Passando por melhorias na área de vacinação, modificação de cultivos ou resolução de crimes, a tecnologia do DNA vêm transformando o mundo e...
Passando por melhorias na área de vacinação, modificação de cultivos ou resolução de crimes, a tecnologia do DNA vêm transformando o mundo em que vivemos. Pela primeira vez na história, qualquer pessoa pode realizar experimentos com DNA em casa, na sua cozinha, utilizando um aparelho menor do que uma caixa de sapatos. "Presenciamos hoje a revolução do DNA pessoal", afirma o empreendedor e biotecnologista Sebastian Kraves, onde segredos contidos no DNA podem ser desvendados por você mesmo.
Imagine que você é um criador de porcos, de uma pequena fazenda nas Filipinas. Seus porcos são sua única fonte de renda, desde que eles sejam saudáveis. Você sabe que qualquer dia seus porcos podem pegar gripe, a gripe suína.
Em áreas confinadas, um porco tossindo e espirrando pode espalhar a doença rapidamente para o outro, até que a gripe suína se espalhe por toda fazenda.
Se for um vírus forte, a saúde de toda a sua criação pode acabar num piscar de olhos.
Se você chamasse veterinários, eles visitariam sua fazenda e recolheriam amostras do focinho e boca dos porcos.
Mas então eles teriam que retornar pra cidade para testar as amostras num laboratório.
Duas semanas depois, você receberia os resultados.
Duas semanas pode ser o tempo necessário para a doença se espalhar e destruir todo seu ganha-pão.
Mas não precisa ser assim.
Hoje, os próprios fazendeiros podem recolher suas amostras.
Eles podem coletar diretamente da boca e focinho dos seus porcos usando um pequeno filtro de papel, inserir este filtro de papel em um tubo de ensaio, e misturá-lo com elementos químicos para extrair material genético da boca e focinho dos seus porcos.
E mesmo sem sair da fazenda, poderiam colocar este material genético dentro de um analisador menor que uma caixa de sapatos e programá-lo para detectar o DNA ou RNA da gripe suína, e dentro de uma hora obter e visualizar os resultados.
Essa realidade já é possível porque hoje vivemos na era da tecnologia do DNA pessoal.
Todos nós podemos testar DNA.
O DNA é a molécula básica que carrega o código genético que ajuda a construir o mundo dos seres vivos.
Humanos têm DNA. Porcos têm DNA. Até mesmo bactérias e vírus possuem DNA.
As instruções codificadas no DNA informam como nossos corpos evoluem, crescem, funcionam.
E em muitos casos, esta informação pode detectar doenças.
Sua informação genética está amarrada numa imensa molécula espiral, a dupla hélice do DNA, que tem mais de 3 bilhões de letras, do início ao fim.
Mas as linhas que carregam a informação importante são geralmente muito curtas, de algumas dezenas a vários milhares de letras.
Então para responder uma pergunta com base no DNA, de fato não precisamos ler os 3 bilhões de letras.
É algo similar a sentir fome à noite e ter que folhear todo o guia telefônico, página por página, parando em todas linhas, até encontrar a pizzaria mais próxima.
(Risos)
Felizmente, há três décadas, seres humanos inventaram equipamentos que podem encontrar linhas específicas no código genético.
Estes aparelhos de DNA são maravilhas.
Podem encontrar qualquer linha no DNA.
Mas uma vez encontrada, o DNA é ainda pequeno, e cercado por muitos outros DNAs, e estes aparelhos então copiam o gene alvo, e também copiam muitos outros genes, milhões e milhões de cópias, até que o gene alvo se destaque do restante, até que possamos visualizá-lo, interpretá-lo, lê-lo, entendê-lo, e que possamos responder: meu porco está gripado? Ou, outras perguntas que o DNA pode responder: tenho risco de câncer? Sou descendente de irlandeses? Sou o pai dessa criança? (Risos)
A habilidade de copiar DNA, por mais simples que pareça, transformou nosso mundo.
