Selecionamos trechos da live do dia 16 de julho de 2020 com os comentários de vários especialistas médicos sobre o que a ciência já concluiu...
Selecionamos trechos da live do dia 16 de julho de 2020 com os comentários de vários especialistas médicos sobre o que a ciência já concluiu até o momento sobre a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) e a (in)eficácia da hidroxicloroquina entre outros medicamentos, previsões, procedimentos e opiniões. Uma vacina contra a infodemia.
O canal Doutor Ajuda foi convidado para transmitir uma live moderada pelo Dr. Drauzio Varella com grandes nomes da medicina brasileira sobre o COVID-19 e cuja transmissão foi feita pelo Instagram, Facebook e Youtube do @doutor.ajuda, na última quinta-feira (16), às 20h, com a participação de Dra. Elnara Negri (Pneumologista, São Paulo), Dra. Eveline Girão (Infectologista, Fortaleza), Dra. Margareth Dalcolmo (Pneumologista, Rio de Janeiro), Dr. Clovis Arns (Infectologista, Curitiba), Dr. Esper Kallas (Infectologista, São Paulo) e Dr. Alexandre Cunha (Infectologista, Brasília).
Você pode acompanhar a live completa acima. Também destacamos alguns trechos importantes que achamos importante chamar a atenção dos leitores.
(...)
Drauzio Varella: Por quanto tempo a pessoa doente pode transmitir o vírus?
Evelyne Girão: (...) Eu sou infectologista aqui de Fortaleza, Ceará. Trabalho com controle de infecção hospitalar em hospitais públicos e privados. Um pouco também com os imunossuprimidos. (...) Quanto tempo um paciente com Covid-19, uma vez infectado, pode transmitir esse vírus ainda não é certo. (...) Existem vários trabalhos que mostram que esse vírus, detectado nas secreções respiratórias, pode ser detectada por semanas. Duas, três, cinco, seis semanas. Mas a maioria dos doentes com casos leves, que a maioria são moderados, que não precisam me internar transmitem na primeira semana, cinco, sete dias, no máximo 10 dias. Alguns pacientes que internam, que vão para UTI entubados, que ficam mais graves, ou pacientes imunossuprimidos, esses podem excretar o vírus e transmitir em um período maior. Mas a gente não sabe exatamente até quando. Não existe um tempo ainda bem definido. Existe uma dificuldade de responder essa pergunta porque a presença do vírus no exame, no PCR, na presença do RNA no swab, na secreção, não necessariamente significa que esse vírus é infectante. Ele pode causar doença. Você pode ter um exame positivo duas, três semanas principalmente se o paciente não sente mais nada e esse ser só um fragmento de RNA não necessariamente que infecto. Mas então resumindo acho que na primeira semana, durante aquele período mais de tosse, febre, secreção é o período de maior trampo infectividade.
D.V.: Você está de acordo com essa orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de 14 dias está liberado?
E.G.: De uma forma geral, a partir de 10, 14 dias do início dos sintomas a maioria dos pacientes não transmite mais. O importante é saber, acho um bom critério para estar liberado é saber se ele ainda tem sintomas. A OMS sugere mais ou menos a partir de 10 dias do início dos sintomas mas espera mais uns 3 dias. Aí ele não tendo mais febre, não tendo mais tosse, não tendo mais secreção, e aí, de uma forma geral, o paciente que está em casa, que não é imunossuprimido, a chance de Transmissão... Os trabalhos mostram que, mesmo os casos onde o exame foi positivo, esse vírus não cresceu em laboratório.
(...)
