Esse filme de 2003, que ganhou o Oscar de Melhor Documentário, mostra a visão de Robert McNamara, Secretário de Defesa dos governo Kennedy e...
Esse filme de 2003, que ganhou o Oscar de Melhor Documentário, mostra a visão de Robert McNamara, Secretário de Defesa dos governo Kennedy e Johnson, sobre as guerra e as lições por ele aprendidas e legadas a todos nós.Atenção, os comentários a seguir podem conter revelações do roteiro. Estamos em risco de presenciarmos uma guerra nuclear? Novamente? Então esse documentário tem que ser revisitado. Lembremos da Crise do Mísseis em Cuba de 1962 e como as negociações tiveram êxito por uma questão de... sorte.
“Eu quero dizer, e isso é muito importante, no final, nós tivemos sorte. Foi a sorte que evitou a guerra nuclear. Estivemos muito perto da guerra nuclear.”
Kennedy, Krushev e Castro eram racionais. E racionalmente poderiam ceder a pressões dos apoiadores internos para dobrar a aposta extremista e ver quem piscaria primeiro. Ainda que isso custasse o fim de suas sociedades. Essas armações que parecem ter saído de um manual de teoria dos jogos poderiam ter selado o destino da humanidade.
Eles diziam:“Os soviéticos estão nos enganando. Eles estão fazendo teste nucleares no lado oculto da lua”. Respondi: “Absurdo”.
Todas as guerras, segundo Robert Strange McNamara (1916–2009), seguem uma lógica brutal e a régua moral não é nada fácil de ser estabelecida. Para começar, ele afirma, se os EUA tivessem perdido a segunda guerra mundial eles certamente seriam julgados (e condenados) por crimes de guerra.
“Eu já participei de duas guerras e sei que as guerras terminam passando por povoados semeando a morte e destruição.”
Afinal, por que jogaram duas bombas atômicas em civis? Ele acredita que foi uma decisão correta. Embora fuja da máxima ética das guerras de se atacar apenas alvos militares.
E atacar Tóquio, uma cidade feita de papel e madeira, com bombas incendiárias a ponto de destruir metade da capital japonesa. Uma forma justificável de dissuasão ou uma vingança cruel.
E o governo vietnamita? Acha que fez certo em combater os EUA e no final ter o que eles já estavam dispostos a entregar desde o começo? E Fidel Castro? Anos depois revelações mostraram que estiveram muito mais perto do aniquilamento de Cuba (e da guerra total) do que se pensava na época da crise dos mísseis.
Essas contas e as conjunturas militares por trás das decisões estratégicas que tiveram consequências políticas testemunhadas por Bob são descritas nesse filme narrado por McNamara e que conta com gravações de reuniões ultra-secretas na época entre ele, os presidentes e outros envolvidos de alto escalão do governo. Eis suas lições:
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- 1.Tenha empatia com o inimigo.
- Você precisa se colocar no lugar do inimigo para entender suas razões. Isso aconteceu no caso da Crise dos Mísseis de Cuba. Mas não aconteceu no Vietnã. estaria acontecendo tal empatia, por todos os lados, na Guerra da Ucrânia, 2022?
- 2.A racionalidade não nos salvará.
- Bob lembra que os três atores da Crise de 1962 – Kennedy, Krushev e Castro – eram homens racionais. E quase levaram o mundo ao desastre ainda assim. E esse perigo ainda existe.
- 3.Existe algo além de si mesmo.
- Eu tive aulas de lógica e ética. Ênfase no valores, em algo além de nós mesmos e sua responsabilidade com a sociedade. Ao analisar relatórios de missões que abortavam vi que os motivos eram meras desculpas para o medo. Na época, o coronel Curtis LeMay, considerado brutal, passou a ir no avião líder de suas missões e ameaçou com corte marcial todas as outras tripulações das missões que não chegassem até o alvo. Acabaram-se os abortos.
- 4.Maximize a eficiência.
