Flamengo até morrer

Bela homenagem aos mortos no incêndio no centro de treinamento do Flamengo.

Bela homenagem aos mortos no incêndio no centro de treinamento do Flamengo.

A tragédia no CT conhecido como Ninho do Urubu é mais falha mortal de planejamento e gerenciamento em uma sequência de comoções que começou com o desmoronamento da barragem de mineração em Brumadinho passando pelo deslizamento de terra que soterrou dois ônibus após fortes chuvas no Rio de Janeiro.

A homenagem nos remete à ideia do que seria a vida desses jovens de origem humilde que já haviam conquistado um degrau almejado por jovens aspirantes a jogadores no Brasil todo: Figuravam nas categorias de base de um grande clube. E não só um grande clube, o maior clube em torcida e em uma fase de ascenção. No áudio Renato Rainha narra uma fictícios futuros lances dos garotos que poderiam certamente, alçar voos até em times do exterior e quem sabe o auge de uma seleção brasileira ou ainda serem alçados ao Olimpo de uma conquista de Copa do Mundo.

Agora eles figuram no panteão das tragédias esportivas brasileiras onde em um não tão distante espaço-tempo atletas de um time de Chapecó também emocionaram o planeta com a queda de um avião fretado que procurava economizar combustível para obter maior ganho. Nesse mesmo avião a seleção da Argentina já havia se transladado, transportando em condições suspeitas estrelas do porte do multiconsagrado Lionel Messi.

São as mazelas do esporte no qual já consideramos pertencentes ao primeiro mundo. Mazelas essas que o próprio futebol se encarrega de tentar nos alienar como parte integrante de um eterna política de pão e circo de lonas rasgadas e agora queimadas.

A tragédia do CT do Flamengo está para Boate Kiss, com corpos de jovens queimados e mortos por asfixia para horror da nação que via o futuro de sua geração promissora de universitários ou atletas virarem cinzas entre alvarás de incompetências e certificados de excelência em prevaricação ingerência. Assim como Brumadinho está para Mariana. Todas essas tragédias estão mescladas em um caldo grosso de cultura da falta de planejamento estratégico, miséria, falta de educação, corrupção impune e rendição ante a intocáveis poderosos.

É emblemático que esse sacrifício aos deuses tenha se dado no Rio, em uma instituição privada, com o clube mais rico, ligado ao que o Brasil faz de melhor, que é produzir commodities com baixo valor agregado.

Esse post com tantas referências de um passado comoções nacionais recentes é uma remissão a outra tragédia brasileiro: A falta de memória. Relembrar é preciso para que esses sacrifícios não sejam em vão. Essa é a verdadeira homenagem: Evitar que outros sonhos juvenis sejam abatidos no instante de matar a jogada. Para desespero... da torcida.

Agora não temos como ficar só na torcida. Temos que entrar em campo e jogar. Sair do banco. Gritar com os companheiros desatentos. Morder a grama. Colocar o coração na ponta da chuteira. Cada um na sua posição, fazendo o que sabem de melhor, uns com as pernas e mãos. Outros, com a cabeça.

Fonte: [Visto no Brasil Acadêmico]