A infraestrutura mais importante que temos são mentes educadas, diz a ex-ministra tunisiana Amel Karboul. Ainda assim, normalmente, os grand...
A infraestrutura mais importante que temos são mentes educadas, diz a ex-ministra tunisiana Amel Karboul. Ainda assim, normalmente, os grandes investimentos vão para iniciativas mais visíveis, como pontes e estradas, quando são as mentes de nossas crianças que vão realmente criar um futuro melhor. Nesta palestra profunda, ela compartilha ideias possíveis de serem postas em ação para garantir que toda criança esteja na escola, e aprendendo, dentro de uma geração.
Eu sou o produto de uma corajosa ação de liderança. Depois de 1956, quando a Tunísia se tornou independente, nosso primeiro presidente, Habib Bourguiba, decidiu investir 20% do orçamento nacional em educação. Sim, 20%, uma taxa alta neste âmbito até para os padrões de hoje. Alguns protestaram. E a infraestrutura? E eletricidade, rodovias e água encanada? Isso não é importante?
Eu diria que a infraestrutura mais importante que temos são as mentes, as mentes instruídas. O presidente Bourguiba ajudou a estabelecer educação gratuita de qualidade para todos os meninos e meninas. E junto a milhões de outros tunisianos, estou em profunda dívida com essa decisão histórica.
E foi isso que me trouxe até aqui hoje, porque hoje, estamos enfrentando uma crise mundial de aprendizado. Eu chamo isso de crise de aprendizado, e não de crise de educação, porque mesmo com os 250 milhões de crianças que estão fora da escola hoje, outros 330 milhões de crianças estão na escola, mas fracassando em aprender. E, se não fizermos nada, se nada mudar, em 2030, daqui a apenas 13 anos, metade das crianças e jovens do mundo, metade de 1,6 bilhão de crianças e jovens, estarão fora da escola ou fracassando em aprender.
Então, dois anos atrás, eu me juntei à Comissão de Educação. É uma comissão criada pelo ex-primeiro ministro do Reino Unido e o enviado especial da ONU para educação global, Gordon Brown. Nossa primeira tarefa era descobrir: Qual o tamanho dessa crise? Qual a extensão do problema? Hoje nós sabemos:
E foi assim que descobrimos que deveríamos mudar o foco de dar aula para ensinar, de apenas contar quantos estão na classe para contar quantos estão aprendendo. E a segunda grande tarefa era: podemos fazer alguma coisa? Podemos fazer algo frente a essa grande, vasta, silenciosa, talvez mais negligenciada crise internacional? E o que descobrimos foi: podemos. É realmente incrível. Nós podemos, pela primeira vez, ter todas as crianças na escola e aprendendo dentro de apenas uma geração. E não temos que inventar a roda para fazer isso. Só precisamos aprender com o melhor da sala de aula, mas não qualquer melhor, o melhor em nossa própria sala.
O que fizemos foi, na verdade, analisar os países por nível de renda: baixa, média e alta renda.
Deixe-me dar um exemplo. Vamos tomar a Tunísia como exemplo. Não estamos dizendo: “Tunísia, você deve ser tão rápida quanto a Finlândia”. Sem ofensas, Finlândia. Estamos dizendo: “Tunísia, olhe o Vietnã”. Eles gastam valores similares com educação primária e secundária, em percentual de PIB per capita, mas alcançam hoje melhores resultados.
E isso aparece nos resultados. No PISA de 2015, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Vietnã bateu muitas economias desenvolvidas, incluindo os EUA.
Agora, se você não é especialista em educação, poderia perguntar: “O que há de novo e diferente?”
Estamos longe disso. Apenas metade dos países subdesenvolvidos tem uma avaliação sistemática da educação primária, e menos ainda da educação secundária.
Então, se não sabemos se as crianças estão aprendendo, como os professores devem focar suas atenções em entregar resultados, e como os países devem priorizar os gastos com educação para entregar resultados, se não sabem se as crianças estão aprendendo?
É por isso que a primeira grande transformação, antes de investir, é fazer o sistema educacional entregar resultados. Porque colocar mais dinheiro em sistemas falhos pode só financiar mais ineficiências. E o que me preocupa profundamente: se as crianças vão para a escola e não aprendem, isso desvaloriza a educação, isso desvaloriza investir em educação, e faz com que governos e partidos políticos possam dizer:
Agora, melhorar os atuais sistemas educacionais para entregar resultados é importante, mas não será suficiente. E os países onde não teremos professores qualificados suficientes? A Somália, por exemplo. Se todos os estudantes da Somália se tornarem professores, toda pessoa que terminar a faculdade se tornar um professor, teremos poucos professores. E as crianças em campos de refugiados, ou em áreas rurais muito remotas?
