Violinista brasileira, professora da Universidade de Sydney, com uma carreira de quase duas décadas na Austrália já tendo se apresentado ao ...
Violinista brasileira, professora da Universidade de Sydney, com uma carreira de quase duas décadas na Austrália já tendo se apresentado ao lado de estrelas do mundo da música. Ao solicitar o visto de artista para se tornar residente australiana, após morar quatro anos naquele país e completar seu doutorado, teve o pedido recusado. O motivo: Ela não teria um número de seguidores nas redes sociais considerado suficiente.
Como na série de ficção Black Mirror – que cada vez mais parece uma Cassandra, aquela que previa o futuro mas ninguém dava ouvidos – no episódio Queda Livre, onde os indivíduos avaliam uns aos outros por seus posts e atitudes e os que possuem mais "curtidas" recebem mais benefícios devido ao "prestígio" alcançado, Anna Murakawa está vivenciando sua dose de futuro distópico.
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Na série, a protagonista persegue de maneira quase obsessiva seus "likes" para conseguir um empréstimo bancário em condições acessíveis. De maneira similar, Anna, apesar de seu currículo impecável, precisava urgentemente aumentar sua "presença" nas redes sociais sob pena de não conseguir o visto de “talento distinto” (Distinguished Talent Visa, em inglês), a permissão especial para artistas se tornarem residentes na Austrália.
“A Imigração reconhece que sou uma violinista excepcional, mas diz que minha carreira não é mensurável como seria esperado de um artista internacional. Logo depois que recebi a notícia, entrei desesperada no Instagram e fiz um apelo para quem acompanha e gosta do meu trabalho ajudar nesta campanha”.
Anna começou sua peregrinação atrás do documento em 2018, quando estava prestes a terminar o doutorado de música na Universidade de Sidney. Especialistas por ela consultados fizeram que Anna concluísse que o visto do “talento distinto” era o melhor para ela continuar morando no país. Isso porque a violinista tem vasto portfólio de apresentações pelo mundo e já tocou com artistas famosos como o rapper Eminem, o cantor Michael Bublé e a banda OneRepublic, além de ter experiência como professora.
Mas a resposta ao seu pedido foi uma negativa “desconcertante” (sim, é um trocadilho). “Basicamente, o e-mail dizia que eu era uma violinista que conseguiu conquistar muita coisa, mas a minha carreira não é mensurável como uma artista internacional” disse a brasileira aos seus seguidores no Instagram que na época somavam 27 mil.
Ao jornal metrópoles, o Consulado-geral do Brasil em Sydney, relatou que “confirma a veracidade do caso, bem como o fato de que o crescimento de seus seguidores nas redes sociais favorece o pleito da artista brasileira no sentido de comprovar o reconhecimento de sua excelência, critério confirmado por decisão legal tomada em casos antecedentes”.
Foi com muita dificuldade financeira, que Anna conseguiu a concorrida vaga na universidade. Teve que tomar 3000 dólares emprestados para ir dos EUA para lá. Sem emprego e sem conhecer ninguém no país, começou a tocar na rua. Da rua, passou a tocar em casamentos. Dos casamentos, foi para grandes estádios e aí mudou de patamar.
Após ser contratado pelo rapper Eminem pelo Facebook, a talentosa violinista tocou com ele em 2019 para 80.000 pessoas. Depois, tocou com a banda americana OneRepublic. Uma das músicas da banda, “Counting Stars”, era uma das tocadas por Anna enquanto se aventurava como artista de rua. Também tocou diversas vezes com o cantor canadense Michael Bublé e com a banda de rock Hanson.
“Mas amor, tenho, tenho rezado muito
Eu falei, chega de contar dólares
Contaremos estrelas”
Trecho da música Counting Stars da banda OneRepublic
“A recusa do visto despertou um propósito que já existia no meu coração, mas estava adormecido. Quero representar o Brasil como violinista.”
No dia 8 de julho deste pandêmico ano, Anna teria 21 dias para iniciar um processo de apelação, ou 28 dias para sair do país. A violinista recusou-se a desistir e vai para os tribunais nesta quinta-feira, 19.
A julgar pela repercussão nacional – personalidades como os apresentadores Marcos Mion e Luciano Huck, a atriz Fabiana Carla e o humorista Rafael Cortez fizeram um apelo junto a seus seguidores para a seguissem no Instagram e no Facebook –, e pelo tanto que os brasileiros são engajados nas redes sociais, arrumar os tais seguidores não será um problema, certo? Não tão rápido, contando com o meu “seguir”, a artista está próxima mas ainda não atingiu os 500 mil seguidores (494 mil seguidores até 17/11/2020, 98,8%) que é a sua meta.
E aí? Bora ajudar? Mesmo que você não curta muito violino a causa parece um bom incentivo para a cultura nacional. Se você quiser ajudar siga ela no Instagram clicando aqui. E se quiser me seguir no Instagram clique aqui. Vai que eu preciso de um visto australiano. Nunca se sabe.
Histórico (que atualizaremos com o desfecho do caso)
- Ex-aluna do Projeto Guri, iniciativa sociocultural do governo de São Paulo, no qual ingressou aos 13 anos, Anna teve sua vida completamente mudada em decorrência da paixão pela música.
- Aos 15 anos, começou a trabalhar em duas orquestras – uma delas a Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo (OCAM) –, pela primeira tinha uma renda para ela e para a família por meio da música.
- Após cumprir um desafio proposto por um dos professores de um festival de música em Brasília, Anna recebe um convite para estudar na Bulgária. Mesmo sem bolsa, aos 17 anos resolve estudar fora do Brasil, onde conclui em apenas três anos seu bacharelado (o normal seria terminar em quatro anos).
- Convidada a estudar nos EUA pelo professor Andrés Cárdenes, fez pós-graduação na Carnegie Mellon University, em Pittsburgh, e mestrado na University of Louisville, no Kentucky. Atuou em diversas orquestras, entre elas a Orquestra Jovem das Américas, durante os três anos que esteve por lá.
- Após iniciar o doutorado em violino no Texas, resolveu tentar estudar com um dos mais renomados violinistas do mundo, o norueguês Ole Bohn, na Universidade de Sydney, na Austrália. Lá terminou seu doutorado após quatro anos e leciona na universidade. Agora tenta o visto para poder fixar residência.
Fonte: Veja, Metrópoles, Projeto Guri
[Visto no Brasil Acadêmico
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