O fotógrafo Stephen Wilkes cria composições deslumbrantes de paisagens enquanto elas transitam entre o dia e a noite, explorando o espaço-te...
O fotógrafo Stephen Wilkes cria composições deslumbrantes de paisagens enquanto elas transitam entre o dia e a noite, explorando o espaço-tempo contínuo dentro de uma fotografia bidimensional. Viaje com ele para locais emblemáticos como a ponte Tournelle em Paris, El Capitan no Parque Nacional Yosemite e um furo de água que dá vida no coração do Serengeti neste passeio de sua arte e processo.
Sou movido por pura paixão para criar fotografias que contam histórias. A fotografia pode ser descrita como a gravação de um momento único, congelado dentro de uma fração do tempo. Cada momento ou fotografia representa um momento tangível de nossas memórias com a passagem do tempo. Mas e se você pudesse capturar mais do que um momento numa fotografia? E se uma fotografia pudesse realmente desmoronar o tempo, comprimindo os melhores momentos do dia e da noite perfeitamente numa única imagem?
Criei um conceito chamado "Dia para a Noite" e acredito que isso vá mudar o modo como vocês observam o mundo. Sei que mudou para mim.
Meu processo começa fotografando locais emblemáticos, lugares que são parte do que chamo de nossa memória coletiva. Fotografo de um ponto fixo privilegiado, e nunca me desloco. Capturo os momentos fugazes da humanidade e da luz com a passagem do tempo. Eu fotografo entre 15 a 30 horas disparando mais de 1,5 mil imagens, e depois escolho os melhores momentos do dia e da noite.
Usando o tempo como um guia, eu mesclo esses melhores momentos numa única fotografia, visualizando nossa viagem consciente com o tempo. Posso levar vocês a Paris para uma vista à Ponte Tournelle. E posso mostrar a vocês os remadores da manhã ao longo do rio Sena. E, simultaneamente, posso mostrar Notre Dame incandescente à noite. Enquanto isso, posso mostrar o romance da Cidade de Luz.
O conceito todo surgiu em 1996. A revista Life me contratou para criar uma fotografia panorâmica do elenco e equipe do filme Romeu e Julieta, de Baz Luhrmann. Cheguei ao set e percebi: é um quadrado! Assim, a única maneira que poderia criar uma panorâmica era fotografando uma colagem de 250 imagens individuais. Então, pedi a DiCaprio e Claire Danes que se abraçassem. E, enquanto girava minha câmera para a direita, notei que havia um espelho na parede e vi que eles estavam refletidos nele. E para aquele momento, aquela imagem pedi a eles: "Vocês poderiam se beijar para esta foto?" Então voltei para o meu estúdio em Nova Iorque, colei à mão estas 250 imagens juntas, eu me afastei e disse:
Esta é uma imagem que eu criei do píer Santa Monica, "Dia para a Noite". E mostrarei a vocês um pequeno vídeo que dá uma ideia do que como é estar comigo quando crio estas imagens. Para começar, é preciso entender que, para obter vistas como estas, passo boa parte do meu tempo nas alturas, e costumo ficar numa plataforma elevatória ou num guindaste. Portanto, este é um dia típico: de 12 a 18 horas, sem parar capturando o desdobramento do dia todo.
Uma das coisas ótimas é que adoro observar as pessoas. E confiem em mim quando digo: é o melhor assento no camarote que se pode desejar.
E é realmente assim que crio estas fotografias. Então, quando decido qual será a minha paisagem e a localização, tenho que decidir quando o dia começa e a noite termina. E isso é o que chamo de vetor de tempo. Einstein descreveu o tempo como um tecido. Pensem na superfície de um trampolim: ela se deforma e se estica com a gravidade. Eu também vejo o tempo como um tecido, mas pego esse tecido e o estico, comprimindo-o num único plano.
Um dos aspectos únicos deste trabalho também é, se observarmos todas as minhas fotos, que o vetor de tempo muda: às vezes vou da esquerda para a direita, às vezes de frente para trás, de cima para baixo, ou mesmo na diagonal. Estou explorando o espaço-tempo continuum dentro de uma fotografia bidimensional.
