Grupo de cientistas publicaram artigo falso para denunciar revistas científicas que aceitam estudos sem valor.
Grupo de cientistas publicaram artigo falso para denunciar revistas científicas que aceitam estudos sem valor.
O periódico científico Asian Journal of Medicine and Health publicou em julho um estudo que promovia o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. O artigo, assinado pela endocrinologista e ginecologista Violaine Guérin, já havia sido recusado por diversas revistas de prestígio, como reconheceu a autora durante uma entrevista à FranceInfo.
Mesmo após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter decidido interromper todos os estudos com o medicamento por falta de evidências a pesquisa foi aceita e publicada nesta revista no dia 15 de julho, semanas após a decisão.
De acordo com a publicação da Rádio França Internacional (RFI), apesar da revista ser considerada pouco séria no meio científico e conhecida por publicar estudos mediante pagamento – e não conforme critérios científicos – o artigo assinado por Guérin foi citado por diversos jornalistas do mundo como um estudo científico tão válido quanto qualquer outro.
A publicação do trabalho e seu alcance causou indignação em um grupo de jovens cientistas que resolveram revelar a farsa da revista científica.
O periódico científico Asian Journal of Medicine and Health publicou em julho um estudo que promovia o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. O artigo, assinado pela endocrinologista e ginecologista Violaine Guérin, já havia sido recusado por diversas revistas de prestígio, como reconheceu a autora durante uma entrevista à FranceInfo.
Mesmo após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter decidido interromper todos os estudos com o medicamento por falta de evidências a pesquisa foi aceita e publicada nesta revista no dia 15 de julho, semanas após a decisão.
De acordo com a publicação da Rádio França Internacional (RFI), apesar da revista ser considerada pouco séria no meio científico e conhecida por publicar estudos mediante pagamento – e não conforme critérios científicos – o artigo assinado por Guérin foi citado por diversos jornalistas do mundo como um estudo científico tão válido quanto qualquer outro.
A publicação do trabalho e seu alcance causou indignação em um grupo de jovens cientistas que resolveram revelar a farsa da revista científica.
A ideia era propor algo absurdo: correlacionar o uso da hidroxicloroquina e da azitromicina combinadas com a redução de acidentes de patinete em Marselha.
Marselha é a cidade do professor Didier Raoult, o cientista que deu início ao movimento pela hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.
A própria assinatura do falso artigo deixa pista do deboche. Um dos autores, Nemo Macron, é associado ao Palácio do Eliseu. Nemo é o nome do cachorro do presidente Emmanuel Macron. Outro pseudônimo, Manis Javani, do Timor Leste, é também o nome científico do pangolim (uma das prováveis espécies que alojaram o Sars-Cov-2 antes de transmitir para o ser humano).
Captura da tela |
No texto há diferentes referências a falas de Didier Raoult no Youtube, com as devidas citações. O “fake paper” traz ainda dados e imagens sem nenhuma relação com a proposta do trabalho, como a imagem de um osso sacro fraturado após um acidente de patinete de uma mulher que nem teria participado do tal estudo, e nem teria tomado os remédios.
O “estudo” conclui que o combo de remédios deveria ser usado em todo o mundo para prevenir acidentes de trânsito com patinetes.
Toda a história foi contada no final de semana por Michaël Rochoy, médico da região de Pas de Calais e um dos autores da sátira, em seu blog.
Fonte: Le Parisien, RFI, FranceInfo
Antes de ser publicado no dia 15 de agosto, o artigo foi lido por especialistas e passou por editores científicos. Ainda que sejam pedidas muitas alterações, os revisores não questionam o absurdo da hipótese. “Eles partem diretamente sobre uma revisão menor, de detalhes, e não uma revisão sobre o princípio do artigo”, explica Michaël Rochoy, um dos autores do estudo fraude, ao canal Franceinfo.
No histórico da revisão do artigo, é possível ver que dois editores indicaram que o estudo não deveria ser publicado.
No entanto, no dia 15 de agosto, ou seja, apenas 22 dias após ter sido submetido à revista, o estudo apareceu no site da revista “internacional”.
Na área dedicada às notas de reconhecimento, o grupo deixa um agradecimento a Hervé de Maisonneuve “por sua luta contra revistas predatórias”, ou seja, publicações ditas científicas que publicam qualquer coisa mediante ao pagamento.
Neste caso, os pesquisadores pagaram 85 dólares para que o artigo fosse revisado, contou Rochoy ao jornal Le Parisien.
“Não tínhamos certeza de que era um jornal predatório. O objetivo era, portanto, testá-lo. Com esta publicação, colocamos em dúvida o estudo já publicado em meados de julho sobre a hidroxicloroquina e rimos ao mesmo tempo.” Michaël Rochoy, um dos autores do falso estudo.
O artigo foi tirado da página da revista ainda no dia 15 de agosto “após o relato de grave fraude científica”, afirma a publicação.
O Asian Journal of Medicine and Health existe desde 2017, mas não está listado no portal Pubmed , o principal mecanismo de busca de periódicos biomédicos. Não possui nenhum fator de impacto para avaliar a visibilidade de seu conteúdo. Está sob a égide de uma empresa com sede em West Bengal (Índia), Sciencedomain International, como 111 outras revistas científicas.
[Visto no Brasil Acadêmico
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