Humberto Costa, Luiz Henrique Mandetta e Osmar Terra debatem e respondem questões formuladas pelos jornalistas da Globo News sobre a pandemi...
Humberto Costa, Luiz Henrique Mandetta e Osmar Terra debatem e respondem questões formuladas pelos jornalistas da Globo News sobre a pandemia de 2020.
[full_width] Esse é um post o resumo sobre o debate do ex-ministros da saúde promovido pela Globa News e seu conteúdo pode ser alterado. Especialmente se o vídeo for retirado do ar.
Um resumo da ópera. A nuvem de palavras foi baseada nas falas do debate (com alguma adequação para uma melhor apresentação).
Fonte: Globo News
[Visto no Brasil Acadêmico]
| Luiz Henrique Mandetta (DEM) | Humberto Costa (PT) | Osmar Terra (MDB) | |
| Bolsonaro | Nunca fui o médico pessoal do presidente e não conheço nenhum exame dele. O governador Ibaneis até ligou para o ministério querendo saber do Hospital das Forças Armadas sobre aquela comitiva que foi aos EUA me parece que teve 17 ou 18 casos positivos e ele tinha dificuldade de notificação para fazer os bloqueios. | Nós temos que enfentar dois adversários: O próprio vírus, a pandemia, e o presidente Bolsonaro. | O presidente trata isso como um problema grave. A própria frase da 'gripezinha' é uma citação de um grande médico que depois voltou atrás. |
| Economia | Tem economista querendo transformar essa epidemia em um mero número: 'É melhor a gente passar por isso rapidinho e morrer quem tiver que morrer que daí a gente salva a economia'. Não é assim que funciona. (...) Atrás de cada um dos 10.600 mortos tem uma família. (...) O mundo vai ter que sentar para se reconstruir. (...) Nós consumimos nossa safra de MT, MS e PR só no déficit da balança comercial em saúde. (...) Esse deblacle na economia vai acontecer na China, nos EUA, na Europa,... o mundo inteiro. (...) Nós temos sim que tentar produzir e tentar quebrar patentes. (...) | A medidas e os auxílios não chegam às empresas, às pessoas, aos estados e municípios. E aí a pressão para a saída do isolamente é muito forte pois a economia não tem o apoio do governo para resistir. (...) O Brasil tem um complexo industrial da saúde bastante desenvolvido. Poderia estar produzindo respiradores e testes. (...) Claro que economia é importante, mas o ministro (Nelson Teich) só pensa nisso. | Porque proibir passear no parque se está aquela aglomeração no supermercado. (...) Se os outros países nórdicos tiverem menos casos por causa da quarentena, o que eu não acredito, eles vão continuar tendo casos por muito tempo. Eu comparei com a Inglaterra porque eles começaram juntos o enfrentamento e depois se assustou com o estudo do Imperial College e mudou. [Acho que o Mandetta tava quase tendo um treco nesse ponto do discurso do Terra. (01:39:09)] (...) O que eu não estou aceitando é uma quarentena inútil. E não tem fim. O Mandetta está dizendo que será em setembro, outubro. |
| Quarentena | Não experimentamos quarentena em nenhum momento até o momento. (...) Se não tivésssemos feito nada teríamos os mesmos dez mil mortos... MENTIRA! Isso não dá para afirmar. | Falta liderança. Falta coordenação. Ela já é uma necessidade em alguns lugares.(...) Como diz o ministro Mandetta: Esquecer as divergências políticas e ideológicas. | O vírus não reconhece a quarentena. (...) O mundo está mostrando isso. Não há nenhuma curva alterada. (...) Essa quarentena é a quarenta dos governadores. O presidente da república quis fazer um decreto para regulamentar isso e foi impedido pelo STF. |
| STF | Eu imagino se o Supremo tivesse deixado assim 'vida que segue'. Teríamos o São João lá de Caruaru. Teríamos uma situação calamitosa. | Graças a Deus que o STF deu aos estados e municípios o reconhecimento de que eles poderiam adotar esse tipo de ação (isolamento) pois senão seria uma tragédia sanitária e social. | |