Quando faço estas imagens, é literalmente como um quebra-cabeça em tempo real acontecendo na minha mente. Eu construo uma fotografia com base no tempo, e chamo isso de placa mestre. Isso pode levar vários meses para ser concluído. O engraçado deste trabalho é que não tenho controle algum quando chego lá em cima num determinado dia e tiro as fotografias. Então, eu nunca sei quem aparecerá na foto, se vai ser um lindo sol nascente ou poente, nenhum controle. É no final do processo, se eu realmente tive um ótimo dia e tudo permaneceu o mesmo, que eu, então, decido quem fica e quem sai, e é tudo baseado no tempo. Vou usar aqueles melhores momentos que escolhi ao longo de um mês de edição e eles se misturam com perfeição na placa mestre. Estou comprimindo o dia e a noite como eu os vi, criando uma harmonia única entre estes dois mundos muito discordantes.
A pintura sempre teve uma influência importante em toda a minha obra e sempre fui um grande fã de Albert Bierstadt, o grande pintor da Escola do Rio Hudson. Ele inspirou uma série recente que fiz sobre os parques nacionais. Este é o vale de Yosemite de Bierstadt. E esta é a fotografia que criei de Yosemite. Esta é a história de capa do exemplar de janeiro de 2016 da revista National Geographic. Fotografei por mais de 30 horas nesta foto. Estava literalmente na encosta de um penhasco, capturando as estrelas e o luar durante sua transição, o luar iluminando El Capitan. E também capturei esta transição do tempo ao longo da paisagem. A melhor parte é, obviamente, ver os momentos mágicos da humanidade com a mudança do tempo, do dia para a noite,
E numa nota pessoal, eu, na verdade, tinha uma fotocópia da pintura de Bierstadt no meu bolso. E quando o sol começou a nascer no vale, comecei a tremer com entusiasmo porque olhei para a pintura e pensei:
"Dia para a Noite" tem a ver com todas as coisas, é como uma compilação de tudo que amo em relação à fotografia. É sobre a paisagem, sobre a fotografia de rua, tem a ver com cor e arquitetura, perspectiva, escala, e, especialmente, com a história.
Este é um dos momentos mais históricos que pude fotografar: a posse presidencial de Barack Obama, em 2013. E se observarmos de perto, nesta foto, podemos ver o tempo mudando naqueles grandes televisores. Podemos ver Michelle esperando com as crianças, o presidente agora cumprimenta a multidão, ele faz o seu juramento, e agora está falando com as pessoas. Há muitos aspectos desafiadores quando crio imagens como esta. Para esta fotografia em particular, eu estava num elevador tesoura de 15 metros, suspenso no ar, e não era muito estável. Assim, cada vez que o meu assistente e eu alternávamos o nosso peso, nossa linha horizontal mudava. Para cada imagem que vocês veem, e havia cerca de 1,8 mil nesta foto, nós dois tínhamos que prender nossos pés com fita na posição toda vez que eu apertava o obturador.
(Aplausos)
Aprendi coisas extraordinárias fazendo este trabalho. Acho que as duas mais importantes foram a paciência e o poder de observação. Quando se fotografa uma cidade como Nova Iorque de cima, descobri que as pessoas dentro dos carros com as quais eu meio que convivo todo dia, não se parecem mais com pessoas dentro de carros. Elas parecem um cardume gigante de peixes; como uma forma de comportamento emergente. E quando as pessoas descrevem a energia de Nova Iorque, acho que esta fotografia começa a capturar isso. Ao observar o meu trabalho mais de perto, pode-se ver que há histórias acontecendo. Você percebe que Times Square é um cânion, é sombra e é luz solar. Decidi, nesta fotografia, usar o tempo como um tabuleiro de damas. Onde quer que estejam as sombras, é noite, e onde quer que esteja o sol, é dia.
O tempo é essa coisa extraordinária no qual nunca podemos envolver nossas cabeças. Mas de uma forma muito original e especial, acredito que estas fotografias começaram a dar um rosto ao tempo. Elas incorporam uma nova realidade visual metafísica. Quando você passa 15 horas olhando para um lugar, você verá as coisas de um modo diferente do que se subíssemos com nossa câmera, tirássemos uma foto, e nos afastássemos.