Cientistas a usam todos dias para detectar e tratar doenças, para criar novos remédios, modificar alimentos, decidir se o alimento é próprio para consumo ou se está contaminado por uma bactéria mortal.
Até mesmo juízes usam essa tecnologia em julgamentos, para decidir se alguém é inocente ou culpado, baseado no DNA.
O inventor desta técnica de cópia do DNA ganhou o Nobel de Química em 1993.
Mas por 30 anos, o poder da análise genética ficou confinado à Torre de Marfin, ou, laboratórios de importantes PhDs.
Várias companhias ao redor do mundo trabalham para popularizar essa tecnologia para pessoas como o criador de porcos, como você.
Eu ajudei a fundar uma dessas companhias.
Há três anos, junto com um amigo biologista, Zeke Alvarez Saavedra, decidimos fazer um aparelho de DNA pessoal que todos pudessem usar.
Nossa meta era trazer a ciência do DNA para mais pessoas e lugares.
Começamos a trabalhar em nossos porões, com uma simples pergunta em mente: como seria o mundo se todos pudessem analisar o DNA? Estávamos curiosos, tão curiosos como vocês estariam se eu mostrasse isso em 1980.
(Risos)
Você diria: "Uau! Agora posso ligar para Tia Glenda, do carro, e desejá-la feliz aniversário.
Posso ligar pra quem quiser, a qualquer hora.
O futuro chegou!" Você mal sabia que um dia só tocaria naquele telefone para reservar um restaurante pra você e tia Glenda jantarem juntos.
Com um simples toque, compraria um presente pra ela.
E com outro toque, você curtiria a tia Glenda no Facebook.
E faria tudo isso sentado no vaso sanitário.
(Risos)
É muito díficil prever aonde uma nova tecnologia nos levará.
E acontece o mesmo com a tecnologia pessoal do DNA hoje.
Por exemplo, nunca imaginei que um plantador de trufas fosse usar um aparelho pessoal de DNA.
Dr. Paul Thomas planta trufas.
Vejam ele na foto aqui, segurando a primeira trufa cultivada no Reino Unido, em uma de suas terras.
Trufas são especiarias que brotam de fungos que crescem nas raízes de certas árvores.
É um fungo raro.
Algumas trufas custam de US$ 3 a US$ 7 mil o quilo.
Aprendi com Paul que o risco do seu cultivo é muito alto.
Quando ele escolhe novas trufas para plantar, existe o risco de escolher trufas falsas, que se parecem muito com as trufas reais, mas que são de baixa qualidade.
Mesmo com a experiência de Paul, e até mesmo olhando no microscópio, essas trufas parecem autênticas.
Então para se cultivar trufas de altíssima qualidade, e trufas que serão disputadas por chefs do mundo inteiro, o Paul utiliza análise de DNA.
Não é incrível isso? Aposto que nunca mais olharão para aquela trufa no risoto novamente sem pensar na genética dela.
(Risos)
Equipamentos pessoais de DNA também podem salvar vidas.
O Professor Ian Goodfellow é virologista na Universidade de Cambridge.
Ano passado ele viajou pra Serra Leoa.
Durante o surgimento do Ebola na África Ocidental, ele logo percebeu que os médicos de lá não tinham o equipamento básico para detectar e tratar doenças.
Se esperava mais de uma semana pelo resultado de exames, e isso é muito tempo para os pacientes e para as famílias dos que sofrem.
O Ian decidiu levar seu laboratório para Makeni, na Serra Leoa.
Aqui vemos o Ian Goodfellow movendo 10 toneladas de equipamento pra dentro de uma barraca que ele montou pra detectar e diagnosticar o vírus e sequenciá-lo em 24 horas.
Mas ele teve uma surpresa: o mesmo equipamento que Ian podia usar no seu laboratório do Reino Unido para sequenciar e diagnosticar o Ebola, não funcionaria naquelas condições.
