Iniciativas como Udacity, Coursera e edX, cada uma com seu imprimatur da elite universitária, colocaram 219 cursos de nível universitário on...
Iniciativas como Udacity, Coursera e edX, cada uma com seu imprimatur da elite universitária, colocaram 219 cursos de nível universitário on-line, gratuitamente, em 2011. A revolução já está em curso nos cursos.
Pessoas no mundo todo já perceberam que para prosperar na economia moderna, é necessário que eles sejam capazes de pensar, raciocinar, codificar e calcular em níveis mais elevados do que antes.
A procura de novas competências atingiu um grau de procura muito alta e com tendência de aumentar. As pessoas em todos os continentes já perceberam que para prosperar na economia moderna, eles precisam ser capazes de pensar, raciocinar código, e calcular em níveis mais elevados do que antes. Com a crise econômica se espalhando pelo mundo certamente não teremos os meios para financiar a forma tradicional de ensino em escala e principalmente no grau de qualidade e eficiência demandada.
Além disso, nos EUA a dívida do crédito educativo (entre 914 bilhões e 1 trilhão de dólares, dependendo de quem faz a estimativa) ultrapassa a dívida nacional do cartão de crédito. Apesar de, em média, um grau da faculdade ainda pagar por si mesmo (e mais um pouco) ao longo de uma carreira. Cerca de 40% dos alunos de faculdades de quatro anos não conseguem obter esse grau dentro de seis anos.
Assim, surgiram muitas iniciativas, pagas e gratuitas, que estão tentando abraçar essa enorme população que não consegue ser atendida pela educação presencial e estão espalhadas geograficamente. Muitas vezes longe dos grandes centros acadêmicos ou impossibilitadas de acessar os campi devido às políticas de seleção.
Como um passo além desse paradigma, grandes instituições acadêmicas americanas estão se unindo para criar plataformas de cursos a distância (termo que já está meio fora de moda, já que a questão da distância nem é mais o problema central) para as massas.
Milhões de dólares foram investidos para a criação desses robustos meios de aprendizagem (Harvard e MIT colocaram 60 milhões dólares em um MOOC sem fins lucrativos chamado EDX) que disponibilizam aulas com professores qualificados para ministrar o conteúdo e com uma equipe com intimidade no uso dos recursos de multimídia interativa, próprios do design instrucional desses cursos eletrônicos.
Afinal, em recente pesquisa patrocinada pela revista Time e pela Carnegie Corporation de Nova York, 80% dos 1000 adultos norteamericanos investigados disseram que em muitos colleges, a educação recebida não vale o que foi pago por ela. E ainda por cima 41% dos 540 presidentes de college e administradores seniores pesquisados concordam com eles.
A educação a distância parece ser a resposta para esse problema de caixa que aflige tanto países pobres quanto uma potência como os EUA. Mas essa tendência não é de agora. Tanto que ao final dos anos 1990, John Chambers, CEO da Cisco, profetizava:
Ainda não chegamos lá, e uma das razões para a EaD não ser tão onipresente hoje é que, de um modo geral, as aulas não eram muito boas.
Foi o que percebeu Sebastian Thrun, CEO e co-fundador da Udacity. Ele percebeu que não ensinava de acordo com a forma como o cérebro aprende.
Seus alunos das palestras tradicionais sempre forneciam notas altas nas avaliações de seus cursos. A questão é que eles também não sabiam onde estava a carência.
Qual ele e seu colega professor Peter Norvig resolveram colocar um curso de inteligência artificial online foi que eles perceberam que a maioria dos cursos similares eram medíocres.
No outono passado, 160.000 pessoas se inscreveram. Mas a aula ainda não estava como Trun imaginara. Por exemplo, um estudante reclamou que o software só permitia aos alunos tentar apenas uma vez cada problema.