Este foi um exemplo perfeito.
(Aplausos)
E, finalmente, minha imagem mais recente, que tem um significado especial para mim: este é o Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Isto foi fotografado no meio da Seronera, que não é uma reserva. Fui justamente durante o pico da migração na esperança de capturar a mais diversificada gama de animais. Infelizmente, quando chegamos lá, havia uma seca acontecendo durante o pico da migração, uma seca de cinco semanas. Assim, todos os animais foram atraídos pela água. Encontrei este furo de água, e senti como que, se tudo permanecesse da mesma maneira que vinha se comportando, eu teria uma oportunidade verdadeira de capturar algo original.
Passamos três dias estudando a cena, e nada poderia ter me preparado para o que testemunhei durante o nosso dia de fotos. Eu fotografei durante 26 horas numa camuflagem de crocodilo, a 5 metros suspenso no ar. O que testemunhei foi inimaginável.
Os animais nunca sequer grunhiram um para o outro. Eles parecem compreender algo que nós, humanos, não compreendemos. Que este recurso precioso chamado água é algo que todos nós temos que compartilhar.
Quando criei esta imagem, percebi que "Dia para a Noite" é realmente uma nova maneira de ver, de comprimir o tempo, explorar o espaço-tempo continuum dentro de uma fotografia.
Como a tecnologia evolui juntamente com a fotografia, fotografias não só irão comunicar um significado mais profundo do tempo e da memória, como vão compor uma nova narrativa de histórias não contadas, criando uma janela atemporal em nosso mundo.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:
[Visto no Brasil Acadêmico]
Criei um conceito chamado "Dia para a Noite" e acredito que isso vá mudar o modo como vocês observam o mundo. Sei que mudou para mim.
Meu processo começa fotografando locais emblemáticos, lugares que são parte do que chamo de nossa memória coletiva. Fotografo de um ponto fixo privilegiado, e nunca me desloco. Capturo os momentos fugazes da humanidade e da luz com a passagem do tempo. Eu fotografo entre 15 a 30 horas disparando mais de 1,5 mil imagens, e depois escolho os melhores momentos do dia e da noite.
Usando o tempo como um guia, eu mesclo esses melhores momentos numa única fotografia, visualizando nossa viagem consciente com o tempo. Posso levar vocês a Paris para uma vista à Ponte Tournelle. E posso mostrar a vocês os remadores da manhã ao longo do rio Sena. E, simultaneamente, posso mostrar Notre Dame incandescente à noite. Enquanto isso, posso mostrar o romance da Cidade de Luz.
Sou essencialmente um fotógrafo de rua, suspenso no ar a 15 m de altura, e cada coisa que veem nesta fotografia aconteceu realmente neste dia."Dia para a Noite" é um projeto global, e meu trabalho sempre teve a ver com história. Sou fascinado pelo conceito de ir a um lugar como Veneza e vê-lo durante um evento específico. Decidi que queria ver a histórica Regata, um evento que vem acontecendo desde 1498. Os barcos e os trajes são exatamente como eram então. E um elemento importante que quero que vocês entendam é: isto não é um intervalo de tempo, este sou eu fotografando durante todo o dia e a noite. Sou um colecionador incansável de momentos mágicos. E o que me impulsiona é o medo de perder um deles.
O conceito todo surgiu em 1996. A revista Life me contratou para criar uma fotografia panorâmica do elenco e equipe do filme Romeu e Julieta, de Baz Luhrmann. Cheguei ao set e percebi: é um quadrado! Assim, a única maneira que poderia criar uma panorâmica era fotografando uma colagem de 250 imagens individuais. Então, pedi a DiCaprio e Claire Danes que se abraçassem. E, enquanto girava minha câmera para a direita, notei que havia um espelho na parede e vi que eles estavam refletidos nele. E para aquele momento, aquela imagem pedi a eles: "Vocês poderiam se beijar para esta foto?" Então voltei para o meu estúdio em Nova Iorque, colei à mão estas 250 imagens juntas, eu me afastei e disse:
"Uau, ficou muito legal! Estou mudando o tempo numa fotografia". E este conceito, na verdade, ficou comigo por 13 anos até que a tecnologia finalmente alcançou os meus sonhos.
