Fazer torradas não parece ser complicado — até alguém lhe pedir para desenhar o processo, passo a passo. Tom Wujec adora pedir a pessoas e e...
Fazer torradas não parece ser complicado — até alguém lhe pedir para desenhar o processo, passo a passo. Tom Wujec adora pedir a pessoas e equipas para desenharem como fazem torradas, porque o processo revela verdades inesperadas sobre como resolvemos os nossos maiores e mais complicados problemas no trabalho. Aprenda como fazer este exercício, e conheça as descobertas surpreendentes que Tom Wujec reuniu a partir da observação de milhares de pessoas a desenharem torradas.
Há alguns anos, encontrei um exercício simples de desenho que ajuda a compreender e resolver problemas complexos, e, como muitos exercícios deste tipo, parece trivial ao início. Mas numa inspecção mais de perto, percebe-se que revela verdades inesperadas sobre como colaboramos e atribuímos significado às coisas.
O exercício tem três partes. Começa com algo que todos sabemos fazer, que é: como fazer torradas? Começa com uma folha de papel em branco, um marcador de feltro e, sem usar nenhuma palavra, começamos a desenhar como fazer torradas. A maioria das pessoas desenha algo como isto. Desenham uma fatia de pão, que depois é colocada na torradeira. Liga-se a torradeira durante um período de tempo, a torrada salta e voilá! Após 2 minutos, torradas e felicidade.
Ao longo dos anos, tenho recolhido centenas de desenhos destes, e alguns são muito bons, porque ilustram o processo de fazer torradas de forma bastante clara. E depois há alguns que são, bem, não assim tão bons. (Risos) São mesmo maus, até, porque não percebemos o que estão a tentar dizer. Analisando mais de perto, alguns revelam uns aspectos do processo, enquanto escondem outros. Então, há alguns que se focam mais na torrada, e na transformação da torrada. E depois há outros que se focam mais na torradeira. Os engenheiros adoram desenhar a mecânica disto. (Risos) E há ainda outros que se focam nas pessoas, na visualização da experiência que as pessoas têm. E há outros que se focam na cadeia de fornecimento na produção de torradas, que descreve o processo todo desde a loja, passando pelas redes de transporte da cadeia de fornecimento, e indo ainda mais atrás, até aos campos de trigo. E uma vai mesmo o caminho todo até ao Big Bang. É coisa de loucos. Mas penso que é óbvio que, mesmo sendo estes desenhos completamente diferentes, eles têm uma qualidade em comum, e pergunto-me se a conseguem ver. Conseguem? O que é comum aqui?
A maioria dos desenhos tem nós e ligações. Os nós representam os objectos tangíveis como a torradeira e as pessoas, e as ligações representam as conexões entre eles. É esta combinação de nós e ligações que produz um modelo completo de sistemas e torna visíveis os nossos modelos mentais privados sobre como pensamos que algo funciona. Então, este é o valor destas coisas. O que é interessante nestes modelos é como revelam os nossos vários pontos de vista. Por exemplo, os americanos fazem torradas com uma torradeira. O que parece óbvio. Mas muitos europeus fazem torradas com um frigideira, claro. E muitos estudantes fazem torradas com fogo. Eu realmente não entendo isto. Muitos estudantes de MBA fazem-no.
Conseguimos medir a complexidade contando o número de nós. Em média uma ilustração tem entre 4 a 8 nós. Menos que isso, o desenho parece trivial, mas percebe-se rapidamente. E mais de 13, o desenho produz uma sensação de choque de mapa. É demasiado complexo. Então, o número ideal é entre 5 e 13. Se quiserem comunicar algo visualmente, tenham entre 5 a 13 nós no vosso diagrama. Mesmo sem perícia a desenhar, o que importa é que sabemos intuitivamente como partir uma coisa complexa em partes mais simples para depois juntá-las novamente.