Então, ele resolveu alterar o software para permitir que os alunos tentassem resolver os problemas até obter o acerto. Além disso, Thrun possuia uma enorme quantidade de dados para analisar e aprender com a experiência. Assim ele pode aperfeiçoar a técnica. Por exemplo, quando dezenas de milhares de estudantes tem algum problema com o mesmo questionário, ele percebia que a questão não estava clara, e a alterava. Porém os próprios alunos transformavam o curso para além do controle de Thrun, promovendo em outras partes da aula, a construção de playgrounds on-line para praticar o que eles estavam aprendendo e até mesmo traduzindo o curso em 44 idiomas.
Simultaneamente, Thrun permitiu que seu alunos de Stanford que não quisessem assistir suas palestras presencialmente pudessem assistí-las online. Aí ocorreu algo que fez com que Thrun repensasse tudo a respeito de ensino: três quartos de sua audiência preferiu ver a palestras de seus quartos, ou a milhares de quilômetros de distância, e mesmo assim, no médio prazo, tiveram uma média geral superior às de turmas anteriores.
Mas o melhor (ou pior) ainda estava por vir. Seus alunos de Stanford não eram os campeões no desempenho de seu curso online. Ninguém dentre os 400 melhores alunos estavam entre os discentes daquela instituição.
Com base nessa quebra de paradigma, onde a Internet não seria só um meio de distribuir conteúdo das aulas presenciais e sim uma nova forma de ensinar, ele criou a Udacity. Ao contrário do Coursera, outro provedor MOOC sem fins lucrativos, que tem parceria com dezenas de escolas, incluindo Stanford, Princeton e, mais recentemente, a Universidade de Virginia, a Udacity seleciona, treina e filma os professores que ensinam em seus cursos. Desde que foi lançado, em janeiro, a Udacity recusou cerca de 500 professores que se apresentaram para ensinar, e chegou a cancelar um curso de matemática que já havia matriculado 20.000 alunos, tudo por causa da qualidade.
Amanda Ripley, a articulista que escreveu o texto no qual esse post se baseia, se matriculou em vários MOOCs e frequentou aulas de instituições de ensino superior como a Universidade do Distrito de Columbia (UDC).
Boa parte dos cursos Mooc ela abandonou por problemas com o formato.
Porém, surpreendida, ela se sentiu motivada pelo curso de física da Udacity, ministrado pelo professor Andy Brown.
Ainda assim, apenas 1 em cada 10 alunos assistem até o último dos vídeos intercalados com exercícios, que constituem o curso, de acordo com dados da própria Udacity.
Essa altíssima evasão pode ser explicada, em parte, pelo fato de requerer pouco esforço e não haver qualquer custo para a inscrição, o que leva muitas pessoas a entrar e sair dessas classes motivadas apenas pela curiosidade.
Em um curso presencial de física, ela testemunhou a dificuldade do professor em ministrar a disciplina para uma turma de 20 alunos.
Khatri tinha menos da metade de 1% dos alunos que o professor Brown tinha em Udacity, mas ele estava ajudando-os com muitas habilidades além da física. Ele estava cultivando a disciplina e foco, a reconstrução da confiança e carinho motivação. "Por favor reclamem se você não estiver aprendendo", disse o professor mais de uma vez.
Depois das apresentações iniciais, Khatri iniciou uma revisão de geometria e trigonometria para que os alunos tivessem o suficiente de matemática básica para começar. E ele fez isso em muito detalhadamente do que Brown tinha no Udacity, e ficou claro a partir das perguntas que muitos dos alunos precisavam dessa ajuda.
Mas tudo gira em torno da viabilidade econômica, ter um quarto em uma das 50 melhores universidade americanas será um luxo para poucos e, por serem as melhores, essas instituições não deverão desaparecer do mundo dos átomos.
Porém, as MOOC podem ajudar a forçar o preço dos cursos superiores para baixo (mesmo os demais cursos online) e a qualidade para cima. O que é altamente positivo. Mas em algum momento essas iniciativas deverão mostra resultado financeiro, e aí deveremos atingir um ponto onde o modelo de negócio tornará o empreendimento viável. Quem sabe com a adoção de pacotes freemium? Certamente teremos um futuro em que teremos altas doses de publicidade de patrocinadores da educação online que ditarão os rumos da grade acadêmica. Não custa lembrar o mote da campanha de Bill Cliton de 1992:
Para conhecer opções em português veja Sites brasileiros estilo Khan Academy.