Esta é uma imagem que eu criei do píer Santa Monica, "Dia para a Noite". E mostrarei a vocês um pequeno vídeo que dá uma ideia do que como é estar comigo quando crio estas imagens. Para começar, é preciso entender que, para obter vistas como estas, passo boa parte do meu tempo nas alturas, e costumo ficar numa plataforma elevatória ou num guindaste. Portanto, este é um dia típico: de 12 a 18 horas, sem parar capturando o desdobramento do dia todo.
Uma das coisas ótimas é que adoro observar as pessoas. E confiem em mim quando digo: é o melhor assento no camarote que se pode desejar.
E é realmente assim que crio estas fotografias. Então, quando decido qual será a minha paisagem e a localização, tenho que decidir quando o dia começa e a noite termina. E isso é o que chamo de vetor de tempo. Einstein descreveu o tempo como um tecido. Pensem na superfície de um trampolim: ela se deforma e se estica com a gravidade. Eu também vejo o tempo como um tecido, mas pego esse tecido e o estico, comprimindo-o num único plano.
Um dos aspectos únicos deste trabalho também é, se observarmos todas as minhas fotos, que o vetor de tempo muda: às vezes vou da esquerda para a direita, às vezes de frente para trás, de cima para baixo, ou mesmo na diagonal. Estou explorando o espaço-tempo continuum dentro de uma fotografia bidimensional.
Quando faço estas imagens, é literalmente como um quebra-cabeça em tempo real acontecendo na minha mente. Eu construo uma fotografia com base no tempo, e chamo isso de placa mestre. Isso pode levar vários meses para ser concluído. O engraçado deste trabalho é que não tenho controle algum quando chego lá em cima num determinado dia e tiro as fotografias. Então, eu nunca sei quem aparecerá na foto, se vai ser um lindo sol nascente ou poente, nenhum controle. É no final do processo, se eu realmente tive um ótimo dia e tudo permaneceu o mesmo, que eu, então, decido quem fica e quem sai, e é tudo baseado no tempo. Vou usar aqueles melhores momentos que escolhi ao longo de um mês de edição e eles se misturam com perfeição na placa mestre. Estou comprimindo o dia e a noite como eu os vi, criando uma harmonia única entre estes dois mundos muito discordantes.
A pintura sempre teve uma influência importante em toda a minha obra e sempre fui um grande fã de Albert Bierstadt, o grande pintor da Escola do Rio Hudson. Ele inspirou uma série recente que fiz sobre os parques nacionais. Este é o vale de Yosemite de Bierstadt. E esta é a fotografia que criei de Yosemite. Esta é a história de capa do exemplar de janeiro de 2016 da revista National Geographic. Fotografei por mais de 30 horas nesta foto. Estava literalmente na encosta de um penhasco, capturando as estrelas e o luar durante sua transição, o luar iluminando El Capitan. E também capturei esta transição do tempo ao longo da paisagem. A melhor parte é, obviamente, ver os momentos mágicos da humanidade com a mudança do tempo, do dia para a noite,
E numa nota pessoal, eu, na verdade, tinha uma fotocópia da pintura de Bierstadt no meu bolso. E quando o sol começou a nascer no vale, comecei a tremer com entusiasmo porque olhei para a pintura e pensei:
"Oh meu Deus, estou conseguindo a exata iluminação que Bierstadt conseguiu 100 anos atrás".
"Dia para a Noite" tem a ver com todas as coisas, é como uma compilação de tudo que amo em relação à fotografia. É sobre a paisagem, sobre a fotografia de rua, tem a ver com cor e arquitetura, perspectiva, escala, e, especialmente, com a história.
