Sistemas baseados em inteligência artficial (IA) analisam milhões de processos e prometem mais qualidade no direcionamento de estratégia e d...
Sistemas baseados em inteligência artficial (IA) analisam milhões de processos e prometem mais qualidade no direcionamento de estratégia e decisões jurídicas.
Não se trata de substituir o trabalho de um advogado, por enquanto; os computadores estão realizando algo que simplesmente não era feito por ninguém. Trata-se de analisar milhões de processos nas bases dos tribunais e gerar pareceres indicando a tendência de determinado tribunal de decidir dessa ou daquela maneira. De acordo com reportagem do Estadão, citando o exemplo do escritório de advocacia Peixoto & Cury, o advogado só contava antes com a sua experiência para tentar entender como um tribunal decidiria um processo.
Após a reforma trabalhista, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também passou a fazer uso da nova tecnologia.
Dentro de dois meses, os afiliados da Federação terão acesso a informações compiladas de seis meses de processos.
Victor é o nome do sistema que o Supremo Tribunal Federal( STF), em parceria com a Universidade de Brasília, lançou para ler todos os recursos extraordinários que chegam à mais alta corte brasileira. Embora não vá tomar decisões, Victor deve auxiliar na organização das ações para acelerar a tramitação dos processos. Sendo que os resultados iniciais da adoção dessa novidade tecnológica devem aparecer a partir deste mês.
Ao contrário das técnicas de pesquisa que se valem das palavras-chave indexadas, os sistemas de IA são capazes de processar a linguagem natural. Assim, por meio essa análise, é possível estabelecer certas relações como o grau de divergência entre a primeira e a segunda instância.
Mas, além de ler, o sistema pode produzir documentos como uma proposta de petição em casos mais simples e repetitivos, tomando por base textos de petições anteriores.
Marcos Florão, diretor de inovação da Softplan,empresa de tecnologia para a área jurídica, exemplifica com um caso real, como os robôs nos auxiliarão naquilo que somos ruins, fazer tarefas repetitivas e lidar com grande volumes de dados.
Após redigir uma petição, o advogado necessita submetê-la via internet para enviá-la à Justiça. Ao invés de ele mesmo preenchê-la, o usuário pode usar um programa que realiza uma leitura da petição e preenche os campos automaticamente. Assim o profissional poupa tempo.
Contudo, mesmo com essas possibilidades de aumento da eficiência, a IA também endereça questões éticas.
Maranhão, citando um caso de um sistema testado nos EUA para conceder liberdade condicional que acabou decidindo mais favoravelmente aos brancos.
"A máquina se tornou racista porque foi treinada sobre uma base com poucas decisões favoráveis aos negros."
Para aproveitaras vantagens da tecnologia e combater os potenciais problemas, Maranhão defende a formação de mais advogados pesquisadores no País. Para isso, ajudou a criar o recém-lançado Laboratório de Inovação e Direito (LID) na USP, pioneiro no Brasil, que visa a promoção de cursos de capacitação sobre lógica computacional, programação e análise de dados, bem como desenvolver linhas de pesquisa em IA aplicada ao Direito e sua regulação.
Fonte: Terra
[Visto no Brasil Acadêmico]
Não se trata de substituir o trabalho de um advogado, por enquanto; os computadores estão realizando algo que simplesmente não era feito por ninguém. Trata-se de analisar milhões de processos nas bases dos tribunais e gerar pareceres indicando a tendência de determinado tribunal de decidir dessa ou daquela maneira. De acordo com reportagem do Estadão, citando o exemplo do escritório de advocacia Peixoto & Cury, o advogado só contava antes com a sua experiência para tentar entender como um tribunal decidiria um processo.
"Não tem como um advogado ler 5 milhões de processos para saber qual é a distância entre o ajuizado (entrada do processo na Justiça) e a sentença. O volume de processos é algo que vai além da capacidade humana."
Poliana Gumarães. Advogada do escritório Peixoto e Cury em reportagem do Estadão
Após a reforma trabalhista, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também passou a fazer uso da nova tecnologia.
"Estamos fazendo um mapeamento dos tribunais trabalhistas de São Paulo sobre alguns temas, para verificar como têm se comportado as decisões após a reforma trabalhista." Luciana Nunes Freire. Diretora executiva jurídica da entidade
Dentro de dois meses, os afiliados da Federação terão acesso a informações compiladas de seis meses de processos.
Victor é o nome do sistema que o Supremo Tribunal Federal( STF), em parceria com a Universidade de Brasília, lançou para ler todos os recursos extraordinários que chegam à mais alta corte brasileira. Embora não vá tomar decisões, Victor deve auxiliar na organização das ações para acelerar a tramitação dos processos. Sendo que os resultados iniciais da adoção dessa novidade tecnológica devem aparecer a partir deste mês.
Ao contrário das técnicas de pesquisa que se valem das palavras-chave indexadas, os sistemas de IA são capazes de processar a linguagem natural. Assim, por meio essa análise, é possível estabelecer certas relações como o grau de divergência entre a primeira e a segunda instância.
"A máquina põe à mostra coisas que,com o trabalho individual de um advogado, eram impossíveis."
Juliano Maranhão. Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da Fundação Alexander von Humboldt, Alemanha.
Mas, além de ler, o sistema pode produzir documentos como uma proposta de petição em casos mais simples e repetitivos, tomando por base textos de petições anteriores.
Marcos Florão, diretor de inovação da Softplan,empresa de tecnologia para a área jurídica, exemplifica com um caso real, como os robôs nos auxiliarão naquilo que somos ruins, fazer tarefas repetitivas e lidar com grande volumes de dados.
Após redigir uma petição, o advogado necessita submetê-la via internet para enviá-la à Justiça. Ao invés de ele mesmo preenchê-la, o usuário pode usar um programa que realiza uma leitura da petição e preenche os campos automaticamente. Assim o profissional poupa tempo.
Contudo, mesmo com essas possibilidades de aumento da eficiência, a IA também endereça questões éticas.
"Os sistemas são programados pela base de dados na qual se apoiam. Essa base pode ter um viés racista,ou machista". Juliano Maranhão
Maranhão, citando um caso de um sistema testado nos EUA para conceder liberdade condicional que acabou decidindo mais favoravelmente aos brancos.
"A máquina se tornou racista porque foi treinada sobre uma base com poucas decisões favoráveis aos negros."
Para aproveitaras vantagens da tecnologia e combater os potenciais problemas, Maranhão defende a formação de mais advogados pesquisadores no País. Para isso, ajudou a criar o recém-lançado Laboratório de Inovação e Direito (LID) na USP, pioneiro no Brasil, que visa a promoção de cursos de capacitação sobre lógica computacional, programação e análise de dados, bem como desenvolver linhas de pesquisa em IA aplicada ao Direito e sua regulação.
Fonte: Terra
[Visto no Brasil Acadêmico]
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