O colunista de Veja, Reinaldo Azevedo, em seu artigo "Se transporte fosse gratuito, como reivindicam os terroristas, isso beneficiaria ...
O colunista de Veja, Reinaldo Azevedo, em seu artigo "Se transporte fosse gratuito, como reivindicam os terroristas, isso beneficiaria os mais endinheirados. Ou: Nem o maná era de graça: Deus cobrava, ao menos, bom comportamento", sem querer já mostra que a "utopia" pode virar realidade.
Ao atacar a proposta dos manifestantes do Movimento Passe Livre ele argumenta que isso já está, de certa forma, muito próximo de acontecer:
- Os estudantes já têm direito à meia passagem, em qualquer fase da vida escolar, incluindo a universidade (o que ele qualificou de barbaridade porque estudantes que têm condições de arcar com a passagem teriam o mesmo direito);
- Os trabalhadores com carteira assinada podem usufruir do vale-transporte. E o beneficiário arcaria com, no máximo, 6% de seu salário-base com essa despesa;
No referido artigo ele também cita as empregados domésticos, que ganham "por fora" o transporte. Porém, considerando a PEC dos empregados domésticos vamos imaginar que em breve os patrões passarão a cobrar 6% de seus empregados dessa categoria e também fornecerão o vale transporte.
O que ele não considerou em seu argumento é que o que está sendo exigido nas manifestações vai um pouquinho mais além da questão da gratuidade do transporte público. Estão pedindo também qualidade do transporte e dos serviços públicos (ainda que o aumento de R$ 0,20 na tarifa tenha sido o estopim dessas passeatas, seria ingênuo afirmar que estão falando só do preço das passagens).
Em países desenvolvidos como a Suíça, é comum que até parlamentarem usem o transporte público. E nesses países costumam ter modernos VLTs (veículos leves sobre trilhos) e uma ampla malha de trem e metrôs. Até mesmo bicicletas pensadas como transporte individual de massa (bicicletas públicas em pontos especiais onde podem ser retiradas e deixadas), etc.
Ou seja, o patrão se beneficiaria duplamente. Ele não só deixaria de pagar o vale-transporte como também passaria a usufruir do transporte público. E como seria custeado toda essa maravilha franqueada? A resposta é simples: pedágio.
Geralmente quando algum dirigente fala isso é para jogar os motorista amadores contra a massa de usuários de transporte coletivo, mas pode não ser tão ruim assim, vejamos:
Quem quiser andar de automóvel passaria a pagar taxas extras, como ocorre nos EUA (para onde os Miamiplayboys migram nas férias e voltam falando maravilhas das ótimas estradas da Flórida) ou mesmo no centro de Londres, onde o pedágio é cobrado automaticamente de quem transita de carro por lá (é melhor do que ter que comprar um segundo carro para escapar do rodízio de placas).
E para aqueles que mesmo com a tarifa zero para o transporte público precisarem de usar o carro há um benefício adicional que não pode ser ignorado. Eles estarão ganhando TEMPO (o recurso mais escasso da humanidade, mais até do que o dinheiro). Muitos executivos que hoje utilizam helicópteros economizariam, pois passarão a andar em modernas e confortáveis SUVs mostrando a todos seu status e podendo cruzar os centros comerciais com a verdadeira mobilidade urbana, e provalvelmente acharão até vaga para estacionar (UAU!!!). Por que ele "pode" pagar para andar no asfalto enquanto eu e você estaremos condenados a vagar pelos subterrâneos ou sobre o aço frio dos trilhos na superfície.
Mas muito além disso, ricos ou pobres, teremos qualidade de vida. Vagões ou ônibus novos com TVs, Wi-Fi e lugar para sentar enquanto lemos um bom e-book (e perdemos a estação, até aparecer uma App que nos avise automaticamente da parada enquanto interrompe nossa leitura ou a reprodução do MP3) garantirão um ar mais puro e saudável enquanto é reduzido o gasto com internações devido à poluição (incluindo a sonora) e acidentes de trânsito.
Segundo artigo do Observatório da Imprensa, um infográfico publicado pela Folha de S.Paulo em 12/08/2012 demonstrou que em São Paulo, no horário de pico, os carros ocupam 78% dos espaços das ruas, mas só transportam 28% dos passageiros. Os ônibus não chegam a ocupar 8% das vias e transportam 68% das pessoas. Se metade dos usuários de carros passasse a se deslocar de ônibus, isso significaria uma mudança de hábito para somente 14% dos paulistanos, mas reduziria os engarrafamentos em quase 40%.
O próprio sistema de cobrança torna o sistema ineficiente. A cobrança aumenta o tempo das paradas e consome recursos. Estudos demonstram que a estrutura de cobrança, isoladamente, pode consumir até 25% dos custos do transporte.