Este é um dos momentos mais históricos que pude fotografar: a posse presidencial de Barack Obama, em 2013. E se observarmos de perto, nesta foto, podemos ver o tempo mudando naqueles grandes televisores. Podemos ver Michelle esperando com as crianças, o presidente agora cumprimenta a multidão, ele faz o seu juramento, e agora está falando com as pessoas. Há muitos aspectos desafiadores quando crio imagens como esta. Para esta fotografia em particular, eu estava num elevador tesoura de 15 metros, suspenso no ar, e não era muito estável. Assim, cada vez que o meu assistente e eu alternávamos o nosso peso, nossa linha horizontal mudava. Para cada imagem que vocês veem, e havia cerca de 1,8 mil nesta foto, nós dois tínhamos que prender nossos pés com fita na posição toda vez que eu apertava o obturador.
(Aplausos)
Aprendi coisas extraordinárias fazendo este trabalho. Acho que as duas mais importantes foram a paciência e o poder de observação. Quando se fotografa uma cidade como Nova Iorque de cima, descobri que as pessoas dentro dos carros com as quais eu meio que convivo todo dia, não se parecem mais com pessoas dentro de carros. Elas parecem um cardume gigante de peixes; como uma forma de comportamento emergente. E quando as pessoas descrevem a energia de Nova Iorque, acho que esta fotografia começa a capturar isso. Ao observar o meu trabalho mais de perto, pode-se ver que há histórias acontecendo. Você percebe que Times Square é um cânion, é sombra e é luz solar. Decidi, nesta fotografia, usar o tempo como um tabuleiro de damas. Onde quer que estejam as sombras, é noite, e onde quer que esteja o sol, é dia.
O tempo é essa coisa extraordinária no qual nunca podemos envolver nossas cabeças. Mas de uma forma muito original e especial, acredito que estas fotografias começaram a dar um rosto ao tempo. Elas incorporam uma nova realidade visual metafísica. Quando você passa 15 horas olhando para um lugar, você verá as coisas de um modo diferente do que se subíssemos com nossa câmera, tirássemos uma foto, e nos afastássemos.
Este foi um exemplo perfeito.
Eu o chamo de "Selfie Sacré-Coeur". Observei por mais de 15 horas todas essas pessoas nem sequer olharem para a Sacré-Coeur. Estavam mais interessadas em usá-la como pano de fundo.Elas subiam, tiravam uma foto, e, em seguida, iam embora. Achei que isso seria um exemplo extraordinário, uma poderosa desconexão entre o que achamos que é a experiência humana versus no que a experiência humana tem evoluído. O ato de compartilhar, de repente, tornou-se mais importante do que a própria experiência.
(Aplausos)
E, finalmente, minha imagem mais recente, que tem um significado especial para mim: este é o Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Isto foi fotografado no meio da Seronera, que não é uma reserva. Fui justamente durante o pico da migração na esperança de capturar a mais diversificada gama de animais. Infelizmente, quando chegamos lá, havia uma seca acontecendo durante o pico da migração, uma seca de cinco semanas. Assim, todos os animais foram atraídos pela água. Encontrei este furo de água, e senti como que, se tudo permanecesse da mesma maneira que vinha se comportando, eu teria uma oportunidade verdadeira de capturar algo original.
Passamos três dias estudando a cena, e nada poderia ter me preparado para o que testemunhei durante o nosso dia de fotos. Eu fotografei durante 26 horas numa camuflagem de crocodilo, a 5 metros suspenso no ar. O que testemunhei foi inimaginável.
Francamente, foi bíblico. Vimos, por 26 horas, todas estas espécies rivais compartilhar um único recurso chamado água. O mesmo recurso pelo qual a humanidade irá supostamente guerrear durante os próximos 50 anos.
Os animais nunca sequer grunhiram um para o outro. Eles parecem compreender algo que nós, humanos, não compreendemos. Que este recurso precioso chamado água é algo que todos nós temos que compartilhar.
Quando criei esta imagem, percebi que "Dia para a Noite" é realmente uma nova maneira de ver, de comprimir o tempo, explorar o espaço-tempo continuum dentro de uma fotografia.
Como a tecnologia evolui juntamente com a fotografia, fotografias não só irão comunicar um significado mais profundo do tempo e da memória, como vão compor uma nova narrativa de histórias não contadas, criando uma janela atemporal em nosso mundo.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:
[Visto no Brasil Acadêmico]
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