Olhe Filipe, por exemplo. Filipe vive em uma das milhares de comunidades ao longo do Rio Amazonas. Sua vila de 78 pessoas tem 20 famílias. Filipe e um colega eram os únicos dois no segundo ano do ensino médio em 2015. O Amazonas é um estado do norte do Brasil, tem 4,5 vezes o tamanho da Alemanha, e é completamente coberto pela floresta e por rios. Há uma década, Filipe e seu colega teriam apenas duas alternativas: se mudar para Manaus, a capital, ou parar de estudar de uma vez, o que a maioria fez. Em 2009, no entanto, o Brasil aprovou uma nova lei que fez do Ensino Médio uma garantia para todo brasileiro e uma obrigação para cada estado implementar até 2016.
Então, diante dessa tarefa impossível, servidores públicos e autoridades de estado desenvolveram incrível criatividade e empreendedorismo. Criaram a solução do centro multimídia. Funciona deste jeito: professores especializados em certos assuntos, treinados em Manaus, ministrando aulas ao vivo para mais de mil salas de aula naquelas comunidades afastadas. Essas salas têm de 5 a 25 estudantes e são acompanhadas por um professor mais generalista para seu aprendizado e desenvolvimento. Os 60 professores especializados em Manaus trabalham com mais de 2,2 mil professores que estão nas comunidades para adaptar os planos de aula ao tempo e contexto.
Vamos ver o Chile, por exemplo. No Chile, para cada médico, você tem 4,5 pessoas, 4,5 funcionários o ajudando. E o Chile está no final da faixa, porque, em média, em países em desenvolvimento, cada médico tem dez pessoas o ajudando. Um professor no Chile, no entanto, tem menos que meia pessoa, 0,3 pessoa o ajudando.
Imagine a enfermaria de um hospital, com 20, 40, 70 pacientes e você tem um médico fazendo tudo sozinho: sem enfermeiras, sem assistentes, ninguém. Você diria que isso é um absurdo e impossível, mas é isso o que professores pelo mundo todo estão fazendo, todos os dias, com salas com 20, 40 ou 70 estudantes.
Então essa divisão entre professores de assessoria e de conteúdo é incrível porque está mudando o paradigma do professor pra que cada um faça o melhor que pode fazer e para que crianças não só estejam na escola, mas na escola e aprendendo.
E o que eu amo neste exemplo é que ele vai além de mudar o paradigma do professor. Ele ensina como podemos aproveitar a tecnologia para aprender. As transmissões ao vivo são bidirecionais, então alunos como o Filipe e outros podem apresentar informações também. E nós sabemos que a tecnologia nem sempre é perfeita. As autoridades esperam que entre 5% e 15% das aulas a cada dia não sejam transmitidas por causa de cheias, antenas quebradas, internet não funcionando. Ainda assim, Filipe é um dos 300 mil estudantes que se beneficiam do centro multimídia e têm acesso à educação pós-primária. Esse é um exemplo vivo de como a tecnologia não é somente um adicional, mas pode ser essencial para o aprendizado e pode ajudar a levar escolas às crianças se não pudermos levá-las até a escola.
Agora, eu sei, você vai dizer: “Como vamos implementar isso no mundo todo?” Eu estive no governo e vi o quanto é difícil implementar mesmo as melhores ideias. Então como comissão, começamos duas inciativas para que a “Geração do Aprendizado” se torne realidade.
Mas o que acontece se países querem empréstimos para a educação? Se você quisesse um empréstimo para construir uma ponte ou estrada, seria muito simples e direto, mas não para a educação. É mais fácil mostrar uma ponte para todo mundo do que uma mente instruída. Esse é um tipo de compromisso mais duradouro.
Então veio uma solução para ajudar países a escapar da armadilha da renda média; países que não são pobres o suficiente ou, felizmente, deixaram de ser pobres, que não podem se beneficiar de subsídios ou empréstimos sem juros, e não são ricos o suficiente para poder ter juros atraentes nos seus empréstimos.