Fonte: Time (em inglês)
[Via BBA]
Pessoas no mundo todo já perceberam que para prosperar na economia moderna, é necessário que eles sejam capazes de pensar, raciocinar, codificar e calcular em níveis mais elevados do que antes.
MOOC - Massive open online course
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Quadro comparativo
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MOOC
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Objetivo financeiro
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Visa lucro
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Visa lucro
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Não visa lucro
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Lançamento
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Janeiro de 2012
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Abril de 2012
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Maio de 2012
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Fundadores
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O site foi co-fundado por um ex-professor de Stanford.
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33 colleges por enquanto. Incluindo: Princeton, Stanford, Penn, Duke, Ohio State e a Universidade da Virgínia.
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Ao MIT e Harvard se juntaram a Universidade do Texas e a Universidade da Califórnia, Berkeley.
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Número de cursos oferecidos
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14
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198
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7
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Exemplos de cursos
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Introdução à Estatística, Depuração de Software, Criptografia Aplicada
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Fundamentos da Engenharia Elétrica, Introdução ao Violão, Mitologia Grega e Romana
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Introdução à Ciência da Computação, Circuitos e Eletrônica, Inteligência Artificial
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Número de Estudantes
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400.000
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1,4 milhões
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350.000
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A procura de novas competências atingiu um grau de procura muito alta e com tendência de aumentar. As pessoas em todos os continentes já perceberam que para prosperar na economia moderna, eles precisam ser capazes de pensar, raciocinar código, e calcular em níveis mais elevados do que antes. Com a crise econômica se espalhando pelo mundo certamente não teremos os meios para financiar a forma tradicional de ensino em escala e principalmente no grau de qualidade e eficiência demandada.
Além disso, nos EUA a dívida do crédito educativo (entre 914 bilhões e 1 trilhão de dólares, dependendo de quem faz a estimativa) ultrapassa a dívida nacional do cartão de crédito. Apesar de, em média, um grau da faculdade ainda pagar por si mesmo (e mais um pouco) ao longo de uma carreira. Cerca de 40% dos alunos de faculdades de quatro anos não conseguem obter esse grau dentro de seis anos.
Assim, surgiram muitas iniciativas, pagas e gratuitas, que estão tentando abraçar essa enorme população que não consegue ser atendida pela educação presencial e estão espalhadas geograficamente. Muitas vezes longe dos grandes centros acadêmicos ou impossibilitadas de acessar os campi devido às políticas de seleção.
Como um passo além desse paradigma, grandes instituições acadêmicas americanas estão se unindo para criar plataformas de cursos a distância (termo que já está meio fora de moda, já que a questão da distância nem é mais o problema central) para as massas.
MOOC é a sigla de Massive open online course (em uma tradução livre: Curso online aberto em massa).
Nota do editor
Milhões de dólares foram investidos para a criação desses robustos meios de aprendizagem (Harvard e MIT colocaram 60 milhões dólares em um MOOC sem fins lucrativos chamado EDX) que disponibilizam aulas com professores qualificados para ministrar o conteúdo e com uma equipe com intimidade no uso dos recursos de multimídia interativa, próprios do design instrucional desses cursos eletrônicos.
Afinal, em recente pesquisa patrocinada pela revista Time e pela Carnegie Corporation de Nova York, 80% dos 1000 adultos norteamericanos investigados disseram que em muitos colleges, a educação recebida não vale o que foi pago por ela. E ainda por cima 41% dos 540 presidentes de college e administradores seniores pesquisados concordam com eles.
A educação a distância parece ser a resposta para esse problema de caixa que aflige tanto países pobres quanto uma potência como os EUA. Mas essa tendência não é de agora. Tanto que ao final dos anos 1990, John Chambers, CEO da Cisco, profetizava:
A educação através da Internet vai ser tão grande, que vai fazer o uso de e-mail parecer com um erro de arredondamento.
Ainda não chegamos lá, e uma das razões para a EaD não ser tão onipresente hoje é que, de um modo geral, as aulas não eram muito boas.
