Educação Proibida, documentário dublado em português

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Documentário produzido no ano de 2012, questiona a escolarização moderna e propõem um novo modelo educativo. Este documentário é o resultado...

Documentário produzido no ano de 2012, questiona a escolarização moderna e propõem um novo modelo educativo. Este documentário é o resultado de mais de 90 entrevistas realizadas em 8 países através de 45 experiências educativas não convencionais e um total de 704 co-produtores.




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Sempre me lembro de uma aula de filosofia onde o professor nos contou esta história…

Numa caverna encontrava-se um grupo de homens, prisioneiros de nascimento, encadeados de tal forma que só podiam olhar para o fundo da gruta.

Uma fogueira e figuras manipuladas por outros homens projetavam na parede todo tipo de sombras.

Para os prisioneiros, as sombras eram sua única ideia do mundo exterior…

Essas sombras eram o seu mundo, e sua realidade…

Um dos prisioneiros foi libertado e teve permissão para ver a realidade inteira fora da caverna. Quanto tempo ia demorar para acostumar-se ao exterior depois de toda uma vida de confinamento? Possivelmente a sua reação seria de um profundo temor à realidade…

Poderia entender o que é uma árvore, o mar, o sol? Assumamos que este homem pode ver a realidade tal qual ela é e entender o grande engano que era a caverna…

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O professor nos explicou brevemente as interpretações do mito em relação ao conhecimento, à ilusão, à realidade, e como possivelmente estamos dentro de uma grande caverna, que por sua vez está dentro de outra…

Mas não há dúvida, da necessidade de esse homem livre, de precisar voltar e compartilhar com o mundo o que tinha visto…

[00:02:49 ##film##]
A Educação Proibida

Bem, e é assim como na sua 11° tese ele chega à ideia de que o filósofo não só tem que entender a realidade, mas também tem que conseguir transformá-la.

Meios de comunicação, milhares de livros, todos os discursos políticos, organismos internacionais, especialistas, filósofos, páginas de internet. Todos concordam com a importância da educação.

Investe-se em capacitações, melhorias de infraestrutura, investigações, compram-se livros, notebooks, lousas digitais.

Dão-se cursos, sobem salários, baixam salários, imitam-se modelos estrangeiros. Tudo para melhorar a educação.

Isto não impede que existam tantas escolas como realidades sociais.

Escolas marginais, para pobres, externatos, escola de operários, profissionais, escolas de classe média, escolas públicas e privadas, escolas para ricos, escolas da elite.

Grande parte delas pretende incluir e conter à maior quantidade de estudantes, muitas outras se ocupam de formar trabalhadores de diferentes hierarquias, e só umas poucas se dedicam aos supostos resultados de excelência.

Mas fora as diferenças, todas trabalham e aspiram a um ideal de escola comum…

Até que ponto esta escola ideal nos ajuda a desenvolver-nos individual e coletivamente? Realmente este paradigma educativo procura que as pessoas tenham uma boa qualidade de vida e trabalhem para melhorar a sua comunidade? Há outro tipo de escola que o consiga isso? Há alguma educação pensada com estes ideais?

Isto nos levou a abrir as portas de um mundo oculto para muitos de nós…

Este filme é parte de um processo que possivelmente não tenha fim, uma pergunta que com certeza não tem resposta, uma busca sobre qual deveria ser a natureza da aprendizagem e da educação, que erros cometemos, e principalmente que ideias devemos seguir buscando, e continuar aprendendo…

- Bem, acho que o que Alicia quer, o que a diretora quer é simplesmente chegar num acordo, entrar em consenso para ver o que é que vai ser dito, é um ato do colégio, o colégio tem que saber o que é que vai ser dito.

- Claro, claro.

- Javier, como ficamos? - Bem, eu propus à turma que fizessem uma redação, onde escrevessem nos contando qual era o balanço desses anos na escola, é isso.

- “Muito pouco do que se passa na nossa escola é verdadeiramente importante.” “Nos ensinam a estar longe uns dos outros e a competir.” “Pais e professores não nos escutam.” “Por tudo isso dizemos: chega!” “A educação está proibida.”

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“Se você quer resultados diferentes, não faça sempre a mesma coisa.”
Albert Einstein

O estudante não aprende a compreender depois de 12 anos lendo, não aprende as operações matemáticas, não aprende… enfim, aprende muito pouco…

O que é que faz que o estudante fracasse na escola? E o convencimento vai pela comprovação de que não é o estudante quem fracassa, é o sistema que está mal projetado.

É que as reformas educativas atuais em voga em muitas partes, estão mal enfocadas.

São arranjos cosméticos do que nós pensamos que devemos melhorar na escola, o problema está no modo como concebemos paradigmaticamente a escola, é um problema de concepção básica.

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As escolas e os colégios da América Latina não são mais que espaços de tédio e aborrecimento.

E eu sempre os convido para que passemos pelos colégios para que vejamos uma caricatura que deve ser rompida… Que é o professor e um quadro negro ditando aulas, em pleno século XXI, isso não faz sentido.

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É uma matéria estática, uma matéria que não tem movimento, uma matéria que diz somente palavras.

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Eu sou o adulto, sou eu quem vai dar a vocês esta informação.

"Isso tem que ser aprendido do jeito que está. Porque é assim."

Vocês são as crianças, tem que calar e obedecer.

"Silêncio!" ""Cale-se, que você nunca sabe nada!"

Não buscam, por assim dizer, outro desenvolvimento que o desenvolvimento curricular. Estão muito centrados nos próprios conteúdos.

Quem não aprende a ler, escrever e calcular, então não está educado.

Claro que não! Porque só se admite mérito em algumas habilidades, em algumas áreas.

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O conhecimento atual está fragmentado, porque a visão é parcial.

Nós dizemos que nas escolas convencionais a aprendizagem é preventiva.

“Professora, para quê serve isso?” e a professora lhe diz: “Ah, algum dia você pode precisar.”

Nós temos visto que esses conhecimentos não duram nem prevalecem durante muito tempo.Hoje em dia, os paradigmas estão mudando muito rapidamente.

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O conhecimento está mudando permanentemente. Então, o que passou foi que os sistemas educativos não tem mudado tão rapidamente quanto o resto da sociedade. É aí que está a raiz do problema.

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Nas escolas normais e nas faculdades de educação nos disseram que um objetivo é aquele que é mensurável, quantificável e observável.

Então, começamos a buscar a regra que nos permita medir os objetivos. E a isso chamaram de classificações. Seja um A, uma carinha feliz 😊ou uma triste 😢. Mas a lógica sempre será a mesma: comparar.

Comparar o sujeito, suas aprendizagens. Frente a uma escala padrão que mede, o quê? Se cada sujeito é único, singular e incomparável.

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Busca-se que um número defina, inclusive, a qualidade de pessoa que você é.

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Então, por exemplo, crio conflitos em nível cognitivo.

"Vamos ver quem chega em primeiro lugar…"

Com o qual uns são ganhadores e os outros são perdedores. Todo vez que existem perdedores, há alguém que se sente mal, é óbvio.

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As crianças são muito estimulados a competirem entre elas. Os melhores alunos têm reconhecimentos, prêmios. Aquelas crianças que não se saem bem nos exames, são chamadas à atenção. Em muitos casos, nem sequer são levadas em conta.

Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para a paz. As pessoas educam para a competição e a competição é o principio de qualquer guerra.

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Em teoria, todas as leis de educação nos falam de objetivos de desenvolvimentos humanos profundos, valores humanos, cooperação, comunidade, solidariedade, igualdade, liberdade, paz, felicidade e se enchem de palavras bonitas.

A realidade é que a estrutura básica do sistema, promove justamente os valores opostos, a concorrência, o individualismo, a discriminação, o condicionamento, a violência emocional, o materialismo.

Qualquer idéia que se promova a partir do discurso é incoerente com o que a estrutura privilegia.

[00:11:07 ##film##]

Bem, apesar de que a escola teoriza e discute sobre princípios e valores, os discute como conteúdos.

Se eu venho de um paradigma fragmentado, onde o que me interessa é ensinar história. Vou ver quanto de história sabe este sujeito depois que eu lhe fale de história e o faça ler um livro de história.

E para mim esse sujeito terminou, não tem mais nada a ver comigo, se esse sujeito sofre ou não, vem de boa família ou não, tem dinheiro ou não.

[00:11:41 ##film##]

Para o professor tradicional, o mais fácil é seguir fazendo o que fez durante muitos anos.

"Você quer ser um medíocre por toda a sua vida?"

Ou o que tem aprendido por tradição.

"Você já não é mais uma criança de segundo grau."

Então, o ensinar se converte simplesmente num processo de reprodução simbólica.

"Não quero ouvir uma mosca."

Na Argentina, a imensa maioria das crianças neste momento diz: “Que chato! Hoje é segunda e tenho que ir outra vez a essa escola!” Mas esse não é o pior dos dados, a imensa maioria dos docentes na Argentina diz o mesmo.

[00:12:17 ##film##]

Eu acredito que os professores atuais, são filhos de um sistema. Não é que o professor nasça ou queira ser professor para ser bom ou mau. É o que o estado lhe permite.

"Chega, vão ficar sem recreio." "Ah, não, não me diga que você tem problemas em casa."

[00:12:41 ##film##]

Como eu faço para educar a emoção destas crianças se no meu curso de formação docente nunca me falaram uma palavra sobre as emoções?

"Se continuarem falando, eu vou separar vocês, hein!"

[00:12:57 ##film##]

Não quero que vá à escola para perder tempo, não quero que vá passar um mau momento.

Nestes momentos, um garoto de 8 anos passa na escola mais horas que um universitário na universidade, não tem sentido algum, não há tantos conhecimentos para aprender na escola.

A escola então não é nem sequer o lugar de formação. É uma grande creche ou, como eu chamo, um grande estacionamento de crianças.

Para mim são cárceres. Eu acho todas um horror. Pensar que se tenha que encerrar as crianças, que deva haver guardas os custodiando para que não escapem.

E, então, cada vez mais as confinamos. Cada vez lhes colocamos muros mais altos. Os muros podem ser de tijolos ou de árvores. Mas, de qualquer forma, são muros que isolam, que separam.

Quero que a escola seja para ele em espaço de crescimento pessoal, e não um lugar aonde o adestram para um futuro ensino médio, e depois para uma universidade e depois para o trabalho, e depois, para o quê?

Mas é muito mais fácil dizer: "Agora, calem a boca, agora, abram o caderno, agora, peguem o lápis vermelho…" O qual é um adestramento canino, isso não é educação.

[00:14:29 ##film##]

- Sim, hum… bem, na verdade, o que eles me dizem é que este texto eles pensavam lê-lo na comemoração. É um esboço. Só isso.

- Haha, não é um esboço, hum, não, assim como está vamos lê-lo.

- Não, não, não, Martín, aqui há palavras muito ofensivas Não podem nos atacar dessa maneira tão gratuitamente.

- Bem, e se vocês se sentem atacados tem um motivo.

- Bem, espera aí, diretora, o que fizemos foi simplesmente cumprir uma tarefa que o professor nos deu.

- Alicia, por isso digo, é um esboço. Eles vão suavizar este texto.

- Não vamos suavizá-lo, vamos lê-lo assim como está…

- Martín!

- E não vamos suavizá-lo.

- Não! - Martín, assim como está é uma falta de respeito.

- Me desculpa. Me esqueci que dizer o que se pensa é faltar o respeito.

[00:15:26 ##film##]

"Nosso problema na compreensão da escolaridade obrigatória tem sua origem num fato inoportuno: o dano que faz desde uma perspectiva humana, é um bem desde uma perspectiva do sistema."
John Taylor Gatto

[00:15:50 ##film##]

Isso quase ninguém sabe, mas a educação pública, gratuita e obrigatória foi inventada em algum momento da história. Antes não existia.

A educação na antiguidade se distanciava muito do que hoje entendemos por educação.

Na Atenas Clássica, por exemplo, não havia escolas, as primeiras academias de Platão eram espaços de reflexão, conversação e experimentação livre. A instrução obrigatória era coisa dos escravos.

Por outro lado, a educação em Esparta era mais parecida a uma instrução militar. O estado se desfazia daqueles que não alcançavam níveis esperados.

Havia classes obrigatórias, fortes castigos e modelagem da conduta através da dor e do sofrimento.

[00:16:24 ##film##]

Antigamente, a educação estava nas mãos da igreja católica, pelo menos no mundo cristão ocidental.

E foi recentemente, no século XVIII, em uma época da história que se chama Despotismo Esclarecido, com certeza escutaram a respeito no colégio, onde se criou o conceito de educação:

  • pública,
  • gratuita e 
  • obrigatória.

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A escola, como hoje a conhecemos, nasce no final do século XVIII e princípios do século XIX na Prússia.

Com o objetivo de evitar as revoluções que ocorriam na França, os monarcas incluiram alguns princípios do Iluminismo para satisfazer o povo, mas mantendo o regime absolutista.

A escola prussiana se baseava na forte divisão de classes e castas.

Sua estrutura, herdeira do modelo Espartano, fomentava a disciplina, a obediência e o regime autoritário.

[00:17:16 ##film##]

O que buscavam estes déspotas esclarecidos? Um povo dócil, obediente e que pudesse se preparar para as guerras que houveram nessa época entre todas as nações que estavam nascendo.

Por exemplo, Catarina a Grande, da Rússia, chamou aos enciclopedistas franceses para preparar isso mesmo.

