O Preço do Amanhã (In Time) pode parecer um filme futurista, mas o conceito de que quem tem mais riqueza vive mais (e melhor) é tão antigo q...
O Preço do Amanhã (In Time) pode parecer um filme futurista, mas o conceito de que quem tem mais riqueza vive mais (e melhor) é tão antigo quanto a própria humanidade.
Estrelado por Justin Timberlake
Não acredita? Basta imaginar que um dia sua vida venha a depender de aparelhos em uma UTI para sobreviver. Os R$ 2.000 (dois mil reais) por dia (ou até mais de vinte e cinco mil, dependendo dos procedimentos) que custará a internação vai fazer muita diferença no quanto sua família estará disposta a resistir (pois provavelmente será ela que escolherá, caso você esteja sem condição de tomar tais decisões), uma vez que a moderna medicina já pode manter as pessoas em coma induzido indefinidamente.
Mas essa relação economia/saúde vai além: Ter acesso à água encanada, bons médicos, vacinas, alimentos sem defensivos agrícolas, aditivos químicos de toda sorte diz muito sobre a probabilidade de sobrevida de uma pessoa. E essas “commodities” podem fazer toda a diferença. De acordo com o The Wall Street Journal, um estudo realizado pela Comissão Consultora de Ciência da Longevidade, uma ONG do Reino Unido, da conta de que a expectativa de vida dos mais ricos é, em média, 6 anos maior do que a dos mais pobres. E a tendência é que a diferença venha a aumentar.
Outro anseio do homem, também abordado no filme, é o de se manter jovem para sempre. Mas esse é ainda mais fácil de ser verificado. Nossa luta pelo poder de sedução da beleza e ostentação teria uma base darwinista visando aumentar nossas chances de procriar e fazer prevalecer nossos genes.
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Qualquer um que já tentou um implante mamário, dentário ou capilar sem um plano de saúde sabe o enorme esforço financeiro que é necessário (pelo menos, para aqueles com poucas posses) para realizar tais procedimentos.
Mesmo a falta de um dente pode afetar psicologicamente uma pessoa de forma tão profunda, que não seria exagero dizer que uma “janelinha” bucal poderia levar a quadros agudos de depressão (uma doença que, com certeza, tende a abreviar a vida), ou até mesmo a uma vida sem qualidade e sem sorrisos.
Mas ainda não temos condição de sermos imortais, você poderia argumentar (e que é um ponto central na trama encenada). Em O Preço do Amanhã a moeda corrente é “tempo de vida”, de forma que caso o indivíduo obtenha recursos indefinidamente poderia viver eternamente. Excetuando os casos de mortes acidentais.
Sim, essa é a principal diferença da realidade mostrada no filme e a nossa realidade tecnológica. Mas considerando a tese de Ray Kurzweil sobre a singularidade tecnológica, já temos até a data aproximada para que a imortalidade deixe o campo da ficção e se torne realidade: Será no ano de 2045.
Em meados daquele ano teremos condição de nos tornamos uma espécie de deuses (pelo menos uma parcela dos humanos). Já que a inteligência artificial aliada com a nanotecnologia e outras descobertas da biotecnologia, nutrição, medicina, genética etc, transformaria todo o funcionamento do organismo em um grande e complexo algoritmo que conseguiríamos manipular como fazemos com um software. Erradicar doenças, hoje incuráveis, seria como remover um "bug" de uma aplicação, não morreríamos mais de nenhuma enfermidade. Então, resolver os problemas éticos e filosóficos do darwinismo high tech será uma condição necessária para habitarmos o planeta com equilíbrio ecológico.
Filmes como Gattaca (dirigido pelo mesmo diretor de O Preço do Amanhã, Andrew Niccol) já tratam do assunto, mas não relacionando de maneira tão direta “riqueza” e “tempo de vida” como em O Preço do Amanhã. Todavia, a componente tecnologia e suas possibilidades impuseram à civilização a necessidade de refletir sobre esse cenário ultra-neo-malthusiano. E se de fato pudermos ser imortais, haverá uma seleção artificial de quem poderá “usufruir” dessa graça? Apenas as elites poderão alcançar tal condição? Apenas cidadãos de países ricos e desenvolvidos? Tal tecnologia ganhará o status de segredo de estado que hoje já têm as armas de destruição massiva? Onde apenas uma panelinha de nações atômicas detêm o poder e o “know how” de construí-las negando o direito de fazer o mesmo a todas as demais?
