O historiador Leandro Karnal falou sobre seu livro recém-lançado Felicidade ou Morte (com a coautoria de Clóvis de Barros Filho), que analis...
O historiador Leandro Karnal falou sobre seu livro recém-lançado Felicidade ou Morte (com a coautoria de Clóvis de Barros Filho), que analisa, além de outros pontos, como cada época e sociedade definem o que é uma vida feliz. E também comentou problemas atuais, inclusive a intolerância e o radicalismo nas redes sociais, entre outros assuntos.
Com bom humor que lhe é peculiar, o professor Karnal discorre sobre ideologia na escola, o golpe de Estado na história do Brasil, o ódio, a violência, a felicidade, filhos, educação entre os vários temas levantados. Historiador, Leandro Karnal é formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com doutorado na Universidade de São Paulo (USP), ele dedicou mais de 30 dos seus 53 anos de idade a dar aulas. Nascido em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, integra atualmente o corpo docente da Universidade de Campinas, a Unicamp.
Augusto Nunes: Você tem afirmado que o Brasil viveu dois momentos semelhantes que está vivendo agora. Que é caracterizado pela polarização política, pela intolerância e pela exarcebação dos ódios, pelos adversários. O primeiro ocorreu em 1935, Intentona Comunista, e 1938, Intentona Integralista, o segundo em 1964. Esses dois momentos resultaram em regimes autoritários, ditadura. A democracia corre perigo agora?[00:02:50 ##film##]
Leandro Karnal: A Democracia, Augusto, em todos os lugares, em todas as épocas, ela corre sempre perigo. (...) Ela tem resistido bastante. Vivemos o segundo processo de impeachment.(...) Em 1935, quando houve a intentona, a chamada Intentona Comunista. Em 1938, já o país sob a ditadura do Estado Novo. (...) Em 1964, o país estava mais urbanizado desde a época Juscelino. Porém ainda com limitações muito grandes. A diferença para hoje chama-se Internet, redes sociais, capilarização do conhecimento, atomização das ideias e uma nova postura que tem um lado positivo: Todas as pessoas estão dando opiniões. E tem um lado negativo: Todas as pessoas estão dando opiniões.(...)
[04:56 ##film##]
E o velho conselho dado pelos franceses:
(...) Como dizia Bretch:
É preciso saber que as pessoas bipolares deve ser encaminhadas ao psiquiatra, existe medicação para isso ou tratamentos. Quando a nação fica bipolar eu não sei o que você faz. Joga-se Rivotril nas represas para ver se as pessoas saem disso. O problema da bipolarização é que ela não pensa. A bipolarização adjetiva. No momento que eu digo que você é petralha ou coxinha, no momento que eu te caracterizo, eu deixo de pensá-la como ser humano dialético, contraditório, orgânico, em evolução e paro de se discutir suas ideias e apenas te rotulo. A polarização é burra, este é o principal defeito dela. Que vem acompanhado de uma coisa ainda pior que é a vontade de te eliminar como oponente, ou seja, nem te escuto, nem quero saber o que você tem a dizer. (...) Um país onde ninguém mais escuta é a Síria. Se eu quero mostrar qual o resultado da bipolarização, no caso da Síria, três focus de poder, é isso que acontece. O país está se desmanchando e os pais estão atirando os filhos no mar gelado pra fugir deste horror. Então, democracia não é Paraíso. Mas ela consegue garantir que a gente não chegue ao inferno.
As pessoas morrem pela família. (...) Provavelmente é o único motivo pelo qual se morre no ocidente. Aqui no ocidente, ninguém mata mais por religião. É inconcebível numa guerra do Brasil contra, hipoteticamente, um país vizinho, alguém se atirar num porta-aviões estrangeiro gritando: “Viva Temer”. Ou “Viva Dilma”. Morrer pelo Estado hoje é uma coisa inconcebível.
Porém as pessoas também morrem pelo celular já que elas falam no trânsito, digitam dirigindo. Ou seja, vale a pena arriscar minha vida pra me manter ligado na internet. Isso é uma praga universal.
Família é um grande fenômeno social. Ela é considerada a célula matriz da felicidade. Não obstante é a causa da existência de todos psicólogos e psiquiatras do planeta. Se não houvesse mães, pais e irmãos não haveria psiquiatria.(...)