Diderot, um dos mais famosos, esteve lá para armar este pacote formador, não de cidadãos, senão de obedientes súditos desses estados.

[00:17:54 ##film##]

As notícias do bem sucedido modelo educativo viajaram rápido, e, em poucos anos, educadores das Américas e Europa visitavam a Prússia para se capacitar.

Com o passar do tempo, o modelo se expandiu a nível internacional. Muitos países importaram a escola moderna com o discurso de acesso à educação para todos, elevando a bandeira da igualdade, quando justamente a essência mesma do sistema provinha do despotismo, buscando perpetuar modelos elitistas e a divisão de classes.

[00:18:21 ##film##]

Essa é a origem da educação pública. Vejam que Napoleão, um pouco depois, e inimigo jurado de todos estes déspotas fez a mesma coisa. Ele dizia com todas as letras:

“Eu quero formar um corpo docente para poder dirigir a opinião dos Franceses”.

Dá para entender? Ele tinha as coisas claras e isso opera assim, saiba-se ou não, até os dias de hoje.

[00:19:01 ##film##]

A escola nasce num mundo positivista regido por uma economia industrial, portanto, busca obter os maiores resultados observáveis com o menor esforço e investimento possível, aplicando fórmulas científicas e leis gerais.

A escola era a resposta ideal à necessidade de trabalhadores, e os mesmos empresários industriais do século XIX foram os que financiaram a escolarização obrigatória através de suas fundações.

[00:19:28 ##film##]

Onde coloco os filhos dessas pessoas para que possam trabalhar? Como educamos para que aprendam a ler? Como criamos operários inteligentes? A educação continua sendo a mesma, uma ferramenta para formar trabalhadores úteis ao sistema e uma ferramenta útil para que a cultura permaneça sempre igual e sempre se repita.

O que significa é conservar a estrutura atual da sociedade.

[00:19:55 ##film##]

A escola foi complementada com pesquisas sobre o controle da conduta, propostas de utopias sociais e até teorias de superioridade racial.

Não é de se estranhar que os primeiros estados com o sistema prussiano, ou similar, foram, com o passar das gerações, focos de xenofobia e nacionalismo extremos.

O modelo de produção industrial em linha de montagem era perfeito para a escola. A educação de uma criança era comparável à manufatura de um produto, portanto, requeria uma série de passos determinados numa ordem específica, separando as crianças por gerações em graus escolares.

E, em cada uma dessas etapas, trabalharia sobre determinados elementos, conteúdos que assegurariam o sucesso, pensados minuciosamente por um especialista.

[00:20:51 ##film##]

Digamos que o professor é a figura que é a encarregada de ensinar uma série de conteúdos que condizem, porque alguém determinou assim, com uma idade específica.

[00:21:04 ##film##]

Mas a educação não é preparada por biólogos, e, curiosamente, muitas vezes também não são educadores que a preparam, são administradores, são pessoas que não dão aulas.

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Nesta linha de montagem, uma pessoa estaria a cargo de uma pequena parte do processo. Insuficiente tanto para conhecer o mecanismo na sua totalidade quanto as pessoas em profundidade.

Um docente por ano, por matéria, a cada 30 ou 40 alunos. Chegando ao ponto de que o processo termine sendo meramente mecânico.

[00:21:39 ##film##]

A educação como estamos vendo hoje é administrativa, há alunos que chegam, professores que dão aula, alunos que se vão, professores que se vão e, no dia seguinte, se repete o ciclo.

Um professor estatal é um funcionário a quem a autoridade diz: “O senhor tem que ensinar isto, isto e isto, e desta forma.” Porque tem que ser repetido em demasia para as crianças por um professor com demasiadas horas de aula e com poucas horas de atenção ao aluno em forma particular.

Então, vai se dirigir sempre a um grupo coletivo.

Porque, evidentemente, se eu tenho 30 crianças Não posso pretender que todas elas queiram fazer a mesma coisa ao mesmo tempo.

[00:22:20 ##film##]

Este sistema de linha de montagem, que nasce com o Taylorismo foi aplicado tanto na indústria, na escola e no exército de diferentes países e culturas do Ocidente.

Até poucas décadas atrás, a escola tinha estas coisas de quartel e de asilo, inclusive o recreio termina com um sinal anônimo, não humano, que indica às crianças que devem se adestrar, pouco a pouco para parar numa determinada lajota atrás de determinada cabeça, para formar uma fila, geralmente do menor ao maior.

Durante os últimos séculos, temos construído nossas escolas à imagem e semelhança das prisões e fábricas, priorizando o cumprimento das regras, o controle social.

A escola foi pensada como uma fábrica de cidadãos obedientes, consumistas e eficazes, aonde, pouco a pouco, pessoas se convertem em números, qualificações e estatísticas.

As exigências e pressões do sistema terminam desumanizando a todos, porque vão além dos professores, diretivos ou inspetores escolares.

[00:23:29 ##film##]

São considerados como grupos homogêneos, com conteúdos homogêneos que tem que obter resultados parecidos.

Que todos temos que saber o mesmo. Apesar de que, adultos, não sabemos todos a mesma coisa, apesar de que não nos dedicamos todos à mesma coisa.

Nas escolas, todos tem que querer fazer a mesma coisa e fazê-la igualmente bem.

Então, a escola tem pouca capacidade de responder às necessidades individuais, porque a escola instrui, é um centro de instrução e é o que faz.

Quem não aprende, fracassa. Essa é a realidade.

Isso, de alguma maneira, implica em que o sistema educativo é um sistema de exclusão social: seleciona o tipo de pessoas que irão à universidade para chegar a formar parte de uma série de elite que domina as empresas, que domina os sistemas de produção, econômico, de comunicação, etc.

E outro tipo de pessoas para as quais a escola não é suficientemente adequada que estão destinadas a outro tipo de trabalho mais precário porque não vão dispor dos diplomas para fazer isto.

Ao sistema e aos estados, não lhes preocupa isso, honestamente, não lhes preocupa o ser humano enquanto pessoa, enquanto indivíduo.

E, nestes termos, toda a educação que busque outra coisa tem que ser proibida.

[00:24:55 ##film##]

A realidade é que a essência da escola prussiana está imersa na estrutura mesma da nossa escola.

Os exames padronizados, a divisão de idades, as aulas obrigatórias, os currículos desvinculados da realidade, o sistema de qualificações, as pressões sobre os professores e crianças, o sistema de prêmios e castigos, os horários estritos, o claustro e a separação da comunidade, a estrutura vertical.

Tudo isso continua sendo parte das escolas do século XXI.

A escola está fechada ao mundo exterior. Eu tentava explicava o título do meu livro “ Do mapa escolar ao território educativo”, para indicar essa fábula do cartógrafo que conta (Jorge Luis) Borges que começa a fazer um mapa de um território determinado e se entusiasma por fazê-lo o mais perfeito possível.

O mapa termina substituindo o território.

Então, hoje em dia, a escola se fechou, se meteu dentro do mapa. O que se ensina? Verdades que estão no mapa, não no território.

[00:26:00 ##film##]

Escola não é sinônimo de educação. A escola pode ser um velho mapa da sabedoria. Mas a educação é o território onde todo o aprendizado acontece.

O que é uma boa educação? Conseguir que a maior quantidade de crianças atravesse os padrões de qualidade? Que obtenham ferramentas e conhecimentos que não os interessam para superar barreiras que outros lhes impõem? Não era o objetivo da educação alcançar uma boa qualidade de vida? Esqueçamos, por um momento, tudo o que sabemos sobre educação, toda nossa forma de entender a escola, tudo o que nos disseram que devemos aprender na vida e o que devemos ensinar aos nossos filhos.

Começar a ver cada coisa, a revisá-la como se nunca a tivéssemos visto Ou seja, cada ação, cada atitude, cada costume.

Se não estivéssemos fazendo as coisas como as estamos fazendo porque sempre as fizemos assim.

Como as faríamos hoje? Não? É como balançar a cabeça e dizer, bom, vamos recomeçar.

Vamos recomeçar.

[00:27:15 ##film##]

Vejam crianças, vocês tem que entender que o discurso que escreveram é algo que pode incomodar muita gente.

- Bom, está bem, mas se é o que sentimos e o escrevemos assim, por que não podemos lé-lo assim?

- São nossas palavras, o que pensamos, qual é o problema?

- O senhor não é responsável pelo que escrevemos aí.

-Não, não, não para, para, para.

-(Discussão) - Para, para, para um pouco Martin porque eu te conheço. Tudo te incomoda na escola, eu te incomodo, os professores te incomodam. Eu te conheço bem.

- Não, o senhor não me conhece.

[00:27:49 ##film##]

“Não me sigam, sigam à criança.”
Maria Montessori

Nos não queremos ensinadores, queremos educadores. Isso é fácil. O que é dificil é ajudar a produzir o normal desenvolvimento de uma pessoa.

Se eu quero fazer isso tenho que conhecer o ser humano intrínseco. Que potencialidades traz? Em que idades surgem quais potencialidades?

Como as crianças aprendem?

Mas, não segue à criança. Não esta observando à criança. Não conhece realmente à criança, a cada uma particularmente. Mas conhece muito à teoria.

Então, é como que um adulto que sabe que comportamento esperar da criança, mas está cego, um pouco, sobre a realidade.

Quer dizer, o centro dessa educação é a criança. Então, ela é pensada a partir de quais são suas necessidades. E não desde quais são as nossas necessidades enquanto adultos.

[00:28:48 ##film##]

As crianças desde que nascem, nascem com essa capacidade de criar, são criativas, observadoras e curiosas. E na escola podem acontecer duas coisas: Que o processo seja respeitado propiciando atividades para desenvolver essa capacidade ou que ser frustrado.

De fato, poderiamos caracterizar que o ser humano tende a aprender. Inclusive podemos dizer mas ainda, não é mérito nenhum do ser humano aprender.

Eu diria mais, ele não pode deixar de aprender.

Você nota. Fica o tempo todo te perguntando: “E isto por quê? E isto por quê? ”.

Aé parece que alguém teve que proporcionar a vontade de perguntar. Ela vem da essência.

[00:29:29 ##film##]

Basta que tenha órgãos sensoriais e percebe, não é verdade? Basta que tenha seu cérebro e pense, raciocine e imagina, cria e fantasia.

Mas na escola, consegue-se apenas silenciá-lo.

Assim, se prestares atenção, cada vez, à medida que crescem as crianças, vão perdendo sua curiosidade e seu desejo de aprender.

Uma criança com 12 anos dificilmente quando sai da escola pega um livro, É a minoria que faz isso.

Por quê? Porque está cansado, está totalmente cansado de que lhe digam o que deve e o que não deve fazer, e já perdeu toda curiosidade por aprender.

A mente da criança tem qualidades de aprendizagem qualitativamente superiores às dos adultos, porque está naturalmente desenvolvida para perceber o que lhe é apresentado e, com isso, cria sua mente, se constrói a si mesmo.

Em poucos anos, aprende a controlar seu corpo, pode comunicar-se em vários idiomas, compreende as regras da natureza e as características da sua cultura.

Todo este complexo e maravilhoso processo, se dá de maneira inconsciente. Aprende sem muito esforço por conta própria.

Das coisas que aprendemos na escola, inclusive quando na escola aprendíamos muitas coisas, Há muito poucas que necessitamos na vida cotidiana.

É possível que a escola seja conveniente, eu não acredito que a escola seja necessária.

Acredito que pode ser demais, na melhor opção muito conveniente na sociedade, mas podemos prescindir dela.

Porque podemos viver sem saber logaritmos, mas não podemos viver sem saber nos relacionarmos com outras pessoas.

ou sem saber caminhar, ou sem saber usar ferramentas. Todas essas coisas as crianças aprendem brincando.

[00:31:28 ##film##]

As crianças, desde que nascem, têm a habilidade de se construir a si mesmas, aprendendo do que encontram à sua volta, através do brincar e exploração do mundo.

As crianças absorvem cultura, as crianças absorvem a cultura dos pais, e isso se vê inclusive na linguagem.

Está no contexto cultural humano, os números e as letras e as palavras, então eles o aprendem.

Igual que aprendem a andar, porque há adultos que andam.

Quer dizer, quando um ser humano nasce, Sua biologia não o obriga a ser humano.

Necessita nascer em um entorno humano.

[00:32:13 ##film##]

Tudo o que nos rodeia, influi tremendamente em nossa aprendizagem.

Os espaços, os tempos, as atitudes das nossas famílias. As emoções, os gostos, as crenças.

Tudo é parte desse ambiente com o qual construímos a nós mesmos.

A pergunta então é Que ambiente estamos oferecendo às crianças, para que os adultos se desenvolvam dessa maneira? Porque a criança entra, e entra em um meio dogmático.

“Sente-se aqui”,”Fique 6 ou 7 horas sentado nessa fila” Que horrível!

Se estamos numa família onde essa rede de afetos é supremamente fraca, os níveis de agressão são muito altos, de violência, a criança vai ser uma criança provavelmente muito violenta.

Não é certo que ela vá ser violenta, não estou dizendo isso, mas, sim, estamos falando que em contextos violentos, a violência se reproduz facilmente. A criança vai dar o que recebe.

Então, por isso temos que conseguir relações muito mais amorosas, muito mais profundas nas aulas.

[00:33:16 ##film##]

Estudos indicam que, atualmente, na idade de 5 anos, 98% das crianças poderiam ser consideradas gênios.

São curiosos, criativos, e têm a habilidade de pensar de formas diversas, resolver problemas, quer dizer, têm a mente aberta.