Em uma eventual reforma do sistema de concessão as empresas de transporte teriam que explicar a extrema diferença entre o valor arrecadado pelas concessionárias e o custo efetivo do transporte. Estudos apontam margens de lucro de 200 a 300%, embora as planilhas de custos do transporte sejam verdadeiras caixas-pretas.
Segundo a revista Galileu, a tarifa "gratuita" custará aos cofres públicos o equivalente a 16 milhões de dólares (o Estádio Nacional em Brasília custou 100 vezes mais), custos que devem ser cobertos com o estímulo à economia - de acordo com a prefeitura, foi registrada uma maior mobilidade nos fins de semana, indicando que pessoas saem de casa e gastam mais dinheiro no comércio e em atividades culturais. Já nos três primeiros meses de implementação, estima-se que o uso de carros na capital foi reduzido em 15%, enquanto o número de passageiros do sistema de transporte coletivo subiu 10%. Para suportar a maior quantidade de usuários, Talinn comprou 70 novos ônibus e 15 novas linhas de bonde. O objetivo é ser conhecida como “A Capital Verde” da Europa em 2018.
A mídia para as massas é identificada como parte do problema.
Pelos cálculos do blog Papo de Homem, a cidade estima uma redução de 12,4 milhões de Euros no orçamento (Ué? Não era para penalizar a população?) e é como se o governo brasileiro gastasse R$ 47 por pessoa por ano para transformar o transporte público em gratuito (segundo Reinaldo Azevedo, um trabalhador que ganha R$ 1.200 gasta até R$ 72 por esse (péssimo) serviço, hoje).
Já nos EUA, em Baltimore, cidade de cerca de 600 mil habitantes localizada no estado de Maryland, os ônibus são gratuitos e, além de tudo, híbridos. Ou seja, o impacto ambiental é reduzido (não há emissões de gases em 40% do tempo de seu funcionamento). São três linhas conectadas a outras opções de transporte, como metrôs e trens.
Até no Brasil temos raros exemplos. A primeira proposta de Tarifa Zero no Brasil foi montada em 1992 em São Paulo, na gestão de Luiza Erundina, que tinha como secretário de Transportes o engenheiro Lucio Gregori. A extinção da tarifa aconteceria graças ao aumento progressivo do IPTU – quem ganhasse mais, pagaria mais.
Para uma lista de cidades pelo mundo com tarifa zero para transporte público acesse http://freepublictransports.com/city/.
A mídia ainda não entendeu: Grande parte dos manifestantes
nem assiste mais TV, quanto mais ser manipulado por ela.
Como até mesmo os carros do futuro já estão sendo projetados para serem elétricos (ou híbridos) e sem motoristas (como o projeto da Google), até mesmo a turma do pedágio poderá comemorar o ganho de tempo que a tecnologia trará em um futuro que já pode estar chegando. E que pode estar sendo trazido mais depressa por uma turma cheirando a vinagre e mobilizada pelo Facebook, WhatsUp, Google+ (embora estejam sendo vigiadas de perto pelo NSA)...
Para isso, qualquer policial do mundo é despreparado.
Fonte: Observatório da Imprensa, Veja, Papo de Homem, Le Monde, Mobilize.org
[Via BBA]
Ao atacar a proposta dos manifestantes do Movimento Passe Livre ele argumenta que isso já está, de certa forma, muito próximo de acontecer:
Atenção! É reduzidíssima a parcela de pessoas que pagam a tarifa cheia de transporte — deve ser uma minoria extrema.
Reinaldo Azevedo
- Os estudantes já têm direito à meia passagem, em qualquer fase da vida escolar, incluindo a universidade (o que ele qualificou de barbaridade porque estudantes que têm condições de arcar com a passagem teriam o mesmo direito);
- Os trabalhadores com carteira assinada podem usufruir do vale-transporte. E o beneficiário arcaria com, no máximo, 6% de seu salário-base com essa despesa;
Campanha da prefeitura de Muenster, Alemanha, mostra o espaço ocupado na rua por carros, ônibus e bicicletas para transportar a mesma quantidade de pessoas . |
Alguém que ganhe R$ 1.200 por mês, por exemplo, gastará com deslocamento, no máximo, R$ 72. É o patrão que paga a[SIC] o excedente.Assim, em seu raciocínio, a gratuidade do transporte público prejudicaria o pobre e seria bom para os patrões.
O que ele não considerou em seu argumento é que o que está sendo exigido nas manifestações vai um pouquinho mais além da questão da gratuidade do transporte público. Estão pedindo também qualidade do transporte e dos serviços públicos (ainda que o aumento de R$ 0,20 na tarifa tenha sido o estopim dessas passeatas, seria ingênuo afirmar que estão falando só do preço das passagens).
