Essa reportagem é para ser lida ao som de Faroeste Caboclo do Legião Urbana. Não que a história seja a mesma. Mas é desses casos que a vida ...
Essa reportagem é para ser lida ao som de Faroeste Caboclo do Legião Urbana. Não que a história seja a mesma. Mas é desses casos que a vida supera a arte. A história de um homem que chegou no seu limite e virou um Hulk do cerrado. Sua fúria desenfreada, parafraseando o ex-deputado Roberto Jefferson quando este se referiu ao também ex-deputado José Dirceu na CPI no mensalão, despertou seus instintos mais primitivos.
Como o personagem também desempregado, William Foster, vivido por Michael Douglas em Um Dia de Fúria, José Alan também teve seu dia de animal acuado sem nada a perder.
(Publicado no Correio Braziliense em 04/11/2008)
Domingo, 2 de outubro de 2008. Esse será para o segurança particular José Alan dos Santos, 33 anos, o dia em que a razão deu lugar ao ódio. Pai de uma menina de 13 anos e sem antecedentes criminais, ele é acusado de matar uma pessoa e de ferir outras duas. Tudo após reagir a um assalto quando voltava para casa de um culto evangélico na QSD 14 de Taguatinga Sul. À reportagem do Correio, o segurança admitiu ter perdido a cabeça ao perceber que os assaltantes eram os mesmos que haviam levado dele um par de tênis na semana anterior.
Na delegacia, o segurança descreveu os instantes que antecederam o crime, ocorrido por volta das 22h de domingo. Dois criminosos que estavam a pé vieram até ele armados com uma faca. Eles queriam levar a pulseira do segurança. Transtornado, ele fez de tudo para impedir o roubo. "Tinha saído da igreja e estava indo comer um cachorro-quente. Foi quando eles me abordaram. Eram as mesmas pessoas que tinham me roubado na semana anterior. Não acreditei que estava acontecendo de novo", disse José. Enfurecido, ele tirou a arma dos agressores.
Na confusão que se seguiu, um dos bandidos, identificado como Cláudio Teodoro da Cruz, 29, conseguiu fugir. O segundo, Salvador Silva dos Santos, 26, foi esfaqueado várias vezes por José Alan. Segundo informou a delegacia que investiga o caso, a 12ª DP, o estado de saúde dele é considerado gravíssimo. A reportagem não obteve retorno do hospital onde o assaltante estaria internado, o Hospital de Base (HBB).
Na seqüência, José perseguiu Cláudio Teodoro. O rapaz se escondeu em uma casa na QSD 14 de Taguatinga. Ao entrar no lote, o segurança teria se deparado com uma terceira pessoa, identificada pela polícia como Edinaldo da Silva, 36. José Alan alega ter sido atacado primeiro, mas não nega ter colhido no chão uma tora de madeira e golpeado Edinaldo na cabeça. O rapaz chegou a ser levado ao HBB, mas faleceu à 0h30 de ontem.
Ainda furioso, o pai de família saiu à caça de Cláudio. Minutos depois, localizou o assaltante ao lado de um grupo de pessoas na CSB 14. José Alan disse ter conseguido encurralar o assaltante, que tentou se proteger no interior do Edifício Rio de Janeiro, em Taguatinga. "O segurança tentou impedir minha passagem, mas eu estava com raiva. Quebrei uma garrafa, invadi o prédio e furei ele, descreve. Cláudio sofreu um corte no peito, mas não corre risco de morte.
Apesar de ter reagido a um assalto, as chances de o segurança particular José Alan dos Santos poder alegar legítima defesa são praticamente nulas, revela o delegado que investiga o caso, o titular da 12ª Delegacia de Polícia, Reginaldo Borges. Isso porque, explica o policial, a legítima defesa só é aplicada em casos onde a vítima não visa o fim causado por sua ação. "Quando correu atrás dos bandidos, ele assumiu para si o risco de causar a morte", afirmou o delegado.
Reginaldo Borges explicou, ainda, que José Alan deve responder por cada um dos crimes em separado. "Foram três ações. Por isso, três acusações", detalhou. Em caso de condenação pelo homicídio contra Edinaldo da Silva, o maranhense de São Luís pode pegar até 20 anos de cadeia. Terá, ainda, que se defender das acusações de tentativa de homicídio, com pena que varia de seis a 20 anos de reclusão. José Alan foi encaminhado ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde aguardará o julgamento. "Falta receber os laudos da perícia, cadavérico e corporal para que possamos anexar ao inquérito. De toda forma, acredito que no máximo em 10 dias o documento será entregue à Vara Criminal de Brasília", estima o delegado Reginaldo Borges.