O que nos leva à segunda parte do exercício, que é como fazer torradas, mas agora com "post-its" ou cartões. Então o que acontece? Bem, com cartões, a maioria das pessoas tende a desenhar nós mais claros, mais detalhados e mais lógicos. Conseguimos ver a análise passo a passo que acontece e, à medida que o modelo é construído, os nós são movidos, reorganizados como peças de Lego. Embora isto possa parecer trivial, é, de facto, muito importante. Esta rápida interacção de exprimir, e depois reflectir e analisar é a única maneira de conseguirmos clareza. É a essência do processo de desenho. E teóricos de sistemas dizem-nos que a facilidade com que conseguimos mudar a representação correlaciona-se com a nossa vontade de melhorar o modelo. Sistemas de "post-its" não só são mais fluidos, mas também geram mais nós que desenhos estáticos. Os desenhos são muito mais ricos.
O que nos leva à terceira parte do exercício, que é desenhar como se faz torradas, mas desta vez, em grupo. Então o que acontece aqui? Bem, acontece o seguinte: começa numa confusão, e depois fica mais confuso e depois fica ainda mais confuso. Mas, à medida que as pessoas refinam os modelos, os melhores nós destacam-se, e com cada iteração o modelo fica mais claro, porque as pessoas constroem sobre as ideias dos outros. O que emerge é um modelo unificado de sistemas que integra a diversidade dos pontos de vista individuais da cada pessoa. Isso é um resultado bastante diferente do que normalmente acontece em reuniões, não é? Estes desenhos podem conter 20 ou mais nós, mas os participantes não sentem o choque de mapa porque participaram na construção dos seus modelos. Agora, o que é realmente interessante também, é que os grupos misturam espontaneamente e adicionam camadas de organização ao modelo. De forma a lidar com contradições, por exemplo, adicionam padrões ramificados e padrões paralelos. Ah, e já agora, se o fizerem em completo silêncio, fazem-no muito melhor e muito mais rápido. Muito interessante — falar atrapalha.
Então, aqui têm algumas lições chave que podemos retirar disto: Primeiro, desenhar ajuda-nos a perceber as situações como se fossem sistemas de nós e as suas relações. Cartões que se possam mover geram modelos de sistemas melhores, porque iteramos de forma mais fluida. E, por fim, as notas de grupo geram modelos mais abrangentes, porque sintetizamos vários pontos de vista. Isso é interessante. Quando as pessoas trabalham em conjunto nas circunstâncias certas, os modelos de grupo são muito melhores que os individuais.
Então, esta abordagem funciona muito bem para desenhar como fazer torradas. Mas e se quiséssemos desenhar algo mais relevante ou premente? Como a vossa visão organizacional, ou experiência de consumidor? Ou sustentabilidade a longo prazo?
Está a acontecer uma revolução visual à medida que mais organizações encaram os seus problemas complexos colaborando para os desenhar. Estou convencido que aqueles que vêem o seu mundo como nós e ligações movíveis estão, de facto, em vantagem.
E a prática é realmente simples. Começamos com uma pergunta, coleccionamos os nós, refinamos os nós, voltamos a fazer o mesmo. Refinamos, e refinamos, e refinamos, e os padrões começam a surgir. E o grupo consegue clareza e temos a resposta para a pergunta.
Então, este acto simples de visualizar e de repetir o processo uma e outra vez, produz resultados notáveis. O que é mesmo importante saber é que os aspectos importantes são as conversações, e não apenas os modelos em si. E estes enquadramentos visuais de referência podem crescer para centenas e até milhares de nós. Um exemplo vem de uma organização chamada Rodale. Um grande empresa de publicações. Houve um ano em que perderam muito dinheiro, e a equipa executiva visualizou a prática inteira da empresa em três dias. e o mais interessante é que, após visualizarem o negócio na íntegra, sistemas após sistemas, eles recuperaram 50 milhões de dólares de receita, e também passaram de nota D para nota A, por parte dos consumidores. Porquê? Porque houve um alinhamento na equipa executiva. Então, agora estou numa missão para ajudar organizações a resolver os seus problemas complexos através da visualização colaborativa, e no "website" que criei chamado drawtoast.com, reuni uma série de boas práticas. Assim, aqui podem aprender como gerir um "workshop", podem aprender mais sobre a linguagem visual e estrutura de ligações e nós que podem aplicar à resolução de problemas no geral, e descarregar exemplos de vários moldes para desfazer os problemas bicudos que todos enfrentamos nas nossas organizações. Então, o exercício de desenho, aparentemente trivial, de desenhar torradas ajuda-nos a ficar mais esclarecidos, ligados e alinhados.