Transmissão Silenciosa
Margareth Dalcolmo: Eu sou médica pneumologista. Trabalho aqui no Rio de Janeiro como pesquisadora clínica da fundação Oswaldo Cruz e a gente tem trabalhado aí nessa informação permanente aí da Covid. Nós aprendemos muito nesse período, Drauzio. Na verdade, no início da da epidemia quando ela chegou ao Brasil nós ainda não falávamos da transmissão silenciosa. Na verdade, aquela, aquela... não controversa, mas aquela informação não muito precisa dada pela colega da OMS acabou causando uma confusão. Na verdade o que nós sabemos, né. Saiu até um trabalho bastante interessante ontem. Que eu li ontem à noite, inclusive falando sobre as complicações da transmissão silenciosa, dos contatos da Covid-19. Então, assim, como estamos falando para pessoas, não estamos aqui tendo uma discussão de um protocolo científico, mas sim com a tarefa de sermos claros, eu diria que sim. Porque nós temos que saber que pessoas assintomáticas ou pouco sintomáticas são transmissoras sim. É claro que elas têm uma carga viral menor, sem dúvida nenhuma. Mas na prática eu diria o seguinte: Quando um caso é detectado a situação ideal (ou como nós chamamos na nossa terminologia, o padrão ouro) seria nós investigarmos e testarmos todos os contatos. Contato testado “positivo”, isolar. Então essa seria a conduta. Por isso que, cada vez mais fica claro é que nós temos que testar as pessoas, ou seja, contato de caso conhecido mesmo assintomático pode ser transmissor se tivesse ficado contaminado. Portanto a testagem três, quatro, cinco dias após o contato com o caso índice seria interessante. Lembrando que quando o paciente começa a ter sintomas muito provavelmente ele talvez já esteja com a carga viral menor do que aquela no início. (...) Lembrando por fim, Drauzio, que ainda existe aquela categoria de pessoas que são chamados de big spreaders, né. Nós sabemos que 50% da Transmissão da COVID-19 é por assintomáticos e oligossintomáticos e existe uma transmissão a pessoas por razões que eu não saberia explicar, não creio que alguém saiba, que são grandes transmissores e que uma pessoa só pode transmitir para dezenas de outras. Então assim, essa doença ainda nós temos muito que aprender.
(...)
D.V.: O teste rápido é bom para fazer diagnóstico?
(...)
Alexandre Cunha: Sou infectologista aqui em Brasília, trabalha no Hospital Sírio-Libanês, Hospital Brasília e trabalha no laboratório Sabin também. E a gente tem tido algumas decepções com os testes. Não só com teste rápido, como com os testes sorológicos em geral. (...) Para fazer diagnóstico da doença aguda pelo Sars-Covid-2, a Covid-19, o teste que deve ser utilizado é o RT PCR. Aquele teste que tem um cotonete no nariz para colher o material genético do vírus. Os testes sorológicos, seja testes rápidos ou os testes convencionais, eles têm como finalidade principal a elucidação de fatos pregressos. Para gente conseguir saber se alguém já teve no passado a infecção. Mas eles são de muito pouca utilidade para investigação do quadro agudo. Para saber se a pessoa está naquele momento com a Covid-19. (...) Mesmo pra identificação de infecção pregressa os testes rápidos mostram muitos resultados falsos positivos, resultados falsos negativos, esse vírus se comporta de uma maneira imunologicamente muito diferente de outros vírus porque a produção de IGM, IGG, que são os anticorpos que a gente produz, às vezes ela não ocorre, às vezes ocorre o IGM antes do IGG que é uma coisa que a gente não vê em outros vírus.
Então esses testes têm que ser usados com muita cautela. Em geral a gente não vai usar os testes sorológicos para o diagnóstico da infecção pelo Sars-Cov-2, exceto em casos muito excepcionais.
(...)
D.V.: Existe profilaxia, prevenção, algum remédio, alguma estratégia que eu possa adotar?
(...)
