O que há de comum em um romance e em um roteiro de um filme de aventura? Palavras comuns revelam o projeto de uma história e os estudiosos a...
O que há de comum em um romance e em um roteiro de um filme de aventura? Palavras comuns revelam o projeto de uma história e os estudiosos agora parecem ter descoberto como essas palavras podem compor uma estrutura básica para todos os textos.
Acadêmicos de várias disciplinas há muito discutem se existe uma estrutura comum por trás da narrativa. Agora, uma pesquisa da Universidade do Texas, submeteu cerca de 40.000 narrativas tradicionais (como romances e roteiros de filmes) e cerca de 20.000 narrativas não tradicionais (relatórios científicos em jornais, discursos do TED e opiniões da Suprema Corte) a uma análise de linguagem usando métodos computacionais. Ao menos em inglês (idioma dos textos analisados) nas narrativas tradicionais uma estrutura básica consistente da história emerge revelando três processos principais: encenação, desenvolvimento da história e tensão cognitiva.
1. Encenação: as histórias começam com muitas preposições e artigos como "um" e "o" (“a”,“the” em inglês). Por exemplo:
Essas palavras ajudam os autores a definir o cenário e transmitir as informações mais básicas de que o público precisa para entender conceitos e relacionamentos ao longo da história.
2. Progressão do enredo: Uma vez que o palco está montado, os autores incorporam mais e mais linguagem interacional, incluindo verbos auxiliares, advérbios e pronomes. Por exemplo:
3. Tensão cognitiva: À medida que uma história avança em direção ao seu clímax, as palavras de processamento cognitivo aumentam - palavras do tipo ação, como “pensar” (“think”), “acreditar” (“believe”), “compreender” (“understand”) e “causar” (“cause”), que refletem o processo de pensamento de uma pessoa enquanto trabalhando através de um conflito.
Esse padrão linguístico combinado nas histórias pode refletir como os humanos processam as informações de maneira ideal, disseram os pesquisadores. Estudos anteriores mostraram que crianças pequenas podem facilmente atribuir nomes a pessoas e coisas; atribuir ação, no entanto, mostra-se mais difícil.
A pesquisa publicada no periódico Science Advances concluiu que não houve evidências indicando que a adesão às estruturas normativas da história estava relacionada à popularidade da história. E também que a análise de textos baseados em fatos revelou estruturas que diferiam das narrativas baseadas em histórias fictícias.
Fica aí uma sugestão de agenda para pesquisadores brasileiros confirmarem se tais estruturas se repetem em textos em português.
Fonte: Science Daily, Science Advances
[Visto no Brasil Acadêmico]
Acadêmicos de várias disciplinas há muito discutem se existe uma estrutura comum por trás da narrativa. Agora, uma pesquisa da Universidade do Texas, submeteu cerca de 40.000 narrativas tradicionais (como romances e roteiros de filmes) e cerca de 20.000 narrativas não tradicionais (relatórios científicos em jornais, discursos do TED e opiniões da Suprema Corte) a uma análise de linguagem usando métodos computacionais. Ao menos em inglês (idioma dos textos analisados) nas narrativas tradicionais uma estrutura básica consistente da história emerge revelando três processos principais: encenação, desenvolvimento da história e tensão cognitiva.
1. Encenação: as histórias começam com muitas preposições e artigos como "um" e "o" (“a”,“the” em inglês). Por exemplo:
“A casa ficava próxima ao lago, abaixo de um penhasco.”
Essas palavras ajudam os autores a definir o cenário e transmitir as informações mais básicas de que o público precisa para entender conceitos e relacionamentos ao longo da história.
2. Progressão do enredo: Uma vez que o palco está montado, os autores incorporam mais e mais linguagem interacional, incluindo verbos auxiliares, advérbios e pronomes. Por exemplo:
“Eu estou com eles agora e ela está lá. Volto em breve.”Embora existam menos de 200 palavras funcionais comumente usadas em inglês, elas respondem por 50 a 60% de todas as palavras que leem, dizem, escrevem ou ouvem naquele idioma.
3. Tensão cognitiva: À medida que uma história avança em direção ao seu clímax, as palavras de processamento cognitivo aumentam - palavras do tipo ação, como “pensar” (“think”), “acreditar” (“believe”), “compreender” (“understand”) e “causar” (“cause”), que refletem o processo de pensamento de uma pessoa enquanto trabalhando através de um conflito.
Esse padrão linguístico combinado nas histórias pode refletir como os humanos processam as informações de maneira ideal, disseram os pesquisadores. Estudos anteriores mostraram que crianças pequenas podem facilmente atribuir nomes a pessoas e coisas; atribuir ação, no entanto, mostra-se mais difícil.
“Se quisermos nos conectar com um público, temos que avaliar quais informações eles precisam, mas ainda não têm.(...) No nível mais fundamental, os humanos precisam de uma enxurrada de 'linguagem lógica' no início de uma história para dar sentido a ela, seguido por um fluxo crescente de informações de 'ação' para transmitir o enredo real da história.”Os pesquisadores também compararam a estrutura de história fictícia de mais de 30.000 textos factuais, incluindo 28.664 artigos do New York Times, 2.226 TED Talks e 1.580 opiniões da Suprema Corte. Embora muitos compartilhassem semelhanças marcantes, cada gênero tinha estruturas únicas que refletiam as diferentes relações entre os autores e seu público.
Prof. Ryan Boyd. Ex-aluno da UT Austin e professor assistente de análise comportamental na Universidade Lancaster
A pesquisa publicada no periódico Science Advances concluiu que não houve evidências indicando que a adesão às estruturas normativas da história estava relacionada à popularidade da história. E também que a análise de textos baseados em fatos revelou estruturas que diferiam das narrativas baseadas em histórias fictícias.
Fica aí uma sugestão de agenda para pesquisadores brasileiros confirmarem se tais estruturas se repetem em textos em português.
Fonte: Science Daily, Science Advances
[Visto no Brasil Acadêmico]
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