O blog Brasil Acadêmico traz um infográfico para ilustrar o artigo A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nov...
O blog Brasil Acadêmico traz um infográfico para ilustrar o artigo A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia, de 2003. Acreditamos que a ilustração poderá ser um suplemento útil para auxiliar no entendimento dessa proposta de uma tipologia de valores básicos.
Ao analisar o artigo de Valdiney V. Gouveia, sentimos falta de um esquema que consolidasse a organização da tipologia proposta, assim a infografia que publicamos aqui é uma tentativa de tornar mais fácil o entendimento do tema, auxiliando em sua análise e motivando futuros pesquisadores a se aprofundarem e desenvolverem o tema.
O artigo, cujo autor coletou duas amostras de respostas de questionários, sendo a primeira composta de 252 participantes, incluindo membros da população geral e estudantes universitários de João Pessoa e a segunda formada por 354 participantes recrutados de três cidades da Paraíba (Cajazeiras, Gurinhém e João Pessoa), apresenta uma tipologia dos valores básicos, fundamentada nas necessidades humanas.
Tais valores representam teoricamente três critérios de orientação, cada um subdividido em duas funções psicossociais:
É bastante interessante a discussão do método usado, a forma como emergiram esses valores, partindo de teorias conhecidas como de Maslow e Shwartz e submetendo-os a dois peritos e à análise matemática dessas relações. A correlação desses valores com o grau de religiosidade, entre outras conclusões, tornam a leitura desse trabalho bastante instigante.
*Agradecemos à Profª. Drª. Helga C. Hedler a oportunidade de ter contato com esse seleto material.
Referência
GOUVEIA, Valdiney V.. A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2003, vol.8, n.3, pp.431-443. ISSN 1678-4669. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2003000300010.
Fonte: A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia
[Visto no Brasil Acadêmico]
Ao analisar o artigo de Valdiney V. Gouveia, sentimos falta de um esquema que consolidasse a organização da tipologia proposta, assim a infografia que publicamos aqui é uma tentativa de tornar mais fácil o entendimento do tema, auxiliando em sua análise e motivando futuros pesquisadores a se aprofundarem e desenvolverem o tema.
O artigo, cujo autor coletou duas amostras de respostas de questionários, sendo a primeira composta de 252 participantes, incluindo membros da população geral e estudantes universitários de João Pessoa e a segunda formada por 354 participantes recrutados de três cidades da Paraíba (Cajazeiras, Gurinhém e João Pessoa), apresenta uma tipologia dos valores básicos, fundamentada nas necessidades humanas.
Tais valores representam teoricamente três critérios de orientação, cada um subdividido em duas funções psicossociais:
- pessoal (experimentação e realização),
- central (existência e suprapessoal) e
- social (interacional e normativa).
Os critérios de orientação refletem dicotomias bastante conhecidas na literatura: associação vs. comunidade, solidariedade mecânica vs. orgânica e individualismo vs. coletivismo. Diferentemente destas tipologias, no presente modelo se inclui a possibilidade de um conjunto de valores que seria compatível com todos os valores pessoais e sociais, isto é, os valores centrais. (Gouveia, 2003 - com adaptações)
As funções psicossociais expressam uma ênfase em dois tipos de relação social que têm sido referidos em outros modelos, reconhecidos como liberdade vs. igualdade, distância de poder e orientação vertical vs. horizontal. Neste caso, as funções de experimentação, suprapessoal e interacional representam a dimensão horizontal, visto que primam pelo princípio de igualdade entre as pessoas. Por outro lado, as de realização, existência e normativa correspondem à vertical, sugerindo que as pessoas são diferentes, apresentando capacidades e condições de vida diferenciadas (Gouveia, 2003 - com adaptações).Esta tipologia foi testada e mostrou não ser incompatível com a tipologia de Schwartz, referendando a natureza motivacional dos valores humanos. Com a vantagem de ser assumir um número menor de valores básicos. Segundo Gouveia (2003) - adaptado -, estes seriam os 24 valores humanos básicos:
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- Sobrevivência
- Representa as necessidades mais básicas, como comer e beber. Resulta letal a privação dessas necessidades por um longo período de tempo. Sua relevância é evidente como princípio-guia na vida daquelas pessoas socializadas em um contexto de escassez, como também daquelas que atualmente vivem sem os recursos econômicos básicos.
- Sexual
- Representa a necessidade fisiológica de sexo, constituindo um padrão de orientação para pessoas jovens ou para aquelas que foram ou são privadas deste estímulo. É usualmente tratado como um elemento ou fator dos valores morais ou religiosos.