Clóvis Arns: Eu acho que nós médicos temos que nos comunicar mais com o leigo, (...), nós temos feito muitos eventos para médicos, mas é importante nos comunicarmos bem, de forma objetiva, científica,(...) Nós temos que usar um advérbio temporal. Nós temos que dizer hoje. 16 de julho. Atualmente. Porque os artigos científicos estão sendo publicados todo dia. Inclusive nós vamos ter oportunidade de falar mais sobre um artigo que acabou de ser publicado sobre a cloroquina para doença leve. No início da doença. Mas a sua pergunta para mim foi relação a profilaxia. (...) O que é profilaxia? Profilaxia quer dizer prevenção. Então a pergunta, Dr. Drauzio, é muito objetiva. (...) Se eu, Clóvis, tiver contato com uma pessoa que está com o Covid, sem usar máscara, ficando a menos de 1 m de distância, por um tempo de mais de 10 minutos, nós sabemos que isso é chamado de alto risco, eu usar algum remédio, como por exemplo, a hidroxicloroquina, vai evitar de eu ter Covid? Minha resposta é não. Não evita. E nós temos esse trabalho. (...) São trabalhos que nós chamamos de randomizados, com um grupo controle. Para você leigo, o que é um trabalho randomizado? É um trabalho que nós dizemos que é aleatório. O paciente tem a mesma chance dele receber hidroxicloroquina ou não receber nada. Que nós chamamos de grupo placebo. Que é um remédio que não tem nenhuma substância dentro dele. Então esse trabalho foi feito. Inclusive foi feito lá na Universidade de Minnesotta, né. Eu acho que eu não me apresentei no início, eu sou Clóvis Arns da Cunha. Sou atual presidente da sociedade brasileira de infectologia, a SBI, que congrega mais de 1000 médicos infectologistas pelo Brasil todo. Sou professor de infectologia aqui do Universidade Federal do Paraná, e sou infectologista aqui em Curitiba. Eu tive a honra de fazer infectologia na Uniersidade de Minnesotta em 94 e 95. E esse trabalho que foi publicado na semana passada justamente foi realizado na Uiversidade de Minnesotta. Lá no noroeste dos EUA. Ele comparou pacientes que receberam a hidroxicloroquina com pacientes que receberam placebo. E qual foi o resultado? Não houve diferença.
(...)
Então a mensagem científica é clara: Não use nenhuma medicação profilática.
D.V.: Existe algum medicamento antiviral eficiente no tratamento do coronavírus?
(...)
Esper Kallas: Sou da faculdade de medicina da USP, dou aula na faculdade de medicina da USP onde também se faz pesquisa. O HC (Hospital das Clínicas) da USP foi um dos centros que acolheu pacientes com Covid no Mundo. Em algum momento no pico da epidemia de São Paulo tivemos 660 pacientes internados entre eles UTIs. Infelizmente é uma doença muito grave que é acabou levando a perder muita gente no Brasil e em vários outros países.
A gente sempre que fala de Covid a gente lembra muito o quê que precisaria pra gente conseguir voltar nossa vida que tínhamos até janeiro. Antes de começar a ter A disseminação do vírus por aqui, mudar os nossos hábitos. (...) E quando a gente fala em tratamento a primeira coisa que a gente pensa é será que eu tenho um remédio que consegue matar o vírus? E vários estudos saíram mostrando que vários remédios fazem isso em laboratório mas até você provar que isso funciona em gente existe essa diferença que o Clóvis acabou de mencionar. Até agora a gente só tem um remédio que provou ser eficaz na diminuição, e é uma diminuição muito modesta, da quantidade de vida de uma pessoa e na melhora clínica chamada de remdesivir. Ainda não está disponível, infelizmente, aqui no Brasil mas mesmo assim a gente está vendo, cada vez mais, se tratar de um remédio que é um pouco difícil de usar porque ele é dado na veia. Acaba sendo reservado os pacientes que chegam ao hospital e o efeito que ele tem melhorado doença é relativamente modesto. A gente gostaria que tivessem mais remédios para tratamento, muita coisa está sendo pesquisada para tratar a Covid-19. A gente espera que essas medicações estejam disponíveis em breve.
(...)
D.V.: Pergunta: “Estou com 21 dias de infectado. É normal sentir dores em toda a região do pulmão?”
(...)
Elnara Nagri: Tem duas coisas que a gente tem visto naqueles pacientes pós-Covid. Eles têm uma bronquiolite pós-infecciosa (...) Eles têm uma falta de ar um tempo maior e a gente tem umas coisas pra melhorar isso. E alguns pacientes formam microtrombos e tem uma situação parecida com um tromboembolismo crônico, não um tromboembolismo de grandes vasos mas de microcirculação. E isso pode acontecer nos músculos, pode acontecer no pulmão, nos órgãos... a gente ainda tá aprendendo isso. E podem começar com essa dor. Além de toda a parte inflamatória que aconteceu antes.(...)