Em países desenvolvidos como a Suíça, é comum que até parlamentarem usem o transporte público. E nesses países costumam ter modernos VLTs (veículos leves sobre trilhos) e uma ampla malha de trem e metrôs. Até mesmo bicicletas pensadas como transporte individual de massa (bicicletas públicas em pontos especiais onde podem ser retiradas e deixadas), etc.
Mid the Gap: Charge critica a malha(???) metroviária de Brasília comparando-a com a de grandes capitais mundo afora. |
Geralmente quando algum dirigente fala isso é para jogar os motorista amadores contra a massa de usuários de transporte coletivo, mas pode não ser tão ruim assim, vejamos:
Quem quiser andar de automóvel passaria a pagar taxas extras, como ocorre nos EUA (para onde os Miamiplayboys migram nas férias e voltam falando maravilhas das ótimas estradas da Flórida) ou mesmo no centro de Londres, onde o pedágio é cobrado automaticamente de quem transita de carro por lá (é melhor do que ter que comprar um segundo carro para escapar do rodízio de placas).
E para aqueles que mesmo com a tarifa zero para o transporte público precisarem de usar o carro há um benefício adicional que não pode ser ignorado. Eles estarão ganhando TEMPO (o recurso mais escasso da humanidade, mais até do que o dinheiro). Muitos executivos que hoje utilizam helicópteros economizariam, pois passarão a andar em modernas e confortáveis SUVs mostrando a todos seu status e podendo cruzar os centros comerciais com a verdadeira mobilidade urbana, e provalvelmente acharão até vaga para estacionar (UAU!!!). Por que ele "pode" pagar para andar no asfalto enquanto eu e você estaremos condenados a vagar pelos subterrâneos ou sobre o aço frio dos trilhos na superfície.
Mas muito além disso, ricos ou pobres, teremos qualidade de vida. Vagões ou ônibus novos com TVs, Wi-Fi e lugar para sentar enquanto lemos um bom e-book (e perdemos a estação, até aparecer uma App que nos avise automaticamente da parada enquanto interrompe nossa leitura ou a reprodução do MP3) garantirão um ar mais puro e saudável enquanto é reduzido o gasto com internações devido à poluição (incluindo a sonora) e acidentes de trânsito.
Mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes (2011). [Mobilize.org] |
Segundo artigo do Observatório da Imprensa, um infográfico publicado pela Folha de S.Paulo em 12/08/2012 demonstrou que em São Paulo, no horário de pico, os carros ocupam 78% dos espaços das ruas, mas só transportam 28% dos passageiros. Os ônibus não chegam a ocupar 8% das vias e transportam 68% das pessoas. Se metade dos usuários de carros passasse a se deslocar de ônibus, isso significaria uma mudança de hábito para somente 14% dos paulistanos, mas reduziria os engarrafamentos em quase 40%.
O próprio sistema de cobrança torna o sistema ineficiente. A cobrança aumenta o tempo das paradas e consome recursos. Estudos demonstram que a estrutura de cobrança, isoladamente, pode consumir até 25% dos custos do transporte.
Quem perde com isso?
Bem, se patrões e empregados estão ganhando com essa "utopia", fica a pergunta: Quem perde com isso? A resposta é simples. As dezenas de montadoras de veículos automotores que precisam despejar carros e motos em nossas vias muita além da capacidade vascular urbana. Perde também a indústria do petróleo que alimenta com combustível e lubrificante todo esse sistema antiquado e ineficaz. Pensado para o século passado mas que se auto-protege e impede políticas públicas mais inteligentes. Afinal, com a diminuição da demanda, o preço de carros, combustíveis e até mesmo seguros tenderia a baixar.Em uma eventual reforma do sistema de concessão as empresas de transporte teriam que explicar a extrema diferença entre o valor arrecadado pelas concessionárias e o custo efetivo do transporte. Estudos apontam margens de lucro de 200 a 300%, embora as planilhas de custos do transporte sejam verdadeiras caixas-pretas.
E já existe isso?
