Documentário: GIG - A Uberização do Trabalho

Filme mostra que a chamada gig economy, ou uberização, é uma realidade no Brasil e suas consequências merecem um debate sério. A precarizaç...

Filme mostra que a chamada gig economy, ou uberização, é uma realidade no Brasil e suas consequências merecem um debate sério.

A precarização e a intensificação do trabalho é uma característica da “gig economy”, cuja tradução poderia ser algo como "economia dos bicos" e que já se popularizou no país como “uberização”. Isso porque a Uber, empresa que já mereceu pesquisas, levantamento do perfil dos motoristas e até mesmo uma artigo publicado por este autor, é a mais conhecida das empresas por trás dos algoritmos que dizem ser intermediárias entre os serviços e os clientes, não possuindo assim, segundo elas, maiores obrigações sobre os prestadores de serviço pois esses últimos seriam autônomos.

Produzido pela Repórter Brasil – ONG de comunicação e projetos sociais, fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre diversas situações de injustiça presentes em nossa sociedade –, GIG - A Uberização do Trabalho (2019) é um documentário que clarifica a questão da uberização ouvindo especialistas, prestadores de serviço (em especial, os motoristas de aplicativo, mas não apenas eles), clientes e as empresas – ao menos uma associação que representa o setor, já que a Uber alegou na época que o filme estava sendo produzido não dispor de nenhum porta-voz para falar pela empresa.

Os ganhos decrescentes, a gamificação e outras estratégias psicológicas de motivação, a divisão dos motoristas (entre os que ostentam ganhar muito (os "peixes" da empresa) e os que não atingem patamares de ganhos superiores (chamados pelo primeiro grupo de "preguiças")), além da falta de transparência dos dados coletados, os riscos, a falta de garantias, as discussões no mundo todo e no país sobre o tema, carros autônomos, privacidade dos dados. 

Aliás, é um ponto importante do debate. O trabalho de motorista de aplicativo que era atraente pelos ganhos, vem se precarizando cada vez mais. Mas o que é ruim para o trabalhador deverá desaparecer como opção com a adoção dos carros autônomos. E essa fase servirá mais para a coleta dos dados dos usuários e a criação de um mercado que na época que só havia táxis para atender era muito mais restrito. Cabe essa reflexão: Será que vai acontecer com os provedores de serviços ligados a plataformas como o iFood, AirBNB, GetNinjas o mesmo que pode ocorrer com os motoristas de aplicativo? Robôs tomando seus lugares e o lucro ficando todo para as empresas?

Tudo isso e muito mais você terá nesse documentário imperdível para quem quer saber o que está acontecendo na cabeça de quem está te conduzindo no automóvel, entregando sua encomenda, ensinando seu filho ou limpando sua casa em troca de estrelinhas e do sustento.

Talvez ainda tenhamos como tornar essa forma de negócio atraente para os todos os envolvidos sem se tornar uma fonte de incerteza, insegurança e prejuízo para a sociedade como um todo. Estaria na hora de regular o setor? Certamente algum aperfeiçoamentoi ainda há de vir. Já peguei motorista que trabalhava 100 horas semanais. Isso é um enorme risco para os outros motoristas, pedestres e passageiros. Agora, parece já haver algumas limitações mas os incentivos para aumento de produtividade sempre esbarram em aumento de velocidade e pressa em uma atividade que a pressa é inimiga da atenção.

O documentário está disponível na íntegra no site da Globo News, no Net Now e no Vivo Play.

Fonte:  Página Oficial, Filme GIG - A Uberização do Trabalho
Visto no Brasil Acadêmico