Fonte: YouTube
[Visto no Brasil Acadêmico]
O canal Doutor Ajuda foi convidado para transmitir uma live moderada pelo Dr. Drauzio Varella com grandes nomes da medicina brasileira sobre o COVID-19 e cuja transmissão foi feita pelo Instagram, Facebook e Youtube do @doutor.ajuda, na última quinta-feira (16), às 20h, com a participação de Dra. Elnara Negri (Pneumologista, São Paulo), Dra. Eveline Girão (Infectologista, Fortaleza), Dra. Margareth Dalcolmo (Pneumologista, Rio de Janeiro), Dr. Clovis Arns (Infectologista, Curitiba), Dr. Esper Kallas (Infectologista, São Paulo) e Dr. Alexandre Cunha (Infectologista, Brasília).
Você pode acompanhar a live completa acima. Também destacamos alguns trechos importantes que achamos importante chamar a atenção dos leitores.
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Drauzio Varella: Por quanto tempo a pessoa doente pode transmitir o vírus?
Evelyne Girão: (...) Eu sou infectologista aqui de Fortaleza, Ceará. Trabalho com controle de infecção hospitalar em hospitais públicos e privados. Um pouco também com os imunossuprimidos. (...) Quanto tempo um paciente com Covid-19, uma vez infectado, pode transmitir esse vírus ainda não é certo. (...) Existem vários trabalhos que mostram que esse vírus, detectado nas secreções respiratórias, pode ser detectada por semanas. Duas, três, cinco, seis semanas. Mas a maioria dos doentes com casos leves, que a maioria são moderados, que não precisam me internar transmitem na primeira semana, cinco, sete dias, no máximo 10 dias. Alguns pacientes que internam, que vão para UTI entubados, que ficam mais graves, ou pacientes imunossuprimidos, esses podem excretar o vírus e transmitir em um período maior. Mas a gente não sabe exatamente até quando. Não existe um tempo ainda bem definido. Existe uma dificuldade de responder essa pergunta porque a presença do vírus no exame, no PCR, na presença do RNA no swab, na secreção, não necessariamente significa que esse vírus é infectante. Ele pode causar doença. Você pode ter um exame positivo duas, três semanas principalmente se o paciente não sente mais nada e esse ser só um fragmento de RNA não necessariamente que infecto. Mas então resumindo acho que na primeira semana, durante aquele período mais de tosse, febre, secreção é o período de maior trampo infectividade.
D.V.: Você está de acordo com essa orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de 14 dias está liberado?
E.G.: De uma forma geral, a partir de 10, 14 dias do início dos sintomas a maioria dos pacientes não transmite mais. O importante é saber, acho um bom critério para estar liberado é saber se ele ainda tem sintomas. A OMS sugere mais ou menos a partir de 10 dias do início dos sintomas mas espera mais uns 3 dias. Aí ele não tendo mais febre, não tendo mais tosse, não tendo mais secreção, e aí, de uma forma geral, o paciente que está em casa, que não é imunossuprimido, a chance de Transmissão... Os trabalhos mostram que, mesmo os casos onde o exame foi positivo, esse vírus não cresceu em laboratório.
Então provavelmente depois de 10, 14 dias o risco de de infecção, principalmente de transmissão de um paciente que tá em casa, que não entubou, é bem menor.
