Uso de câmeras corporais na PM em SP derruba letalidade em 85%

Batalhões da Polícia Militar de São Paulo que usam câmeras acopladas ao uniforme tiveram redução de 85% no número de mortes nos confrontos p...

Batalhões da Polícia Militar de São Paulo que usam câmeras acopladas ao uniforme tiveram redução de 85% no número de mortes nos confrontos policiais.

Segundo dados publicados pela Folha de S. Paulo, de 1º de junho a 31 de dezembro de 2021, houve 17 mortes decorrentes das ações policiais desses batalhões. No mesmo intervalo de 2020 houve 110 óbitos. Comparando com o ano pré-pandêmico de 2019, em igual intervalo, no qual foram registradas 165 mortes, a queda foi ainda maior: 90%.

A Rota, um dos batalhões mais letais e unidade de elite da polícia de São Paulo, foi uma das 18 unidades que tiveram as câmeras implementadas. Nela a redução de mortes foi de 89%.

Nos sete meses finais de 2020, os PMs do grupo mataram 35 pessoas. Já com as câmeras acopladas ao uniforme, no mesmo período, em 2021, foram registradas apenas quatro, as mortes decorrentes de intervenção policial da Rota. Em 2019, durante o mesmo período, foram 52 mortes. Assim, comparando com 2021, a queda chega a 92%. Até o início do programa, a Rota acumulava 386 mortes em confrontos, desde 2016.

Em todo o estado de São Paulo, os PMs mataram durante o serviço, no ano passado, 423 pessoas em supostos confrontos. Isso significa uma redução de 36% em comparação ao total de 659 mortes registradas em 2020, a menor taxa de letalidade da PM paulista desde 2013 (com 334 óbitos).

Hoje, o programa da PM paulista, conhecido como "olho vivo", tem cerca de 3 mil câmeras em funcionamento nos 18 batalhões integrantes. O sistema utilizado pela corporação tem uma tecnologia inédita no mundo e grava todo o turno de serviço, em áudio e vídeo, sem a necessidade de acionamento do botão de gravar.

A PM inicia mais uma etapa de ampliação de câmeras na próxima semana. Serão mais de 2.500 aparelhos acrescidos ao programa, aumentando de 18 para 33 o número de batalhões equipados. Até o fim deste ano, 10 mil equipamentos deverão estar implantados.

Pioneira no uso de câmeras, a PM de São Paulo adquiriu os primeiras 120 dispositivos em 2016, que foram distribuídos entra as unidades de choque, ambiental, trânsito e policiamento de área, na região central.

Os número chamam a atenção, mas há que não credite a queda apenas às câmeras. O porta-voz da PM, major Rodrigo Cabral, cita que a redução da letalidade na PM paulista não pode ser atribuída apenas ao uso das câmeras, mas sim a um conjunto de medidas implementadas pelo comando da corporação.

Nas demais unidades, que ainda não utilizam as COPs [câmeras corporais], também verificamos uma redução acentuada da letalidade.

Além das câmeras, Rodrigo cita um conjunto de medidas, entre as quais uma rigorosa depuração interna e a aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo, como as chamadas tasers –as armas de choque.

São Paulo já está em terceiro lugar entre as instituições policiais que usam esse equipamento, perdendo apenas para Nova Iorque e Londres. Nós nos preparamos para isso.

Segundo a PM, os desdobramentos do uso das câmeras no policiamento estão sendo analisados por um grupo de acadêmicos da USP (Universidade de São Paulo) e da FGV (Fundação Getulio Vargas) para interpretar os resultados dos números, incluindo de produtividade.

Fonte: Folha
Visto no Brasil Acadêmico