O celular tornou-se motivo de vida entre nós. Essa é uma patologia e a gente não está percebendo como patologia. Quando um juiz suspendeu o WhatsApp houve famílias em que os filhos chegaram a conversar uns com os outros.(risos)
Uma pessoa imensamente mais inteligente que eu, Hannah Arendt, que ao falar da banalidade do mal. Falou do mal diluído entre as pessoas e não desse grande mais épico que era Hitler. Mas do mal de Eichmann. O mal do homem comum. Bom pai de família, pontual, dessa banalidade do Mal. Livros como, por exemplo, Os Carrascos Voluntários de Hitler. Mostram como os alemães comuns matavam judeus na Rússia. Espetavam, queimavam, degolavam e mandavam uma foto pra namorada: Matamos hoje mais 10 judeus. Beijos. Fritz.
(...)Eu acho que nós temos que examinar mais os papéis porque a caracterização das pedaladas fiscais como elas foram definidas pela própria comissão técnica do Senado, que não é neutra, diminuiu a ideia das pedaladas fiscais. Mas para mim é evidente que independente do resultado há muita dificuldade de Dilma ou Temer exercer uma coalizão política que leve o país a sair de crise.
Uma das coisas maravilhosas de dar aula é que me sinto um tradutor, um construtor de pontes entre a chamada entre aspas “alta cultura” e a compreensão das pessoas. Então a partir do momento que eu passei a falar publicamente do Hamlet, a peça que transformou a minha vida, a minha consciência. A partir do momento que eu passei a falar do Quixote, essa obra que 1605 funda o romance moderno. A partir do momento que eu falei dos Irmãos Karamazov, Dostoiévski, algumas pessoas começam a ler e às vezes eu dou alguma indicação mais leve: Leia o capítulo 18 do Príncipe. E a pessoa lê o capítulo 18 e ela descobre um mundo. E aí ela começa a perceber. O que eu acho é que esse saber humanístico está sendo absolutamente redescoberto. O fato de haver hoje pessoas que provocam filas pra palestras de conhecimento. Filósofos públicos, historiadores públicos, antropólogos de expressão é um excelente sinal. Eu acho que é um sinal maravilhoso que há sede dessa humanização.
Você já declarou que a Internet não nos deixou piores. Que não foi a substituição do bem pelo mal. Ao mesmo tempo você já definiu, acho que até no livro, que nós viramos uma fotinho de perfil sem sentimento. Isso não é ruim?
Depende se você considera o sentimento positivo. Sempre é a questão é de onde você parte pra essa definição. Então eu não vejo um mundo que era afetivo substituído por um mundo frio. Eu não vejo um mundo que não era capaz de ser objetivo substituído por um mundo de objetividade. Eu vejo a técnica como neutra. Eu acho que uma enxada pode ser usada para plantar e pra matar alguém. A internet pode lhe dar acesso a Ilíada e Odisseia, aprender alemão, aprender inglês, pode lhe dar acesso a vídeos, histórias, a formar sua consciência, a ter acesso a filmes e assim por diante. E ela pode ser usada para você passar o dia no estado de zumbi, passando coisas. Você é que decide. Continua sendo uma decisão do indivíduo. Uma decisão de cada cérebro. De cada personagem. Continuação sendo uma questão humana.
Bruno Meier: Você já declarou que a Internet não nos deixou piores. Que não foi a substituição do bem pelo mal. Ao mesmo tempo você já definiu, acho que até no livro, que nós viramos uma fotinho de perfil sem sentimento. Isso não é ruim?
Leandro Karnal: Depende se você considera o sentimento positivo. Sempre é a questão é de onde você parte pra essa definição. Então eu não vejo um mundo que era afetivo substituído por um mundo frio. Eu não vejo um mundo que não era capaz de ser objetivo substituído por um mundo de objetividade. Eu vejo a técnica como neutra. Eu acho que uma enxada pode ser usada para plantar e pra matar alguém. A internet pode lhe dar acesso a Ilíada e Odisseia, aprender alemão, aprender inglês, pode lhe dar acesso a vídeos, histórias, a formar sua consciência, a ter acesso a filmes e assim por diante. E ela pode ser usada para você passar o dia no estado de zumbi, passando coisas. Você é que decide. Continua sendo uma decisão do indivíduo. Uma decisão de cada cérebro. De cada personagem. Continuação sendo uma questão humana.