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Transmissão Silenciosa
Margareth Dalcolmo: Eu sou médica pneumologista. Trabalho aqui no Rio de Janeiro como pesquisadora clínica da fundação Oswaldo Cruz e a gente tem trabalhado aí nessa informação permanente aí da Covid. Nós aprendemos muito nesse período, Drauzio. Na verdade, no início da da epidemia quando ela chegou ao Brasil nós ainda não falávamos da transmissão silenciosa. Na verdade, aquela, aquela... não controversa, mas aquela informação não muito precisa dada pela colega da OMS acabou causando uma confusão. Na verdade o que nós sabemos, né. Saiu até um trabalho bastante interessante ontem. Que eu li ontem à noite, inclusive falando sobre as complicações da transmissão silenciosa, dos contatos da Covid-19. Então, assim, como estamos falando para pessoas, não estamos aqui tendo uma discussão de um protocolo científico, mas sim com a tarefa de sermos claros, eu diria que sim. Porque nós temos que saber que pessoas assintomáticas ou pouco sintomáticas são transmissoras sim. É claro que elas têm uma carga viral menor, sem dúvida nenhuma. Mas na prática eu diria o seguinte: Quando um caso é detectado a situação ideal (ou como nós chamamos na nossa terminologia, o padrão ouro) seria nós investigarmos e testarmos todos os contatos. Contato testado “positivo”, isolar. Então essa seria a conduta. Por isso que, cada vez mais fica claro é que nós temos que testar as pessoas, ou seja, contato de caso conhecido mesmo assintomático pode ser transmissor se tivesse ficado contaminado. Portanto a testagem três, quatro, cinco dias após o contato com o caso índice seria interessante. Lembrando que quando o paciente começa a ter sintomas muito provavelmente ele talvez já esteja com a carga viral menor do que aquela no início. (...) Lembrando por fim, Drauzio, que ainda existe aquela categoria de pessoas que são chamados de big spreaders, né. Nós sabemos que 50% da Transmissão da COVID-19 é por assintomáticos e oligossintomáticos e existe uma transmissão a pessoas por razões que eu não saberia explicar, não creio que alguém saiba, que são grandes transmissores e que uma pessoa só pode transmitir para dezenas de outras. Então assim, essa doença ainda nós temos muito que aprender.
(...)
D.V.: O teste rápido é bom para fazer diagnóstico?
(...)
Alexandre Cunha: Sou infectologista aqui em Brasília, trabalha no Hospital Sírio-Libanês, Hospital Brasília e trabalha no laboratório Sabin também. E a gente tem tido algumas decepções com os testes. Não só com teste rápido, como com os testes sorológicos em geral. (...) Para fazer diagnóstico da doença aguda pelo Sars-Covid-2, a Covid-19, o teste que deve ser utilizado é o RT PCR. Aquele teste que tem um cotonete no nariz para colher o material genético do vírus. Os testes sorológicos, seja testes rápidos ou os testes convencionais, eles têm como finalidade principal a elucidação de fatos pregressos. Para gente conseguir saber se alguém já teve no passado a infecção. Mas eles são de muito pouca utilidade para investigação do quadro agudo. Para saber se a pessoa está naquele momento com a Covid-19. (...) Mesmo pra identificação de infecção pregressa os testes rápidos mostram muitos resultados falsos positivos, resultados falsos negativos, esse vírus se comporta de uma maneira imunologicamente muito diferente de outros vírus porque a produção de IGM, IGG, que são os anticorpos que a gente produz, às vezes ela não ocorre, às vezes ocorre o IGM antes do IGG que é uma coisa que a gente não vê em outros vírus.
Às vezes, se você tem Covid e NUNCA aparece anticorpos depois de um, dois meses. E em pessoas assintomáticas os anticorpos aparecem.
Então esses testes têm que ser usados com muita cautela. Em geral a gente não vai usar os testes sorológicos para o diagnóstico da infecção pelo Sars-Cov-2, exceto em casos muito excepcionais.
(...)
D.V.: Existe profilaxia, prevenção, algum remédio, alguma estratégia que eu possa adotar?
(...)