Sim, Tallin, capital da Estônia, desde primeiro de janeiro deste ano é a primeira capital da Europa a tornar o transporte público gratuito. E olha que é uma cidade de cerca de 420 mil habitantes (imagine uma cidade do tamanho de Santos). Segundo o jornal francês “Le Monde”, a gratuitidade abrange todas as pessoas residentes na cidade e todas as que tenham mais de 65 anos. Para fazer uso da rede completa, que inclui trens, ônibus e bondes, basta que o usuário apresente um cartão registrado na prefeitura (obtido por uma taxa de 2 euros). Internamente, o programa foi apelidado de “13o. salário”, já que usuários poderão economizar o equivalente a um salário mínimo anualmente - que, por políticos da oposição, foi visto como uma jogada populista para agradar eleitores (Opa! Então temos esperança).Segundo a revista Galileu, a tarifa "gratuita" custará aos cofres públicos o equivalente a 16 milhões de dólares (o Estádio Nacional em Brasília custou 100 vezes mais), custos que devem ser cobertos com o estímulo à economia - de acordo com a prefeitura, foi registrada uma maior mobilidade nos fins de semana, indicando que pessoas saem de casa e gastam mais dinheiro no comércio e em atividades culturais. Já nos três primeiros meses de implementação, estima-se que o uso de carros na capital foi reduzido em 15%, enquanto o número de passageiros do sistema de transporte coletivo subiu 10%. Para suportar a maior quantidade de usuários, Talinn comprou 70 novos ônibus e 15 novas linhas de bonde. O objetivo é ser conhecida como “A Capital Verde” da Europa em 2018.
Em Agudos, a tarifa zero foi implantada em 2003. |
Já nos EUA, em Baltimore, cidade de cerca de 600 mil habitantes localizada no estado de Maryland, os ônibus são gratuitos e, além de tudo, híbridos. Ou seja, o impacto ambiental é reduzido (não há emissões de gases em 40% do tempo de seu funcionamento). São três linhas conectadas a outras opções de transporte, como metrôs e trens.
Até no Brasil temos raros exemplos. A primeira proposta de Tarifa Zero no Brasil foi montada em 1992 em São Paulo, na gestão de Luiza Erundina, que tinha como secretário de Transportes o engenheiro Lucio Gregori. A extinção da tarifa aconteceria graças ao aumento progressivo do IPTU – quem ganhasse mais, pagaria mais.
Não é fácil manter o serviço, mas foi uma opção que fizemos e que teve efeitos muito positivos. O município passou a atrair empresas, que ficam dispensadas de pagar o vale-transporte, e geram emprego e renda.Porto Real - RJ (17 mil hab.), Agudos - SP (40 mil hab.), Potirendaba - SP (16 mil hab.), são exemplos de cidades que abriram os cofres públicos para acabar com as tarifas de transporte público. Em Agudos, o uso dos ônibus aumentou 60% [Mobilize.org].
Everton Octaviani. Prefeito de Agudos
Para uma lista de cidades pelo mundo com tarifa zero para transporte público acesse http://freepublictransports.com/city/.
Como até mesmo os carros do futuro já estão sendo projetados para serem elétricos (ou híbridos) e sem motoristas (como o projeto da Google), até mesmo a turma do pedágio poderá comemorar o ganho de tempo que a tecnologia trará em um futuro que já pode estar chegando. E que pode estar sendo trazido mais depressa por uma turma cheirando a vinagre e mobilizada pelo Facebook, WhatsUp, Google+ (embora estejam sendo vigiadas de perto pelo NSA)...
Fonte: Observatório da Imprensa, Veja, Papo de Homem, Le Monde, Mobilize.org
[Via BBA]
É basicamente isso.
ResponderExcluirReparou que todos os seus exemplos não são de cidade como a de São Paulo que possui 11,8 milhões de habitantes municipais e 18 milhões contando a região metropolitana. Acho engraçado citar o exemplo de Agudos, sabia que são só 16 onibus e quatro linhas, e que demoram até uma hora para o circular passar? E que todo mundo que mora lá tem que ir até Bauru se quiser ter atendimento hospitalar? Péssimo exemplo... No caso de Baltimore, o transporte não é gratuito, pois o subsidio vem de um fundo federal, ele é cobrado em um imposto específico dos norte americanos para que parem de andar de carro, ou seja, a tarifa só não é cobrada na catraca. E recentemente, uma conferência foi realizada pela FTA (Federal Transit Administration),e está sendo discutido porque as comunidades mais pobres e distantes não recebem o mesmo tipo de serviço com qualidade e quantidade igual ao dos suburbios mais abastados da cidade. Traduzindo não existe PL....
ResponderExcluirNinguém está falando em almoço grátis. É claro que terá que ser subsidiado, ou sustentado com impostos. Mas você mesmo afirmou que "só não é cobrado na catraca". Lembre-se que 25% do custo é devido ao sistema de cobrança. Além disso, não cobrar na catraca faz o sistema ser bem mais eficiente, já que há menos fila na hora de embarcar e desembarcar (como ocorre com o metrô ou onde há cobrança fora do ônibus).
ResponderExcluirEngraçado que o colunista do lixo Veja diz que os universitários tem direito a meia passagem... É do Brasil msm que ele tá falando?? Pq eu tenho q pagar o preço integral pra ir pra faculdade, R$5,25 na ida e R$4,30 na volta
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