Animation vs Physics: A Física mostrada com arte animada

Alan Becker é o animador por trás de vários virais da internet. Desde os tempos em que o Flash era a ferramenta reinante na animação para we...

Alan Becker é o animador por trás de vários virais da internet. Desde os tempos em que o Flash era a ferramenta reinante na animação para web com seus stickmans. Agora, ele está parando a web com temas mais desafiadores como matemática e física.

Não dá para ignorar as produções de Alan Becker. No começo esse animador de Dublin – não a da Escócia, mas a Dublin de Ohio, EUA – começou com homens-palito performando acrobacias enquanto lutavam contra o próprio animador, atirando elementos da interface no cursor do mouse ou impedindo que fossem acionadas funções como “Deletar”, viralizando em 2006. Depois partiu para lutas entre os próprios stickmen passando por temáticas ligadas a jogos como Minecraft, desenhos como Pokemon, entre outros temas da cultura geek.

Mas Becker parece que atingiu certa maturidade e partiu para temas realmente desafiadores. E não estou falando só das técnicas de desenho e animação. Eu me refiro especialmente a roteiros explorando temas educacionais. O storytelling usado para falar de temas complexos como a matemática de nível superior (com conceitos como coordenadas polares, números imaginários, multidimensão e funções pouco familiares aos estudantes secundaristas, como a função Gama) massageia a mente dos iniciados com pouco acesso à produções feitas para entreter um nicho do meio estudantil, mas que tem o mérito de ser uma referência como recurso educacional para introduzir discussões mais aprofundadas de maneira lúdica. 

É o que parece acontecer com sua animação Animation vs Math, lançada em junho de 2023. Pelas reações foi um deleite para professores e matemáticos e nerds em geral. Acredito que é o tipo de produção que tem o dom de estimular as pessoas a quererem algum aprofundamento teórico para, pelo menos, entender as referências da história. Aliás, no que tange à parte teórica, a produção pareceu muito bem assessorada.

Já na recente Animation vs Physics é excelente ter a arte dialogando com tanta desenvoltura com a física. A forma minimalista de exibir o mundo é o tipo de abstração perfeita para analisar conceitos como aceleração, velocidade, força, atrito, energia cinética e potencial, eletromagnetismo, etc. Além de mostrar – respeitando as possíveis limitações do conhecimento teórico do autor e licenças poéticas para deixar o script muito mais interessante – conceitos ligados à teoria das cordas, buracos negros, física quântica, relatividade etc. É muito provável que você lembre de Interestelar em algum momento mais perto do final.

Para quem já havia mostrado a capacidade de dar concretude a um tema tão abstrato como a matemática, mostrar a física como uma grande experiência imaginária seria uma tarefa muito mais ordinária. Porém,  cada trecho da produção se torna um recurso didático que muitos professores poderão aproveitar quando estiverem querendo demonstrar o conceito em tela. 

Uma referência que vale a pena comentar e que passou despercebida em alguns reacts, Einstein fez um experimento mental aos 16 anos onde imaginou-se montado em um raio de luz para compreender como o universo se pareceria para ele. Pois em Animation vs Physics o raio de luz é substituído por um foguete e o protagonista da animação, chamado simplesmente de “O Escolhido”, o aciona como se esporasse uma montaria. Ele ainda usa um chapéu com uma estrela, o que nos remete a clássica cena de Dr. Fantástico (Oscar de melhor filme de 1969) onde um comandante texano monta em uma bomba atômica lançada contra os russos segurando um chapéu, como um caubói.

Recomendo ambas as obras da série Animation vs Education. Mas a Animation vs Physics mostra uma evidente evolução na técnica. Resta então aproveitarmos como estudantes e educadores, e parabenizar os envolvidos no desenvolvimento desses vídeos.

Fonte: Youtube
Visto no Brasil Acadêmico