Clóvis Arns: Eu acho que nós médicos temos que nos comunicar mais com o leigo, (...), nós temos feito muitos eventos para médicos, mas é importante nos comunicarmos bem, de forma objetiva, científica,(...) Nós temos que usar um advérbio temporal. Nós temos que dizer hoje. 16 de julho. Atualmente. Porque os artigos científicos estão sendo publicados todo dia. Inclusive nós vamos ter oportunidade de falar mais sobre um artigo que acabou de ser publicado sobre a cloroquina para doença leve. No início da doença. Mas a sua pergunta para mim foi relação a profilaxia. (...) O que é profilaxia? Profilaxia quer dizer prevenção. Então a pergunta, Dr. Drauzio, é muito objetiva. (...) Se eu, Clóvis, tiver contato com uma pessoa que está com o Covid, sem usar máscara, ficando a menos de 1 m de distância, por um tempo de mais de 10 minutos, nós sabemos que isso é chamado de alto risco, eu usar algum remédio, como por exemplo, a hidroxicloroquina, vai evitar de eu ter Covid? Minha resposta é não. Não evita. E nós temos esse trabalho. (...) São trabalhos que nós chamamos de randomizados, com um grupo controle. Para você leigo, o que é um trabalho randomizado? É um trabalho que nós dizemos que é aleatório. O paciente tem a mesma chance dele receber hidroxicloroquina ou não receber nada. Que nós chamamos de grupo placebo. Que é um remédio que não tem nenhuma substância dentro dele. Então esse trabalho foi feito. Inclusive foi feito lá na Universidade de Minnesotta, né. Eu acho que eu não me apresentei no início, eu sou Clóvis Arns da Cunha. Sou atual presidente da sociedade brasileira de infectologia, a SBI, que congrega mais de 1000 médicos infectologistas pelo Brasil todo. Sou professor de infectologia aqui do Universidade Federal do Paraná, e sou infectologista aqui em Curitiba. Eu tive a honra de fazer infectologia na Uniersidade de Minnesotta em 94 e 95. E esse trabalho que foi publicado na semana passada justamente foi realizado na Uiversidade de Minnesotta. Lá no noroeste dos EUA. Ele comparou pacientes que receberam a hidroxicloroquina com pacientes que receberam placebo. E qual foi o resultado? Não houve diferença.
(...)
Então a mensagem científica é clara: Não use nenhuma medicação profilática.
Existe comprovação que hidroxicloroquina não funciona para a profilaxia.(...)
D.V.: Existe algum medicamento antiviral eficiente no tratamento do coronavírus?
(...)
Esper Kallas: Sou da faculdade de medicina da USP, dou aula na faculdade de medicina da USP onde também se faz pesquisa. O HC (Hospital das Clínicas) da USP foi um dos centros que acolheu pacientes com Covid no Mundo. Em algum momento no pico da epidemia de São Paulo tivemos 660 pacientes internados entre eles UTIs. Infelizmente é uma doença muito grave que é acabou levando a perder muita gente no Brasil e em vários outros países.
A gente sempre que fala de Covid a gente lembra muito o quê que precisaria pra gente conseguir voltar nossa vida que tínhamos até janeiro. Antes de começar a ter A disseminação do vírus por aqui, mudar os nossos hábitos. (...) E quando a gente fala em tratamento a primeira coisa que a gente pensa é será que eu tenho um remédio que consegue matar o vírus? E vários estudos saíram mostrando que vários remédios fazem isso em laboratório mas até você provar que isso funciona em gente existe essa diferença que o Clóvis acabou de mencionar. Até agora a gente só tem um remédio que provou ser eficaz na diminuição, e é uma diminuição muito modesta, da quantidade de vida de uma pessoa e na melhora clínica chamada de remdesivir. Ainda não está disponível, infelizmente, aqui no Brasil mas mesmo assim a gente está vendo, cada vez mais, se tratar de um remédio que é um pouco difícil de usar porque ele é dado na veia. Acaba sendo reservado os pacientes que chegam ao hospital e o efeito que ele tem melhorado doença é relativamente modesto. A gente gostaria que tivessem mais remédios para tratamento, muita coisa está sendo pesquisada para tratar a Covid-19. A gente espera que essas medicações estejam disponíveis em breve.
(...)
D.V.: Pergunta: “Estou com 21 dias de infectado. É normal sentir dores em toda a região do pulmão?”
(...)
Elnara Nagri: Tem duas coisas que a gente tem visto naqueles pacientes pós-Covid. Eles têm uma bronquiolite pós-infecciosa (...) Eles têm uma falta de ar um tempo maior e a gente tem umas coisas pra melhorar isso. E alguns pacientes formam microtrombos e tem uma situação parecida com um tromboembolismo crônico, não um tromboembolismo de grandes vasos mas de microcirculação. E isso pode acontecer nos músculos, pode acontecer no pulmão, nos órgãos... a gente ainda tá aprendendo isso. E podem começar com essa dor. Além de toda a parte inflamatória que aconteceu antes.(...)
Fonte: YouTube
[Visto no Brasil Acadêmico]
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