- Os B-29 da segunda guerra levavam combustível da Índia para a China para depois bombardearem o Japão. Mas tinham tão pouco treinamento com eficiência que muitas vezes os aviões precisam usar o combustível que transportavam para poderem voltar para a Índia. Curtis LeMay percebeu a ineficiência e mudaram o ponto de ataque ao Japão para as Marianas, devastando o inimigo.
- 5.Proporcionalidade deveria ser uma regra na guerra.
- Infelizmente, não é o caso. A guerra do Vietnã matou 58 mil americanos e mais de três milhões de vietnamitas. As bombas incendiárias destruíram 51% de Tóquio – que é uma idade que corresponde a Nova York –, 99% de Toyama – equivalente a Chattanooga –, 40% de Nagoya – que corresponde a Los Angeles –, 35% de Osaka – que corresponde a Chicago –, 55,1% de Kobe – que corresponde a Baltimore –, 35,9% de Omuta – correspondente a Miami. Tudo isso antes das bombas nucleares de Hiroshima e Nagazaki. Mais de um milhão de japoneses morreram. Bob cita Curtis LeMay: “caso os EUA tivessem perdido, teriam sido julgados por crimes de guerra”.
- 6.Consiga dados.
- Essa lição ele trouxe da guerra travada pelos lucros. Na época que trabalhou na Ford. Lucrou com um modelo de carro mais econômico (o Falcon) em uma época que se acreditava que o consumidor só queria carros mais extravagantes. Também usou os dados para deixar os carros mais seguro para os ocupantes. McNamara foi posteriormente promovido a presidente da Ford e foi a primeira pessoa fora da família Ford a ocupar esse cargo. Ele pediu demissão apenas cinco semanas depois por causa de uma posição que lhe foi oferecida por Kennedy. Kennedy ofereceu a McNamara um cargo de Secretário do Tesouro, que ele recusou e mais tarde aceitou o cargo de Secretário de Defesa. Sua esposa ficou sabendo de sua decisão pela TV.
- 7.Acreditar e ver estão, ambos, freqüentemente errados.
- Aquilo em que se acredita e mesmo aquilo que se vê estão, frequentemente, errados. Para Bob: "Vemos aquilo em que queremos acreditar". E cita o caso do “Incidente do Golfo de Tonquim”. Um erro de julgamento que levou os EUA a entrar oficialmente na Guerra do Vietnã. E suas consequências para ambos os lados foram trágicas.
- 8.Esteja preparado para reexaminar as suas razões.
- McNamara acreditava que, embora os EUA sejam a nação mais forte do mundo, eles nunca deveriam usar esse poder militar e econômico unilateralmente, isto é, "se não podemos persuadir nações com valores parecidos como o nosso, é melhor reexaminar nosso raciocínio". Se tivessem observado essa regra no Vietnã, não teriam entrado lá.
- 9.Para fazer o bem talvez você precise se aproximar do mal.
- Um ativista colocou fogo no seu próprio corpo para protestar contra a guerra debaixo da janela de Mcnamara. E carrgava uma menina no colo que foi salva graças a intervenção heroica de algum transeunte. Reconheça que às vezes terá que fazer o mal para fazer o bem. Mas minimize essas vezes.
- 10.Nunca diga nunca.
- Uma regra que aprendi muito cedo é que nunca, nunca, nunca, devemos dizer nunca. Outra é que nunca responda a pergunta que estão te fazendo. Responda aquilo que você gostaria que tivessem te perguntado. Para Bob, a responsabilidade pela Guerra do Vietnã é do presidente e se Kennedy tivesse sobrevivido, a situação teria sido melhor. Jamais teriam 500 mil homens no Vietnã.
- 11. Não se pode mudar a natureza humana.
- É uma conclusão pessimista de McNamara. Teremos que confrontar riscos nucleares em um tipo de guerra que não dá para ter um período de experiência. Onde se poderia cometer erros.
Em 2019, o filme foi selecionado pela Biblioteca do Congresso para preservação no Registro Nacional de Filmes por ser “cultural, histórica ou esteticamente significativo” (Wikipedia).
Fonte: YouTube
Visto no Brasil Acadêmico
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