O problema é que, 15 anos mais tarde, só 10% dessas crianças mantém essas capacidades.

Ou seja, de alguma forma, estou dizendo que desde além da mente, desde o mundo da consciência, todos somos gênios.

E, realmente, o que o professor tem que aprender é como fazer seus alunos abrirem essas portas de suas mentes para que transbordem todo esse conhecimento, essa criatividade, essa genialidade que todos temos dentro.

Se olharmos os grandes homens da humanidade e mulheres da humanidade, todos tem sido grandes sonhadores, quer dizer que tiveram uma imaginação enorme.

[00:34:13 ##film##]

Como seres humanos, somos o resultado de milhares de anos de adaptação natural e evolução.

Trazemos dentro aquelas características que nos tem permitido sobreviver, nos transformar e crescer.

Desde a vontade de comer quando temos fome, até a curiosidade interna das crianças de explorar o mundo.

Este potencial está esperando que lhe permitamos manifestar-se.

Nas crianças, o vemos nas brincadeiras espontâneas, nos adolescentes de hoje através da rebeldia e a necessidade de transformar a realidade.

Por que insistimos em matar sua espontaneidade e castigar sua rebeldia? Quando são estas as características que manifestam suas necessidades humanas intrínsecas de se desenvolver?

A criança tem um professor interior, sobretudo nos primeiros anos, que a impulsiona a aprender, que a impulsiona a descobrir, que a impulsiona ao movimento, que a impulsiona a participar, a trabalhar, a repetir comportamentos, que a impulsiona a decidir quando quer deixar de repetir algo porque já o superou.

Observando como atuam as crianças, descobrimos que usam todos os critérios de um investigador verdadeiro, exatamente os mesmos.

É claro que existem distintos níveis de complexidade, não é verdade? Mas não há criança que não seja sistemática na observação, não há uma menininha pequena que esteja observando que não produza experimentos.

Como podemos fazer para que sejam mais criativas? Elas já são, a única coisa que temos que fazer é lhes oferecer as possibilidades para que possam expressar-se de diferentes maneiras.

Se continuarem a fazê-lo, amanhã serão cientistas, amanhã serão artistas. Há que deixá-las.

- Basta, já deu Martin, não faz falta, vamos ver, o que você ganha com isto?

- Eles apresentam o tema das notas, por exemplo. Dizem que somente o que nos importa é a nota final. Que não nos importa se estudam o não estudam, se aprendem ou não aprendem.

- Vai Martin.

- Chega, pára, quer saber o que eu ganho? Me tirou a vontade.

- Por que é tão teimoso?

- E, mais ainda, dizem que de alguma maneira estamos estimulando a competição entre eles por essas notas.

- Você também pensa assim?

- Olha, acho que não é uma explicação tão equivocada, tão errada. Evidentemente, alguma coisa da estrutura da escola não lhes faz bem.

- Olha, Javier, eu acho que o que faz mal para eles é a sociedade E com a sociedade que temos, o melhor que pode lhes acontecer é vir à escola, não acha?

- Está bem, mais isto é bastante forte.

- Eu sei, mas…

- Desculpem!

- Sim.

- Aqui está tudo o que aprendi em cinco anos de escola. Sabem o que vai acontecer com isto? Eu vou esquecer tudo. Aliás, eu já me esqueci.

[00:36:58 ##film##]

“Estudar não é um ato de consumir ideias, mas de criá-las e recriá-las.”
Paulo Freire

Então, a educação nasce assim, colocar mais informação porque achamos que essa informação é necessária.

A pergunta que eu me faço é: Quanto concordamos do que nos ensinaram na educação básica por exemplo? Quanto nos lembramos dos conteúdos ensinados no Ensino Médio? É porque a maneira pela qual é apresentada, não estimula ninguém.

E o aluno acredita que a unica coisa a fazer é repetir, repetir, repetir até que tudo se enfie na cabeça.

- Repitam, vamos lá: "Actínio, Ac, 3, metal", "Actínio, Ac, 3, metal" Vejamos.

Quando eu repito, quando eu repito alguma coisa que me dizem que devo repetir, simplesmente me transformo num repetidor.

- “Ácido desoxirribonucleico, ácido desoxirribonucleico, ácido desoxirribonucleico”

Se compreendo ou não compreendo não interessa, porque o que importa é que eu diga da mesma maneira o que foi dito.

- “Ácido desoxirribonucleico, ácido desoxirribonucleico”.

Se eu exijo de uma criança mais do que ela pode dar, começo a gerar estresse nesta criança.

- “Ácido desoxirribonucleico, ácido desoxirribonucleico, ácido desoxirribonucleico”.

Aprender se converte num processo maçante, num processo difícil, e deixo de aprender.

Tudo o que você possa aprender na escola no dia a dia, passa a segundo plano, se não é parte da tua decisão, se não é parte da tua opção. São conhecimentos frios, são palavras que podem se perder com o tempo.

A informação ou o saber podemos armazená-la no nosso cérebro, em um livro ou um computador. Mas a compreensão é uma ferramenta em constante crescimento, com características únicas que variam segundo cada pessoa, implica criar e estabelecer relações entre critérios, e assim, resolver problemas e construir novos conhecimentos.

As crianças não eram autômatas que simplesmente copiavam ou repetiam as coisas a esmo. Realmente havia, havia como mais consciência de parte deles, do que estavam fazendo.

Esse conceito vai entrar nela, vai assumi-lo de uma maneira, relacionada com a sua vivência. Se não houver prazer na aprendizagem, não existe aprendizagem autêntica.

E, sobretudo, a genialidade que cada um leva dentro não pode se manifestar, nem enriquecer ao resto da classe, nem ao próprio professor.

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A aprendizagem profunda só pode estar embasada no interesse, na vontade, na curiosidade, ela se origina além das fronteiras da razão.

É muito mais que analizar ou relacionar conceitos. Aprender implica um profundo processo onde se criam relações entre a pessoa e seu ambiente.

Porque existe um principio que também é utilizado pela neurociência:

“O que o cérebro humano mais gosta é conhecer, mas quando conhece com felicidade, gozo e prazer, que é o aspecto lúdico.”

Temos partido do cérebro emocional, para ir ao cérebro lógico, e essa lógica é válida, é boa, é mais completa.

Existe algo maravilhoso em ver o momento do descobrimento, que é o momento da aprendizagem.

Essa criança não se esquece nunca mais quando chegou a entender o porquê.

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Antigamente, o conhecimento só podia ser encontrado nas bibliotecas ou universidades, ter acesso era vital para a aprendizagem.

Hoje, o livre acesso à informação, as bibliotecas virtuais, a construção coletiva do conhecimento, conseguem que não apenas o conhecimento esteja ao alcance de todos, de forma aberta e plural, como também que seja atualizado constantemente.

O que nós possamos aprender na escola hoje, dentro de 4 anos, talvez quando a criança deixe a escola, já vai estar completamente desatualizado.

A educação, ao se escolarizar, se meteu dentro da escola e perdemos os critérios exteriores da natureza.

Hoje em dia, lemos critérios que saem nos livros, o problema é que como muitos deles são verdadeiros, para quê vou discutí-los? Mas com isso, desvirtuamos o que é o processo educativo, que é de descoberta, não de aprendizagem das verdades.

Já não vai aceitar as coisas como verdades, vão apresentá-las e, ao mesmo tempo, vai estar disposto a duvidar delas e a revisá-las juntos, não?

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“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.”
Aristóteles

Em todos os níveis, o ser humano sempre aprende o que faz. Tem que se esforçar para aprender o que não faz. Primeiro foi ação, depois veio a cognição.

E, às vezes, olhamos a motricidade pejorativamente, acontece que a motricidade está muito ligada à parte cognitiva.

O jogo é um desafio ao desconhecido.

Um desafio ao que pode acontecer, porque quando um menino joga ou se coloca frente a isto, parte do princípio de que algo foi posto em movimento, na educação sempre estamos colocando algo em movimento.

Na casa do tio-escola, digo eu, viemos aprender, isso é obvio, não viemos brincar e nada mais, porém, de brincadeira em brincadeira se aprende muito.

Estudamos quando saímos à natureza, a procurar coisas, explorar, encontrar, ter vivências.

Quando você trabalha e conecta as crianças com a natureza, tudo flui.

Ir a essa escola é um prazer, porque todos os dias temos tantas coisas para experimentar, para pesquisar para agradecer por estarmos vivos.

A tarefa do educador então consistirá, em todo momento, em mostrar mistérios, mostrar situações na natureza que, ainda que já estejam descritas pela ciência, não o estão para o educando.

De modo que o educando, se surpreenda em frente a algo até encontrar uma explicação.

Está se formando um movimento há décadas chamado escola ativa, onde a criança faz, produz, sai da cadeira.

Mas isto não é novo, o escreveu Piaget nos anos 50, não se coloca em prática porque dá preguiça.

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No início do século XX surgiram diversos movimentos na pedagogia, pensadores de diferentes partes do mundo desenvolveram experiências educativas concentradas na ação, a liberdade da criança e a construção autônoma da aprendizagem, repensaram toda a estrutura da escola tradicional.

Porém, a mediados de século, todas estas ideias transformadoras começam a cair no esquecimento com o medo aos estados totalitários.

Bom…o método está centrado em que a criança é quem aprende, totalmente.

Tem que ter, necessariamente tem que ter objetos físicos, objetos concretos para que a criança manipule, que a criança experimente.

Tudo no ensino fundamental é operativo, tudo é operativo, tudo é com material concreto.

A criança na medida que erra, vai se dando conta, porque o mesmo material leva à correção. Na verdade, não é o adulto quem deveria estar corrigindo à criança.

É a própria criança quem tem que estar corrigindo-se a si mesma. Agora também existe muita correção por parte de outras crianças. Eu acredito que desde o ponto de vista educacional são bem-vindos os erros e os equívocos.

De fato, a ciência apresenta mais erros e equívocos que acertos. É verdade que avança, nós sabemos que apenas pode avançar quando há um acerto, mas são os erros que permitem que os cientistas possam avançar.

Ao ver as crianças que dizem: “Não importa se erro porque estou aprendendo, porque ninguém tem que ganhar aqui, senão que todos estamos para melhorar”.

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O inventor da lâmpada elétrica teve mais de mil tentativas falidas antes de fazer funcionar a lâmpada.

Quando um jornalista lhe perguntou o que sentia ao fracassar mil vezes ele respondeu:

“Não fracassei mil vezes, a lâmpada elétrica é um invento de mil passos”.

Igual a uma descoberta científica, a educação informal é o resultado de um processo profundamente caótico, onde o homem procura uma ordem causal, lógica, passando do caos à ordem alternadamente.

Mas esta aprendizagem nasce da pergunta no caos, não de uma resposta numa ordem.

A sociedade quando nós nascemos, a sociedade nos torna mais ignorantes porque nos dá respostas a estas perguntas.

E nos dá respostas pré-fabricadas, pré-fabricadas na filosofia, na política e até nas religiões. Então mata as perguntas e a capacidade de aprender.

Eu acredito que de maneira sintética poderíamos dizer que a escola está orientada para a resposta.

Em troca, os processos educativos que ocorrem fora do âmbito escolar, mas também dentro dela, estão orientados para a pergunta, para a indagação, nos quais a resposta vem, mas não é o cerne no processo.

O que deve fazer o educador então? Ajudar à revelação daquilo, não impor uma resposta.

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A importância da pergunta está colocada desde o começo da filosofia na antiga Grécia, onde a aprendizagem surge do repensar e do voltar a questionar.

Mas, se essa é a natureza da aprendizagem, Por que insistimos em estruturá-lo, limitá-lo, condicioná-lo, ordená-lo?

PLANEJAMENTO CURRICULAR

É assim como todos os seres vivos aprendem, através de interagir com os outros e com o entorno, não através de um currículo prévio que alguém estabelece.

O tempo escolar então é um tempo enganoso, no sentido de que nos coloca numa programação, a ideia de que o educando irá progredindo de acordo como o programa está planejado.

Nesse sentido, a escolarização é linear, passo um, passo dois, passo três. E o décimo passo vai estar depois do nono.

Mas na aprendizagem a situação é diferente, pode ser que a pessoa avance progressivamente de maneira linear, um, dois, três e pule para o décimo.

O currículo é um guia ordenado para construir o conhecimento baseado em experiências prévias.

Mas se a aprendizagem se caracteriza por processos tão diversos e individuais, Qual é a necessidade de forçar isso e alcançar objetivos? Normalmente os objetivos educativos no mundo são colocados a partir de fora do aluno, da criança:

“Espera-se que seja um bom cidadão” “Espera-se que possa participar desta sociedade competitiva”, etc, etc.

Portanto, a criança começa a entender que as ações do ser humano não partem tanto de uma força interna, de uma conexão com a natureza, de uma percepção de uma sensibilidade pela vida.

Mas sim, que são motivadas por alguma coisa exterior, estudo para passar o exame, não leio para aprender, não me interesso pelos animais porque eu gosto deles, não, não, é que agora não cabem os animais, agora é um outro tema.

Se eu não desperto o interesse, se não desenvolvo as partes criativas, estou gerando robôs com objetivos e, portanto, no caminho vão ficar um 60 ou 70% das crianças com potencialidades maravilhosas.

