Produto promete eliminar os banhos e abre o debate sobre o que é limpeza.
Produto promete eliminar os banhos e abre o debate sobre o que é limpeza.
Que tal borrifar microorganismo na pele para se limpar ao invés de tomar uma ducha? Essa é a proposta do AO+ Refreshing Cosmetic Mist. Um spray de bactérias, mais precisamente bactérias oxidantes de amônia (AOB), da start-up AOBiome, uma empresa de Cambridge, Massachusetts.
No spray estão presente bilhões de Nitrosomonas eutropha. Uma delicada bactéria que oxida a amônia (substância abundante em nosso suor) e é facilmente encontrada na sujeira e na água não tratada. Além disso, ela perece facilmente na presença das substânciasquímicas comuns em sabonetes.
Supostamente bastaria pulverizar esse líquido sobre o corpo para repovoar a pele com as bactérias que costumavam povoar a pele humana antes da ubiquidade do lauril sulfato de sódio em nossos sabonetes, champus e cremes dentais.
Sim, seria uma mudança de hábito radical que vai de encontro ao nosso condicionamento social e adestramento infantil que prega o banho como a única forma aceitável de higiene.
Especialmente no Brasil que, certamente devido ao típico calor tropical e abundância histórica de recursos hídricos (com exceção do sertão nordestino e da recente crise de abastecimento sudestino), o banho está enraizado nos costumes nacionais. A ponto de causar estranheza nos europeus de passagem por aqui no período imperial brasileiro.
Mas será que realmente funciona? A colunista do New York Times, Julia Scott, escreveu um artigo - "My No-Soap, No-Shampoo, Bacteria-Rich Hygiene Experiment" ("Meu experimento higiênico sem sabão, sem champu e rico em bactérias", em tradução livre) - que conta como foi sua experiência de ficar 4 semanas sem usar sabonete, champu e desodorante, usando o AO+.
Apesar de não gostar daquilo que o seu cabelo foi se tornando e estar plenamente consciente de que suas axilas exalavam algum odor. Julia percebeu uma acentuada melhoria em sua pele. Ficando mais suave, macia ao toque e sem espinhas no rosto.
Ao final do experimento ela foi capaz de eliminar todas as úteis bactérias de sua cútis com apenas três banhos de chuveiro.
Mas ela conheceu casos mais radicais de adesão ao spray.
O curiosos é que Whitlock se interessou pelo poder das bactérias quando sua namorada perguntou a ele por que o cavalo dela ficava rolando na terra. O cientista acabou descobrindo que os animais desenvolveram este comportamento para assegurar que obtêm bactérias suficientes em seus corpos para parar com a putrefação e o mau cheiro do suor nos meses quentes de verão. E nosso suor funciona da mesma forma, formando a amônia que causa um cheiro forte neutralizado pela AOB.
Julia relatou como é estar na presença deles.
Junto com a desconfiança de que os sabonetes bactericidas, na verdade, fazem mal para nossa pele, o AOB pode não se tornar um substituto para o banho. E sim um forte aliado para um futuro onde podemos não dispor de antibióticos eficazes. Esse parece ser mais um caso de se-não-pode-com-elas-junte-se-a-elas.
Fonte: Gizmodo, NYT, Daily Mail, The Mary Sue
[Via BBA]
Que tal borrifar microorganismo na pele para se limpar ao invés de tomar uma ducha? Essa é a proposta do AO+ Refreshing Cosmetic Mist. Um spray de bactérias, mais precisamente bactérias oxidantes de amônia (AOB), da start-up AOBiome, uma empresa de Cambridge, Massachusetts.
No spray estão presente bilhões de Nitrosomonas eutropha. Uma delicada bactéria que oxida a amônia (substância abundante em nosso suor) e é facilmente encontrada na sujeira e na água não tratada. Além disso, ela perece facilmente na presença das substânciasquímicas comuns em sabonetes.
Supostamente bastaria pulverizar esse líquido sobre o corpo para repovoar a pele com as bactérias que costumavam povoar a pele humana antes da ubiquidade do lauril sulfato de sódio em nossos sabonetes, champus e cremes dentais.