Estamos falando de 35° Celsius e 90% de umidade do ar.
Em vez disso, Ian poderia utilizar um aparelho pessoal de DNA compacto o bastante para ficar em frente ao ar condicionado sequenciando o vírus e continuar salvando vidas.
Essas condições parecem extremas pra análise do DNA, mas vamos para uma condição mais extrema ainda: no espaço sideral.
Vamos falar da análise de DNA no espaço.
Quando astronautas vão para a Estação Espacial Internacional eles orbitam o planeta a 400 km de altura.
Eles viajam a mais de 27 mil km por hora.
Imaginem isso: você vê o sol nascer e se pôr 15 vezes ao dia.
Você vive na microgravidade, flutuando.
E sob estas condições nosso corpo se comporta diferente.
O sistema imunológico enfraquece tornando os astronautas mais suscetíveis a infecções.
Uma menina de 16 anos, estudante secundária em Nova Iorque, Anna-Sophia Boguraev, achou que mudanças no DNA dos astronautas estariam ligadas a estas deficiências imunológicas, e em uma competição de ciência chamada "Genes no Espaço" Anna-Sophia projetou um experimento pra testar esta hipótese e utilizou um aparelho pessoal de DNA a bordo da Estação Espacial Internacional.
Aqui vemos a Anna-Sophia, em 8 abril de 2016, no Cabo Canaveral, assistindo o lançamento do seu experimento para Estação Espacial.
O traço de fumaça que vemos é o foguete que levou o experimento de Anna-Sophia a bordo da Estação Espacial, onde, três dias depois, o astronauta Tim Peake conduziu o experimento na microgravidade.
Aparelhos pessoais de DNA estão agora a bordo da Estação Espacial, onde ajudam a monitorar condições de sobrevivência e protegem a vida dos astronautas.
Uma pessoa de 16 anos projetando um experimento de DNA para proteger a vida de astronautas pode parecer uma raridade, algo só pra gênios.
Bom, pra mim significa algo muito maior: que a tecnologia de DNA está finalmente ao alcance de todos.
Poucos anos atrás, um universitário com seu computador pessoal criou um aplicativo que hoje é um sucesso de mídia social com bilhões de usuários.
Será que ainda veremos um mundo com aparelhos pessoais de DNA em todos lares? Conheço famílias que já vivem esta realidade.
A família Daniels, por exemplo, construiu seu próprio laboratório de DNA num bairro residencial de Chicago.
Esta não é uma família de cientistas PhDs. É uma família como qualquer outra.
Eles apenas gostam de passar tempo juntos fazendo algo divertido e criativo.
De dia, Brian é um executivo de uma empresa privada.
À noite e nos finais de semana ele faz experimentos com DNA junto com seus filhos, de 7 e 9 anos, explorando o mundo que vivemos.
Da última vez que falei com eles, estavam observando verduras colhidas de sua horta.
Estavam testando tomates que eles mesmo colheram, descascaram e colocaram num pequeno tubo de ensaio, misturaram com elementos para extrair o DNA e utilizaram seu copiador de DNA caseiro para testar se os tomates foram transformados geneticamente.
Para os Daniels, o aparelho pessoal de DNA é como um kit de química do século 21.
A maioria de nós não quer diagnosticar condições genéticas na cozinha ou fazer teste de paternidade em casa.
(Risos)
Mas finalmente alcançamos um ponto da história no qual todos temos acesso ao teste de DNA na nossa cozinha.
Você pode copiar, colar e analisar DNA e extrair informações importantes.
E é em momentos como esse que transformações profundas podem acontecer; momentos quando uma tecnologia poderosa de transformação que antes era limitada a poucos numa Torre de Marfin, finalmente se torna disponível para cada um de nós, de agricultores a jovens estudantes.
Pense no momento quando telefones não precisavam mais de fios para se conectarem, ou computadores ficaram portáteis e entraram em sua casa ou escritório.
