Quem tiver Covid-19 deverá fabricar anticorpos contra a doença a vida toda

Pessoas que foram infectadas com o SARS-CoV-2 provavelmente farão anticorpos contra o vírus durante a maior parte de suas vidas, sugere pesq...

Pessoas que foram infectadas com o SARS-CoV-2 provavelmente farão anticorpos contra o vírus durante a maior parte de suas vidas, sugere pesquisa.

Estudo, publicado na revista Nature em 24 de maio de 2021, fornece evidências de que a imunidade desencadeada pela infecção pelo SRA-CoV-2 será extraordinariamente duradoura. Pesquisadores identificaram células produtoras de anticorpos de longa duração na medula óssea de pessoas que se recuperaram da COVID-19. Especialistas acreditam que a boa notícia se estenderá também aos imunizados pela vacina.

“As implicações são que as vacinas terão o mesmo efeito duradouro.”
Menno van Zelm. Imunologista da Universidade de Monash em Melbourne, Austrália.

Para compreender melhor o que isso significa é preciso entender antes que os anticorpos - proteínas que podem reconhecer e ajudar a inativar as partículas virais - são uma defesa imunológica fundamental. Após uma nova infecção, as células de curta duração chamadas plasmoblastos são uma fonte precoce de anticorpos. Todavia, estas células recuam logo após um vírus ser eliminado do corpo, e outras células de vida mais longa produzem anticorpos: células B de memória patrulham o sangue para reinfecção, enquanto células plasmáticas da medula óssea (BMPCs) se escondem dentro dos ossos, produzindo os anticorpos por décadas.

“Uma célula plasmática é nossa história de vida, em termos dos patógenos aos quais fomos expostos.”
Ali Ellebedy. Imunologista de células B da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri, que liderou o estudo.

Os pesquisadores presumiram que a infecção pelo SARS-CoV-2 desencadearia o desenvolvimento de BMPCs. Isso é importante pois, apesar de quase todas as infecções virais também induzirem a fabricação de BMPCs tem havido sinais de que a COVID-19 severa pode perturbar a formação das células. Alguns estudos iniciais da imunidade à COVID-19 também alimentaram preocupações, quando descobriram que os níveis de anticorpos caíram pouco tempo após a recuperação.

A equipe da Ellebedy rastreou a produção de anticorpos em 77 pessoas que se recuperaram de casos mais leves de COVID-19. Como esperado, o nível de anticorpos SARS-CoV-2 despemcaram nos quatro meses após a infecção. Mas este declínio diminuiu e, até onze meses após a infecção, os pesquisadores ainda puderam detectar anticorpos que reconheceram a proteína da espícula do SARS-CoV-2.

Para identificar a fonte dos anticorpos, primeiro a equipe da Ellebedy coletou células B de memória e medula óssea de um subconjunto de participantes. Sete meses depois de desenvolver sintomas, a maioria desses participantes ainda tinha células B de memória que reconheciam a SARS-CoV-2. Em 15 das 18 amostras de medula óssea, os cientistas encontraram populações ultra-baixas, mas detectáveis, de BMPCs cuja formação tinha sido desencadeada por infecções por coronavírus dos indivíduos 7 a 8 meses antes. Os níveis destas células eram estáveis nas cinco pessoas que deram outra amostra de medula óssea vários meses depois.

A equipe da Ellebedy observou os primeiros sinais de que a vacina contra mRNA da Pfizer deveria desencadear a produção das mesmas células4. Mas a persistência da produção de anticorpos, seja ela provocada pela vacinação ou pela infecção, não garante uma imunidade duradoura à COVID-19. De acordo com Ellebedy, a capacidade de algumas variantes emergentes do SARS-CoV-2 atenuarem os efeitos protetores dos anticorpos significa que podem ser necessárias imunizações adicionais para restaurar os níveis.

“Minha presunção é de que precisaremos de um reforço”.

Fonte: Nature
Visto no Brasil Acadêmico