqui, pela primeira vez no TED, e eis como ele funciona.
Normalmente, quando falamos, o cérebro envia sinais neurológicos através dos nervos aos sistemas de fala internos, para ativá-los e as cordas vocais para produzir a fala. Uma das tarefas cognitivas e motoras mais complexas que fazemos como seres humanos. Imaginem-se falando consigo mesmos sem vocalizar, sem mexer a boca, sem mover a mandíbula, mas simplesmente articulando as palavras internamente. Assim, acionando muito sutilmente os sistemas de fala internos, como a língua e a parte de trás do palato. Quando isso acontece, o cérebro envia sinais extremamente fracos para esses sistemas internos de fala.
O AlterEgo tem sensores integrados num dispositivo fino de plástico, flexível e transparente, posicionado no pescoço como um adesivo. Os sensores captam esses sinais internos obtidos nas profundezas da cavidade bucal, diretamente da superfície da pele. Uma IA funcionando em segundo plano tenta entender o que o usuário quer dizer. Em seguida, ela devolve uma resposta para o usuário por meio de condução óssea, através do crânio para o ouvido interno do usuário, que ele escuta, de forma sobreposta à audição natural do ambiente, sem bloqueá-la. A combinação de todas essas partes, a entrada, a saída e a IA, permite uma experiência subjetiva líquida de uma interface dentro da nossa cabeça, semelhante a falar consigo mesmo. Só para ficar bem claro, o dispositivo não grava ou lê pensamentos, mas sim informações que queremos comunicar através do acionamento deliberado dos sistemas internos de fala.
É por isso que projetamos o sistema para deliberadamente gravar a partir do sistema nervoso periférico. É por isso que o controle em todas as situações reside no usuário.
Quero parar aqui e fazer uma demonstração ao vivo. Farei uma pergunta ao Eric. E ele vai procurar por essa informação sem vocalizar, digitar, mexer os dedos, sem mexer a boca. Simplesmente fazendo essa pergunta internamente. A IA então descobrirá a resposta e a devolverá ao Eric, através de áudio, do dispositivo. Embora vejam um laptop na frente dele, ele não o está usando. Está tudo no dispositivo. Ele só precisa de um dispositivo adesivo para interagir com a IA e a internet.
Arnav Kapur: Então, Eric, como está o clima em Vancouver agora?
O que vocês veem na tela são as palavras que Eric está falando para si mesmo agora. Está acontecendo em tempo real.
Eric: Faz 10 °C e chove aqui em Vancouver.
AK: A IA enviou a resposta através do áudio, do dispositivo, para o Eric.
Quais poderiam ser as implicações de algo assim? Imaginem memorizar coisas perfeitamente, gravar informações que falamos silenciosamente, ouvi-las mais tarde quando quisermos, pesquisar informações internamente, processar números na velocidade dos computadores, escrever pra outras pessoas em silêncio. De repente, tornar-se multilíngue, falando internamente em um idioma e escutando a tradução em outro na cabeça. O potencial poderia ser de longo alcance.
Há milhões de pessoas ao redor do mundo que lutam com o uso do discurso natural. Pessoas com ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica ou a doença de Lou Gehrig, que sofreram derrame ou um câncer bucal, entre muitas outras doenças. Para elas, a comunicação é um processo extremamente lento e cansativo.
Este é o Doug. Doug foi diagnosticado com ELA há cerca de 12 anos e desde então não consegue mais falar. Hoje ele usa um teclado na tela onde digita letras individuais usando movimentos de cabeça. E leva vários minutos para transmitir uma única frase. Então fomos até o Doug e perguntamos quais seriam as primeiras palavras que ele usaria ou diria, usando nosso sistema. Talvez, uma saudação como: “Olá, como vai você?” Ou pedir ajuda com alguma coisa. Doug disse que queria usar nosso sistema para reinicializar o sistema antigo dele, porque continuava travando.
(Risos)
Nunca poderíamos ter previsto isso. Vou mostrar um pequeno vídeo de Doug usando nosso sistema pela primeira vez.
(Vídeo)
Doug: Reinicie o computador.
AK: O que acabaram de ver foi Doug se comunicando ou falando em tempo real pela primeira vez desde que perdeu a capacidade de falar. Existem milhões de pessoas que podem conseguir se comunicar em tempo real como Doug, com outras pessoas, amigos e famílias. Minha esperança é poder ajudá-las a expressar pensamentos e ideias.
Acredito que computação, IA e internet poderiam desaparecer em nós como extensões de nossa cognição, em vez de serem entidades externas ou adversárias, ampliando a engenhosidade humana, nos dando habilidades inimagináveis e destravando nosso verdadeiro potencial. E talvez até nos libertando para nos tornarmos melhores como seres humanos.