- Prazer
- Corresponde à necessidade orgânica de satisfação, em um sentido amplo (comer ou beber por prazer, ter diversão, etc.). Embora relacionado com o valor anterior, sua particularidade se fundamenta no fato de que a fonte da satisfação não é de um tipo específico. Este valor é incluído na maioria dos instrumentos.
- Estimulação
- Representa a necessidade fisiológica de movimento, variedade e novidade de estímulos. Enfatiza estar sempre em atividade e ocupado, e descreve alguém que é impulsivo e talvez consciencioso. Existem alguns valores parecidos que são mencionados na literatura.
- Emoção
- Representa a necessidade fisiológica de excitação e busca de experiências arriscadas. Difere do valor anterior devido à ênfase dada ao risco, que necessita estar sempre presente. As pessoas que adotam este valor são menos conformadas às regras sociais. Este é considerado como parte do valor estimulação ou estimulação social . Outros autores sugerem a existência de um valor denominado risco, que provavelmente tem algo em comum com este valor.
- Estabilidade Pessoal
- A necessidade de segurança é parcialmente representada por este valor. Enfatiza uma vida planejada e organizada. As pessoas que assumem esta orientação tentam garantir sua própria existência. Provavelmente configure o tipo motivacional de segurança, e pode ser relacionado com itens específicos, tais como ter um trabalho estável e segurança econômica.
- Saúde
- Este também representa a necessidade de segurança. A idéia é não estar doente. A pessoa que adota este valor lida com um drama pessoal originado em um sentimento de incerteza que está implícito na doença. Assim, o indivíduo é orientado a procurar manter um estado ótimo de saúde, evitando coisas que possam ameaçar sua vida. Este valor é comum na literatura, seja com esta mesma etiqueta ou considerado como bem-estar.
- Religiosidade
- Este valor também representa a necessidade de segurança. Não depende de nenhum preceito religioso. É reconhecida a existência de uma entidade superior, através da qual as pessoas podem lograr a certeza e a harmonia social requeridas para uma vida pacífica. Este valor se encontra na maioria dos instrumentos.
- Apoio Social
- Este valor representa a necessidade de segurança. Expressa a segurança no sentido de não se sentir sozinho no mundo e receber ajuda quando a necessite. Está presente em vários instrumentos, recebendo diferentes etiquetas: amigos próximos que me ajudem, solidariedade com os demais e contato social.
- Ordem Social
- Com este valor se completa a lista daqueles que representam a necessidade de segurança. Implica uma escolha de alguém orientado a padrões sociais que assegurem uma vida diária tranqüila, um ambiente estável. Os seguintes itens podem representá-lo: ordem nacional, proteção da propriedade pública e segurança nacional.
- Afetividade
- Este valor e o seguinte representam a necessidade de amor e afiliação. As relações próximas e familiares são enfatizadas, assim como o compartilhamento de cuidados, afetos e pesares. Está relacionado com a vida social. Geralmente são encontrados na literatura itens como amizade verdadeira, amigo próximo, íntimo, ou satisfazer relações interpessoais.
- Convivência
- Enquanto o valor anterior descreve uma relação direta pessoa-pessoa, com ênfase na intimidade, o presente é centrado na dimensão pessoa-grupo e tem um sentido de socialização (por exemplo, pertencer a grupos sociais, conviver com os vizinhos). Schwartz (1992 apud Gouveia, 2003) apresenta o valor sentido de pertença; Levy (1990 apud Gouveia, 2003) propõe o item viver em vizinhança.
- Êxito
- Este valor e os dois seguintes representam a necessidade de estima. Este enfatiza ser eficiente e alcançar metas. As pessoas que adotam este valor têm uma idéia clara de sucesso e tendem a se orientar nessa direção. É incluído na maioria dos questionários.
- Prestígio
- O presente valor enfatiza a importância do contexto social. Não é uma questão de ser aceito pelos demais, mas de ter uma imagem pública. Os indivíduos que assumem este valor reconhecem a importância dos demais, desde que isso resulte em seu próprio benefício. Braithwaite e Law (1985 apud Gouveia, 2003) incluem o fator posição social que tem um conteúdo similar a este valor, mas que considera um aspecto de autoridade que define o valor poder. Outros autores citam valores equivalentes.
- Poder
- Este valor é menos social do que o anteriormente tratado. As pessoas que atribuem importância a ele podem não ter a noção de um poder socialmente constituído. Este é provavelmente o valor menos socialmente desejado entre aquelas pessoas com uma orientação social horizontal (por exemplo, estudantes universitários). A maioria dos instrumentos o tem contemplado.
