Janine: O filósofo antes do ministro

Janine fala sobre o aborto, religião, ética, moral, laicidade estatal e tantos outros assuntos que mostram como pensava o ministro da educaç...

Janine fala sobre o aborto, religião, ética, moral, laicidade estatal e tantos outros assuntos que mostram como pensava o ministro da educação antes de virar ministro. Além de ser uma aula de cultura altamente recomendável.

Nessa entrevista ao programa Entre o Céu e a Terra da TV Brasil, o filósofo Renato Janine fala sobre tudo. Explica com clareza como estamos importando menos com a religião, ao afirmarmos coisas como "sou católico não praticante".

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Diferencia religião de religiosidade. Mostra as várias concepções filosóficas do que o bem e o mal do ponto de vista filosófico.

Vida depois da morte

Não se sabe se há ou não vida depois da morte. Existem pessoas que creem e que não creem. Algumas histórias há de pessoas que teriam voltado. A mais interessante ao meu ver é a dos irmãos William James, filósofo, e Henry James, escritor. QUe teriam combinado, ao final do século XIX, mais ou menos, que aquele que morresse antes voltaria para dizer um ao outro se havia ou não alguma coisa.

Se as pessoas acreditassem de fato que houvesse vida após a morte, talvez não fossem tão apegadas à vida neste mundo.

Moral

Até o século XVIII, a ideia preponderante, pelo menos no mundo cristão, que o que eu conheço melhor, é que as pessoas somente seriam morais, somente obedeceriam a lei e se absteriam de fazer o mal se tivessem um medo muito forte de Deus. E especificamente do castigo eterno no inferno.

Desde o século XVII, e sobretudo o XVIII, há um esforço forte por parte dos filósofos e outros pensadores para fazer uma moral que não dependa do castigo. Para dizer que as pessoas possam ser morais porque isso é bom. E não por ter medo de serem castigadas. Até porque, vamos dizer, o céu nunca foi tão apetitoso quanto o inferno era aversivo.

Antigamente, o que tornava as pessoas morais era o medo do inferno. Não era nem sequer a promessa do céu.

Então o que nós temos hoje, depois de 200, 300 anos de esforços nessa direção. É uma ética de muitos que são ateus. E são pessoas tão decentes ou mais decentes até do que muitos dos que acreditam em Deus e portanto, deveriam em princípio ter muito medo do castigo eterno.

Fonte:
[Visto no Brasil Acadêmico]