- Novamente, repitam: “Actinio ac 3 metal”. “Actinio ac 3 metal, Actinio ac 3 metal, Actinio ac 3 metal, Actinio ac 3 metal”

Eu ajo, porque se eu faço isso, conseguirei um prêmio, terei um carro desta maneira e tal. E se isso significa que tenho que especular, ou que tenho que passar por cima de quem quer que seja, tenho que mentir e tenho que pisotear quem está ao lado, dá na mesmo.

A que tipo de relação educativa leva isto? Uma relação educativa que põe a ênfase no resultado.

Ao crescer, a escola e a sociedade nos levam a assumir motivadores externos para alcançar os objetivos, e dificilmente podemos entender que alguém pode realizar alguma coisa sem interesse, mais que o próprio prazer do processo.

Mas uma criança pequena não tem um lugar aonde ir, simplesmente desfruta de crescer, caminha pelo simples prazer de caminhar e explorar, e isso faz com que se desenvolva, sua motivação não está no objetivo, nem no resultado, está no caminho.

O que podemos dizer é que não temos objetivos concretos sobre a vida das crianças, que tenham que aprender determinadas coisas, que tenham que ser de determinada maneira, não temos esses objetivos.

O currículo que se segue aqui, é um que está baseado num caminho e é a criança que maneja esse caminho, então o caminho é dela.

Então o professor não é protagonista do filme, o conteúdo não é o protagonista, o protagonista é a criança que acompanhada do adulto que faz de intermediário, põe-se em contato com o conhecimento, e o conhecimento já atrai e age por si só.

E aí, nisso que estou lhes contando, se respeita o ritmo da criança, ou seja, não existe a pressão fundamental de ter que chegar a este resultado em tal tempo.

Se eu concebo que ao longo do curso tem que aprender a escrever seu nome, assim vou estar preocupado e, em lugar de ver à criança, vou ver o objetivo, e vou tentar adaptar a criança ao objetivo.

Se o que quero é que aprenda e viva, digamos, de maneira espontânea, pois isso ela vai aprender de qualquer maneira mas eu não vou estar preocupado por isso e vamos a poder fluir e desfrutar do processo.

Finalmente, as crianças não vão somente passar melhor, quer dizer, dentro de 20 anos terão uma melhor lembrança da sua escola, que já é muitíssimo, senão que, além do mais, terão rendimentos melhores com resultados melhores a longo prazo.

[00:53:38 ##film##]

- Então, Micaela. Por que insiste com esse discurso?

- Por que eu quis me expressar, colocar o que penso, o que sinto.

- Meu amor, todos nós queremos fazer o que sentimos e muitas vezes, temos que fazer coisas que não gostamos.

- Não, me desculpe, mas eu não tenho a mesma opinião que você.

- Bem, eu te entendo, mas…

- Micaela: Você não quer passar de ano, ter um diploma, uma profissão, ser alguém na vida?

- Mas… eu já sou alguém na vida.

"Na verdade, só existe o ato de amar, (…) Significa dar vida, aumentar a sua vitalidade. É um processo que se desenvolve e se intensifica a si mesmo."
Erich Fromm

A gente se encontra com duas vias pedagógicas básicas.

Uma que é: “devo adaptar a criança à cultura”, e outra que é: “devo adaptar a cultura à criança”, leia-se: direita e esquerda pedagógicas, é simples assim.

Em algum caminho do meio deve estar a verdade.

[00:54:46 ##film##]

A escola construiu seus embasamentos sobre uma ideia fundamental, que transcende toda sua estrutura: a noção de que as crianças estão vazias, e, em consequência, a sua individualidade pode ser rompida e reformada, interceptada de acordo com as necessidades externas.

A criança tem sido considerada como um objeto de estudo, um rato dentro do maior laboratório de socialização da história, cujo principal objetivo foi o de modelar ao ser humano.

Isso é muito humano, não é? Pensar que se não cuidarmos do bosque ele se estraga, para o bosque, deixá-lo tranquilo é suficiente, sempre, tudo que temos de bosque é porque o ser humano não tem interferido.

Mas o ser humano acredita que intervindo faz mais, faz melhor as coisas.

Dentro da semente de uma árvore, se encontra toda a informação que este ser necessita para se desenvolver.

O ambiente que a rodeia contém tudo o que essa árvore necessita para crescer, porém este desenvolvimento depende da estrutura interna dessa semente.

Todas as reações às condições externas estão planejadas no interior de cada ser, tanto de uma árvore, como do homem.

A formação dos órgãos vitais, a estrutura óssea, os tecidos, as características básicas de cada um de nós são o resultado de um processo interno, autônomo, que não requer a intervenção do ser humano, onde a mãe satisfaz apenas os recursos necessários, mas não dirige Qualquer célula tem uma estrutura interna que lhe permite saber, inconscientemente, o que precisa a cada momento, como deve que ser o entorno ao seu redor para satisfazer as necessidades internas da célula, expressadas geneticamente, para que essa célula possa chegar a ser o que ela é em potência.

Quer dizer, o objetivo da vida é viver e se autorealizar para isso, esse organismo precisa encontrar um ambiente que respeite, que satisfaça essas necessidades internas.

Havia um jardineiro que tinha tanto amor pelas plantas, e então as cuidava tanto que ia ali, e enquanto começavam a brotar ia esticando seus caules.

O que aconteceu? Todas se deformaram ou morreram.

Ou seja, o crescer, é inato, não temos que esticar ninguém, não temos que fazer que nada apareça, somente temos que procurar que lhe chegue o necessário.

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Para sobreviver esta célula tem algumas necessidades básicas: alimento, segurança e talvez o elemento mais importante, que tem feito possível toda a evolução biológica, o amor.

Uma vez que a célula conta com estes recursos começa a se desenvolver, a se autorrealizar.

O amor é necessário durante todo o desenvolvimento da vida, em sua gestação é a companhia e proteção do útero, depois é o contato corporal, apoio emocional, expressões, gestos, sons, até o entendimento, a aceptação, o respeito e a confiança no outro.

Se o amor é vital para o desenvolvimento e o aprendizado, Por que geralmente tentamos educar com ameaças, castigos, tensões, esquecendo o amor? E o que fazemos os adultos? Temos que conseguir que faça o que nós queremos, e aí entram os prêmios e os castigos: "Não.

Eu te avaliarei e te darei uma prova, e você terá que passar o exame, e se não passa chegarão a tua casa umas notas, umas classificações ruins que quando teus pais vejam te darão uma bronca e bla, bla, bla, haverá uma série de consequências." Nos falta capacidad de amar, então normalmente amamos de uma forma limitada.

“Eu te amo se concordar comigo, senão não te amo.” Esta é normalmente a nossa forma de amar.

Quando a pessoa não se sente amada ou tem conflito nisto, cria uma representação de si mesmo.

Vai contando algo dele que não é ele.

Quanto más intensa a dor, más distante é a representação da pessoa real.

Se me obrigam a fazer uma série de coisas, com as quais eu não estou interessado em absoluto, mesmo que tentem me motivar extrínsecamente através de prêmios, castigos, notas e balas, minha necessidade pode ser outra.

Mas esta necessidade, eu não posso atendé-la porque estão me obrigando a fazer outra coisa.

Com o qual eu vou perdendo cada vez, a conexão com meus próprios recursos, com minha própria força vital.

Os prêmios e castigos atuam manipulando as necessidades bâsicas.

Quando não recebemos amor e proteção fazemos o possível para obté-los, gerando mecanismos de conduta e comportamento que nos permitem sobreviver nos condicionamos.

Essa criança não estuda para aprender, não trabalha por prazer, nem para se realizar, faz isso porque senão perde a segurança, o amor, sente que morre.

Todo o seu acionar passa a ser controlado pelo medo.

De alguma maneira, o que se faz na escola atual, estou generalizando, é semear esse medo.

Se coloca limites à pessoa, em vez de fazer o contrário, e pôr limites é o medo, Em nossa mente estruturada quando criamos dentro de uma crença, a forma que tem a mente para não sairmos dessa crença e criar fora, é o medo.

Quando nós aproximamos à beira de uma crença sentimos medo.

É um mecanismo de controle, é um mecanismo de manipulação ética.

Se você se comportar bem, eu te qualifico bem.

É um modelo condutivista, esse é o grande modelo condutivista que tanto mal tem feito a nossa sociedade.

O manifesto condutivista de 1913 promovia uma psicologia < cujo o objetivo era a predição e o controle da conduta. Mediante experimentos com ratos, animais e seu condicionamento, se desenvolveu uma ciência de controle social, utilizada para pensar as bases da escolarização moderna, a publicidade, a propaganda política, o treinamento militar e os exercícios de tortura. A manipulação das massas através do medo. Todo o que vemos na atualidade no nosso mundo, Todo tem como base, o medo. O medo à mudança, o medo ao progresso, o medo de ser você mesmo, o medo de amar, o medo a revelar teu ser perante este mundo. Então, estamos criando uma sociedade onde a gente trabalha em coisas que não gosta para conseguir dinheiro, para conseguir posição. ou seja, é a sociedade de autoengano. “Tenho um diploma de, tenho um título de, tenho” E o “ ter” é o que nos separa realmente de nossa identidade, o que nos leva de novo ao medo. “Tenho que aparentar que sou”. As crianças que tem ficado e tem saído de este tipo de escolas, nos dizem muito alegres que não sentem essa pressão, porque tem descoberto ao longo de sua infância e de sua adolescência que as fazem as coisas por um prazer pessoal, por um gosto pessoal, por uma meta pessoal. O importante é esta vontade de viver, sem esta vontade de viver a vida não vale a pena, não? Então as crianças nos mostram esta vontade de viver que como adultos temos perdido. Então as primeiras perguntas teriam que ser Estou cuidando da vontade de viver desta criança ou não? Quer dizer, quando a criança está bem cuidada, e bem cuidada significa respeitada em seus processos vitais acompanhada por adultos disponíveis, com uma serie de límites que o ajudam a fortalecer-se, quando a criança está bem cuidada, a criança tem vontade de construir coisas com os outros desde o amor. Se uma criança sempre faz o que o adulto lhe manda, chega um momento que se desconecta-se de si mesmo. No entanto, se eles estão habituados a seguir o seu próprio impulso, seguem relacionados com o seu interior sabem o que querem, sabem quem são. As crianças, além disso, te levam pela mão, e te mostram realmente, te dizem o que necessitam, a questão é ouvi-los e colaborar com eles na sua busca. Uma descrição dos organismos vivos é que são autopoiéticos, sistemas com a propriedade de produzir-se a si mesmos continuamente, e as relações que se dão entre eles nunca são instrutivas, mas de vida, desenvolvimento e progresso. Quer dizer, na natureza não existem ordens externas, simplesmente organismos conscientes conectados mas em pleno desenvolvimento autônomo, num aparente caos.<()i> Digamos que o estímulo não é necessário, não temos que motivar às crianças para nada.

Se eles querem fazer algo, fazem-no, e se não, não o fazem.

Mas não temos que motivá-los para que façam algo onde irão bem, porque eles sabem se irão bem ou não.

E que eles possam ir escolhendo e se posicionando de forma instintiva naquilo que realmente vai chamando sua atenção, os estimula, que descobram realmente o dom que cada um deles tem.

Se transforma em tua própria responsabilidade, em vez da responsabilidade de um sistema.

Ou seja, quem eu queira ser é minha própria responsabilidade.

A criança se faz consciente disto desde pequeninho.

A célula gera uma mebrana que a separa do entorno exterior.

Esta membrana é semipermeável, quer dizer, permite que ingresse o que precisa do entorno, quando o necessita.

Somente é necessário, que estes recursos estejam disponíveis no exterior, mas sem forçar seu ingresso ao ser, sem violar sua segurança e bem-estar.

Desta maneira o organismo pôde criar-se a si mesmo, se autorealizar.

É assim como aprendemos da cultura.

O debate entre o inato e o adquirido não tem uma resposta, porque ambas atuam numa complexa interação…

que requer amor e respeito.

Por tanto, a criatividade é a maneira como o organismo se expressa, expressa algo que tem construido através do respeito a suas próprias necessidades.

Com os conhecimentos bases, tentar ver em que momento se encontra, que é o que necessita, o que ele quer, o que será que lhe dará mais impulso.

Porque lá no fundo é a criança que vai dar os passos, na realidade ninguém aprende de forma forçada, não é aprendizagem o que se produz quando é forçado.

A infância é o mais belo, ou seja que é a alegria.

E neste sentido eu creio que qualquer educação é boa se cuida da alegria e da vontade de viver da criança.

- Então pessoal, semana que vem é a prova final.

Leram o livro? Era curto, era curto -Eu não o li professora, o ano já está terminando.

Chega, para que me serve tudo isso? eu quero ser bailarina.

Não me serve de nada tudo isso.

-Não claro, não…se as bailarinas não estudam.

-Para mim sim vai servir, eu vou estudar marketing então vai me servir.

-Ah, para mim também não vai servir de nada, profe por qué temos que aguentar anos estudando coisas que depois não nos servem para nada? -Não, claro.

Para nada, para nada -É como a carta que escrevi.

- Ai, outra vez com o assunto da carta.

Pessoal, chega.

-Me interessa o assunto da carta.

O que isso, shh, hey, hey, ora, ora. (Gritos, Discussão) E você, e você, e aí bebê, ei falo com você.

Vocês dois são uns ingratos, porque os professores se esforçam pra que lhes fique alguma coisa, e para vocês dá na mesma.

Ei, Ei, chega.

Mariela basta, me escuta uma coisa.

Vamos ver, shh.

Calem-se Então Martín, me explica o assunto da carta.

Você também Micaela.

Falavam em nome de todos seus colegas, o terrível que era.