Outra questão interessante a ser levantada, levando em consideração a possibilidade da vida eterna, qual será o nosso direito de morrer? Sim, pois considerando cenários como os do filme O Vingador do Futuro e Matrix, nossa consciência poderia ser baixada como qualquer arquivo digital hoje e, com as futuras técnicas de clonagem, nossos corpos e a nossa própria existência poderia ser apenas instâncias perfeitas do original.
Será que, como a sua timeline no Facebook, as suas lembranças e a própria consciência será um grande arquivo em algum armazém de identidades? No qual celebridades como Einstein ou Pelé serão recriadas e até mesmo aperfeiçoadas ad eternum?
Afinal, desde 2001, Uma Odisséia no Espaço que a própria ficção científica começa a ser encarada muito mais como uma projeção do futuro do que em algo fadado a apenas existir em nossa imaginação coletiva. Assim foi, por exemplo, com o filme Minority Report (nos extras da versão em DVD, o cineasta Steven Spielberg declara que fez a pesquisa dos elementos futuristas baseado em projeções de trabalhos em andamento feitos por cientistas). Nesse sentido, o Kinect até teria superado a própria ficção, já que Tom Cruise, no filme, ainda precisava usar umas “luvinhas” para manipular a interface.
Talvez, como descreve o filme A Máquina do Tempo (The Time Machine), baseado no romance de ficção científica homônimo de H.G.Wells, o futuro da humanidade seja mesmo de castas de caçadores e caças, ou dominantes e dominados, sendo que mesmo que haja o desaparecimento da casta dos dominados, acabe por surgir a mesma divisão na casta de dominantes. Darwinismo muito além do capitalismo.
Com essa geração conectada sendo mobilizada por vídeos virais, como o fenômeno Kony 2012, a imagem adquiriu relevância política sem precedentes. Assim, os filmes, até mais que os livros, ganharam uma importância crescente para despertar mentes alheias ao futuro do conhecimento científico e tecnológico e influenciá-las. Mas as implicações não aguardarão a inclusão digital, e serão arrebatadoras. Tal qual os blockbusters.
Obs.: Se você ainda não assistiu, faça-o com a máxima urgência. Afinal, tempo é dinheiro e dinheiro é tempo.
[Via BBA]
Não acredita? Basta imaginar que um dia sua vida venha a depender de aparelhos em uma UTI para sobreviver. Os R$ 2.000 (dois mil reais) por dia (ou até mais de vinte e cinco mil, dependendo dos procedimentos) que custará a internação vai fazer muita diferença no quanto sua família estará disposta a resistir (pois provavelmente será ela que escolherá, caso você esteja sem condição de tomar tais decisões), uma vez que a moderna medicina já pode manter as pessoas em coma induzido indefinidamente.
Mas essa relação economia/saúde vai além: Ter acesso à água encanada, bons médicos, vacinas, alimentos sem defensivos agrícolas, aditivos químicos de toda sorte diz muito sobre a probabilidade de sobrevida de uma pessoa. E essas “commodities” podem fazer toda a diferença. De acordo com o The Wall Street Journal, um estudo realizado pela Comissão Consultora de Ciência da Longevidade, uma ONG do Reino Unido, da conta de que a expectativa de vida dos mais ricos é, em média, 6 anos maior do que a dos mais pobres. E a tendência é que a diferença venha a aumentar.
Clique Retroceder Avançar Espaço / / F
Outro anseio do homem, também abordado no filme, é o de se manter jovem para sempre. Mas esse é ainda mais fácil de ser verificado. Nossa luta pelo poder de sedução da beleza e ostentação teria uma base darwinista visando aumentar nossas chances de procriar e fazer prevalecer nossos genes.
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Qualquer um que já tentou um implante mamário, dentário ou capilar sem um plano de saúde sabe o enorme esforço financeiro que é necessário (pelo menos, para aqueles com poucas posses) para realizar tais procedimentos.
Os pobres têm que morrer. É como o sistema funciona.
Frase retirada de um diálogo do filme
Mesmo a falta de um dente pode afetar psicologicamente uma pessoa de forma tão profunda, que não seria exagero dizer que uma “janelinha” bucal poderia levar a quadros agudos de depressão (uma doença que, com certeza, tende a abreviar a vida), ou até mesmo a uma vida sem qualidade e sem sorrisos.
Mas ainda não temos condição de sermos imortais, você poderia argumentar (e que é um ponto central na trama encenada). Em O Preço do Amanhã a moeda corrente é “tempo de vida”, de forma que caso o indivíduo obtenha recursos indefinidamente poderia viver eternamente. Excetuando os casos de mortes acidentais.