Eu não passei a ser um difusor porque eu descobri a cultura de massas. Mas porque eu tive acesso a uma cultura formal. Que me custou muito esforço, que me custou muito trabalho. E me tornou apto a pegar uma coisa e dar um exemplo.
Augusto Nunes: Você se considera um homem feliz?
Leandro Karnal: Eu já fui infeliz, Augusto, então hoje comparativamente eu sou bem mais feliz uma pessoa com mais liberdade e mais consciência. Estou tentando envelhecer mais sábio. Está bem difícil. Mas eu gosto do esforço. Faço terapia, leio sobre os filósofos do autoconhecimento, Sócrates, até hoje. Então eu acho que sim. Hoje eu sou feliz, comparativamente com o passado eu sou uma pessoa feliz. Eu fui um adolescente infeliz e sou um homem de meia-idade feliz.
A bancada de entrevistadores reuniu a atriz Maria Fernanda Cândido, o professor José Alves de Freitas Neto, do departamento de História da Unicamp, e os jornalistas Bruno Meier (VEJA), Ana Cristina Reis (O Globo) e Mônica Manir (Estadão). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.
Fonte: YouTube, Veja
[Visto no Brasil Acadêmico]
Com bom humor que lhe é peculiar, o professor Karnal discorre sobre ideologia na escola, o golpe de Estado na história do Brasil, o ódio, a violência, a felicidade, filhos, educação entre os vários temas levantados. Historiador, Leandro Karnal é formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com doutorado na Universidade de São Paulo (USP), ele dedicou mais de 30 dos seus 53 anos de idade a dar aulas. Nascido em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, integra atualmente o corpo docente da Universidade de Campinas, a Unicamp.
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Augusto Nunes: Você tem afirmado que o Brasil viveu dois momentos semelhantes que está vivendo agora. Que é caracterizado pela polarização política, pela intolerância e pela exarcebação dos ódios, pelos adversários. O primeiro ocorreu em 1935, Intentona Comunista, e 1938, Intentona Integralista, o segundo em 1964. Esses dois momentos resultaram em regimes autoritários, ditadura. A democracia corre perigo agora?[00:02:50 ##film##]
Leandro Karnal: A Democracia, Augusto, em todos os lugares, em todas as épocas, ela corre sempre perigo. (...) Ela tem resistido bastante. Vivemos o segundo processo de impeachment.(...) Em 1935, quando houve a intentona, a chamada Intentona Comunista. Em 1938, já o país sob a ditadura do Estado Novo. (...) Em 1964, o país estava mais urbanizado desde a época Juscelino. Porém ainda com limitações muito grandes. A diferença para hoje chama-se Internet, redes sociais, capilarização do conhecimento, atomização das ideias e uma nova postura que tem um lado positivo: Todas as pessoas estão dando opiniões. E tem um lado negativo: Todas as pessoas estão dando opiniões.(...)
[04:56 ##film##]
Sim, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Ideia dos pais fundadores dos EUA.
A democracia é o pior dos sistemas, segundo Churchil, com a exceção de todos os outros, tentados de tempos em tempos.
E o velho conselho dado pelos franceses:
Políticos e fraldas, devem ser trocados com frequência pelos mesmos motivos.
(...) Como dizia Bretch:
a cadela do fascismo está sempre no cio.
A polarização política
[07:55 ##film##]É preciso saber que as pessoas bipolares deve ser encaminhadas ao psiquiatra, existe medicação para isso ou tratamentos. Quando a nação fica bipolar eu não sei o que você faz. Joga-se Rivotril nas represas para ver se as pessoas saem disso. O problema da bipolarização é que ela não pensa. A bipolarização adjetiva. No momento que eu digo que você é petralha ou coxinha, no momento que eu te caracterizo, eu deixo de pensá-la como ser humano dialético, contraditório, orgânico, em evolução e paro de se discutir suas ideias e apenas te rotulo. A polarização é burra, este é o principal defeito dela. Que vem acompanhado de uma coisa ainda pior que é a vontade de te eliminar como oponente, ou seja, nem te escuto, nem quero saber o que você tem a dizer. (...) Um país onde ninguém mais escuta é a Síria. Se eu quero mostrar qual o resultado da bipolarização, no caso da Síria, três focus de poder, é isso que acontece. O país está se desmanchando e os pais estão atirando os filhos no mar gelado pra fugir deste horror. Então, democracia não é Paraíso. Mas ela consegue garantir que a gente não chegue ao inferno.