- Eu também concordo professora, mas como disse -(barulho) -Professora.- O que você quer Jõao? -Posso sair um minuto, por favor? -Não, faltam dez minutos, senta, continuemos.

- Por favor.

- Viu como somos diferentes, este não se importa com nada, é uma ameba.

- (Risos) “Sente tua alma, escuta teu coração!” Por qué é necessário que as crianças estejam agrupados por idades? Porque há algo implícito por trás disto, o implícito é que as crianças da mesma idade tem as mesmas afinidades, tem as mesmas capacidades, tem…

são iguais.

Claro, se você coloca uma criança pequena num ambiente para fazer que ela acredite que é igual aos demais, e todos os esforços estão em que ele veja que é igual, a criança vai se sentir igual e vai tender a se comportar igual a se homogeneizar.

"Esta criança fala demais, teria que ser mais silencioso; esta criança fala pouco, teria que ser mais expressivo; esta criança brinca pouco, teria que brincar mais; esta criança se mexe demais, teria que ficar mais quieto.

Faça o que ele faça parece que está mal.

que tem que terminar sendo, a criança protótipo que faz exatamente a metade de tudo.

Somos iguais como indivíduos em tanto biológicamente somos uma espécie, mas social e culturalmente somos diferentes, e isso a escola não tem podido entende-lo.

Têm ritmos de aprendizagem diferentes, têm interesses e motivações diferentes, têm maneiras de se relacionar diferentes.

Gardner, já faz alguns anos, definiu que uma pessoa no tem só uma inteligência linguística, verbal ou lógico-matemática, senão que tem inteligências muito diversas, entre elas tudo o que faz referência ao emocional.

A diversidade, de alguma forma, expressamente está nos dizendo que todos somos originais.

Somos originais como individuos e somos originais como cultura e como sociedade.

E valorizar isto em cada um, e que cada criança sinta que as diferenças que tem com os demais, são o que justamente faz mais rica a vida.

Como conseguimos que se valorize esta diversidade, se nem sequer a entendemos como adultos? Que tenhamos igualdade de direitos não necesessariamente implica que devamos fazer o mesmo? Hoje em dia muitas crianças com interesses e comportamentos diferentes ao esperado são diagnosticadas com condições psiquiatricas.

Quem nos assegura que não estamos confundindo a diversidade nas crianças com doenças? É uma autêntica epidemia, uma moda, em algumas zonas há 10% de crianças nas escolas tomando psicofármacos para sua suposta hiperatividade.

A hiperatividade não está demonstrada que neurologicamente exista nem que seja sequer uma doença porque você cumpre uns critérios de diagnostico, então alguém decide que você é hiperativo, que você é um superdotado, que você está dentro do limite da normalidade aceitada para considerá-lo inteligente.

Um de dois, ou as crianças agora são muito mais hiperativos que antes, coisa que me custa a crer, mas que se for assim, teríamos que nos perguntar qual é a causa desse problema.

e que temos feito para que as crianças estejam assim.

Ou bem as crianças são igual que antes.

e então, Que temos feito que já não os aguentamos? - Profe, posso ir buscar giz? - Disse que não - Profe, posso ir ao banheiro? - Espera ao recreio, não Quando rotulamos a uma criança de hiperativa, todo o entorno se posiciona com a criança, tentando freiar, tentando acalmar, tentando tranquilizar, com isso o único que você faz é por nervosa à criança.

Portanto você se dá conta que realmente quando nos rotulam nos classificam e nos cortam realmente as asas, de ser pessoas e de explorar o nosso máximo potencial.

[01:11:26 ##film##]

Tradicionalmente, o teste de coeficiente intelectual é utilizado para medir a inteligência de forma linear.

Da mesma forma, os exames medem o rendimento em algumas condicões.

Mas estas formas de avaliar não contemplam dezenas de variáveis que influem tanto ou mais no desenvolvimento e são vitais para a educação.

O ser humano é um todo, e requer uma visão global, uma educação integral, holística.

A inteligência holística levanta que é possível desenvolver um tipo de inteligência unificadora, porque o holismo não é outra coisa que a visão do todo.

Ter um equilíbrio entre o que nós chamamos: cabeça, coração e mãos, para nós isso é poder desenvolver um ser humano equilibrado, digamos.

E por último seguimos na educação com o mesmo, fragmentando os espaços. Aqui ensinamos ciências, aqui ensinamos sociais, então isso não é educação integral.

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Imaginemos que os pais de Maria querem que tenha uma educação integral, então a enviam a um colégio trilíngue, onde tem todo tipo de esportes, mais de 10 disciplinas acadêmicas, sala de informática, laboratório.

Realizam visitas de estudo todos os meses.

Oficinas de xadrez, teatro, artes plásticas, música, dança, patinagem, horta, karaté, yoga e meditação.

Tanto dentro como fora da escola, a educação integral não tem relação com a quantidade de recursos ou materiais, mas com um enfoque global.

Porque funciona também com áreas integradas, não segmentadas como na educação tradicional onde só pensam em espanhol ou só pensam em matemática.

Então, a matemática é história, e é linguagem e é geografia ao mesmo tempo.

[01:13:17 ##film##]

É uma educação cósmica, explica Montessori, em que tudo se relaciona com tudo.

Então se tudo tem relação com tudo, eu posso estar fazendo uma coisa e aprendo disso, e aprendo disso, e o tempo todo estou aprendendo.

E então o que tínhamos que fazer, era permitir que as crianças tivessem contacto com experiências diferentes.

A Escola tem de ser uma base de experimentação, uma base de abertura de possibilidades totais.

Experiências científicas, artísticas, humanísticas, de diferentes tipos, e ver se isto lhes despertava algo.

Portanto, não há um percurso único, não há um caminho único, como não há uma criança igual a outra.

Se queremos que as crianças sejam criativas, temos, por um lado, que permitir que elas criem, deixar que tenham actividades em que possam atuar de forma espontânea.

Neste caminho pessoal de criação e expressão, a arte desempenha um papel fundamental, já que é a maneira que temos de manifestar a nossa criatividade e personalidade.

A partir daqui, é imperativo que o nosso conceito de arte seja o mais aberto e menos regulamentado possível.

Então, as artes estão postas aí na lógica de construção de comunidade de sentido; não em termos daquilo que hoje chamaríamos as indústrias culturais, que é a derivação das belas artes.

Então, ali estamos parados nós nas artes populares Criamos com a pintura, a música, mas também a dança, o teatro, o desenho, a construção, a história, a escultura, a literatura, o humor, o jogo, tudo o que surja espontaneamente da criança é criação..

[01:15:38 ##film##]

O interior de cada pessoa se revela através da arte.

Não se usa a arte como ferramenta ou intrumento de aprendizagem, a arte é em si mesma já bastante válida para ser utilizada como ferramenta de aprendizagem.

Neste sentido, a arte é um direito. Se você não acede à arte, não acede a uma formação integral.

Acho que a emoção é a base que movimenta a vida, as emoções nos direcionam, Antes de tomar uma decisão, eu sinto.

Não temos que fazer uma escola "educação emocional" específica.

Mas temos que ter em conta que o indivíduo é um ser emocional E que essas emoçoes são complexas.

Se quando dirigimos as relações, os contextos de aprendizagem, já temos em conta a emoção que isso gera, já vamos desenvolver a emoção.

Não existe ser humano que possa viver indiferente ou abandonado. Precisamos de amor, de carinho, de aceitação dos seres humanos.

Apenas haverá um adulto equilibrado e emocionalmente estável e saudável, quando tenha sido tratado com muito amor de criança e quando tiverem tido muita paciência e muito carinho; e aí sinta que tiveram carinho por ele e paciência com ele.

Um dos fatores primordiais aqui é a atenção.

A escuta, o entendimento E mais que uma atenção verbal, uma atenção física, de apoio, de contenção.

Não somente que eles se sintam amados, reconhecidos, mas também que eles aprendam a expressar suas emoções.

Ao saber que as suas emoções são respeitadas, não têm nenhum problema em expressá-las.

Falo dessas questões muitas vezes com os alunos, - você pode não ter trabalho, o ambiente à tua volta pode não ser o mais favorável, mas se você sabe lidar com suas emoções, com certeza está mais a vontade, não? Como seres humanos, como seres é fundamental que desde pequenos Possam conectar-se com eles, com o que sentem, possam reconhecer o que é que sentem.

Conhecer essas virtudes que tem.

Tem que conhecer que é o que vai pôr a disposição da humanidade.

Possam desenvolver esse autoconhecimento, em vez de estar o tempo todo a olhar para fora, como se desde fora encontrássemos a solução de todos nossos problemas, é o aprender a olhar o nosso interior.

Aprender a conhecer todas as ferramentas, as que temos para basicamente, definir o próprio destino.

Para que cada um aprenda a ser artífice do seu próprio destino, o que cada um decide.

- Martin, Martin. Não queremos que saias da escola nestas condições.

- Eu também não quero ir embora da escola nestes “termos”. Mas vamos ler o discurso de qualquer forma.

- Querido, daqui a pouco tempo você vai estar lá fora, vai ter que escolher uma profissão, tomar decisões, ser responsável. Você não pode continuar brincando como um bebê!

- Está bem, está bem… Perfeito.

- E quando vocês me ensinaram a escolher?

"…a Educação sem liberdade, dá como resultado uma vida que não pode ser vivida plenamente."
Alexander S. Neill

A vida está cheia de opções, e há que aprender a fazer escolhas. Por isso, a organização de todo o material educativo faz com que as crianças possam tomar decisões.

Um ambiente que respeite as suas necessidades, onde possa se mover, onde tenha uma variedade de materiais, que possa descobrir, que possa tocar, que possa seguir seus próprios impulsos, sem ninguém que pretenda lhe ensinar.

Onde os alunos podem escolher as disciplinas que não querem fazer, as que querem fazer, onde podem propor atividades autogerenciadas por eles.

Uma escola aberta, uma escola onde os estudantes não tinha que dar satisfação a ninguém, onde cada quem podia ser si mesmo.

Então, quem quiser entra aqui, quem quiser entra ali. Então, crianças com idades diferentes escolhem seus próprios interesses A liberdade de aprender o que querem aprender, de aprender a seu tempo, e não aprender o que não querem aprender.

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Escolher o que fazer, vai lhe ajudar a se dar conta o que mais necessita escolher.

De alguma maneira, os projetos lhe permitem experimentar muitas opções, e, de repente, têm no final do seu processo, uma ideia mais clara de si mesmo.

A criança vai encontrando caminhos para sua vida futura e tem a certeza de que, Ele seja sapateiro ou seja médico, vai se dar bem; se ela o faz com todo o amor, e com toda a arte e toda a entrega possível, Está me entendendo? A gente não pôde aprender a liberdade em teoria, e quando saem da escola em seguida ser livres.

As crianças tem que ser livres na escola.

Se a gente não pode decidir o que quer experimentar, o que quer viver, está muito limitado na hora de aprender.

Somente quando você tem uma autonomia e se sente respeitado na sua autonomia, vai poder saber o que quer.

Basicamente as crianças que não conseguem estes níveis de independência, que se convertem em crianças dependentes de outras pessoas, nunca vão fazer o que eles querem, sempre vão fazer o que outras pessoas querem.

Primeiro você necessita saber, resolver situações por você mesmo. E nesse processo, vai se dar a responsabilidade.

Eu me proponho, eu faço, obtenho e é um ciclo já de “tomada de decisões, de vontade, de manejo da liberdade.”

E depois da responsabilidade, então você pode aspirar a essa liberdade bem entendida.

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Talvez o maior desafio que enfrentamos é nossa tendência a dirigir a atividade da criança.

A única forma que conhecemos de educar é dizer ao outro o que fazer e como fazê-lo, e temos poucas experiências onde decidimos por conta própria.

Me deparo muitas vezes em aulas nas quais lhes pergunto o que querem fazer, e não sabem o que fazer.

Estão muito acostumados a uma diretividade na aula, a “vamos fazer isto, vamos fazer o outro”.

Porque o docente em geral, está acostumado a ser quem dirige tudo. Porém, dessa forma damos uma participação ativa à criança.

Um docente que já não está lecionando aulas, senão que está passando pelos grupos orientando, facilitando.

Ele os escuta, e lhes dá espaço para se desenvolver.

O professor faz as propostas, não impõe, mas propõe.

Não é que você tenha a autoridade e ele não a tenha. Se trata de semear no aluno a ideia de que ele tem que ser a autoridade na sua própria vida.

- Apostas encerradas…! - Um 3, Vitória.

Nós achamos que as notas, são totalmente subjetivas e imperfeitas. Primeiro porque não há um docente que avalie igual a outro. Diante de cada trabalho é a criança que teria que avaliar como se sente com esse trabalho, se está satisfeita, se acha que poderia ter feito melhor.

A criança também controla seu processo de aprendizado, leva seu controle de progresso, ele sabe a onde está, em que unidade em que guia, em que parte de esse processo.

Ela sabe seu caminho, ela sabe e ele é quem vai se dando conta de como vai ela nesse caminho.

Elas decidem, elas escolhem a qual idade passar, elas escolhem quando estão prontos.

Não há um exame de saída aqui, senão que eles observam quando já tem completado.

No informe pedagógico tudo o que tem que ter completado, dizem vou sair Algumas experiências nos falam de informes pedagógicos compartilhados que se centram nos processos, outras trabalham desde a autoavaliação e o constante intercâmbio entre educadores, educandos e família.