Sim, seria uma mudança de hábito radical que vai de encontro ao nosso condicionamento social e adestramento infantil que prega o banho como a única forma aceitável de higiene.
Especialmente no Brasil que, certamente devido ao típico calor tropical e abundância histórica de recursos hídricos (com exceção do sertão nordestino e da recente crise de abastecimento sudestino), o banho está enraizado nos costumes nacionais. A ponto de causar estranheza nos europeus de passagem por aqui no período imperial brasileiro.
Apesar de certos hábitos que aproximam da vida selvagem, os brasileiros de classe baixa, qualquer que seja sua raça, é para notar que todos eles são notavelmente cuidadosos com a limpeza do corpo.
Henry Koster. Inglês que morou no Recife entre 1809 e 1820[in 1888 de Laurentino Gomes]
Mas será que realmente funciona? A colunista do New York Times, Julia Scott, escreveu um artigo - "My No-Soap, No-Shampoo, Bacteria-Rich Hygiene Experiment" ("Meu experimento higiênico sem sabão, sem champu e rico em bactérias", em tradução livre) - que conta como foi sua experiência de ficar 4 semanas sem usar sabonete, champu e desodorante, usando o AO+.
Apesar de não gostar daquilo que o seu cabelo foi se tornando e estar plenamente consciente de que suas axilas exalavam algum odor. Julia percebeu uma acentuada melhoria em sua pele. Ficando mais suave, macia ao toque e sem espinhas no rosto.
Depois de deixar o spray secar na minha pele, eu estava com um cheiro melhor. Não inodoro, mas não tão ruim quanto eu teria normalmente [após sair da academia]. E, estranhamente, os meus pés não estavam fedendo.
Julia Scott. Colunista do NYT
Minha pele começou a mudar para melhor. Na verdade, ela se tornou mais macia e suave, em vez de seca e escamosa, como se a umidade tivesse penetrado minha pele endurecida pelo inverno. E meu rosto, propenso a espinhas relacionadas a hormônios, permaneceu liso. Pela primeira vez, meus poros pareciam diminuir.
Ao final do experimento ela foi capaz de eliminar todas as úteis bactérias de sua cútis com apenas três banhos de chuveiro.
Mas ela conheceu casos mais radicais de adesão ao spray.
O presidente do conselho de administração da empresa, Jamie Heywood, toma banho com sabonete só uma ou duas vezes por mês, e passa xampu apenas três vezes por ano. O caso mais extremo é David Whitlock, engenheiro químico treinado no MIT que inventou o AO+: ele não toma banho há 12 anos. Ele ocasionalmente passa uma esponja para retirar a sujeira mais grossa, mas confia na colônia de bactérias em sua pele para fazer o resto.
O curiosos é que Whitlock se interessou pelo poder das bactérias quando sua namorada perguntou a ele por que o cavalo dela ficava rolando na terra. O cientista acabou descobrindo que os animais desenvolveram este comportamento para assegurar que obtêm bactérias suficientes em seus corpos para parar com a putrefação e o mau cheiro do suor nos meses quentes de verão. E nosso suor funciona da mesma forma, formando a amônia que causa um cheiro forte neutralizado pela AOB.
12 anos de escravidão - Whitlock ficou sem tomar banho por uma dúzia de anos usando o spray que inventou. |
Eu conheci ambos pessoalmente. Cheguei perto o suficiente para apertar a mão, me envolver em uma conversa casual e notar que eles de modo algum transmitiam uma sensação de estarem "sujos", tanto no sentido visual como olfativo.
Junto com a desconfiança de que os sabonetes bactericidas, na verdade, fazem mal para nossa pele, o AOB pode não se tornar um substituto para o banho. E sim um forte aliado para um futuro onde podemos não dispor de antibióticos eficazes. Esse parece ser mais um caso de se-não-pode-com-elas-junte-se-a-elas.
Fonte: Gizmodo, NYT, Daily Mail, The Mary Sue
[Via BBA]
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