Família e celulares
[09:51 ##film##]As pessoas morrem pela família. (...) Provavelmente é o único motivo pelo qual se morre no ocidente. Aqui no ocidente, ninguém mata mais por religião. É inconcebível numa guerra do Brasil contra, hipoteticamente, um país vizinho, alguém se atirar num porta-aviões estrangeiro gritando: “Viva Temer”. Ou “Viva Dilma”. Morrer pelo Estado hoje é uma coisa inconcebível.
Porém as pessoas também morrem pelo celular já que elas falam no trânsito, digitam dirigindo. Ou seja, vale a pena arriscar minha vida pra me manter ligado na internet. Isso é uma praga universal.
Família é um grande fenômeno social. Ela é considerada a célula matriz da felicidade. Não obstante é a causa da existência de todos psicólogos e psiquiatras do planeta. Se não houvesse mães, pais e irmãos não haveria psiquiatria.(...)
O celular tornou-se motivo de vida entre nós. Essa é uma patologia e a gente não está percebendo como patologia. Quando um juiz suspendeu o WhatsApp houve famílias em que os filhos chegaram a conversar uns com os outros.(risos)
Sobre a violência
[17:10 ##film##]Uma pessoa imensamente mais inteligente que eu, Hannah Arendt, que ao falar da banalidade do mal. Falou do mal diluído entre as pessoas e não desse grande mais épico que era Hitler. Mas do mal de Eichmann. O mal do homem comum. Bom pai de família, pontual, dessa banalidade do Mal. Livros como, por exemplo, Os Carrascos Voluntários de Hitler. Mostram como os alemães comuns matavam judeus na Rússia. Espetavam, queimavam, degolavam e mandavam uma foto pra namorada: Matamos hoje mais 10 judeus. Beijos. Fritz.
É ou não é golpe?
[24:08 ##film##](...)Eu acho que nós temos que examinar mais os papéis porque a caracterização das pedaladas fiscais como elas foram definidas pela própria comissão técnica do Senado, que não é neutra, diminuiu a ideia das pedaladas fiscais. Mas para mim é evidente que independente do resultado há muita dificuldade de Dilma ou Temer exercer uma coalizão política que leve o país a sair de crise.
Eu acredito que talvez a gente precise de um golpe de verdade que é, através de lei regular e emenda constitucional, convocar eleições Gerais porque a chance de governabilidade das duas possibilidades, Temer e Dilma, essa chance está comprometida.
O papel do saber humanístico
[28:47 ##film##]Uma das coisas maravilhosas de dar aula é que me sinto um tradutor, um construtor de pontes entre a chamada entre aspas “alta cultura” e a compreensão das pessoas. Então a partir do momento que eu passei a falar publicamente do Hamlet, a peça que transformou a minha vida, a minha consciência. A partir do momento que eu passei a falar do Quixote, essa obra que 1605 funda o romance moderno. A partir do momento que eu falei dos Irmãos Karamazov, Dostoiévski, algumas pessoas começam a ler e às vezes eu dou alguma indicação mais leve: Leia o capítulo 18 do Príncipe. E a pessoa lê o capítulo 18 e ela descobre um mundo. E aí ela começa a perceber. O que eu acho é que esse saber humanístico está sendo absolutamente redescoberto. O fato de haver hoje pessoas que provocam filas pra palestras de conhecimento. Filósofos públicos, historiadores públicos, antropólogos de expressão é um excelente sinal. Eu acho que é um sinal maravilhoso que há sede dessa humanização.
Você já declarou que a Internet não nos deixou piores. Que não foi a substituição do bem pelo mal. Ao mesmo tempo você já definiu, acho que até no livro, que nós viramos uma fotinho de perfil sem sentimento. Isso não é ruim?