| Informação à população | Pode ter certeza que se você perguntar para os mais velhos eles vão falar: Moderação, não circule, fique em casa. (...) É isso que diz o bom senso. (...) Não negligencie isso ou teremos o resto de nossas vidas para nos arrependermos. (...) Não havia campanhas. Todos os dias mostrávamos os números transparentes. Abertos para as perguntas da imprensa falando diretamente nas casa das pessoas e, eu ando nas ruas, as pessoas estavam sim, compreendendo. E agora que está nublado. | Hoje a internet nos permite acompanhar o mundo inteiro e eu vi muitos estados e municípios realizarem campanhas orientando as pessoas a usarem máscaras, ficarem em casa... Quantas campanhas o governo Bolsonaro fez? Nenhuma. Pelo contrário. As ações do governo Bolsonaro são no sentido de tentar tratar o que está acontecendo como uma situação de normalidade. Se tem um cara que pode ser tratado como negacionista no mundo sem dúvida é o Bolsonaro. (...) Deveria em vez de fazer churrasco ter mais respeito. | Tem que assustar as pessoas e dizer que é muito mais? A população está em pânico. (...) As pessoas já devem ter mais de 10 milhões de portadores asssintomáticos. (...) Depois que a epidemia está andando, circulando fechar em casa é um erro. Você acha que tem hoje isolamento social na favela da Rocinha? É mais sadio ir trabalhar tomando cuidado com luva e máscara do que ficando em casa. |
| Isolamento social | O que a gente vai ver é uma sequência de aumento de SRAGs e vírus, enquanto você não tiver um efeito manada com mais de 50% da população com anticorpos, você vai ficar sujeito a brotes epidêmicos. (...) O primeiro inquérito que mandei fazer na UFPelotas, eu vi uma parcial, 98% da população ainda vai entrar em contato (no RS).(...) Não tem novidade, a única coisa é que de duas semanas para cá nós relaxamos no isolamento. E estamos colhendo frutos hoje das atitudes de duas semanas atrás. | Quer um resultado melhor que Portugal? Teve um processo de isolamento social muito bem feito. Tiveram o mesmo tempo que a gente para se preparar. Só que lá é o presidente da república com o primeiro ministro e todos os partidos defendendo uma política única comum. | No Rio Grande do Sul, 75% das pessoas que pegaram o vírus adquiriram em casa. E eu não editei o vídeo do governador de NY que fala disso, eu só peguei o trecho, não fiz edição nenhuma. [Rebatendo à mediação da Globo News que disse que no vídeo completo, Cuomo continuava dizendo que o melhor era ficar em casa.] (...) Não tem essa comprovação científica e esse negócio de quarentena apareceu depois do estudo do Imperial College. |
| Política | Agora não adianta pensar nas próximas eleições. Agora é nas próximas gerações. (...) Você tem várias ciências, eu fiquei do lado das ciências da saúde, você também pode ficar do lado das ciências políticas. Tem gente que faz raciocínio político em cima de doença. De saúde. Não era o meu caso. | O grande peso para que nós tenhamos esta quebra da lógica do isolamento social é a falta de liderança política, é a falta de coordenação e articulação desse processo. | Qual é o político que peita esses dados matemáticos com as premissas contestadas? |
| Conhecimento | Essa doença não guarda nenhuma relação com a H1N1. Essa é uma virose que vem fazendo um estrago mundo afora. Rezei muito para que fosse mais branda aqui pelo fato de sermos um país tropical mas ele não teve nenhuma consideração pelo país não. (...) Várias vezes alertei: Cuidado que afirmar que medicamentos como cloroquina é uma panaceia que vai resolver o problema. Tem que deixar a ciência falar. (...) O achismo faz o jogo do vírus. (...) Quero só ver se quando sair a vacina teremos terraplanistas antivacinas se recusando a tomar. | Coreia e China estão enfrentando a quarta ou quinta epidemia desse século. Eles tiveram aprendizado para trabalhar a testagem, bloqueio. Se a gente tivesse esse aprendizado teríamos enfrentado melhor mas estamos construindo isso agora. Eu vi um especialista americano dizer: 'Eu nunca vi o que eu vi. Um camarada entrar numa UTI conversando no celular e a oxigenação lá embaixo. E daqui a pouco esse cara está precisando de um respirador'. | Os países que não usaram a quarentena, que fizeram testagem, que foram atrás do vírus em vez de esperar o vírus vir atrás deles foram os países que tiveram melhor resultado. (...) Esse discurso do Mandetta: 'Eu não sei de nada! Esse vírus é uma coisa nova! É o apocalipse!' É só para colocar pânico na população. Eu avisei para ele que é preciso acalmar a população, as pessoas estão com medo. |
