De forma leve e recheada de conteúdo, o prof. Leandro Karnal fala sobre o brasileiro cordial e suas interpretações. Coloca o ódio em uma per...
De forma leve e recheada de conteúdo, o prof. Leandro Karnal fala sobre o brasileiro cordial e suas interpretações. Coloca o ódio em uma perspectiva histórica analisando seus desdobramentos filosoficamente.
Não julgue a palestra pelo seu tempo de duração. Quando começar a ouví-la você não conseguirá mais desgrudar desse sit down tragedy que foi esse fluxo de inteligência explícita temperada com humor e ironia.
Começa sua fala resgatando a afirmação de Sérgio Buarque de Holanda de que o brasileiro é cordial. Caracteriza ainda o Brasileiro como um povo hospitaleiro, avesso aos rituais e, ao contrário dos europeus e norteamericanos, não se apega ao nome de família, se apresentando pelo primeiro nome com naturalidade.
Significando que agimos pelo coração, passionalmente, inclusive ao odiarmos. Nosso ódio seria portanto, cordial. Karnal atribui essa visão ao paradigma de época, onde Sérgio Buarque via a ascensão do nazi-fascismo europeu e o Brasil parecia uma ilha de tranquilidade.
Porém, mesmo indicando uma interpretação equivocada do que significaria "cordial" na obra do historiador brasileiro citado, Karnal lembra episódios cruéis, como a morte de Zumbi do plamares, e outros inúmeros exemplos de horror que ele diz ser facilmente classificado como guerra civil no Brasil, com risco de haitianismo, e que por termos uma formação cristã, negamos. Sempre transferido para o outro a responsabilidade pelo inferno violento de ódio genuíno no qual nos encontramos.
Ele desconstrói todas as formas de preconceitos e soluções fáceis. O preconceito contra o sertão, nordestinos, cariocas, cidade grande etc. Critica o politicamente correto, mas defende que as piadas sejam sobre os poderosos. Não inocenta nem mesmo as crianças. Critica a classe política. A violência do trânsito. A ideia de que a violência é culpa da mídia. Ou da educação dos pais. Critica o casamento, democracia, o machismo, as religiões e uma afeição natural do homem pela violência.
Também tratou da violência das lutas, e da estranhíssima relação que temos com elas como entretenimento. Nosso resistência ao bem, ao pacifismo é contrastada à admiração que depositamos por anos a notícias violentas. Dessa conclusão deixou de lado os japoneses. Atacou a Finlândia, Suécia, como exemplos de utopias sem violência, ao apontar suas mazelas, como o alto índice de suicídio infantil (alguém lembrou do Japão aqui?).
Karnal aponta como um dos grandes desafios da educação a libertação dos professores aos seus preconceitos.
Professor e coordenador da pós graduação da Unicamp e autor de diversos livros, entre eles "História dos Estados Unidos" e "Teatro da Fé", e co-autor do recente "Religiões que o mundo esqueceu" e "História da Cidadania", Leandro Karnal é graduado em História e Filosofia, com doutorado em História pela USP, pós-doutorado na UNAM do México e no CNRS de Paris.
Fonte: YouTube
[Visto no Brasil Acadêmico]
Não julgue a palestra pelo seu tempo de duração. Quando começar a ouví-la você não conseguirá mais desgrudar desse sit down tragedy que foi esse fluxo de inteligência explícita temperada com humor e ironia.
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Começa sua fala resgatando a afirmação de Sérgio Buarque de Holanda de que o brasileiro é cordial. Caracteriza ainda o Brasileiro como um povo hospitaleiro, avesso aos rituais e, ao contrário dos europeus e norteamericanos, não se apega ao nome de família, se apresentando pelo primeiro nome com naturalidade.
Ele [Sérgio Buarque de Holanda] insiste Cor, córdis, coração do latim.
Significando que agimos pelo coração, passionalmente, inclusive ao odiarmos. Nosso ódio seria portanto, cordial. Karnal atribui essa visão ao paradigma de época, onde Sérgio Buarque via a ascensão do nazi-fascismo europeu e o Brasil parecia uma ilha de tranquilidade.
Porém, mesmo indicando uma interpretação equivocada do que significaria "cordial" na obra do historiador brasileiro citado, Karnal lembra episódios cruéis, como a morte de Zumbi do plamares, e outros inúmeros exemplos de horror que ele diz ser facilmente classificado como guerra civil no Brasil, com risco de haitianismo, e que por termos uma formação cristã, negamos. Sempre transferido para o outro a responsabilidade pelo inferno violento de ódio genuíno no qual nos encontramos.
Na repressão do século XVII ao quilombo dos palmares. Ao fato de que quando se mata Zumbi de forma tão infame. Ou seja, se mata inclusive costurando seu pênis dentro da boca. Manifestando um ódio violento profundo.
Ele desconstrói todas as formas de preconceitos e soluções fáceis. O preconceito contra o sertão, nordestinos, cariocas, cidade grande etc. Critica o politicamente correto, mas defende que as piadas sejam sobre os poderosos. Não inocenta nem mesmo as crianças. Critica a classe política. A violência do trânsito. A ideia de que a violência é culpa da mídia. Ou da educação dos pais. Critica o casamento, democracia, o machismo, as religiões e uma afeição natural do homem pela violência.
Não é a toa que em sala de aula faz tanto sucesso dar uma aula sobre Hitler. E os alunos particamente ignoram quem foi Adenauer. O homem que salvou, democraticamente, a Alemanha no pós-guerra.
Também tratou da violência das lutas, e da estranhíssima relação que temos com elas como entretenimento. Nosso resistência ao bem, ao pacifismo é contrastada à admiração que depositamos por anos a notícias violentas. Dessa conclusão deixou de lado os japoneses. Atacou a Finlândia, Suécia, como exemplos de utopias sem violência, ao apontar suas mazelas, como o alto índice de suicídio infantil (alguém lembrou do Japão aqui?).
Karnal aponta como um dos grandes desafios da educação a libertação dos professores aos seus preconceitos.
Professor e coordenador da pós graduação da Unicamp e autor de diversos livros, entre eles "História dos Estados Unidos" e "Teatro da Fé", e co-autor do recente "Religiões que o mundo esqueceu" e "História da Cidadania", Leandro Karnal é graduado em História e Filosofia, com doutorado em História pela USP, pós-doutorado na UNAM do México e no CNRS de Paris.
Fonte: YouTube
[Visto no Brasil Acadêmico]
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