Da próxima vez que se confrontarem com um desafio interessante, lembrem-se do que o desenho tem para nos ensinar. Tornem as vossas ideias visíveis, tangíveis e consequentes. É simples, é divertido, é poderoso. E acredito que é uma ideia que vale a pena celebrar.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:
[Visto no Brasil Acadêmico]
O exercício tem três partes. Começa com algo que todos sabemos fazer, que é: como fazer torradas? Começa com uma folha de papel em branco, um marcador de feltro e, sem usar nenhuma palavra, começamos a desenhar como fazer torradas. A maioria das pessoas desenha algo como isto. Desenham uma fatia de pão, que depois é colocada na torradeira. Liga-se a torradeira durante um período de tempo, a torrada salta e voilá! Após 2 minutos, torradas e felicidade.
Ao longo dos anos, tenho recolhido centenas de desenhos destes, e alguns são muito bons, porque ilustram o processo de fazer torradas de forma bastante clara. E depois há alguns que são, bem, não assim tão bons. (Risos) São mesmo maus, até, porque não percebemos o que estão a tentar dizer. Analisando mais de perto, alguns revelam uns aspectos do processo, enquanto escondem outros. Então, há alguns que se focam mais na torrada, e na transformação da torrada. E depois há outros que se focam mais na torradeira. Os engenheiros adoram desenhar a mecânica disto. (Risos) E há ainda outros que se focam nas pessoas, na visualização da experiência que as pessoas têm. E há outros que se focam na cadeia de fornecimento na produção de torradas, que descreve o processo todo desde a loja, passando pelas redes de transporte da cadeia de fornecimento, e indo ainda mais atrás, até aos campos de trigo. E uma vai mesmo o caminho todo até ao Big Bang. É coisa de loucos. Mas penso que é óbvio que, mesmo sendo estes desenhos completamente diferentes, eles têm uma qualidade em comum, e pergunto-me se a conseguem ver. Conseguem? O que é comum aqui?
A maioria dos desenhos tem nós e ligações. Os nós representam os objectos tangíveis como a torradeira e as pessoas, e as ligações representam as conexões entre eles. É esta combinação de nós e ligações que produz um modelo completo de sistemas e torna visíveis os nossos modelos mentais privados sobre como pensamos que algo funciona. Então, este é o valor destas coisas. O que é interessante nestes modelos é como revelam os nossos vários pontos de vista. Por exemplo, os americanos fazem torradas com uma torradeira. O que parece óbvio. Mas muitos europeus fazem torradas com um frigideira, claro. E muitos estudantes fazem torradas com fogo. Eu realmente não entendo isto. Muitos estudantes de MBA fazem-no.
Conseguimos medir a complexidade contando o número de nós. Em média uma ilustração tem entre 4 a 8 nós. Menos que isso, o desenho parece trivial, mas percebe-se rapidamente. E mais de 13, o desenho produz uma sensação de choque de mapa. É demasiado complexo. Então, o número ideal é entre 5 e 13. Se quiserem comunicar algo visualmente, tenham entre 5 a 13 nós no vosso diagrama. Mesmo sem perícia a desenhar, o que importa é que sabemos intuitivamente como partir uma coisa complexa em partes mais simples para depois juntá-las novamente.
O que nos leva à segunda parte do exercício, que é como fazer torradas, mas agora com "post-its" ou cartões. Então o que acontece? Bem, com cartões, a maioria das pessoas tende a desenhar nós mais claros, mais detalhados e mais lógicos. Conseguimos ver a análise passo a passo que acontece e, à medida que o modelo é construído, os nós são movidos, reorganizados como peças de Lego. Embora isto possa parecer trivial, é, de facto, muito importante. Esta rápida interacção de exprimir, e depois reflectir e analisar é a única maneira de conseguirmos clareza. É a essência do processo de desenho. E teóricos de sistemas dizem-nos que a facilidade com que conseguimos mudar a representação correlaciona-se com a nossa vontade de melhorar o modelo. Sistemas de "post-its" não só são mais fluidos, mas também geram mais nós que desenhos estáticos. Os desenhos são muito mais ricos.
