Neurocientista cazaque acessa pesquisas e documentos protegidos por editoras e torna os dados públicos online.
Neurocientista cazaque acessa pesquisas e documentos protegidos por editoras e torna os dados públicos online.
Pirataria ou cyberativismo? A neurocientista (sempres eles!) Alexandra Elbakyan, do Cazaquistão, mantém uma espécie de Pirate Bay científico e coloca no ar milhões de artigos e pesquisas científicas protegidas por direitos autorais e exploradas por editoras.
Como consequência, a Corte de Nova York determinou o fechamento do site, e ele apenas simplesmente mudou de domínio continuando com suas atividades (semelhante com o que o Pirate Bay fez com frequência). A Elsevier, uma das maiores editoras científicas do mundo, está processando o Sci-Hub e pede até 150 milhões de dólares por artigo copiado.
Em sua defesa, Elbakyan declara que o modelo de negócios dessas empresas vai de encontro da Declaração Universal dos Direitos Humanos que em seu artigo 27, inciso 1, diz:
No site, os administradores afirmam que “atualmente, a distribuição de pesquisas, que poderia ser maior do que nunca, é restringida por leis de direitos autorais, que diminuem muito a velocidade com que a ciência avança”.
Essa polêmica é boa. Uma vez que o próprio artigo 27, em seu segundo inciso, dá a brecha para a defesa das editoras:
Acreditamos que aqui o princípio do "in dubio pro societate", usado convenientemente para justificar o afastamento da presidente, se aplicaria bem mais apropriadamente. Seria algo semelhante ao que ocorreu com as patentes de medicamentos do coquetel antivirais contra a AIDS no Brasil, onde patentes foram quebradas pelo governo em nome do bem-comum. Deveria ser feita uma análise de modo a dar acesso à comunidade científica com um justo pagamento aos pesquisadores. Mas levando-se em conta nesse "justo" que muito do que foi produzido pelos autores foi baseado no conhecimento tornado público por muitos cientistas que vieram antes - e quiseram mais o reconhecimento, o benefício social trazido por suas descobertas e invenções, do que propriamente a remuneração - e por muitos institutos, repositórios e universidades mantidas pelos governos, justamente, para propiciar o progresso científico sem barreiras.
Aliás, "...para remover todas as barreiras no caminho da ciência" é o slogan do Sci-Hub.
No entanto, a terceira etapa é a parte engenhosa do sistema: se LibGen ainda não tiver uma cópia do documento, o Sci-Hub tem uma segunda maneira de ignorar o pedido por pagamento da revista científica: o compartilhamento de senhas. O site conta com uma rede global de compartilhamentos de senhas e acessos a proxies de universidades que disponibilizam para seus estudantes o conteúdo aberto de algumas publicações científicas.
Isso permite que o Sci-Hub encaminhe o usuário direto para o PDF do artigo que ele quer acessar, através de senhas ou proxies universitários, editoras como JSTOR, Springer, Sage e Elsevier. Depois de entregar o artigo para o usuário em questão de segundos, o Sci-Hub doa uma cópia do documento para LibGen, sendo desnecessário acessar novamente o site da universidade na próxima requisição, e o artigo fica então armazenado para sempre, acessível por todos e qualquer um.
Fonte: Hypeness, Partido Pirata
[Visto no Brasil Acadêmico]
Pirataria ou cyberativismo? A neurocientista (sempres eles!) Alexandra Elbakyan, do Cazaquistão, mantém uma espécie de Pirate Bay científico e coloca no ar milhões de artigos e pesquisas científicas protegidas por direitos autorais e exploradas por editoras.
Modelo tradicional de publicação acadêmica
Simultaneamente à dinâmica de sites que disponibilizam filmes, softwares, músicas e outros materiais e são processados pela Justiça do mundo todo, na área da ciência ocorre algo semelhante.
Modelo pay-to-publish de publicação acadêmica
O Sci-Hub está online desde 2011 e acessa pesquisas e documentos protegidos por editoras e os publica gratuitamente. Isso é feito com a ajuda de cientistas anônimos que assinam os serviços e permitem que os chamados “piratas do saber” usem suas contas para disseminar os dados.Como consequência, a Corte de Nova York determinou o fechamento do site, e ele apenas simplesmente mudou de domínio continuando com suas atividades (semelhante com o que o Pirate Bay fez com frequência). A Elsevier, uma das maiores editoras científicas do mundo, está processando o Sci-Hub e pede até 150 milhões de dólares por artigo copiado.
Em sua defesa, Elbakyan declara que o modelo de negócios dessas empresas vai de encontro da Declaração Universal dos Direitos Humanos que em seu artigo 27, inciso 1, diz:
“Todos têm o direito de participar livremente na vida cultural da comunidade, tirar proveito das artes e dos avanços científicos e seus benefícios.”
No site, os administradores afirmam que “atualmente, a distribuição de pesquisas, que poderia ser maior do que nunca, é restringida por leis de direitos autorais, que diminuem muito a velocidade com que a ciência avança”.
Essa polêmica é boa. Uma vez que o próprio artigo 27, em seu segundo inciso, dá a brecha para a defesa das editoras:
“Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.”
Acreditamos que aqui o princípio do "in dubio pro societate", usado convenientemente para justificar o afastamento da presidente, se aplicaria bem mais apropriadamente. Seria algo semelhante ao que ocorreu com as patentes de medicamentos do coquetel antivirais contra a AIDS no Brasil, onde patentes foram quebradas pelo governo em nome do bem-comum. Deveria ser feita uma análise de modo a dar acesso à comunidade científica com um justo pagamento aos pesquisadores. Mas levando-se em conta nesse "justo" que muito do que foi produzido pelos autores foi baseado no conhecimento tornado público por muitos cientistas que vieram antes - e quiseram mais o reconhecimento, o benefício social trazido por suas descobertas e invenções, do que propriamente a remuneração - e por muitos institutos, repositórios e universidades mantidas pelos governos, justamente, para propiciar o progresso científico sem barreiras.
Aliás, "...para remover todas as barreiras no caminho da ciência" é o slogan do Sci-Hub.
Funcionamento
O site funciona em três etapas. Primeiro, o pesquisador que busca algum artigo insere o link ou o código DOI da obra a qual deseja ter acesso. Depois, a plataforma tenta baixar o artigo solicitado buscando por uma cópia no banco de dados LibGen, um banco de conteúdo pirata, que hospeda mais de cem milhões de livros (provavelmente aquele PDF que você nunca encontrou no Google está lá), e que abriu suas portas para trabalhos acadêmicos em 2012 e agora contém mais de 48 milhões de artigos científicos.No entanto, a terceira etapa é a parte engenhosa do sistema: se LibGen ainda não tiver uma cópia do documento, o Sci-Hub tem uma segunda maneira de ignorar o pedido por pagamento da revista científica: o compartilhamento de senhas. O site conta com uma rede global de compartilhamentos de senhas e acessos a proxies de universidades que disponibilizam para seus estudantes o conteúdo aberto de algumas publicações científicas.
Isso permite que o Sci-Hub encaminhe o usuário direto para o PDF do artigo que ele quer acessar, através de senhas ou proxies universitários, editoras como JSTOR, Springer, Sage e Elsevier. Depois de entregar o artigo para o usuário em questão de segundos, o Sci-Hub doa uma cópia do documento para LibGen, sendo desnecessário acessar novamente o site da universidade na próxima requisição, e o artigo fica então armazenado para sempre, acessível por todos e qualquer um.
Fonte: Hypeness, Partido Pirata
[Visto no Brasil Acadêmico]
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