Esta perspectiva, muda totalmente nossa maneira de entender a avaliação.

Se realmente nos interessa aprender respeitando o ritmo e motivação próprios, é importante questionar a necessidade dos exámes e as qualificações.

Não há qualificações para ver quem é melhor e pior, simplesmente há um acompanhamento no desenvolvimento da criança.

Você observa a questão emocional, a maturidade, sua socialização, seu nível de independência…

E isso se materializa no que falamos deles nas nossas reuniões de equipe. E também quando compartilhamos a equipe e as famílias nas reuniões individuais com as famílias, mas não há uma avaliação das aprendizagens, do comportamento, da conduta, disso não há uma valorização, digamos. Há um acompanhamento.

A escola se transforma num espaço aberto, uma escola de portas abertas às experiências, costumes, à comunidade. Os conflitos e situações do espaço comunitário são parte da escola, e esta passa a ser um centro educativo, onde todos podemos aprender com todos.

Desta forma, não existem idades ou barreiras que nos separam, só experiências que nos integram.

A escola não deveria ter nem sequer muros, o meu sonho é que fosse toda uma cidade. Ou seja, a cidade das crianças, na qual toda a cidade se converte em ambientes de aprendizagem lúdicos.

Bem, o primeiro é que você entra, e sente um ambiente harmônico, sim, harmônicos e muito tranquilo.

Uns fazendo umas coisas, outros olhando pelo telescópio, outros lendo alí um livro, outros fazendo aqui uma experiência.

Grupinhos, grupinhos, trabalhando mas com um objetivo muito claro e sabendo para onde eles vão.

As escolas rurais ou escolas unitárias em geral se vêem obrigadas a trabalhar com crianças de diferentes idades em conjunto.

Geralmente se afirma que esta é uma desvantagem, mas, pelo contrário, a aprendizagem se potencializa em experiências, vínculos e valores humanos, tanto para as crianças quanto para o docente.

Geralmente acontece que estas escolas, afastadas e marginais, tem uma formação integral, difícil de encontrar nas escolas urbanas que insistem em separar as crianças por idades.

Essa temporalidade da escola, também, fez com que tenhamos na escola aos alunos separados por gerações.

Então, aqui estão as criancinhas de 6 anos, de 7, de 18, etc.

Não é mesmo? Quando o ser humano, ao longo de toda a sua história tem vivido em relação intergeracional, onde o pequeno compartilhou com o avô, o avô com o pai, uma mistura total.

E aí a criança tem aprendido, e tem aprendido muito bem… Não estavam em caminhos diferentes.

Digamos que estavam todos juntos. Então, todos subiam a montanha juntos, todos trabalhavamos juntos, todos faziamos projetos juntos. Crianças de diferentes idades, todos numa mesma escola unitária, digamos assim.

As diferentes idades também criam as possibilidades para que suceda a ética, sucede através das experiências do dia a dia.

É algo vivo.

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Existem escolas com aulas integradas, juntando crianças a cada 3 anos, outras aonde existem crianças que tem até 6 anos de diferença, e em algumas vemos adolescentes compartilhando o espaço com pequenos que recém começam.

Também existem muitas escolas que mantém o modelo graduado, porém as crianças podem mudar de grupos, de acordo com as suas necessidades e processos.

De modo geral, coincidem na idade, porém como existem crianças que pela maturidade estão trabalhando conectados com outros temas, numa dessas eles trabalham em algumas matérias com alguns grupos menores e com alguns grupos maiores.

A criança que não pode avançar numa matéria, que avance em outra.

Que não tenha interrupções, é como um curso d'água, que encontra uma pedra e não fica esperando, busca por onde passar, e senão, cresce e passa por cima.

E isso permite que a criança que é forte numa área, seja quem possa mostrar aos outros, e ajudar aos outros nessa área.

E, ao mesmo tempo, ela pode nutrir-se de quem é forte em outra área.

Todos podemos ser o estímulo próximo, mas no momento que tenha que ser.

Então, existem muitas crianças, de diferentes idades que podem passar ao ser este estímulo próximo para a aprendizagem da criança, e não necessáriamente um grupo ou alguém específicamente.

E é muito linda essa conexão que tem entre eles, porque os maiores cuidam aos menorizinhos, quando saem para brincar os ajudam a mudar de roupa, a colocar os tênis ou o agasalho.

É, melhor dizendo, aprender a viver juntos, aprender a…

sim, trabalhar em equipe.

Qual é objetivo da educação? Aprender? Aprender o quê? Conhecimentos? Ou ir desenvolvendo umas capacidades humanas? que somente se desenvolvem a partir da relação com o outro, a partir do tempo, a partir do processo, a partir do fazer, a partir de se comunicar, a partir de se ver e se reconhecer, a partir do amor.

(Vozes falando) (Vozes falando) - O que estão fazendo?- - Nada Sebastián.

Sai.

- Nada? Estão escrevendo alguma coisa.

- Não se meta.

- Bem, quero saber.

- Você está pisando.

Está pisando! (Gritos) - O que está acontecendo, o que está acontecendo? - Não está acontecendo nada.

- Como nada? - Cristina, por favor, leva eles.

- Sebastián! Você fica aqui, vocês também.

O que vocês pensam que é a escola? - Posso dizer algo? - Não.

agora não Micaela.

Isto é um caos.

- Do que está rindo? - Desses cartazes.

- O que é isto? - São uns cartazes que queremos colar nas paredes, já que não nos deixam ler o discurso.

- De maneira nenhuma.

Isto assim não! Vocês acham que podem fazer qualquer coisa? Que podem pendurar qualquer coisa? Não pessoal, na escola existem regras.

O mundo é um caos, nossas vidas são um caos.

Por isso temos que lhes dar um pouco de paz, tranquilidade, segurança.

A escola quer lhes dar um pouco de ordem, entendem? Ordem!

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“Toda vivência humana acontece em conversas e é nesse espaço que se cria a realidade em que vivemos.”
Humberto Maturana

Há sempre um temor de que a liberdade e a falta de um sentido autoritário, mas que autoridade, gere indisciplina, ou desordem.

O que ocorre é que as escolas têm tomado a disciplina como “comportar-se como eu quero que se comportem” na realidade a disciplina é a aprendizagem da conduta.

Quer dizer que uma pessoa disciplinada, é uma pessoa que aprende, que aprendeu a conduzir sua conduta, mas não exteriormente, senão que a gente aprende a conduzir sua conduta.

Podemos distinguir 3 tipos de disciplina Uma disciplina autoritária, normalmente com regras estabelecidas por uma autoridade que controla.

Uma disciplina funcional, onde as regras derivam de experiências reais, são modificadas e estabelecidas em grupo.

Este tipo de disciplina é naturalmente estabelecida pela comunidade, já que reponde à escolha de todos.

E finalmente uma autodisciplina, onde cada pessoa é consciente de que constrói sua própria conduta.

Eles vão aprendendo o respeito de uma maneira viva e fácil.

Fato que, si estão todos sentados em cadeiras, fazendo o que o adulto manda, ai não tem aprendizagem de limites nem de respeito com o outro, simplesmente tem obediência.

Basicamente se você ensina às crianças que limite é respeitar os outros, deixar trabalhar, permitir trabalhar, Eles entedem perfeitamente que um comportamento que impeça o trabalho deve ser “Isto você não podefazer”.

Quer dizer, não tem que explicar nada em matéria de convivência.

Você não pode trabalhar seo grupo do lado está fazendo barulho demais e viceversa.

E a questão está em que a criança começe a se fazer responsável das consequências que ele mesmo produz.

Aquele ser que pode dominar-se, que pode pensar, que pode refletir, realmente não, não necesita de um limite externo para poder conseguir o que ele quer.

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Não podemos pretender que um jovem possa tomar decisões conscientes sobre sua vida, seu entorno ou seu pais, se sempre decidimos por ele como deve ir vestido à escola, que deve aprender o que fazer em sua vida…

Estes jóvens terão que tomar decisões numa sociedade onde as regras vão transformando-se segundo as novas necessidades, opiniões e formas de entender a realidade.

Da mesma forma poderia suceder na escola, onde as regras seriam funcionais ao aprendizado, necessidades e opiniões das crianças.

Para lograr isto, é fundamental repensar-mos as estruturas de poder da escola.

Que não deve haver estrutura de poder, que tem que haver uma autoridade funcional, administrativa, funcional, organizadora,mas não de poder.

Quando você se atreve a questionar essa autoridade que vem de fato, você pode se converter num melhor diretor do processo.

As vezes pedimos sua opinião e em definitiva cabe se perguntar se vamos levar em conta essa opinião ou não.

Eu diria ver juntos.

Temos uma questão e dizemos “Bom, vamos vê-la juntos”, “E qual é a tua ideia?”, “Não, vamos ver juntos não abordemos isto com minha ideia e tua ideia.” Na natureza o que existe é a cooperação.

Os organismos que cooperam com os outros são os que mais sobrevivem.

Os organismos que acreditam que podem viver independentemente não sobrevivem.

Então algo muito importante é como começamos a construir melhores cidadãos desde a escola.

O conceito de participação, se não se aprende desde a aula, já depois é muito tarde.

Porque são eles mesmos os que, através das conversações ou os diálogos que vão se gerando no coletivo, conseguem evidenciar que é o mínimo que necessitam para poder conviver nesse espaço comunitário.

O coordenador seria quem coordena que o currículo se cumpra, mas todas essas coisas pequeninhas de dentro desse currículo as escolhimos entre todos.

As crianças tem que aprender a trabalhar em grupo, a escutar o outro, a aceitar ideias distintas, mesmo quando não concordem e não usar a força, a poder resolver conflitos, a tomar decisões em grupo, a procurar entendimento…

Eu sinto que as crianças quando estão seguras e se sentem respeitadas, estão num espaço em armonia, em equilíbrio, elas de modo geral não buscam romper o limite, sobre tudo quando tem sido e tem surgido desde eles mesmos como comunidade.

Por exemplo, se há um prolema, assembleia.

Na assembleia se discute o que acontece, então já não se discute se está contra o regulamento, o que está bem, o que está mal.

Se discute a ação, se discute a sustentabilidade, se discute a inter-relação.

Além disso há momentos durante o dia em que há reuniões, há assembleias, como quiserem chamá-las, em que se tomam uma série de decisões coletivamente.

Em que as crianças, Que têm a maturidade necessária para isso, e o desejo de participar nelas, participam.

E na assembleia os facilitadores não temos voto, as crianças têm voz e voto, nós só temos voz.

Então participamos na assembleia, mas os que decidem são eles.

Algumas experiências conformam governos estudantis com estruturas muito complexas, outros tem assembleias semanais desde o ensino fundamental, e até espaços de reflexão que atendem as necessidades e conflitos que surjam.

Todas as crianças tomam decisões sobre sua realidade, as regras, a forma de se vestir.

as funções que entre eles se atribuem, propostas educativas, projetos curriculares, E, em alguns casos até decidem \ nquem conformará a equipe de professores…

É perder o medo, se atrever a equilibrar um pouco mais a balança e confiar em que as crianças e os adolescentes têm muito o que dizer.

Tudo se dá num certo caos, mas esse caos, é um caos construtivo onde reina, diriamos, um bom relacionamento entre as pessoas.

Trabalhamos em roda, sentados em almofadas, ou com tapetes no chão.

Um pouco como o sentido que tinha a roda antigamente, de que é um espaço no qual tomos somos iguais, todos estamos à mesma distância, todos podemos ver-nos.

Pois aqui as crianças, estão dialogando sobre cada objetivo de aprendizado, refletindo sozinhas, em pares e em grupo.

Aprendem a ajudar-se, aprendem a cuidar-se, como uma forma de vida.

Então, há uma briga entre duas crianças: “Ok, aconteceu isto com ele, E qual foi tua parte aí?” É como reconhecer que a gente também tem a ver numa relação.

Mediar para que entre eles possam fazer esse trabalho e cada um se fazer responsável pela sua parte no conflito.

Compreender que o outro, tanto como eu, acha que está certo.

E a partir daí, como podemos nos entender.

Vai ser uma pessoa que propicia a conversação, a troca e o afeto com o outro por construir um vínculo que sirva para a vida toda, a ambos.

Grande parte destas experiências, seja dentro ou fora das escolas, se vêem obrigadas a funcionar à margem do sistema sendo negadas e excluídas.

Em alguns casos, as crianças podem realizar exames livres para justificar a sua aprendizagem, e em outros não se lhes permite obter uma validação dos seus conhecimentos.

É realmente necessário que um papel nos diga o que sabemos? Por acaso um diploma prova que terminamos a nossa educação com sucesso? Por acaso existe alguma educação que termine ou que tenha êxito?.

Isso não tem a ver com aprender que dois mais dois é quatro, tem a ver com poder descobrir a sua vocação, a sua missão na vida.

Quando você tem isso claro, pode fechar os olhos, respirar fundo e sabe por onde ir.

A educação nunca termina, porque a essência da nova educação é a auto-educação.

E o processo final é que o próprio aluno se converta num professor.

E ele aprende do seu próprio interior, aprende.

E também aprende do exterior, forma-se um fluxo no qual a educação se converte num entrar e sair de dentro.

O aluno não é só alguém que recebe, mas se converte numa fonte.

Então, aquela ideia que nos venderam na escola, de que “estude para que tenha algo e seja alguém na vida”.

A ideia de “estude para que suba na vida”.

A idéia da educação como única via de ascensão sócio-econômico não é tão certa.