Muito obrigado.
(Aplausos)
Shoham Arad: Venha até aqui. Tudo bem. Quero lhe fazer algumas perguntas, enquanto eles arrumam o palco. Acho que isso é incrível, é inovador, é assustador, é aterrorizante. Você pode nos dizer... Acho que há alguns sentimentos desconfortáveis sobre isso. Diga-nos, isso é como ler pensamentos, será assim em cinco anos, existe uma versão que pode ser usada como uma arma, como é?
AK: O primeiro princípio do projeto, antes de começarmos a trabalhar, foi não submeter a ética a uma reflexão tardia. Então, queríamos associar a ética diretamente ao projeto. Nós o invertemos. Em vez de ler diretamente do cérebro, lemos do sistema nervoso voluntário, que acionamos deliberadamente pra nos comunicarmos com o dispositivo, e ainda com os benefícios de um pensamento ou dispositivo de pensamento. O melhor dos dois mundos, de certa forma.
SA: Certo, acho que as pessoas terão muito mais perguntas para você. Você também disse que é um adesivo. Então, agora ele fica bem aqui? Essa é a iteração final? Como é o projeto final que espera ter?
AK: Nosso objetivo é que a tecnologia desapareça completamente.
SA: O que significa?
AK: Se você estiver usando, eu não consigo ver. Ninguém quer tecnologia no rosto, mas em segundo plano, para nos aumentar internamente. Temos uma versão adesiva que se adapta à pele, que parece a pele, mas estamos tentando fazer uma versão ainda menor, que ficaria bem aqui.
SA: Certo. Se alguém tiver alguma dúvida para Arnav, ele estará aqui a semana toda. Muito obrigado, Arnav.
AK: Obrigado, Shoham.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Desde que os computadores surgiram, temos tentado torná-los mais inteligentes e poderosos. Do ábaco, às máquinas do tamanho de um quarto, aos computadores de mesa, até os computadores em nossos bolsos. E agora estão projetando inteligência artificial para automatizar tarefas que exigiriam inteligência humana.
Na história da computação, sempre tratamos computadores como dispositivos externos que calculam e agem em nosso favor. Quero tecer a computação, a IA e a internet como parte de nós. Como parte da cognição humana, nos libertando pra interagir com o mundo ao redor. Integrar a inteligência humana e a da máquina dentro de nosso corpo para nos aumentar, em vez de nos diminuir ou substituir.
Será que podemos combinar o melhor das pessoas, como pensamento criativo e intuitivo, com o melhor dos computadores, como processar informação e memorizar coisas?
Este todo poderia ser melhor que a soma das suas partes?
Temos um dispositivo que pode tornar isso possível. É chamado AlterEgo e é um dispositivo usável que permite a experiência de uma IA conversacional que mora dentro da nossa cabeça, podendo-se conversar de forma semelhante a falar consigo mesmo internamente. Temos um novo protótipo que mostraremos aqui, pela primeira vez no TED, e eis como ele funciona.
Normalmente, quando falamos, o cérebro envia sinais neurológicos através dos nervos aos sistemas de fala internos, para ativá-los e as cordas vocais para produzir a fala. Uma das tarefas cognitivas e motoras mais complexas que fazemos como seres humanos. Imaginem-se falando consigo mesmos sem vocalizar, sem mexer a boca, sem mover a mandíbula, mas simplesmente articulando as palavras internamente. Assim, acionando muito sutilmente os sistemas de fala internos, como a língua e a parte de trás do palato. Quando isso acontece, o cérebro envia sinais extremamente fracos para esses sistemas internos de fala.
O AlterEgo tem sensores integrados num dispositivo fino de plástico, flexível e transparente, posicionado no pescoço como um adesivo. Os sensores captam esses sinais internos obtidos nas profundezas da cavidade bucal, diretamente da superfície da pele. Uma IA funcionando em segundo plano tenta entender o que o usuário quer dizer. Em seguida, ela devolve uma resposta para o usuário por meio de condução óssea, através do crânio para o ouvido interno do usuário, que ele escuta, de forma sobreposta à audição natural do ambiente, sem bloqueá-la. A combinação de todas essas partes, a entrada, a saída e a IA, permite uma experiência subjetiva líquida de uma interface dentro da nossa cabeça, semelhante a falar consigo mesmo. Só para ficar bem claro, o dispositivo não grava ou lê pensamentos, mas sim informações que queremos comunicar através do acionamento deliberado dos sistemas internos de fala.
As pessoas não querem ser lidas, elas querem escrever.
É por isso que projetamos o sistema para deliberadamente gravar a partir do sistema nervoso periférico. É por isso que o controle em todas as situações reside no usuário.