Depende se você considera o sentimento positivo. Sempre é a questão é de onde você parte pra essa definição. Então eu não vejo um mundo que era afetivo substituído por um mundo frio. Eu não vejo um mundo que não era capaz de ser objetivo substituído por um mundo de objetividade. Eu vejo a técnica como neutra. Eu acho que uma enxada pode ser usada para plantar e pra matar alguém. A internet pode lhe dar acesso a Ilíada e Odisseia, aprender alemão, aprender inglês, pode lhe dar acesso a vídeos, histórias, a formar sua consciência, a ter acesso a filmes e assim por diante. E ela pode ser usada para você passar o dia no estado de zumbi, passando coisas. Você é que decide. Continua sendo uma decisão do indivíduo. Uma decisão de cada cérebro. De cada personagem. Continuação sendo uma questão humana.
Sobre o uso da Internet
[30:21 ##film##]Bruno Meier: Você já declarou que a Internet não nos deixou piores. Que não foi a substituição do bem pelo mal. Ao mesmo tempo você já definiu, acho que até no livro, que nós viramos uma fotinho de perfil sem sentimento. Isso não é ruim?
Leandro Karnal: Depende se você considera o sentimento positivo. Sempre é a questão é de onde você parte pra essa definição. Então eu não vejo um mundo que era afetivo substituído por um mundo frio. Eu não vejo um mundo que não era capaz de ser objetivo substituído por um mundo de objetividade. Eu vejo a técnica como neutra. Eu acho que uma enxada pode ser usada para plantar e pra matar alguém. A internet pode lhe dar acesso a Ilíada e Odisseia, aprender alemão, aprender inglês, pode lhe dar acesso a vídeos, histórias, a formar sua consciência, a ter acesso a filmes e assim por diante. E ela pode ser usada para você passar o dia no estado de zumbi, passando coisas. Você é que decide. Continua sendo uma decisão do indivíduo. Uma decisão de cada cérebro. De cada personagem. Continuação sendo uma questão humana.
Sobre a difusão do conhecimento
[28:47 ##film##]Eu não passei a ser um difusor porque eu descobri a cultura de massas. Mas porque eu tive acesso a uma cultura formal. Que me custou muito esforço, que me custou muito trabalho. E me tornou apto a pegar uma coisa e dar um exemplo.
Um exemplo que eu dei na exposição A Escrita da Memória a um jovem que olhando uma máquina de escrever, teclado QWERTY, pergunta: O que é isso? Eu disse: Isso é uma impressora wireless.Uma capacidade de traduzir. Traduzir tem sido o esforço do magistério eu sou um professor antes de ser um intelectual, eu sou um difusor, um facilitador, um decodificador, um homem que faz o que Pedro Lombardo fez talvez na Idade Média. Alguém que dá acesso e as pessoas pensam por si.
Sobre Felicidade
[48:53 ##film##]Augusto Nunes: Você se considera um homem feliz?
Leandro Karnal: Eu já fui infeliz, Augusto, então hoje comparativamente eu sou bem mais feliz uma pessoa com mais liberdade e mais consciência. Estou tentando envelhecer mais sábio. Está bem difícil. Mas eu gosto do esforço. Faço terapia, leio sobre os filósofos do autoconhecimento, Sócrates, até hoje. Então eu acho que sim. Hoje eu sou feliz, comparativamente com o passado eu sou uma pessoa feliz. Eu fui um adolescente infeliz e sou um homem de meia-idade feliz.
A bancada de entrevistadores reuniu a atriz Maria Fernanda Cândido, o professor José Alves de Freitas Neto, do departamento de História da Unicamp, e os jornalistas Bruno Meier (VEJA), Ana Cristina Reis (O Globo) e Mônica Manir (Estadão). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.
Fonte: YouTube, Veja
[Visto no Brasil Acadêmico]
Esse cara é muito inteligente, o problema é que ele acha que escola pode ser doutrinadora, e isso é contraditório ou inadmissível...
ResponderExcluirMas não deixa de dar margem para a questão: Será que esse cara evidentemente mais instruído e inteligente que eu está errado ou será que o anônimo é quem está com a razão? Se a escola mostrar todas as doutrinas e o aluno perguntar qual é a opinião do professor, e ele a der, isso é doutrinação?
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