| China | No meio dessa história toda resolveram brigar com a China. E não é inteligente arranjar rusgas com a China porque lá que está parte importante da solução. (...) Nessa semana SP tinha 500 respiradores adquiridos e a China só autorizou embarcar 150 sob o argumento de que tinha que atender outros países. | ||
| Coreia | Agora saiu uma combinação de três ou quatro retrovirais na Coreia que talvez traga um número melhor. | Porque que a Coreia está tendo resultado? Porque ela pegou a base científica e ela foi atrás do vírus. | |
| Imprensa | Quem coloca os fatos de forma mais dura, todos os dias, é o vírus. (...) Isso é terrível. Enquanto a gente tiver imprensa livre mostrando os fatos, os fatos vão falar por si. | Se não fosse o trabalho da imprensa, se contrapondo, muitas vezes, à opinião do presidente da república e de outros que se autointitulam conhecedores de como essa coisa deve funcionar, (...) nós estaríamos vivendo uma situação muito pior. | Quero agradecer que pela primeira vez a grande mídia me de a oportunidade de me defender.(...) Todo dia a televisão não dá uma notícia animadora. É só medo, medo, medo. Como se a população não tivesse o poder, sendo bem informada, de decidir o que é importante. |
| Corona voucher | Se eu estou dentro de casa, não recebi o dinheiro que me foi prometido, o que é que eu vou fazer? Eu vou morrer de fome? Eu vou para rua. Vou arrumar um bico para tentar sobreviver'. Essas coisas não caminharam conjuntamente de forma adequada. O governo tem má vontade. Se o Ministro Paulo Guedes puder não gastar esse dinheiro ele não vai gastar. | ||
| Suécia | O Sírio Libanês e o Einstein tiveram 12% de contaminação. No SUS esse número é muito maior. Graças a essa política de educação que começou lá no PT, de faculdades a distância de enfermagem, de faculdades de medicina sem hospital de ensino, sem a qualidade da mão de obra. Ou seja nós queremos a qualidade de mão de obra padrão Suécia, como foi dito aqui? | O ministro Osmar Terra não deveria comparar a Suécia com o Reino Unido. A comparação deveria ser com os países nórdicos. Que tem economia e sistema de saúde semelhantes. E vários deles adotaram a quarentena e o isolamento social. E dentre eles a Suécia é o que tem mais mortes. | A Suécia não fechou. Comparando a Suécia com a Inglaterra a mortalidade da Suécia foi muito menor que da Inglaterra. Eles começaram juntos o mesmo processo a mortalidade da Suécia é muito mais baixa. Isso porque o vírus entrou nos asilos de idosos por lá. |
| Como deveria ser feito | Está certo o Doria, o Witzel. (...) Não é que vai evitar que as pessoas se contaminem para gerar o efeito rebanho. Mas é o tempo que isso vai acontecer. (...) Se nós não tivéssemos tomado as providências em março, abril, sequer teríamos máscaras hoje. (...) Em nome de um tempo para expandir o sistema. (...) Não teve uma coordenação global. (...) Nós fomos solidários. Enviamos 2 milhões de máscaras para a Itália que era o consumo de um dia. (...) Tem sim que as pessoas colaborarem e ficarem em casa. | Acho que a condução do Ministério da Saúde (Mandetta) não foi boa. Deveria ter investido tanto na prevenção e isolamento social mas também deveríamos estar em condições de enfrentar a realidade nesse momento. E esse resultado estava previsto. Pela primeira vez (eu também fui parlamentar na época do governo FHC) eu vi presidente da Fiocruz correndo atrás de emenda parlamentar para levar para a instituição. | Deveríamos acalmar a população e não aterrorizar a população. (...) Se quebrar a economia vai dobrar o número de desempregados sem ter resultados na área da saúde. Devemos enfrentar essa situação que foi criada artificialmente por estudos teóricos, por discursos politicamente correto, teórico sem base científica. |