O que nos leva à terceira parte do exercício, que é desenhar como se faz torradas, mas desta vez, em grupo. Então o que acontece aqui? Bem, acontece o seguinte: começa numa confusão, e depois fica mais confuso e depois fica ainda mais confuso. Mas, à medida que as pessoas refinam os modelos, os melhores nós destacam-se, e com cada iteração o modelo fica mais claro, porque as pessoas constroem sobre as ideias dos outros. O que emerge é um modelo unificado de sistemas que integra a diversidade dos pontos de vista individuais da cada pessoa. Isso é um resultado bastante diferente do que normalmente acontece em reuniões, não é? Estes desenhos podem conter 20 ou mais nós, mas os participantes não sentem o choque de mapa porque participaram na construção dos seus modelos. Agora, o que é realmente interessante também, é que os grupos misturam espontaneamente e adicionam camadas de organização ao modelo. De forma a lidar com contradições, por exemplo, adicionam padrões ramificados e padrões paralelos. Ah, e já agora, se o fizerem em completo silêncio, fazem-no muito melhor e muito mais rápido. Muito interessante — falar atrapalha.
Então, aqui têm algumas lições chave que podemos retirar disto: Primeiro, desenhar ajuda-nos a perceber as situações como se fossem sistemas de nós e as suas relações. Cartões que se possam mover geram modelos de sistemas melhores, porque iteramos de forma mais fluida. E, por fim, as notas de grupo geram modelos mais abrangentes, porque sintetizamos vários pontos de vista. Isso é interessante. Quando as pessoas trabalham em conjunto nas circunstâncias certas, os modelos de grupo são muito melhores que os individuais.
Então, esta abordagem funciona muito bem para desenhar como fazer torradas. Mas e se quiséssemos desenhar algo mais relevante ou premente? Como a vossa visão organizacional, ou experiência de consumidor? Ou sustentabilidade a longo prazo?
Está a acontecer uma revolução visual à medida que mais organizações encaram os seus problemas complexos colaborando para os desenhar. Estou convencido que aqueles que vêem o seu mundo como nós e ligações movíveis estão, de facto, em vantagem.
E a prática é realmente simples. Começamos com uma pergunta, coleccionamos os nós, refinamos os nós, voltamos a fazer o mesmo. Refinamos, e refinamos, e refinamos, e os padrões começam a surgir. E o grupo consegue clareza e temos a resposta para a pergunta.
Então, este acto simples de visualizar e de repetir o processo uma e outra vez, produz resultados notáveis. O que é mesmo importante saber é que os aspectos importantes são as conversações, e não apenas os modelos em si. E estes enquadramentos visuais de referência podem crescer para centenas e até milhares de nós. Um exemplo vem de uma organização chamada Rodale. Um grande empresa de publicações. Houve um ano em que perderam muito dinheiro, e a equipa executiva visualizou a prática inteira da empresa em três dias. e o mais interessante é que, após visualizarem o negócio na íntegra, sistemas após sistemas, eles recuperaram 50 milhões de dólares de receita, e também passaram de nota D para nota A, por parte dos consumidores. Porquê? Porque houve um alinhamento na equipa executiva. Então, agora estou numa missão para ajudar organizações a resolver os seus problemas complexos através da visualização colaborativa, e no "website" que criei chamado drawtoast.com, reuni uma série de boas práticas. Assim, aqui podem aprender como gerir um "workshop", podem aprender mais sobre a linguagem visual e estrutura de ligações e nós que podem aplicar à resolução de problemas no geral, e descarregar exemplos de vários moldes para desfazer os problemas bicudos que todos enfrentamos nas nossas organizações. Então, o exercício de desenho, aparentemente trivial, de desenhar torradas ajuda-nos a ficar mais esclarecidos, ligados e alinhados.
Da próxima vez que se confrontarem com um desafio interessante, lembrem-se do que o desenho tem para nos ensinar. Tornem as vossas ideias visíveis, tangíveis e consequentes. É simples, é divertido, é poderoso. E acredito que é uma ideia que vale a pena celebrar.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:
[Visto no Brasil Acadêmico]
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