Então estamos arrecadando doações em uma unidade de financiamento educacional, que oferecerá mais financiamentos para a educação.
Deixe-me trazer isso de volta ao nível pessoal, porque é onde o impacto desemboca. Sem essa decisão de investir o orçamento de um país jovem, 20% do orçamento de um país jovem em educação, eu nunca teria sido capaz de ir à escola, muito menos de, em 2014, me tornar ministra no governo que terminou com sucesso a fase de transição. O Prêmio Nobel da Paz da Tunísia em 2015, como única democracia surgida na Primavera Árabe, é um legado daquela corajosa decisão. A educação é a luta dos direitos civis, é a luta dos Direitos Humanos da nossa geração. Educação de qualidade para todos: essa é a luta pela liberdade que temos que vencer.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Eu sou o produto de uma corajosa ação de liderança. Depois de 1956, quando a Tunísia se tornou independente, nosso primeiro presidente, Habib Bourguiba, decidiu investir 20% do orçamento nacional em educação. Sim, 20%, uma taxa alta neste âmbito até para os padrões de hoje. Alguns protestaram. E a infraestrutura? E eletricidade, rodovias e água encanada? Isso não é importante?
Eu diria que a infraestrutura mais importante que temos são as mentes, as mentes instruídas. O presidente Bourguiba ajudou a estabelecer educação gratuita de qualidade para todos os meninos e meninas. E junto a milhões de outros tunisianos, estou em profunda dívida com essa decisão histórica.
E foi isso que me trouxe até aqui hoje, porque hoje, estamos enfrentando uma crise mundial de aprendizado. Eu chamo isso de crise de aprendizado, e não de crise de educação, porque mesmo com os 250 milhões de crianças que estão fora da escola hoje, outros 330 milhões de crianças estão na escola, mas fracassando em aprender. E, se não fizermos nada, se nada mudar, em 2030, daqui a apenas 13 anos, metade das crianças e jovens do mundo, metade de 1,6 bilhão de crianças e jovens, estarão fora da escola ou fracassando em aprender.
Então, dois anos atrás, eu me juntei à Comissão de Educação. É uma comissão criada pelo ex-primeiro ministro do Reino Unido e o enviado especial da ONU para educação global, Gordon Brown. Nossa primeira tarefa era descobrir: Qual o tamanho dessa crise? Qual a extensão do problema? Hoje nós sabemos:
Metade das crianças do mundo, em 2030, fracassarão em aprender.
E foi assim que descobrimos que deveríamos mudar o foco de dar aula para ensinar, de apenas contar quantos estão na classe para contar quantos estão aprendendo. E a segunda grande tarefa era: podemos fazer alguma coisa? Podemos fazer algo frente a essa grande, vasta, silenciosa, talvez mais negligenciada crise internacional? E o que descobrimos foi: podemos. É realmente incrível. Nós podemos, pela primeira vez, ter todas as crianças na escola e aprendendo dentro de apenas uma geração. E não temos que inventar a roda para fazer isso. Só precisamos aprender com o melhor da sala de aula, mas não qualquer melhor, o melhor em nossa própria sala.
O que fizemos foi, na verdade, analisar os países por nível de renda: baixa, média e alta renda.
Olhamos o que fazem os 25% mais rápidos no aprimoramento da educação, e descobrimos que, se todos os países atuarem com a mesma rapidez dos mais rápidos, considerando sua renda, então, dentro de apenas uma geração, podemos ter todas as crianças na escola e aprendendo.
Deixe-me dar um exemplo. Vamos tomar a Tunísia como exemplo. Não estamos dizendo: “Tunísia, você deve ser tão rápida quanto a Finlândia”. Sem ofensas, Finlândia. Estamos dizendo: “Tunísia, olhe o Vietnã”. Eles gastam valores similares com educação primária e secundária, em percentual de PIB per capita, mas alcançam hoje melhores resultados.
O Vietnã introduziu uma avaliação padrão para habilidades de escrita e matemáticas, os professores são melhor monitorados que em outros países subdesenvolvidos, e as conquistas dos estudantes são divulgadas.
E isso aparece nos resultados. No PISA de 2015, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Vietnã bateu muitas economias desenvolvidas, incluindo os EUA.
Agora, se você não é especialista em educação, poderia perguntar: “O que há de novo e diferente?”
Todos os países não monitoram o progresso dos estudantes e os tornam públicos?" Não. Infelizmente, a resposta é não.
