Em uma projeção demostrando uma devastação inacreditável da população mundial, cientistas do clima respondem uma indagação que era comum no ...
Em uma projeção demostrando uma devastação inacreditável da população mundial, cientistas do clima respondem uma indagação que era comum no século XX. Mas que com os recentes esbarrões entre a OTAN e o oriente, entre outros conflitos mais localizados, voltou a ser bem mais pertinente: O que aconteceria no caso de uma guerra nuclear?
A revista Nature Food publicou semana passada estudo global da da Rutgers, Universidade Estadual de Nova Jérsei, mostrando uma simulação dos impactos de cenários de guerra nuclear e alerta que mesmo um conflito de escala limitada entre nações como Índia e Paquistão pode ter consequências catastróficas para o abastecimento global de alimentos e provocar mortes em massa em todo o mundo.
Fonte: Galileu, Los Angeles Times, Futurism, Nature Food
Visto no Brasil Acadêmico
Um cénario de conflito nuclear envolvendo menos de 3% dos estoques mundiais tem o potencial de matar um terço da população mundial em dois anos, segundo o estudo.
Já um conflito nuclear maior entre a Rússia e os EUA pode matar três quartos da população mundial no mesmo período, de acordo com a pesquisa.
“É realmente um conto de advertência que qualquer uso de armas nucleares pode ser uma catástrofe para o mundo.”
Prof. Alan Robock. Cientista climático e autor do estudo.
Os pesquisadores avaliam que a detonação de apenas uma pequena fração das armas nucleares do mundo desencadearia enormes tempestades de fogo, injetando rapidamente fuligem capaz de bloquear a luz do sol na atmosfera, provocando um repentino resfriamento do clima.
Eles se utilizaram de modelos climáticos para calcular quanta fumaça atingiria a estratosfera – onde não ocorre precipitação para lavá-la – e como isso mudaria a temperatura, a precipitação e a luz solar. Em seguida, calcularam como essas mudanças afetariam a produção de várias culturas, bem como os peixes responderiam às mudanças no oceano.
Os autores observaram ainda algumas ressalvas:
Os autores observaram ainda algumas ressalvas:
- Primeiro, que a simulação exigia muitas simplificações e suposições sobre como as cadeias globais de fornecimento de alimentos reagiriam durante o inverno nuclear.
- E segundo, mesmo nos piores cenários, existem regiões que podem se sair melhor do que outras, como a Austrália, que parece se sair melhor em seus mapas de previsão de devastação.
“A primeira vez que mostrei o mapa ao meu filho”, disse Lily Xia, cientista climática da Rutgers que liderou a pesquisa, em um comunicado da Nature , “a primeira reação que ele teve foi 'vamos nos mudar para a Austrália'”.
Segundo Robock, não está se levando em conta os efeitos do aumento da radiação ultravioleta nas plantações devido à destruição da camada de ozônio causada pelo aquecimento da estratosfera. Tal efeito, que os pesquisadores esperam quantificar em estudos futuros, provavelmente pioraria os resultados.
“Na minha opinião, nosso trabalho é uma ameaça existencial às armas nucleares – mostra que você não pode usar armas nucleares. Se você usá-los, você é como um homem-bomba. Você está tentando atacar outra pessoa, mas vai morrer de fome.”
Prof. Alan Robock
A maioria dos cenários considerada envolveu um hipotético conflito nuclear entre a Índia e o Paquistão, que eles acreditam ser a região mais provável onde tal conflito poderia eclodir. Os dois países lutaram em quatro guerras e ainda têm frequentes escaramuças nas fronteiras.
Se a Índia e o Paquistão visassem centros urbanos no país adversário com 250 armas nucleares de 100 quilotons, que se acredita possuírem, cerca de 127 milhões de pessoas no sul da Ásia seriam mortas por explosões, incêndios e radiação, segundo o estudo.
Estima-se que 37 milhões de toneladas de fuligem seriam injetadas na atmosfera, fazendo com que as temperaturas em todo o planeta caíssem mais de 5 ºC, uma faixa experimentada pela última vez durante a Idade do Gelo, de acordo com pesquisas anteriores de Robock e outros.
A produção de alimentos, consequentemente, entraria em colapso, com o número de calorias disponíveis das principais culturas e pesca caindo em até 42% e a fome resultante matando mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com o estudo mais recente.
Ainda de acordo com a pesquisa, no caso de uma guerra maior entre os EUA e a Rússia, que juntos se acredita deter mais de 90% do estoque nuclear do mundo, cerca de 5 bilhões de 6,7 bilhões de pessoas em todo o mundo morreriam.
Não é possível testar a teoria diretamente, todavia, existem análogos do mundo real. Segundo Robock, incêndios florestais maciços na Colúmbia Britânica em 2017 e na Austrália em 2019 e 2020 bombearam fumaça para a estratosfera, uma descoberta confirmada por observações de satélite. O sol então aqueceu as partículas de fumaça, elevando-as de cinco a 15 milhas mais longe na atmosfera.
“Ao elevá-los mais alto, aumenta sua vida útil e eles são levados ao redor do mundo antes de caírem. É o mesmo processo que modelamos em nossa simulação de inverno nuclear com muito mais fumaça.”
Há ainda muita incerteza sobre esses impactos no clima. Tudo dependerá, de fato, do que será queimado e o quanto dessa queima virará fumaça. Edward Geist, pesquisador de políticas da Rand Corp., acredita que a descoberta relativamente recente de que incêndios florestais podem lançar fumaça na estratosfera reforça a teoria dos pesquisadores. Todavia, o estudo liderado por Rutgers assume que os países teriam como alvo as cidades uns dos outros, onde as concentrações de combustível são mais densas e os efeitos climatológicos seriam mais dramáticos. Mas o Paquistão disse que, se usar armas nucleares contra a Índia, usaria armas nucleares táticas para impedir uma invasão convencional, não para atacar cidades por atacado, disse Geist.
Assim, só saberemos mesmo se houver tal ataque. E devemos, como espécie, fazer tudo para jamais sabermos.
Para saber mais detalhes acesse:
Fonte: Galileu, Los Angeles Times, Futurism, Nature Food
Visto no Brasil Acadêmico
Comentários