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Há poucas décadas, surgiu uma corrente crítica contra a escolaridade.

Educadores, pedagogos, sociólogos reivindicavam a educação fora das instituições, no âmbito familiar e social.

e com o passar do tempo começaram a se pensar formas de auto-educação, redes de formação autodidata, e educação entre pares.

Tratamos de que aprendam na vida cotidiana, viajam conosco, vão a diversas atividades conosco.

Dessas que se chamam trabalho, onde muitas vezes estão excluídos os meninos e as meninas.

Umas ganâncias que são bastante potentes, em termos de auto-descobrimento, de reconquista da autonomia, de segurança pessoal.

Eu o vejo mais seguro do que quer, que explora muito mais, que estuda porque gosta de aprender.

E consideramos que o tipo de educação sem escola que nós fazemos, é um tipo de educação que poderíamos denominar de auto-aprendizagem colaborativa, ou de aprendizagem auto-dirigida, ou de aprendizagem livre.

Desde já, há tantas formas de educação em casa ou de educação sem escola com famílias que a praticam.

Desde experiências realizadas por educadores e acadêmicos, até famílias com crenças religiosas e povos com culturas marginais.

Estas experiências enriquecem a diversidade educativa e as formas de entender a aprendizagem Mas para isso é necessário que todas elas possam existir, sejam livres Eu acredito que não há que obrigar, a liberdade não pode se obrigar, mas sim podem se abrir espaços para ela de tal forma que sejam legítimos.

E se a metade de uma nação quer a educação estadual, então que possam té-la, mas se a outra metade quer, não sei, 30 pedagogias diferentes, que assim seja.

Um novo paradigma educativo deveria ser cenários onde cada um pudesse experimentar e descobrir as coisas das que gosta e logo desenvolvê-las.

Dai minha proposta, que o que temos que fazer é desescolarizar a escola, quer dizer: tirar da escola, tudo o que tem de escolar, isto significa que temos que tirar da escola tudo o que impede que os estudantes aprendam.

Não necessariamente tem que estar nas escolas, isto poderia estar em clubes, em conselhos comunitários, organizações dos báirros, nas praças.

Quer dizer, são ilimitados os locais onde podemos chegar a pôr isto em funcionamento.

- São adolescentes, por favor.

Não há que dar mais crédito para isto.

Eu aos 18 também queria mudar o mundo, mas não é possível…

- Não, não, não.

Não me parece que seja tão assim.

Me parece que a crítica do pessoal está bem.

É uma crítica ao sistema educativo não assumamos isto como algo pessoal, por favor.

- Eu tenho que tomar uma determinação Deixamos eles ler o discurso ou não? - Olha Alicia, eu te digo uma coisa, se você deixar, vai perder autoridade.

Não podem fazer o que querem, não podem.

- Igualmente com o tempo eles esquecem.

Depois eu falo com eles e lhes explico porque não podem lê-lo.

- Não, não é assim.

A questão não é se deixamos ler o texto ou não.

Me parece que temos que pensar se estamos dando ou não importância ao que dizem.

É profundo o que estão dizendo, não é qualquer coisa.

- Olha, eu concordo totalmente com você.

Porque todos lemos() este trabalho, e aqui, o que eles pedem é que exista uma mudança na educação, um crescimento.

Me parece, que se temos a capacidade de reverter estes nossos posicionamentos cotidianos de todos os dias.

Então eles vão nos levar mais a sério.

E eu creio que isto é uma oportunidade.

Que se nos dá na palma da mão.

Se não a podemos ver, talvez seja porque os estamos subestimando um pouco.

A pergunta seria: Estamos dispostos a aproveitar essa oportunidade? Estamos preparados para essa mudança? "Pouco a pouco foram se despojando da falsa roupagem com as quais a escola normal as havia vestido; adoçaram a sua voz e seu olhar e se sentaram entre as crianças para conversar com eles e para escutá-los conversar." Já não vai o grande professor dar a grande aula magna.

Está simplesmente acompanhando um processo de aprendizagem com um grupo de pessoas que não sabem mais ou menos que ele.

O professor deve entender que é uma guia, deve entender que vai semeando, que vai guiando, que vai colocando oportunidades e desculpas para que a criança explore, trabalhe e se sinta motivada e interessada.

Portanto, no meu modo de ver, o termo educação é confuso, e parte de uma posição arrogante.

Por exemplo, educação vem de educere, “educere” significa tirar/sacar.

Se eu sou professor, quero que a criança tire algo, tire o melhor de si mesma, Mas isso também é arrogante, pois eu…

é um pouco violento que você tire o melhor de si, que eu te faça tirar o melhor de ti com minha educação.

Eu proponho cuidar no lugar de educar.

De cuidar há somente uma maneira, ou você cuida ou descuida.

Para educar há muitas maneiras, mas de cuidar não.

Uma capacidade de aceitar o fluir da vida, porque isto é a vida, não é outra coisa e não ter a intenção de ensinar a todo momento…

Um bom caminho é abandonar a pequena onipotência que muitas vezes têm os professores de crer que levam algo algo que ensinar a seus alunos.

É necessário fazer um grande trabalho de humildade, e de observação.

para poder perceber cada criança no seu processo e cuidar-se para não ser um obstáculo para ele.

A chave não está nos materiais, nos recursos, nas metodologias, nos conteúdos, ou nos currículos e planejamentos.

Senão na forma, na relação Nas pessoas e na sua forma de ver a educação, sua maneira de entender a vida, a infância e a aprendizagem.

Podemos capacitar milhares de docentes, e investir milhões em materiais e novas metodologias, mas o segredo é o olhar de cada ser humano sobre os outros, o que faz e o que é.

Abrir-se a coração puro, esse externo que se tem, e falar com claridade.

Isso é o único que necessitam ascrianças e, a partir daí, é a comunicação…

Tudo que eles vêem de você através da verdade, eles o escutam.

Um docente que não muda sua atitude, que não crê no que vai fazer, é muito difícil que tenha resultados.

O princípio básico de toda mudança é questionar o que creio, e isto nos dá medo.

Quer dizer, não posso mudar mantendo o que creio e, portanto, em certo sentido, ou de um modo simbólico, tenho que morrer, minha visão da vida tem que morrer para se fazer melhor.

A aprendizagem é uma contínua transformação, e dificilmente poderemos acompanhar e colaborar na aprendizagem alheia se não aprendermos por conta própria, se não enfrentarmos a mudança interna, a nossa história pessoal, ao que nos condiciona.

E a filosofia logosófica se baseia nisso, que é algo muito natural, Não pode se dar o que não se sente, ou seja, tudo que se queira ensinar tem que possuir o aval da própria experiência, o aval da própria vida.

Os que estão ensinando vêm de uma educação repressiva.

Portanto, os professores que ensinam não sabem como administrar suas próprias emoções, portanto, não podem ensiná-las.

A chave está em que cada geração tem uma responsabilidade, para mim, uma responsabilidade essencial que é ser exemplo do que faz em sua vida, ser exemplo de uma vida o mais integral possível.

É como que os educadores quando estudam vão se convencendo de que a educação é assim, então, têm menos capacidade de questionar a educação, mas não são felizes, mas não passam bem, mas não desfrutam de seu trabalho.

E é muito importante começar a olhar o que estou sentindo eu quando estou educando.

Estou me sentindo em paz, ou estou me sentindo em conflito? A mudança nos professores, então, na mesma linha que os pais, exatamente é descobrir seu próprio ser, seu próprio potencial, em se descorbrir além das crenças e da educação que tenham recebido.

Portanto, isso exige um trabalho interior muito grande, tremendamente grande.

Mas, sobretudo, é um caminho de autoconhecimento, um professor para ser prodessor tem que estar em contínuo processo de auto-desenvolvimento.

Um trabalho muito profundo de sensibilidade, de consciência, de harmonia, de alegria, para se atrever a chamar de professor.

Porque se o docente continua temendo o amanhã se o docente continua duvidando de suas capacidades, não vai poder orientar à criança.

Se você não é realmente feliz na educação, você não está educando.

Então o docente também tem que amar, tudo o que tem vivido até agora, para precisamente dar a volta e transformá-lo.

Quando você esteve realmente conectado com as crianças, você sai das aulas como rejuvenescido.

longe de ir embora cansado, você vai com um monte de energia.

Muita gente que queira ser professor porque tem vontade de brincar, que queira ser professor porque tem vontade de abraçar, que queira ser professor porque tem vontade de aprender das crianças.

Eu penso que realmente ser professor é um privilégio nesta vida, porque é como entrar na frágua todos os dias, você sai transformado…

Você tem que estar muito, muito cego para não aproveitar essa oportunidade de crescimento que você tem, porque é o contato com a vida mesma, é como estar na natureza no seu estado mais puro.

Como pode um professor transmitir felicidade e realização pessoal se o próprio sistema o considera um número? O que a escola faz com as crianças, também o faz com os professores, através dos seus prémios e castigos, pontuações, limitações, sua burocracia.

Agora quando nós dizíamos que as crianças cresçam em liberdade, também os professores deviam estar em liberdade.

O docente tem um papel que tem que recuperar.

Não porque o estado o concede, senão porque ele o toma.

De fato, isso implica, por exemplo, que nesta escola não existe um diretor.

Existe uma direção colegiada, os professores temos que pôr-nos de acordo.

Não há ninguém a quem culpar.

se uma reunião não é tão frutífera, é responsabilidade de todos, porque não há um chefe, um diretor, alguém que defina.

De fato, todos os dias ao final do trabalho nos reunimos e compartilhamos mais ou menos uma hora e meia, duas horas, nas que conversamos sobre os temas do dia.

Eu não sei se poderia sustentar esta experiência se não houvesse esse trabalho por detrás, Ne? Não só esta reunião nossa das manhãs, senão que depois todos os dias no almoço também nos reunimos para falar das crianças, fazer uma avaliação geral do dia e de cada um dos grupos, ou tratar algum tema se houve uma situação particular que atender.

A tarefa da educação é tão complexa, que sozinhos não podemos fazê-la, este é um trabalho em equipe.

Uma educação verdadeiramente democrática confia em que as crianças decidam sobre sua aprendizagem, em que os pais sejam livres de decidir e participar na educação de seus filhos e em que os professores escolham que caminho desejam tomar em cada aula, em cada escola.

Somente dessa maneira, nos asseguramos de que a educação responda diretamente às necessidades de cada pessoa, família e comunidade.

Desta maneira não há uma receita perfeita, um método para todos, senão tantas propostas como experiências livres e autônomas existam.

A mim como professor, muita gente me pergunta, amigos, amigas, Qual é a melhor escola? Qual é o melhor modelo? E eu simplesmente lhes digo: “Olha, onde tem amor, tem respeito, e onde tem respeito existe a possibilidade de criar porque existe diálogo” Então uma situação onde se possa realmente amar ao outro, e amar quer dizer aceitá-lo na sua diferença onde existe amor existe respeito.

Muitas destas propostas pedagógicas iniciaram ali, e dali construíram um discurso muito coerente No meu modo de ver, cometeram um erro que é muito comum em nós seres humanos, acharam que tinham encontrado a verdade.

O importante não é inventar outras pedagogias, e outra, e outra, senão adequar a pedagogia ao momento cultural, a esse grupo de crianças, a esse grupo de docentes.

Então vamos desfrutar a pedagogia.

Tem que seguir seus instintos, e não ficar no que vem se fazendo, simplesmente por não romper a inércia.

Que esqueça tudo o que aprendeu, tudo o que lhe tem dito, e todos os conceitos que lhe tem dito e que faça contato com seu coração.

E que cada vez que veja uma criança, lembre quando foi uma criança e lembre que o que mais gostava era de brincar e que o que mais queria era que lhe sorrissem, e que o que mais queria era que lhe fizessem cócegas, e que faça contato com esse humano assim de coração a coração.

Honestamente creio que a educação é questão de pessoas, além das pedagogias…

A pessoa a faz.

- Micaela, tive que sair do trabalho para vir até aqui por semelhante estupidez.

- Não é uma estupidez para mim.

- Não sei para que me chamaram.

- Não sei mãe, uns caras queriam ler uma coisa e não os deixaram.

- Você tem tudo aprovado, né? - Sim mãe.

- Bem.

- Você tem que se formar.

Como você acha que vai entrar na faculdade? - E quem disse para você que eu quero ir à faculdade? - Bom João isto terminou.

Você tem seu futuro garantido…

Então, agora você sai de férias, curte a praia…

"Os ideais não tem lugar na educação porque impedem a compreensão do presente.

Não há dúvidas de que podemos dar atenção ao que é, somente quando deixamos de fujir para o futuro." A família é tudo, é de onde vimos, é o princípio de tudo, o local que nos acolhe.

A família é importantíssima.

A pedagogia sistêmica diz que os protagonistas da educação são os pais, então uma escola que está pouco vinculada com as famílias é uma escola que tende a se fechar em si mesma, em consequência a reproduzir mecanismos de relação e aprendizagem.

que seguramente estão desvinculados da realidade de cada um dos alunos.

Sem o envolvimento dos pais e das famílias em geral, não pode haver projeto.

A família não é culpável dos maus resultados escolares, como diz a escola, a família é a responsável de toda a vida da pessoa que está criando.

é determinante na formação de um ser humano, porque você pode fazer todo o trabalho de sensibilização, de respeito, de reconhecimento do outro, mas se essa criança chega em casa e o pai em quanto o vê, o desconhece, e quando o reconhece é para repreendê-lo, para gritar, para mandá-lo, Que vai ficando na criança? Antigamente as crianças aprendiam em seus lares, trabalhando com seus pais, de seus afazeres cotidianos, do dia a dia.

