Robô que pinta atirando tinta na tela

Impressora jato de tinta que imprime com realismo e precisão todos nós conhecemos. Mas um robô, construído com impressora 3D e Arduíno, que ...

Impressora jato de tinta que imprime com realismo e precisão todos nós conhecemos. Mas um robô, construído com impressora 3D e Arduíno, que pratica o drip painting já é mais raro. Conheça o Flingbot.

Com uma técnica de gotejamento de tinta sobre a tela que misturava performance e pintura (action painting), Jackson Pollack tornou-se referência do expressionaismo abstrato. Uma forma de se expressar que liberta o artista de pintar uma tela sobre o cavalete. A tela agora é um repositório de gotas e traços onde o autor poderia literalmente atirar e misturar tintas com espontaneidade colocando-o praticamente dentro da tela. Tela essa que poderia até mesmo ser recortada depois, adaptando-a ao resultado final da obra.

Pois toda essa aleatoriedade do processo pode dar uma ideia de que o drip panting reflete bem as idiossincrasias humanas, e distanciaria essa técnica das habilidades robótica e da inteligência artificial (IA). Então. Eis que Jay, da JBV Creative, um engenheiro que produz inúmeros artefatos decorativos em impressão 3D resolveu criar um robô com uma habilidade de pintar que supera em muito a própria capacidade pessoal de Jay de produzir arte com essa técnica (afinal, essa sua inaptidão teria sido a principal razão para Jay ter um diploma de engenheiro, de acordo com as palavras do próprio engenheiro).

Flingbot criou pinturas que excederam em muito a minha habilidade pessoal de pintar (esta foi a principal razão para meu diploma de Engenharia, certo?).

Jay. Engenheiro. Trecho da descrição do vídeo no YouTube

Flingbot foi construído com peças impressas em 3D, servo- motores, tubos e uma concha de silicone deformável (também feita por Jay em um molde personalizado baseado em um utensílio doméstico), e é todo controlado por um Arduino.

Não importa como a tinta é aplicada, desde que algo seja dito.

Jackson Pollack

Ele documentou toda construção em vídeo e descreveu suas decisões de projeto - incluindo a inclusão de randomicidade nos parâmetros de arremesso e seleção de tinta do robô suficiente para produzir mais de 3 trilhões de combinações possíveis (fora aquelas variáveis que não podem ser controladas pelo sistema), o que garante que cada obra de arte produzida seja ímpar.

Por ora essa invenção é um bom exemplo de integração da máquina com o homem. Mas é aqui também que começam questões filosóficas do tipo: "Essas pinturas são obras de arte?", "Se as decisões sobre os parâmetros forem tomadas por uma IA, e não por Jay, isso seria arte?" O próprio Pollack deve ter enfrentado questionamentos como este em seu tempo sobre sua forma de arte inovadora.

Eu não pinto a natureza. Eu sou a natureza.

Jackson Pollack

Isso também remete às indagações suscitadas no filme O Homem Bicentenário. "Isto" poderia até ficar feliz em ajudar, mas poderia uma obra produzida por um robô ser considerada arte? Talvez se o robô se entregar às drogas lícitas e morrer embriagado em um acidente de automóvel consiga a humanidade necessária para dissipar as críticas.

Fonte:  Wikipedia, Wikipedia (Jackson Pollack), Boing Boing
Visto no Brasil Acadêmico