Estudo feito com 853 municípios mineiros constata que aqueles municípios onde o presidente eleito na eleição de 2018, Jair Bolsonaro, venceu...
Estudo feito com 853 municípios mineiros constata que aqueles municípios onde o presidente eleito na eleição de 2018, Jair Bolsonaro, venceu são mais propensos a ter maior incidência e taxas de mortalidade por COVID-19.
Estudo que deverá ser apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) deste ano em Lisboa, Portugal (23 a 26 de abril de 2022), dos pesquisadores da Sociedade Mineira de Infectologia e da Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções mostra uma correlação entre a atitude negacionista do presidente brasileiro Jair Bolsonaro em relação ao COVID-19 e à maior incidência e mortalidade do COVID-19, conforme publicado pelo Eureka Alert, Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) e o G1.
Fonte: Eureka Alert, G1
Visto no Brasil Acadêmico
Envolvendo 853 municípios de Minas Gerais (o segundo estado mais populoso localizado no sudeste do Brasil), o estudo descobriu que nos municípios onde a votação foi majoritariamente pró-Bolsonaro, os casos e mortes de COVID-19 foram substancialmente mais altos do que nos municípios onde Bolsonaro perdeu a eleição presidencial de 2018.
Fizemos uma apuração jornalística semelhante quanto aos estados trumpistas, onde o notório negacionista e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, teve maior votação na sua tentativa frustrada de reeleição durante a pandemia. Como resultado, que poderá ser visto aqui, a variante Delta do Sars-Cov-2 foi mais letal justamente nesses estados americanos. Nessa mesma postagem repercutimos outra pesquisa semelhante, com apenas 255 municípios brasileiros, que também apontava a mesma tendência: Municípios bolsonaristas tendem a ter maior incidência de casos de Covid-19.
“O papel da política teve um impacto crítico nas respostas da COVID-19 à pandemia no Brasil desde o início. O presidente Jair Bolsonaro negou a gravidade do COVID-19, promoveu tratamentos sem evidências de eficácia e desencorajou o distanciamento social, o uso de máscaras, bloqueios locais e outras medidas de proteção, o que provavelmente resultou em taxas mais altas de infecção e mortes por COVID-19 entre seus apoiadores”.Dr. Carlos Starling. Sociedade Mineira de Infectologia.
Segunto o jornal The New York Times, o número de mortos por Covid-19 no Brasil ultrapassou 659.000, o terceiro maior número relatado de qualquer país do mundo.
Neste estudo, os pesquisadores investigaram a eficácia das vacinas COVID-19 na redução da transmissão do vírus e das mortes por COVID-19 em 853 municípios de Minas Gerais. Eles também exploraram o impacto da atitude negacionista do presidente em relação ao COVID-19 na adoção de vacinas e casos e mortes de COVID-19, com base no fato de Bolsonaro ter vencido ou perdido a eleição presidencial de 2018 nesses municípios.
Usando dados sobre casos confirmados de COVID-19 e mortes, taxas de vacinação e resultados das eleições de 2018 de sites oficiais do governo, os pesquisadores calcularam a taxa de incidência de COVID-19 (novos casos por 100.000 residentes nos últimos 14 dias) e a taxa de mortalidade (óbitos). por 1.000.000 habitantes nos últimos 14 dias) para cada município entre 21 de janeiro de 2021 (quando a vacinação começou no Brasil) e 10 de novembro de 2021.
Os resultados mostraram que até 10 de novembro de 2021, mais da metade da população (mais de 55%) na maioria dos municípios (682/853) havia sido totalmente vacinada com Astrazeneca (41%), Pfizer (32%) ou Coronavac (28%).
No geral, as análises descobriram que a taxa de vacinação entre janeiro e novembro foi semelhante entre os municípios. À medida que a porcentagem da população totalmente vacinada contra SARS-CoV-2 aumentou ao longo do tempo, as taxas de incidência e mortalidade de COVID-19 diminuíram consistentemente.
No entanto, nos municípios onde Bolsonaro venceu o voto eleitoral, a taxa de incidência de COVID-19 foi 30% maior (7,6%; 1.284.454 casos/16.961.800 moradores de 445 municípios) do que nos municípios onde ele perdeu o voto (5,6%; 249.704 casos/4.450.502 residentes de 408 municípios).
Além disso, a taxa de mortalidade por COVID-19 foi 60% maior nos municípios com maior apoio eleitoral a Bolsonaro em comparação com aqueles com menos apoio (212 mortes por COVID-19 por 100.000 habitantes versus 132 mortes por COVID-19 por 100.000 habitantes).
Os pesquisadores também realizaram uma avaliação mais detalhada comparando o impacto da vacinação na incidência de COVID-19 e nas taxas de mortalidade em 33 municípios com mais de 100.000 residentes e descobriram uma correlação negativa entre a vacinação e casos de COVID-19 e mortes em todos os 33 municípios (ou seja, municípios com as menores taxas de vacinação tiveram as maiores taxas de incidência e mortalidade de casos), exceto cinco cidades onde houve uma correlação negativa, mas não significativa, entre a taxa de vacinação completa e a taxa de mortalidade.
“É provável que milhares de vidas tenham sido perdidas desnecessariamente porque o presidente Bolsonaro descartou o COVID-19 como ‘uma gripezinha’ e se uniu contra bloqueios, fechamento de escolas e outras medidas de proteção”, diz o Dr. Braulio Couto Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções.
“No entanto, nossos resultados indicam que o povo brasileiro tem grande confiança nas vacinas, e as falsidades e dúvidas de Bolsonaro sobre as vacinas COVID-19 não impediram a vacinação em massa, com o aumento da taxa de vacinação ao longo do tempo reduzindo consistentemente os casos e mortes por COVID-19.”
Os autores observam que este é um estudo observacional ecológico e não pode provar que a postura negacionista de Bolsonaro causou casos extras ou mortes por COVID-19, mas apenas sugerem a possibilidade de tal efeito. Os autores apontam para várias limitações, incluindo a falácia ecológica – que as relações que existem para grupos são consideradas verdadeiras também para indivíduos – e eles não podem descartar a possibilidade de que outros fatores não medidos, como níveis de educação e renda familiar, possam ter afetado os resultados.
Fonte: Eureka Alert, G1
Visto no Brasil Acadêmico
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