Quero parar aqui e fazer uma demonstração ao vivo. Farei uma pergunta ao Eric. E ele vai procurar por essa informação sem vocalizar, digitar, mexer os dedos, sem mexer a boca. Simplesmente fazendo essa pergunta internamente. A IA então descobrirá a resposta e a devolverá ao Eric, através de áudio, do dispositivo. Embora vejam um laptop na frente dele, ele não o está usando. Está tudo no dispositivo. Ele só precisa de um dispositivo adesivo para interagir com a IA e a internet.
Arnav Kapur: Então, Eric, como está o clima em Vancouver agora?
O que vocês veem na tela são as palavras que Eric está falando para si mesmo agora. Está acontecendo em tempo real.
Eric: Faz 10 °C e chove aqui em Vancouver.
AK: A IA enviou a resposta através do áudio, do dispositivo, para o Eric.
Quais poderiam ser as implicações de algo assim? Imaginem memorizar coisas perfeitamente, gravar informações que falamos silenciosamente, ouvi-las mais tarde quando quisermos, pesquisar informações internamente, processar números na velocidade dos computadores, escrever pra outras pessoas em silêncio. De repente, tornar-se multilíngue, falando internamente em um idioma e escutando a tradução em outro na cabeça. O potencial poderia ser de longo alcance.
Há milhões de pessoas ao redor do mundo que lutam com o uso do discurso natural. Pessoas com ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica ou a doença de Lou Gehrig, que sofreram derrame ou um câncer bucal, entre muitas outras doenças. Para elas, a comunicação é um processo extremamente lento e cansativo.
Este é o Doug. Doug foi diagnosticado com ELA há cerca de 12 anos e desde então não consegue mais falar. Hoje ele usa um teclado na tela onde digita letras individuais usando movimentos de cabeça. E leva vários minutos para transmitir uma única frase. Então fomos até o Doug e perguntamos quais seriam as primeiras palavras que ele usaria ou diria, usando nosso sistema. Talvez, uma saudação como: “Olá, como vai você?” Ou pedir ajuda com alguma coisa. Doug disse que queria usar nosso sistema para reinicializar o sistema antigo dele, porque continuava travando.
(Risos)
Nunca poderíamos ter previsto isso. Vou mostrar um pequeno vídeo de Doug usando nosso sistema pela primeira vez.
(Vídeo)
Doug: Reinicie o computador.
AK: O que acabaram de ver foi Doug se comunicando ou falando em tempo real pela primeira vez desde que perdeu a capacidade de falar. Existem milhões de pessoas que podem conseguir se comunicar em tempo real como Doug, com outras pessoas, amigos e famílias. Minha esperança é poder ajudá-las a expressar pensamentos e ideias.
Acredito que computação, IA e internet poderiam desaparecer em nós como extensões de nossa cognição, em vez de serem entidades externas ou adversárias, ampliando a engenhosidade humana, nos dando habilidades inimagináveis e destravando nosso verdadeiro potencial. E talvez até nos libertando para nos tornarmos melhores como seres humanos.
Muito obrigado.
(Aplausos)
Shoham Arad: Venha até aqui. Tudo bem. Quero lhe fazer algumas perguntas, enquanto eles arrumam o palco. Acho que isso é incrível, é inovador, é assustador, é aterrorizante. Você pode nos dizer... Acho que há alguns sentimentos desconfortáveis sobre isso. Diga-nos, isso é como ler pensamentos, será assim em cinco anos, existe uma versão que pode ser usada como uma arma, como é?
AK: O primeiro princípio do projeto, antes de começarmos a trabalhar, foi não submeter a ética a uma reflexão tardia. Então, queríamos associar a ética diretamente ao projeto. Nós o invertemos. Em vez de ler diretamente do cérebro, lemos do sistema nervoso voluntário, que acionamos deliberadamente pra nos comunicarmos com o dispositivo, e ainda com os benefícios de um pensamento ou dispositivo de pensamento. O melhor dos dois mundos, de certa forma.
SA: Certo, acho que as pessoas terão muito mais perguntas para você. Você também disse que é um adesivo. Então, agora ele fica bem aqui? Essa é a iteração final? Como é o projeto final que espera ter?
AK: Nosso objetivo é que a tecnologia desapareça completamente.
SA: O que significa?
AK: Se você estiver usando, eu não consigo ver. Ninguém quer tecnologia no rosto, mas em segundo plano, para nos aumentar internamente. Temos uma versão adesiva que se adapta à pele, que parece a pele, mas estamos tentando fazer uma versão ainda menor, que ficaria bem aqui.
SA: Certo. Se alguém tiver alguma dúvida para Arnav, ele estará aqui a semana toda. Muito obrigado, Arnav.
AK: Obrigado, Shoham.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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