- Maturidade
- A necessidade de auto-realização é representada por este valor. Enfatiza o sentido de autosatisfação de uma pessoa que se considera útil como um ser humano. Os indivíduos que priorizam este valor tendem a apresentar uma orientação social que transcende pessoas ou grupos específicos. Apesar de certos elementos como autorespeito e sabedoria serem incluídos em seu conteúdo, a ideia central é de crescimento pessoal, sendo expresso no fator auto-realização.
- Autodireção
- Este e o valor seguinte representam a précondição de liberdade para satisfazer as necessidades. Adotar este valor implica em um reconhecimento de auto-suficiência. Alguns valores são encontrados na literatura com uma etiqueta similar, tais como liberdade, autodeterminação, autonomia e independência.
- Privacidade
- Um espaço privado é necessário no sentido de diferenciar os diversos aspectos da vida pessoal. Aqueles que adotam este valor não rejeitam ou subestimam os demais; eles simplesmente reconhecem os benefícios de ter seu próprio espaço íntimo. Este valor é raramente citado. Schwartz (1992 apud Gouveia, 2003) mencionou o valor distanciamento, mas não reproduz o conteúdo do valor aqui tratado.
- Justiça Social
- Este valor representa a pré-condição de justiça ou igualdade para satisfazer as necessidades. As pessoas que dão importância a este valor pensam nos outros como um membro a mais da espécie humana. Cada um tem os mesmos direitos e deveres que capacitam uma vida social com dignidade. Este é geralmente mencionado com esta denominação ou como igualdade.
- Honestidade
- Representa a pré-condição de honestidade e responsabilidade para satisfazer as necessidades. Este valor enfatiza um compromisso em relação aos demais, permitindo manter um ambiente apropriado para as relações interpessoais. As relações em si são consideradas metas. Este é um valor muito comum na literatura.
- Tradição
- Este valor e o próximo representam a précondição de disciplina no grupo ou na sociedade como um todo para satisfazer as necessidades. O presente sugere respeito aos padrões morais seculares e contribui para aumentar a harmonia na sociedade. Os indivíduos precisam respeitar símbolos e padrões culturais. Tomado como uma dimensão ou um valor específico, sua presença é assegurada em outras tipologias.
- Obediência
- Este valor evidencia a importância de cumprir os deveres e as obrigações diárias, além de respeitar aos pais e aos mais velhos. É uma questão de conduta individual; os membros da sociedade assumem um papel e se conformam à hierarquia social tradicionalmente imposta. Tal valor é típico de pessoas mais velhas ou que receberam uma educação tradicional. É citado em outros estudos.
- Conhecimento
- As necessidades cognitivas são representadas por tal valor, que tem um caráter extra-social. As pessoas orientadas por este valor procuram ter um conhecimento atualizado e saber mais sobre temas pouco compreensíveis. A presente definição corresponde a diferentes valores encontrados na literatura (por exemplo, imaginativo, criativo, intelectual, curioso, instruído, estudioso, conhecedor, informado).
- Beleza
- Representa as necessidades de estética. Evidencia uma orientação global, sem uma definição precisa de quem se beneficia com o quê; não significa uma apreciação de um objeto ou pessoa específica, mas a beleza como um critério transcendental. Este valor tem sido relacionado com a natureza e os espaços físicos específicos. Inclui a ideia geral de estética.
É bastante interessante a discussão do método usado, a forma como emergiram esses valores, partindo de teorias conhecidas como de Maslow e Shwartz e submetendo-os a dois peritos e à análise matemática dessas relações. A correlação desses valores com o grau de religiosidade, entre outras conclusões, tornam a leitura desse trabalho bastante instigante.
*Agradecemos à Profª. Drª. Helga C. Hedler a oportunidade de ter contato com esse seleto material.
Referência
GOUVEIA, Valdiney V.. A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2003, vol.8, n.3, pp.431-443. ISSN 1678-4669. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2003000300010.
Fonte: A natureza motivacional dos valores humanos: evidências acerca de uma nova tipologia
[Visto no Brasil Acadêmico]
Sobre a Hierarquia de necessidades de Maslow .
ResponderExcluirMe enquadro na religiosidade em relação a existência de um ser divino. Porém, o termo correto não minha concepção seria espiritualidade e, não religiosidade, pois o religioso se conforma com a ideia da existência de um Deus ensinadas nas instituições religiosas (igrejas). Já o espiritualista busca o contato com a divindade que acredita, onde na maioria das vezes esse contato acontece. Senso assim, a pessoa espiritualista passa a ter uma atitude de harmonia e altruísta com outras pessoas, buscando sempre uma vida pacífica.