Sim, essa é a principal diferença da realidade mostrada no filme e a nossa realidade tecnológica. Mas considerando a tese de Ray Kurzweil sobre a singularidade tecnológica, já temos até a data aproximada para que a imortalidade deixe o campo da ficção e se torne realidade: Será no ano de 2045.
Em meados daquele ano teremos condição de nos tornamos uma espécie de deuses (pelo menos uma parcela dos humanos). Já que a inteligência artificial aliada com a nanotecnologia e outras descobertas da biotecnologia, nutrição, medicina, genética etc, transformaria todo o funcionamento do organismo em um grande e complexo algoritmo que conseguiríamos manipular como fazemos com um software. Erradicar doenças, hoje incuráveis, seria como remover um "bug" de uma aplicação, não morreríamos mais de nenhuma enfermidade. Então, resolver os problemas éticos e filosóficos do darwinismo high tech será uma condição necessária para habitarmos o planeta com equilíbrio ecológico.
Filmes como Gattaca (dirigido pelo mesmo diretor de O Preço do Amanhã, Andrew Niccol) já tratam do assunto, mas não relacionando de maneira tão direta “riqueza” e “tempo de vida” como em O Preço do Amanhã. Todavia, a componente tecnologia e suas possibilidades impuseram à civilização a necessidade de refletir sobre esse cenário ultra-neo-malthusiano. E se de fato pudermos ser imortais, haverá uma seleção artificial de quem poderá “usufruir” dessa graça? Apenas as elites poderão alcançar tal condição? Apenas cidadãos de países ricos e desenvolvidos? Tal tecnologia ganhará o status de segredo de estado que hoje já têm as armas de destruição massiva? Onde apenas uma panelinha de nações atômicas detêm o poder e o “know how” de construí-las negando o direito de fazer o mesmo a todas as demais?
Outra questão interessante a ser levantada, levando em consideração a possibilidade da vida eterna, qual será o nosso direito de morrer? Sim, pois considerando cenários como os do filme O Vingador do Futuro e Matrix, nossa consciência poderia ser baixada como qualquer arquivo digital hoje e, com as futuras técnicas de clonagem, nossos corpos e a nossa própria existência poderia ser apenas instâncias perfeitas do original.
Será que, como a sua timeline no Facebook, as suas lembranças e a própria consciência será um grande arquivo em algum armazém de identidades? No qual celebridades como Einstein ou Pelé serão recriadas e até mesmo aperfeiçoadas ad eternum?
Afinal, desde 2001, Uma Odisséia no Espaço que a própria ficção científica começa a ser encarada muito mais como uma projeção do futuro do que em algo fadado a apenas existir em nossa imaginação coletiva. Assim foi, por exemplo, com o filme Minority Report (nos extras da versão em DVD, o cineasta Steven Spielberg declara que fez a pesquisa dos elementos futuristas baseado em projeções de trabalhos em andamento feitos por cientistas). Nesse sentido, o Kinect até teria superado a própria ficção, já que Tom Cruise, no filme, ainda precisava usar umas “luvinhas” para manipular a interface.
Talvez, como descreve o filme A Máquina do Tempo (The Time Machine), baseado no romance de ficção científica homônimo de H.G.Wells, o futuro da humanidade seja mesmo de castas de caçadores e caças, ou dominantes e dominados, sendo que mesmo que haja o desaparecimento da casta dos dominados, acabe por surgir a mesma divisão na casta de dominantes. Darwinismo muito além do capitalismo.
Com essa geração conectada sendo mobilizada por vídeos virais, como o fenômeno Kony 2012, a imagem adquiriu relevância política sem precedentes. Assim, os filmes, até mais que os livros, ganharam uma importância crescente para despertar mentes alheias ao futuro do conhecimento científico e tecnológico e influenciá-las. Mas as implicações não aguardarão a inclusão digital, e serão arrebatadoras. Tal qual os blockbusters.
Obs.: Se você ainda não assistiu, faça-o com a máxima urgência. Afinal, tempo é dinheiro e dinheiro é tempo.
[Via BBA]
Isaac Asimov já previu tudo isto antes mesmo dos filmes citados na matéria. E ele foi bem além.
ResponderExcluirLeia THE LAST QUESTION (A ÚLTIMA PERGUNTA).
O mais assustador disso tudo é a íntima ligação darwinismo-capitalismo do protestantismo apostatado, catolicismo e espiritismo em ecumenismo global; tudo em um único balaio. Não à toa é de origem demoníaca e tem prazo de validade - a volta de Jesus!
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