"Fiz o que fiz e estou nas mãos de Deus", lamentou o homem que veio a Brasília há cinco anos, à procura de emprego. "Não era para ter acontecido isso. Eles (ladrões) me forçaram a isso. Fazer justiça por mim mesmo não foi certo, só piorou a situação. Agora estou preso, longe da minha esposa e da minha filha", desabafou. Os dois assaltantes serão indiciados por tentativa de roubo.
Fonte:Correio Braziliense
Como o personagem também desempregado, William Foster, vivido por Michael Douglas em Um Dia de Fúria, José Alan também teve seu dia de animal acuado sem nada a perder.
Em dia de fúria, fiel mata e persegue assaltantes
(Publicado no Correio Braziliense em 04/11/2008)
Domingo, 2 de outubro de 2008. Esse será para o segurança particular José Alan dos Santos, 33 anos, o dia em que a razão deu lugar ao ódio. Pai de uma menina de 13 anos e sem antecedentes criminais, ele é acusado de matar uma pessoa e de ferir outras duas. Tudo após reagir a um assalto quando voltava para casa de um culto evangélico na QSD 14 de Taguatinga Sul. À reportagem do Correio, o segurança admitiu ter perdido a cabeça ao perceber que os assaltantes eram os mesmos que haviam levado dele um par de tênis na semana anterior.
Na delegacia, o segurança descreveu os instantes que antecederam o crime, ocorrido por volta das 22h de domingo. Dois criminosos que estavam a pé vieram até ele armados com uma faca. Eles queriam levar a pulseira do segurança. Transtornado, ele fez de tudo para impedir o roubo. "Tinha saído da igreja e estava indo comer um cachorro-quente. Foi quando eles me abordaram. Eram as mesmas pessoas que tinham me roubado na semana anterior. Não acreditei que estava acontecendo de novo", disse José. Enfurecido, ele tirou a arma dos agressores.
Na confusão que se seguiu, um dos bandidos, identificado como Cláudio Teodoro da Cruz, 29, conseguiu fugir. O segundo, Salvador Silva dos Santos, 26, foi esfaqueado várias vezes por José Alan. Segundo informou a delegacia que investiga o caso, a 12ª DP, o estado de saúde dele é considerado gravíssimo. A reportagem não obteve retorno do hospital onde o assaltante estaria internado, o Hospital de Base (HBB).
Na seqüência, José perseguiu Cláudio Teodoro. O rapaz se escondeu em uma casa na QSD 14 de Taguatinga. Ao entrar no lote, o segurança teria se deparado com uma terceira pessoa, identificada pela polícia como Edinaldo da Silva, 36. José Alan alega ter sido atacado primeiro, mas não nega ter colhido no chão uma tora de madeira e golpeado Edinaldo na cabeça. O rapaz chegou a ser levado ao HBB, mas faleceu à 0h30 de ontem.
Ainda furioso, o pai de família saiu à caça de Cláudio. Minutos depois, localizou o assaltante ao lado de um grupo de pessoas na CSB 14. José Alan disse ter conseguido encurralar o assaltante, que tentou se proteger no interior do Edifício Rio de Janeiro, em Taguatinga. "O segurança tentou impedir minha passagem, mas eu estava com raiva. Quebrei uma garrafa, invadi o prédio e furei ele, descreve. Cláudio sofreu um corte no peito, mas não corre risco de morte.
Legítima defesa
Apesar de ter reagido a um assalto, as chances de o segurança particular José Alan dos Santos poder alegar legítima defesa são praticamente nulas, revela o delegado que investiga o caso, o titular da 12ª Delegacia de Polícia, Reginaldo Borges. Isso porque, explica o policial, a legítima defesa só é aplicada em casos onde a vítima não visa o fim causado por sua ação. "Quando correu atrás dos bandidos, ele assumiu para si o risco de causar a morte", afirmou o delegado.
Reginaldo Borges explicou, ainda, que José Alan deve responder por cada um dos crimes em separado. "Foram três ações. Por isso, três acusações", detalhou. Em caso de condenação pelo homicídio contra Edinaldo da Silva, o maranhense de São Luís pode pegar até 20 anos de cadeia. Terá, ainda, que se defender das acusações de tentativa de homicídio, com pena que varia de seis a 20 anos de reclusão. José Alan foi encaminhado ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde aguardará o julgamento. "Falta receber os laudos da perícia, cadavérico e corporal para que possamos anexar ao inquérito. De toda forma, acredito que no máximo em 10 dias o documento será entregue à Vara Criminal de Brasília", estima o delegado Reginaldo Borges.
"Fiz o que fiz e estou nas mãos de Deus", lamentou o homem que veio a Brasília há cinco anos, à procura de emprego. "Não era para ter acontecido isso. Eles (ladrões) me forçaram a isso. Fazer justiça por mim mesmo não foi certo, só piorou a situação. Agora estou preso, longe da minha esposa e da minha filha", desabafou. Os dois assaltantes serão indiciados por tentativa de roubo.
Fonte:Correio Braziliense
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