| Bruno Covas | A postura do prefeito Bruno Covas, se tratando de um câncer a frente dessa luta como ele está vai aqui o meu cumprimento. | É que nem o discurso do prefeito de São Paulo. Que fez um discurso só dos 30 mil caixões que ele comprou. Dos frigoríficos. Dos 15 mil sacos para os corpos. Isso só assusta. Isso não vai acontecer em São Paulo. | |
| Comparação com a H1N1 | [A covid-19] é uma doença que não se comporta como uma virose comum, com todo respeito ao Osmar, (...) não guarda nenhuma relação com a H1N1, nós tínhamos o Tamiflu, ela não veio com essa competência de transmissão. Essa vai fazer um estrago mundo afora. | Eu fiz minha comparação com a H1N1 e certamente é muito difícil no começo de uma epidemia você prever o número exato. (...) Eu quero dizer que o que se viu do coronavírus de letalidade. De como ele ataca o pulmão. Eu quero dizer que eu vi do vírus H1N1 muita intensidade. O vírus do H1N1 destrói o alvéolo. As pessoas morrem afogadas em sangue. (...) Não tem respirador que resolva. | |
| Tamiflu | Tamiflu trata H1N1. | Tamiflu não cura H1N1. | |
| Previsões | Essa quantidade de mortes não é surpresa. Está dentro dos números que o ministério tinha. Esse processo de subida vai atravessar o mês de maio, junho subindo. Vai alcançar um certo platô no mês de julho, agosto, para começar um processo de descida na segunda quinzena do mês de agosto. (...) Inicia-se por Manaus, por fortaleza, Macapá, Recife. Aí a BA, MG menos atingidos. SP com um megaenfrentamento. RJ deve iniciar agora no mês de maio um estresse do seu sistema de saúde. E o sul que inicia historicamente sua subida no mês de junho e julho. E o centro-oeste nos meses de agosto e setembro. O que a gente vai ver é uma sequência de aumento de SRAGs e vírus. (...) Tudo que você faz hoje daqui duas semanas você vai colher o fruto. | Essas previsões do Imperial College não foram catastróficas. Elas levam em conta o grau de isolamento social. Na condição do Brasil onde houve um isolamento precoce (...) elas apontam para 44.000 mortes. É possível que nós cheguemos nisso se o governo Bolsonaro continuar a relegar a um segundo plano essa questão. | Eu vejo sempre a imprensa me cobrar para menos e não cobrar de quem prevê para mais. (...) Esse números absurdos de 1.150.000 [Imperial College], 432.000 mortes [intercept]. [Osmar Terra disse no UOL que o número de mortes no Brasil não chegaria ao da epidemia de H1N1 entre 2009 e 2010, que foi de 2100 óbitos. E que se passasse seria uma margem pequena (fonte). O estudo do Imperial College afirmou que no pior cenário seria de mais de um milhão de mortes 'se nada fosse feito'. Em 2009, o então Secretário de Saúde gaúcho disse que ninguém deveria se preocupar pois a H1N1 era um risco inferior a da gripe sazonal. Naquele ano a gripe sazonal matara 142 contra 2.060 da H1N1 (fonte).] |
| SUS | Nenhum sistema de saúde do mundo aguentou até o momento. Agora, querer torturar os números para que eles confessem o que você gostaria que eles confessassem, aí já é mais complicado. (...) Quando vimos enfermeiras na Inglaterra atendendo com um saco de lixo na cabeça, aquilo se chama colapso.(...) Manaus sequer conseguiu enterrar dignamente seus cidadãos porque também entrou em colapso. | Se o SUS não existisse hoje nás poderíamos estar chegando num quadro semelhante aos dos EUA onde não um sistema público e único que seja capaz de articular um trabalho de enfrentamento. | O problema é que não tem como prever a estrutura. Toda a rede hospitalar ela está prevista para um um determinado nível de atendimento. Não tem como construir um hospital com equipes permanentes e equipamentos para ficar esperando dez anos. |
[Visto no Brasil Acadêmico]
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