Vídeo: O colapso do radiotelescópio de Arecibo

Imagens feitas por um drone mostra o desmoronamento das estruturas do gigantesco Observatório de Arecibo, em Porto Rico.

Imagens feitas por um drone mostra o desmoronamento das estruturas do gigantesco Observatório de Arecibo, em Porto Rico.

A Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF) divulgou hoje imagens de 1º de dezembro do espetacular colapso do Observatório de Arecibo em Porto Rico. O vídeo mostra o momento em que os cabos de suporte arrebentaram, fazendo com que a enorme estrutura de 900 toneladas suspensa acima de Arecibo caísse sobre a icônica antena parabólica de mil metros de circunferência e 350 metros de diâmetro.

Suas dimensões eram proporcionais à sua importância pois quanto maior uma antena, mais sensível ela será aos sinais de rádio que chegam do espaço. Assim, desde de sua inauguração em 1963 no município portorriquenho de Arecibo, onde ocupava 48 hectares, foi por mais de 50 anos o recordista de maior telescópio do mundo — só sendo ultrapassado em 2016, com a construção do FAST, na China, com 500 metros de circunferência.

Os vídeos do desabamento foram capturados por uma câmera localizada no Centro de Controle de Operações de Arecibo, bem como por um drone localizado acima da plataforma no momento do desabamento. O operador do drone foi capaz de ajustar a câmera do drone assim que a plataforma começou a cair e capturar o momento do impacto. A NSF, que supervisiona Arecibo, vinha monitorando de hora em hora o observatório com drones, desde que os engenheiros avisaram que a estrutura estava prestes a entrar em colapso em novembro. 

“Acho que tivemos sorte e o operador de drones foi muito competente para ver o que estava acontecendo e ser capaz de virar a câmera.” Ashley Zauderer, gerente de programas da NSF para o Observatório de Arecibo, durante uma coletiva de imprensa.

A plataforma era sustentada por cabos de aço com espessura aproximada de 45 centímetros, ligados a três torres de concreto, dentre as quais a mais alta mede cerca de 110 metros de altura. Além dos quatro cabos principais de cada torre, foram instalados dois cabos auxiliares por torre na década de 1990 para ajudar a estabilizar a estrutura e suportar peso adicional.

 

 A equipe do observatório inspecionava regularmente as torres, os cabos e a plataforma, atenta a quaisquer sinais de enfraquecimento ou corrosão causada pelo ar salgado tropical.

 “Não há nada pior do que a maresia quando falamos de corrosão. A corrosão chega a ser menor embaixo d’água.” Dennis Egan, engenheiro do Observatório Green Bank, na Virgínia Ocidental.

Mas, depois de avarias sofridas durante furacões e tempestades tropicais (além de pequenos abalos sísmicos), um cabo se rompeu em agosto de 2020 seguido de um segundo rompimento em novembro. Assim, o aumento da tensão nos cabos restantes fez com que não fosse sequer possível e seguro realizar uma manutenção a tempo e a estrutura colapsou no dia primeiro de dezembro.

O observatório de Arecibo teve papel fundamental na localização de planetas para além do nosso sistema solar, na busca por sinais alienígenas e no estudo de asteroides e outros planetas mais próximos da Terra. Atualmente, os cientistas utilizam o telescópio para estudar rajadas potentes de energia, denominadas rajadas rápidas de rádio, e para observar ondulações no tecido espaço-tempo, produzidas pela colisão de galáxias.

Arecibo não apenas recebia, mas também era capaz de transmitir sinais ao espaço. Ao analisar o eco desses sinais enviados ao atingirem um objeto interplanetário, era possível medir propriedades como, por exemplo, seu tamanho físico. Assim, era possível avaliar os asteroides com potencial de colisão com a Terra. E era o único observatório do mundo com essa capacidade. Agora estamos um pouco mais cegos com relação às ameaças que possam vir do espaço.

O observatório também foi cenário para cenas de filmes como “Contato” e “007 contra GoldenEye”.

Fonte: National Geographic Brasil, YouTube, The Verge, Wikipedia
Visto no Brasil Acadêmico