Equipe holandesa de pesquisadores concluem que os vacinados infectados têm menos probabilidade de causar infeções em outras pessoas. O estu...
Equipe holandesa de pesquisadores concluem que os vacinados infectados têm menos probabilidade de causar infeções em outras pessoas.
O estudo está ainda em pré-publicação mas uma equipe de investigadores do Centro Médico Erasmus e do Centro para as Doença Infecciosas Radboud, ambos na Holanda, concluiu que as pessoas totalmente vacinadas que são infectadas com o SARS-CoV-2 liberam menos vírus (ou menos vírus capazes de provocar infeção), quando tossem, espirram ou falam, do que as pessoas não vacinadas.
Fonte: Observador
Visto no Brasil Acadêmico
Todavia, eles destacam que dos casos estudados quase 70% provocou infecção em células de cultura (no laboratório), logo o potencial de transmissão do vírus pela pessoas vacinadas “não deve ser negligenciado”, relatam no artigo na plataforma medRxiv, que ainda não foi revisado pelos pares.
Os 161 profissionais de saúde holandeses – de um total de 24.700 vacinados – que foram infectados mais de 14 dias depois da segunda dose da vacina contra a Covid-19, entre abril e julho de 2021, mostraram ter uma quantidade de vírus na nasofaringe – final da cavidade nasal, perto da garganta – equivalente à de outros profissionais de saúde, com as mesmas características demográficas (como idade, gênero, educação, rendimentos, etc.) e de severidade da doença, que foram infectados entre abril e dezembro de 2020, antes do início da campanha de vacinação.
A verificação para se determinar se os vírus na amostra da nasofaringe – retirada com o swab – conseguiam infectar as células numa cultura de laboratório, os pesquisadores utilizaram a coleta do primeiro teste PCR positivo dos profissionais de saúde vacinados e dos não vacinados que tiveram sintomas ligeiros.
Passados 14 dias, houve infeções nas culturas de células em 68,6% das amostras de pessoas vacinadas infetadas e 84,9% das amostras dos não vacinados infectados pela primeira vez.Porém, essa quantidade de vírus na nasofaringe (carga viral) e a infecciosidade são, de fato, avaliadas de formas indiretas, ser muito difícil de serem medidas diretamente. No casos dos PCR, foi assumido que a carga viral seria diretamente relacionada ao quão mais “rápido” o teste desse positivo. Aqui, “rápido” significa menos ciclos de amplificação do material genético do vírus para se alcançar o sinal fluorescente que marca o caso positivo.
Para entender esse marcador é necessário conhecer como o processo de detecção do vírus funciona. O material genético é replicado (amplificado) para aumentar a concentração em cada ciclo até um máximo de 40 ciclos. Assim, um sinal perto dos 40 ciclos não é considerado positivo, contudo, ter um sinal fluorescente com menos de 29 ciclos deixa poucas dúvidas sobre a positividade do teste. Mas o problema não acaba aí, já que o limite a partir do qual se define se um teste é positivo varia de teste para teste tornando mais difícil determinar um padrão de comparação.
Ainda tem a questão das culturas de células, que substituem as infecções no mundo real para se verificar se as amostras têm vírus capazes de infectar as células humanas ou não. Mas o problema é que apenas alguns poucos laboratórios conseguem realizar essas culturas celulares além de ser um processo que leva tempo.
Ainda falando das dificuldades enfrentadas pelos cientistas, esse comparativo foi feita entre vacinados infectados com a variante Delta e não vacinados infectados com o vírus da mutação D614G, que dominou Portugal e a Europa em 2020.
“O coronavírus SARS-CoV-2 conta com uma proteína encontrada em sua superfície. Esta proteína, chamada 'Spike', é feita de 1273 aminoácidos. Um desses aminoácidos, encontrados na posição 614 da proteína, é encontrado em variantes que agora são a forma dominante em circulação. No início da pandemia, a maioria dos vírus tinha um ácido aspático (representado pela letra D) nessa posição, mas desde março, uma variante mostrando uma glicina (G) tornou-se a variante mais comum encontrada no vírus que circula na maioria dos continentes.”
Dr. Anderson Brito in SBMT (08/10/2020)
Mesmo não sendo o objetivo da pesquisa, esses achados parecem confirmar outros estudos que indicam que a carga viral causada pela variante Delta é maior do que nas variantes anteriores.
“Para estudar o efeito da vacinação na infecciosidade, seria preferível comparar as infeções que ocorrem em indivíduos vacinados e não vacinados durante o mesmo período de tempo, para minimizar o impacto de diferentes variantes de SARS-CoV-2.”
Apesar de admitirem não terem trabalharam com a amostra ideal, é necessário levar em consideração que a grande maioria dos profissionais de saúde já está vacinada não sendo possível encontrar não vacinados como grupo de controle para fazer a comparação.
Então o que justificaria não se pode usar diretamente os resultados do PCR para determinar a infecciosidade de um indivíduo? Simplesmente devido ao fato dos ciclos de amplificação aumentarem a concentração de moléculas do material genético do vírus, mas não conseguem dar informação sobre quantos vírus estavam efetivamente viáveis e capazes de infectar outras pessoas.
Existem excepcionais casos de pessoas com baixas cargas virais que são infecciosas e outros em que altas cargas virais acabam não representando uma maior capacidade de infecção.
“São precisos mais estudos para verificar se a diminuição da liberação do vírus pela pessoas vacinadas infectadas também reduz o risco de transmissão”.
Ainda assim, esse estudo holandês trás um alento. A carga viral atingiu o pico – ou seja, o número de ciclos atingiu seu menor valor – no terceiro dia depois do surgimento dos sintomas. Isso pode significar, como já defenderam outros pesquisadores, que pessoas vacinadas infectadas podem transmitir o vírus por menos tempo. Outra ideia que ainda necessita ser validada por outras pesquisas.
As altas cargas virais e o fato de as pessoas vacinadas poderem ser infetadas já levou o CDC (Centro de Controle e Prevenção a Doença, a ANVISA dos EUA) a reverem a norma sobre o uso de máscara e a preconizar que as pessoas, mesmo vacinadas, continuassem a usar máscara nos interiores dos edifícios.
E isso não acontece apenas com os mais velhos, conforme mostrou o estudo holandês. Dos 161 profissionais de saúde que ficaram infectados mais de 14 dias após a segunda dose da vacina, 91% tinha menos de 50 anos e a média de idades foi de 25,5 anos.
Fonte: Observador
Visto no Brasil Acadêmico
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