Os efeitos da revolução do DNA pessoal são difíceis de serem previstos, mas uma coisa é certa: revoluções não retrocedem, e a tecnologia do DNA se espalha mais do que imaginamos.
Então, se você está curioso, torne-se próximo e pessoal com o DNA, hoje.
Ser curioso é parte do nosso DNA.
(Risos)
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Imagine que você é um criador de porcos, de uma pequena fazenda nas Filipinas. Seus porcos são sua única fonte de renda, desde que eles sejam saudáveis. Você sabe que qualquer dia seus porcos podem pegar gripe, a gripe suína.
Em áreas confinadas, um porco tossindo e espirrando pode espalhar a doença rapidamente para o outro, até que a gripe suína se espalhe por toda fazenda.
Se for um vírus forte, a saúde de toda a sua criação pode acabar num piscar de olhos.
Se você chamasse veterinários, eles visitariam sua fazenda e recolheriam amostras do focinho e boca dos porcos.
Mas então eles teriam que retornar pra cidade para testar as amostras num laboratório.
Duas semanas depois, você receberia os resultados.
Duas semanas pode ser o tempo necessário para a doença se espalhar e destruir todo seu ganha-pão.
Mas não precisa ser assim.
Hoje, os próprios fazendeiros podem recolher suas amostras.
Eles podem coletar diretamente da boca e focinho dos seus porcos usando um pequeno filtro de papel, inserir este filtro de papel em um tubo de ensaio, e misturá-lo com elementos químicos para extrair material genético da boca e focinho dos seus porcos.
E mesmo sem sair da fazenda, poderiam colocar este material genético dentro de um analisador menor que uma caixa de sapatos e programá-lo para detectar o DNA ou RNA da gripe suína, e dentro de uma hora obter e visualizar os resultados.
Essa realidade já é possível porque hoje vivemos na era da tecnologia do DNA pessoal.
Todos nós podemos testar DNA.
O DNA é a molécula básica que carrega o código genético que ajuda a construir o mundo dos seres vivos.
Humanos têm DNA. Porcos têm DNA. Até mesmo bactérias e vírus possuem DNA.
As instruções codificadas no DNA informam como nossos corpos evoluem, crescem, funcionam.
E em muitos casos, esta informação pode detectar doenças.
Sua informação genética está amarrada numa imensa molécula espiral, a dupla hélice do DNA, que tem mais de 3 bilhões de letras, do início ao fim.
Mas as linhas que carregam a informação importante são geralmente muito curtas, de algumas dezenas a vários milhares de letras.
Então para responder uma pergunta com base no DNA, de fato não precisamos ler os 3 bilhões de letras.
É algo similar a sentir fome à noite e ter que folhear todo o guia telefônico, página por página, parando em todas linhas, até encontrar a pizzaria mais próxima.
(Risos)
Felizmente, há três décadas, seres humanos inventaram equipamentos que podem encontrar linhas específicas no código genético.
Estes aparelhos de DNA são maravilhas.
Podem encontrar qualquer linha no DNA.
Mas uma vez encontrada, o DNA é ainda pequeno, e cercado por muitos outros DNAs, e estes aparelhos então copiam o gene alvo, e também copiam muitos outros genes, milhões e milhões de cópias, até que o gene alvo se destaque do restante, até que possamos visualizá-lo, interpretá-lo, lê-lo, entendê-lo, e que possamos responder: meu porco está gripado? Ou, outras perguntas que o DNA pode responder: tenho risco de câncer? Sou descendente de irlandeses? Sou o pai dessa criança? (Risos)
A habilidade de copiar DNA, por mais simples que pareça, transformou nosso mundo.
Cientistas a usam todos dias para detectar e tratar doenças, para criar novos remédios, modificar alimentos, decidir se o alimento é próprio para consumo ou se está contaminado por uma bactéria mortal.
Até mesmo juízes usam essa tecnologia em julgamentos, para decidir se alguém é inocente ou culpado, baseado no DNA.