Estamos longe disso. Apenas metade dos países subdesenvolvidos tem uma avaliação sistemática da educação primária, e menos ainda da educação secundária.
Então, se não sabemos se as crianças estão aprendendo, como os professores devem focar suas atenções em entregar resultados, e como os países devem priorizar os gastos com educação para entregar resultados, se não sabem se as crianças estão aprendendo?
É por isso que a primeira grande transformação, antes de investir, é fazer o sistema educacional entregar resultados. Porque colocar mais dinheiro em sistemas falhos pode só financiar mais ineficiências. E o que me preocupa profundamente: se as crianças vão para a escola e não aprendem, isso desvaloriza a educação, isso desvaloriza investir em educação, e faz com que governos e partidos políticos possam dizer:
“Estamos investindo tanto dinheiro em educação, mas as crianças não aprendem. Elas não têm as habilidades necessárias. Talvez devêssemos gastar menos”.
Agora, melhorar os atuais sistemas educacionais para entregar resultados é importante, mas não será suficiente. E os países onde não teremos professores qualificados suficientes? A Somália, por exemplo. Se todos os estudantes da Somália se tornarem professores, toda pessoa que terminar a faculdade se tornar um professor, teremos poucos professores. E as crianças em campos de refugiados, ou em áreas rurais muito remotas?
Olhe Filipe, por exemplo. Filipe vive em uma das milhares de comunidades ao longo do Rio Amazonas. Sua vila de 78 pessoas tem 20 famílias. Filipe e um colega eram os únicos dois no segundo ano do ensino médio em 2015. O Amazonas é um estado do norte do Brasil, tem 4,5 vezes o tamanho da Alemanha, e é completamente coberto pela floresta e por rios. Há uma década, Filipe e seu colega teriam apenas duas alternativas: se mudar para Manaus, a capital, ou parar de estudar de uma vez, o que a maioria fez. Em 2009, no entanto, o Brasil aprovou uma nova lei que fez do Ensino Médio uma garantia para todo brasileiro e uma obrigação para cada estado implementar até 2016.
Mas dar acesso à educação de qualidade, você sabe, no estado do Amazonas, é algo grande e caro. Como conseguir professores de matemática, ciência e história para todas as comunidades? E mesmo que você os ache, muitos deles não se mudariam para lá.
Então, diante dessa tarefa impossível, servidores públicos e autoridades de estado desenvolveram incrível criatividade e empreendedorismo. Criaram a solução do centro multimídia. Funciona deste jeito: professores especializados em certos assuntos, treinados em Manaus, ministrando aulas ao vivo para mais de mil salas de aula naquelas comunidades afastadas. Essas salas têm de 5 a 25 estudantes e são acompanhadas por um professor mais generalista para seu aprendizado e desenvolvimento. Os 60 professores especializados em Manaus trabalham com mais de 2,2 mil professores que estão nas comunidades para adaptar os planos de aula ao tempo e contexto.
Agora, por que essa divisão entre um professor de conteúdo e um de assessoria é importante? Primeiro, como eu disse, porque em muitos países não temos professores qualificados suficientes. Mas em segundo lugar também porque os professores fazem muitas coisas para as quais não são treinados, nem deveriam fazer.
Vamos ver o Chile, por exemplo. No Chile, para cada médico, você tem 4,5 pessoas, 4,5 funcionários o ajudando. E o Chile está no final da faixa, porque, em média, em países em desenvolvimento, cada médico tem dez pessoas o ajudando. Um professor no Chile, no entanto, tem menos que meia pessoa, 0,3 pessoa o ajudando.
Imagine a enfermaria de um hospital, com 20, 40, 70 pacientes e você tem um médico fazendo tudo sozinho: sem enfermeiras, sem assistentes, ninguém. Você diria que isso é um absurdo e impossível, mas é isso o que professores pelo mundo todo estão fazendo, todos os dias, com salas com 20, 40 ou 70 estudantes.
Então essa divisão entre professores de assessoria e de conteúdo é incrível porque está mudando o paradigma do professor pra que cada um faça o melhor que pode fazer e para que crianças não só estejam na escola, mas na escola e aprendendo.
E alguns desses professores de conteúdo, tornaram-se professores-celebridade. Sabe, alguns se candidataram a cargos e ajudaram a elevar o status da profissão pra que mais alunos quisessem ser professores.