Tudo o aprendiam de compartilhar com seus pais e a comunidade.

A escola devia acompanhar esse processo.

Mas muitas famílias tem perdido essa confiança em si mesmas, a confiança em que seu próprio instinto pode lhes dizer como criar e educar a uma criança.

Como temos feito milhares de anos.

Parece que os pais pensam que criar um filho é uma atividade profissional, quer dizer, que eu para criar meu próprio filho, deveria estudar, deveria me esforçar, e que, como ao final de contas, provavelmente não acabarei de fazer bem por muito que me esforçe, pois o melhor é que já diretamente deixe a criança com um profissional, com um pedagogo, com um pediatra, com um psicólogo, e não é assim.

Os únicos que podem cuidar bem dos filhos, são os pais.

Quer dizer que as crianças, são uma oportunidade imensa, são um presente, sinceramente são um presente.

E é triste que normalmente no mundo desenvolvido o que frequentemente fazemos é afastá-los.

Os levamos a escola logo em seguida, tem mães e pais que vêem a criança uma hora ao dia.

Mas isto, Como pode ser isto? Ou seja, como podemos esperar algo bonito daí?.

Então, as crianças necessitam estar com seus pais, uma criança estabelece um vínculo afetivo muito forte, com uma pessoa que habitualmente é sua mãe, e passa muito mal quando se separa dessa pessoa.

Passa muito pior quanto menor é e quantas mais horas contínuas está separada dessa pessoa.

Vê que os pais o colocamos ai para que en quanto nós estamos fazendo coisas interessantes, ou estamos trabalhando, eles estejam ai trancados para que não incomodem, e essa é muitas vezes a sensação que eles têm, e não entendem para que aprender tudo aquilo.

Isto, inclusive, as creches, digamos, de categoria não têm feito absolutamente nada bom.

É uma coisa, separar ao filho da mãe tão cedo, isto, Quê, quem, que estudo defende isto? Em fim, não há nada que defenda isto…

Nós devemos estar com nossas famílias, as escolas não tem sentido aí, nós devemos estar com nossos amigos brincando, com nossas turmas, entre aspas, aprendendo a conhecer o mundo.

A pressão social, as extensas jornadas laborais, a necessidade de não nos sentirmos excluídos, nos obriga dia a dia, a tomar decisões sem perguntar-nos realmente se são lógicas ou coerentes para nós, sem pensar como nos sentimos.

Eu acho que as crianças são o reflexo da sociedade que vivemos e se estão bem cuidados, se percebe.

E esta sociedade não cuida as crianças porque também não cuida de si mesma.

Eles são nosso espelho.

[02:03:24 ##film##]

Quando uma criança volta da escola para casa, a pergunta que os pais fazem: Que você fez? E como foi? e que aprendeu? Mas a pergunta que normalmente nunca fazemos é Como você se sentiu hoje na escola? A ideia mais revolucionária que existe é tentar que as pessoas sejam felizes.

Quando uma pessoa é feliz, tem vontade de compartilhar essa felicidade com o outro, tem vontade de compartilhar esse amor com o outro, e tem vontade de ajudar e cooperar com o outro.

Mas para isso, a pessoa tem que estar bem com ela mesma.

Se eu estou lhe dizendo a meu filho: -seja feliz, -seja feliz.

Mas eu estou ressentido porque meus pais me ensinaram isto, meu filho não poderá aprender realmente o que é ser feliz, porque eu não sei o que estarei demonstrando.

Quando uma pessoa está bem com ela mesma? Está bem com ela mesma quando é capaz de pegar seu pai e sua mãe, e dizer: “Sim, este é meu pai e está é a minha mãe a pesar de tudo o que aconteceu eu estou em paz com meu passado.

Eu não estou em luta contra nada, nem quero defender, nem demonstrar nada a ninguém, não tenho que construir nenhum tipo de identidade falsa, sou professor, sou psicólogo, sou tal, não, eu simplesmente sou.” Que tentem lembrar à criança pequena que eles foram, e que lembrem que o que era mais importante para eles era ver nos olhos de seus pais amor incondicional, aceitação total, e que olhem a seus filhos realmente com olhos de curiosidade, com olhos de descobrimento, e que não só descubram à criança, más que também descubram o mundo através dos olhos, das mãos, da criança.

Penso que aí descobrimos a autêntica maternidade e a autêntica paternidade.

Então, eu lhes diria que olhem seus filhos ou se não tem filhos que olhem às crianças, que observem um momento às crianças desde o coração, e com isso é suficiente…

para decidir…

Então, dê para ele o que puder de atenção, brinque, rebole com ele, participe com ele no que mais possa, faça que ele participe na suas tarefas, que aprenda das coisas da casa, mas pela sua vontade e como uma brincadeira.

Por muito bons métodos que tenhamos, a criança necessita antes de tudo amor, proximidade, sentir-se cuidada, protegida, quanto menor, mais protegida.

E depois por si mesmo pode proteger aos demais e cuidar dos demais.

Quer dizer, primeiro tem que se apegar para se desapegar.

Acredito que as mães e os pais, estamos voltando a ser os educadores que fomos em algum momento.

Além de ir e colocar teu filho num lugar onde parece que vão educá-lo.

Estamos dizendo “Vejamos, não, momento, né? isto não aceito.” E acredito que além disso, tem que surgir dai não vai chegar de uma autoridade, isto é algo que você tem que trabalhar simplesmente , em nível pessoal para alcançar.

Nossa história social, cultural e pessoal tem nos trazido a este momento.

Adotamos e criamos uma grande quantidade de objetivos e expectativas, que provavelmente não sejam nossas, mas do mundo que nos rodeia: a melhor escola, a melhor universidade, diplomas, prestígio, dinheiro.

tem nos feito esquecer o que realmente buscamos.

Que procuram? Procuram que seu filho tenha um diploma determinado? Para que? Para que estou nessa busca do saber? Que estou buscando? Que tipo de conhecimento busco? Um conhecimento que estimule à criança a ter éxito? Desde que ponto de vista? Meu filho tem que ser como eu quero que seja, ou tem que cumprir o que eu nunca tenho podido cumprir, todo isto é muito egocêntrico.

Estou educando para que saibam se adaptar à sociedade em que lhes toca viver, que vê que vai ser dura? Ou estou educando para que eles percebam criticamente o que gostam, o que não gostam, em seu dia a dia, trabalhem para a melhora desta sociedade? Porque uma criança vem com um mundo tão fresco que irremediavelmente vai questionar o meu, porque para ele tudo é novo.

Para ele não há nada velho.

Comfiem em seus filhos, eles sabem muito mais do que vocês acham, porque as vezes as pessoas que mais limitamos a nossos filhos, somos os pais, e depois sofremos.

O que tento transmitir é que é tão bom poder cuidar um filho por todo o inesperado que tem, por todo o misterioso, por todos os problemas que nos traz, é lindíssimo porque isso é uma oportunidade para crescer imensa Libertemos nossas expectativas, afastemos o que o mundo pretende das crianças, o que a cultura espera de cada um de nós.

respeitem às crianças, dem a elas a oportunidade de se desenvolver como elas se desenvolvem, não como nós como adultos queremos ou pensamos que deva ser, senão como elas podem fazé-lo.

Os ideais e objetivos que temos sobre as crianças não nos permitem ver quem realmente são e que é o que necessitam…

não amanhã ou dentro de vários anos…

senão hoje.

Há uma coisa só que é realmente importante.

É o amor que nós possamos lhe dar às crianças.

Se queremos uma sociedade diferente, o único que realmente temos que fazer, é amar às crianças, a que eles aprendam a amar a outros.

O conhecimento vai vir sozinho, os resultados do mundo vêm sozinhos, mas uma criança que não foi amada dificilmente vai aprender a amar.

- Isto é algo que escreveram uns colegas para ler no final do ano, mas não os deixaram.

E me parece que é importante então, eu gostaria de ler.

"Hoje em dia a educação está proibida.

Muito pouco do que acontece em nossa escola é verdadeiramente importante.

E as coisas que interessam não se escrevem em nenhum caderno nem em nenhuma pasta.

Como nos encontrarmos com a vida? Como enfrentar as dificuldades? Não sabemos.

Não nos ensinaram" "Falam muito de educação, progresso, democracia, liberdade, um mundo melhor…

mas nada disso acontece nas aulas Nos ensinam a estar longe uns dos outros e a competir por coisas que não têm valor.

Pais e professores não nos escutam.

Não nos perguntam nunca o que opinamos.

Não têm idéia do que sentimos, o que pensamos o que queremos fazer.

Não seria maravilhoso se pudéssemos escolher diariamente ir à escola? Que seja nossa escolha, não de nossos pais.

Que a escola seja um lugar lindo, onde se possa desfrutar, onde se possa brincar, onde se possa ser livres, onde se possa escolher o que aprender e como aprendé-lo." Existem multiplicidade de experiências que tem se atrevido a transformar as estruturas da escola.

Experiências de aducadores que se atreveram a pensar a escola desde outros lugares.

Muitas delas tem se convertido em métodos formais, outras trabalham desde espaços comunitários e populares, algumas tem escolhido continuar a experiência em forma privada e muitos outros o fazem dentro das aulas da escola pública.

Estes exemplos são prova viva de que os esquemas tradicionais da escola podem ser re-interpretados e alterados.

Existem experiências em toda classe e grupo social onde têm havido educadores com intenção de mudar.

Educação Ativa, Popular, Libertária, Cooperativa, Livre, Ecologica, Democrática, Holística, Étnica, Educação sem Escola, Educação em Casa…

como o intercâmbio vivo entre o indivíduo, seus pares, seu entorno e sua comunidade.

Uma Educação Viva…

"Ensinem-nos que as coisas podem ser diferentes.

Esse é o exemplo que têm que dar-nos.

Suas expectativas são suas, não são nossas.

E enquanto continuem tendo-as, vamos continuar falhando." Este filme expõe uma parte das ideias que encontramos, temos visitado algumas de todas as experiências que existem, e somente a umas poucas conhecimos em profundidade.

Não existe somente uma forma, não existe o melhor modelo.

A verdadeira diversidade existe quando se respeita e experimenta a diversidade em todas as suas dimensões.

Todas estas experiências são valiosas porque são o fruto de pessoas que dedicaram sua vida à aprendizagem.

Existem desencontros e coincidências, mas sem dúvida todos apoiam a melhoria da educação.

Necessitamos que suas ideias e práticas saiam à luz, poder conhecer suas contribuções, histórias, riquezas e limitações.

Compartilhar recursos, intercambiar visões e construir juntos um novo paradigma educativo.

"Por tudo isto, dizemos CHEGA.

Chega de decidir por nós, chega de qualificar-nos, chega de impor-nos.

Nem as ciências, nem as provas, nem os diplomas nos definem." - Aqui estamos para isso, para falar, para compartilhar nossas ideias.

- Aprender que as coisas podem se mudar.

"Nós vamos decidir o que queremos ser, fazer, sentir, ou pensar.

Hoje mais do que nunca, existem os recursos para que estas experiências se multipliquem e diversifiquem.

Existe a possibilidade de que a escola se reencontre com a educação, Que seja um espaço construído e gestionado por toda a comunidade, Que responda às necesidades das pessoas e seu entorno.

“Acreditamos que a educação está proibida. Não pela culpa das famílias, não pela culpa das crianças, não pela culpa dos docentes.” Todos proibimos a Educação.

Cada vez que você escolhe olhar para outro lado, em vez de escutar.

Cada vez que escolhemos a meta, em lugar do trajeto.

Cada vez que deixamos tudo igual, em lugar de provar algo novo.

Este filme é um convite a nos encontrarmos com a educação além dos muros da escola que todos conhecemos, um convite a pensar outras formas de aprendizagem, a conversar e debater sobre nossas práticas escolares e educacionais - Seja professor.

- Seja aluno.

- Seja pai, seja quem for, ajude-nos - A Educação tem que avançar.

- Tem que crescer, - Tem que mudar.

Encontrar-nos com os outros, conhecer e explorar suas experiências, trocar idéias e levá-las a nossa realidade.

Essa é a nossa proposta e começa hoje mesmo.

JUNTE-SE A REEVO. Rede de Educação Viva ENCONTRO, INTERCÂMBIO, AÇÃO.

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    • CRÉDITOS
      • A Educação Proibida – La Educación Prohibida
    • DIREÇÃO
      • Germán Doin
    • PRODUÇÃO
      • Verónica Guzzo
    • MÚSICAS
      • Introdução - Kokenovem - Fons Vitae - Jamendo
        In the Dewdrop - de Expedizion - Guillrmo Agnese
        Zoreya (Hang y Sarangi)- Mauro Ortega Zenteno
        Juntos - Andrés Garcia
        Huested - Matías Córdoba
        Solfeggio - Matías Córdoba
        Aula Vida - Matías Córdoba
        New Andromeda Theory - Wasaru
        Brahma - El Perez
    • LEGENDA
      • Daniel Slon - Lucia Moretzsohn
    • REVISÃO e SINCRONIZAÇÃO da LEGENDA
      • Photo Amaral
    • EDIÇÃO FINAL
      • Photo Amaral

Fonte: La Educación Prohibida, GGN
[Visto no Brasil Acadêmico]

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Brasil Acadêmico: Educação Proibida, documentário dublado em português
Educação Proibida, documentário dublado em português
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