O inventor desta técnica de cópia do DNA ganhou o Nobel de Química em 1993.
Mas por 30 anos, o poder da análise genética ficou confinado à Torre de Marfin, ou, laboratórios de importantes PhDs.
Várias companhias ao redor do mundo trabalham para popularizar essa tecnologia para pessoas como o criador de porcos, como você.
Eu ajudei a fundar uma dessas companhias.
Há três anos, junto com um amigo biologista, Zeke Alvarez Saavedra, decidimos fazer um aparelho de DNA pessoal que todos pudessem usar.
Nossa meta era trazer a ciência do DNA para mais pessoas e lugares.
Começamos a trabalhar em nossos porões, com uma simples pergunta em mente: como seria o mundo se todos pudessem analisar o DNA? Estávamos curiosos, tão curiosos como vocês estariam se eu mostrasse isso em 1980.
(Risos)
Você diria: "Uau! Agora posso ligar para Tia Glenda, do carro, e desejá-la feliz aniversário.
Posso ligar pra quem quiser, a qualquer hora.
O futuro chegou!" Você mal sabia que um dia só tocaria naquele telefone para reservar um restaurante pra você e tia Glenda jantarem juntos.
Com um simples toque, compraria um presente pra ela.
E com outro toque, você curtiria a tia Glenda no Facebook.
E faria tudo isso sentado no vaso sanitário.
(Risos)
É muito díficil prever aonde uma nova tecnologia nos levará.
E acontece o mesmo com a tecnologia pessoal do DNA hoje.
Por exemplo, nunca imaginei que um plantador de trufas fosse usar um aparelho pessoal de DNA.
Dr. Paul Thomas planta trufas.
Vejam ele na foto aqui, segurando a primeira trufa cultivada no Reino Unido, em uma de suas terras.
Trufas são especiarias que brotam de fungos que crescem nas raízes de certas árvores.
É um fungo raro.
Algumas trufas custam de US$ 3 a US$ 7 mil o quilo.
Aprendi com Paul que o risco do seu cultivo é muito alto.
Quando ele escolhe novas trufas para plantar, existe o risco de escolher trufas falsas, que se parecem muito com as trufas reais, mas que são de baixa qualidade.
Mesmo com a experiência de Paul, e até mesmo olhando no microscópio, essas trufas parecem autênticas.
Então para se cultivar trufas de altíssima qualidade, e trufas que serão disputadas por chefs do mundo inteiro, o Paul utiliza análise de DNA.
Não é incrível isso? Aposto que nunca mais olharão para aquela trufa no risoto novamente sem pensar na genética dela.
(Risos)
Equipamentos pessoais de DNA também podem salvar vidas.
O Professor Ian Goodfellow é virologista na Universidade de Cambridge.
Ano passado ele viajou pra Serra Leoa.
Durante o surgimento do Ebola na África Ocidental, ele logo percebeu que os médicos de lá não tinham o equipamento básico para detectar e tratar doenças.
Se esperava mais de uma semana pelo resultado de exames, e isso é muito tempo para os pacientes e para as famílias dos que sofrem.
O Ian decidiu levar seu laboratório para Makeni, na Serra Leoa.
Aqui vemos o Ian Goodfellow movendo 10 toneladas de equipamento pra dentro de uma barraca que ele montou pra detectar e diagnosticar o vírus e sequenciá-lo em 24 horas.
Mas ele teve uma surpresa: o mesmo equipamento que Ian podia usar no seu laboratório do Reino Unido para sequenciar e diagnosticar o Ebola, não funcionaria naquelas condições.
Estamos falando de 35° Celsius e 90% de umidade do ar.
Em vez disso, Ian poderia utilizar um aparelho pessoal de DNA compacto o bastante para ficar em frente ao ar condicionado sequenciando o vírus e continuar salvando vidas.
Essas condições parecem extremas pra análise do DNA, mas vamos para uma condição mais extrema ainda: no espaço sideral.