E o que eu amo neste exemplo é que ele vai além de mudar o paradigma do professor. Ele ensina como podemos aproveitar a tecnologia para aprender. As transmissões ao vivo são bidirecionais, então alunos como o Filipe e outros podem apresentar informações também. E nós sabemos que a tecnologia nem sempre é perfeita. As autoridades esperam que entre 5% e 15% das aulas a cada dia não sejam transmitidas por causa de cheias, antenas quebradas, internet não funcionando. Ainda assim, Filipe é um dos 300 mil estudantes que se beneficiam do centro multimídia e têm acesso à educação pós-primária. Esse é um exemplo vivo de como a tecnologia não é somente um adicional, mas pode ser essencial para o aprendizado e pode ajudar a levar escolas às crianças se não pudermos levá-las até a escola.
Agora, eu sei, você vai dizer: “Como vamos implementar isso no mundo todo?” Eu estive no governo e vi o quanto é difícil implementar mesmo as melhores ideias. Então como comissão, começamos duas inciativas para que a “Geração do Aprendizado” se torne realidade.
- A primeira chama-se a Iniciativa País Pioneiro. Aproximadamente 20 países da África e da Ásia se comprometeram a fazer da educação sua prioridade e a transformar seus sistemas de educação para que entreguem resultados. Treinamos líderes de países em uma metodologia chamada de Abordagem da Entrega. Ela faz basicamente duas coisas: na fase de planejamento, levamos todo mundo a uma sala: professores, sindicatos de professores, associações de pais, oficiais de governo, ONGs, todos, para que a reforma e a solução que encontremos seja compartilhada por todos e apoiada por todos. E na segunda fase, ela faz algo especial.
É como um foco implacável no acompanhamento. Então a cada semana que você checa se foi feito o que deveria ter sido, e às vezes ainda mandando fisicamente uma pessoa para o bairro ou para a escola para checar, em vez de esperar que tenha acontecido. Para alguns, isso pode soar como senso comum, mas não é uma prática comum, e é por isso que muitas reformas falham. Ela foi iniciada na Tanzânia, e lá a taxa de alunos que passam no Ensino Médio aumentou em 50% em apenas dois anos.
- A próxima iniciativa para tornar realidade a Geração do Aprendizado é financiamento. Quem vai pagar por isso? Nós acreditamos e discutimos que financiamento nacional é o pilar do investimento em educação.
Você se lembra quando falei sobre o Vietnã mais cedo, que passou os EUA no PISA? Isto se deve a um sistema de educação melhor, mas também ao aumento de investimento no Vietnã, de 7% para 20% da verba nacional em duas décadas.
Mas o que acontece se países querem empréstimos para a educação? Se você quisesse um empréstimo para construir uma ponte ou estrada, seria muito simples e direto, mas não para a educação. É mais fácil mostrar uma ponte para todo mundo do que uma mente instruída. Esse é um tipo de compromisso mais duradouro.
Então veio uma solução para ajudar países a escapar da armadilha da renda média; países que não são pobres o suficiente ou, felizmente, deixaram de ser pobres, que não podem se beneficiar de subsídios ou empréstimos sem juros, e não são ricos o suficiente para poder ter juros atraentes nos seus empréstimos.
Então estamos arrecadando doações em uma unidade de financiamento educacional, que oferecerá mais financiamentos para a educação.
Nós vamos subsidiar, ou mesmo eliminar completamente o pagamento de juros nos empréstimos pra que países que se comprometam com as reformas possam pegar dinheiro emprestado, reformar seu sistema de educação e pagar esse dinheiro ao longo do tempo, enquanto se beneficiam de uma população mais instruída. Essa solução foi reconhecida no último encontro do G-20, na Alemanha, e finalmente, hoje, a educação está na agenda internacional.
Deixe-me trazer isso de volta ao nível pessoal, porque é onde o impacto desemboca. Sem essa decisão de investir o orçamento de um país jovem, 20% do orçamento de um país jovem em educação, eu nunca teria sido capaz de ir à escola, muito menos de, em 2014, me tornar ministra no governo que terminou com sucesso a fase de transição. O Prêmio Nobel da Paz da Tunísia em 2015, como única democracia surgida na Primavera Árabe, é um legado daquela corajosa decisão. A educação é a luta dos direitos civis, é a luta dos Direitos Humanos da nossa geração. Educação de qualidade para todos: essa é a luta pela liberdade que temos que vencer.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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