Vamos falar da análise de DNA no espaço.
Quando astronautas vão para a Estação Espacial Internacional eles orbitam o planeta a 400 km de altura.
Eles viajam a mais de 27 mil km por hora.
Imaginem isso: você vê o sol nascer e se pôr 15 vezes ao dia.
Você vive na microgravidade, flutuando.
E sob estas condições nosso corpo se comporta diferente.
O sistema imunológico enfraquece tornando os astronautas mais suscetíveis a infecções.
Uma menina de 16 anos, estudante secundária em Nova Iorque, Anna-Sophia Boguraev, achou que mudanças no DNA dos astronautas estariam ligadas a estas deficiências imunológicas, e em uma competição de ciência chamada "Genes no Espaço" Anna-Sophia projetou um experimento pra testar esta hipótese e utilizou um aparelho pessoal de DNA a bordo da Estação Espacial Internacional.
Aqui vemos a Anna-Sophia, em 8 abril de 2016, no Cabo Canaveral, assistindo o lançamento do seu experimento para Estação Espacial.
O traço de fumaça que vemos é o foguete que levou o experimento de Anna-Sophia a bordo da Estação Espacial, onde, três dias depois, o astronauta Tim Peake conduziu o experimento na microgravidade.
Aparelhos pessoais de DNA estão agora a bordo da Estação Espacial, onde ajudam a monitorar condições de sobrevivência e protegem a vida dos astronautas.
Uma pessoa de 16 anos projetando um experimento de DNA para proteger a vida de astronautas pode parecer uma raridade, algo só pra gênios.
Bom, pra mim significa algo muito maior: que a tecnologia de DNA está finalmente ao alcance de todos.
Poucos anos atrás, um universitário com seu computador pessoal criou um aplicativo que hoje é um sucesso de mídia social com bilhões de usuários.
Será que ainda veremos um mundo com aparelhos pessoais de DNA em todos lares? Conheço famílias que já vivem esta realidade.
A família Daniels, por exemplo, construiu seu próprio laboratório de DNA num bairro residencial de Chicago.
Esta não é uma família de cientistas PhDs. É uma família como qualquer outra.
Eles apenas gostam de passar tempo juntos fazendo algo divertido e criativo.
De dia, Brian é um executivo de uma empresa privada.
À noite e nos finais de semana ele faz experimentos com DNA junto com seus filhos, de 7 e 9 anos, explorando o mundo que vivemos.
Da última vez que falei com eles, estavam observando verduras colhidas de sua horta.
Estavam testando tomates que eles mesmo colheram, descascaram e colocaram num pequeno tubo de ensaio, misturaram com elementos para extrair o DNA e utilizaram seu copiador de DNA caseiro para testar se os tomates foram transformados geneticamente.
Para os Daniels, o aparelho pessoal de DNA é como um kit de química do século 21.
A maioria de nós não quer diagnosticar condições genéticas na cozinha ou fazer teste de paternidade em casa.
(Risos)
Mas finalmente alcançamos um ponto da história no qual todos temos acesso ao teste de DNA na nossa cozinha.
Você pode copiar, colar e analisar DNA e extrair informações importantes.
E é em momentos como esse que transformações profundas podem acontecer; momentos quando uma tecnologia poderosa de transformação que antes era limitada a poucos numa Torre de Marfin, finalmente se torna disponível para cada um de nós, de agricultores a jovens estudantes.
Pense no momento quando telefones não precisavam mais de fios para se conectarem, ou computadores ficaram portáteis e entraram em sua casa ou escritório.
Os efeitos da revolução do DNA pessoal são difíceis de serem previstos, mas uma coisa é certa: revoluções não retrocedem, e a tecnologia do DNA se espalha mais do que imaginamos.
Então, se você está curioso, torne-se próximo e pessoal com o DNA, hoje.
Ser curioso é parte do nosso DNA.
(Risos)
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Comentários