Foi o que percebeu Sebastian Thrun, CEO e co-fundador da Udacity. Ele percebeu que não ensinava de acordo com a forma como o cérebro aprende.
Eu segui a sabedoria estabelecida.
Seus alunos das palestras tradicionais sempre forneciam notas altas nas avaliações de seus cursos. A questão é que eles também não sabiam onde estava a carência.
Qual ele e seu colega professor Peter Norvig resolveram colocar um curso de inteligência artificial online foi que eles perceberam que a maioria dos cursos similares eram medíocres.
No outono passado, 160.000 pessoas se inscreveram. Mas a aula ainda não estava como Trun imaginara. Por exemplo, um estudante reclamou que o software só permitia aos alunos tentar apenas uma vez cada problema.
Eu percebi, 'Uau, eu estou preparando os alunos para o fracasso na minha obsessão em conferir notas a eles.'
Então, ele resolveu alterar o software para permitir que os alunos tentassem resolver os problemas até obter o acerto. Além disso, Thrun possuia uma enorme quantidade de dados para analisar e aprender com a experiência. Assim ele pode aperfeiçoar a técnica. Por exemplo, quando dezenas de milhares de estudantes tem algum problema com o mesmo questionário, ele percebia que a questão não estava clara, e a alterava. Porém os próprios alunos transformavam o curso para além do controle de Thrun, promovendo em outras partes da aula, a construção de playgrounds on-line para praticar o que eles estavam aprendendo e até mesmo traduzindo o curso em 44 idiomas.
Simultaneamente, Thrun permitiu que seu alunos de Stanford que não quisessem assistir suas palestras presencialmente pudessem assistí-las online. Aí ocorreu algo que fez com que Thrun repensasse tudo a respeito de ensino: três quartos de sua audiência preferiu ver a palestras de seus quartos, ou a milhares de quilômetros de distância, e mesmo assim, no médio prazo, tiveram uma média geral superior às de turmas anteriores.
Mas o melhor (ou pior) ainda estava por vir. Seus alunos de Stanford não eram os campeões no desempenho de seu curso online. Ninguém dentre os 400 melhores alunos estavam entre os discentes daquela instituição.
Com base nessa quebra de paradigma, onde a Internet não seria só um meio de distribuir conteúdo das aulas presenciais e sim uma nova forma de ensinar, ele criou a Udacity. Ao contrário do Coursera, outro provedor MOOC sem fins lucrativos, que tem parceria com dezenas de escolas, incluindo Stanford, Princeton e, mais recentemente, a Universidade de Virginia, a Udacity seleciona, treina e filma os professores que ensinam em seus cursos. Desde que foi lançado, em janeiro, a Udacity recusou cerca de 500 professores que se apresentaram para ensinar, e chegou a cancelar um curso de matemática que já havia matriculado 20.000 alunos, tudo por causa da qualidade.
Amanda Ripley, a articulista que escreveu o texto no qual esse post se baseia, se matriculou em vários MOOCs e frequentou aulas de instituições de ensino superior como a Universidade do Distrito de Columbia (UDC).
Boa parte dos cursos Mooc ela abandonou por problemas com o formato.
Eles teriam ido muito bem pessoalmente, aninhado em uma sala do século 19 na Universidade de Princeton, mas online, eles não podiam competir com as outras distrações no meu computador.
Porém, surpreendida, ela se sentiu motivada pelo curso de física da Udacity, ministrado pelo professor Andy Brown.
Ele foi projetado de acordo com a forma como o cérebro realmente aprende. Em outras palavras, ele não tinha quase nada em comum com a maioria das aulas que eu tinha tido antes.
Amanda Ripley. Articulista
Ainda assim, apenas 1 em cada 10 alunos assistem até o último dos vídeos intercalados com exercícios, que constituem o curso, de acordo com dados da própria Udacity.
Essa altíssima evasão pode ser explicada, em parte, pelo fato de requerer pouco esforço e não haver qualquer custo para a inscrição, o que leva muitas pessoas a entrar e sair dessas classes motivadas apenas pela curiosidade.
Em um curso presencial de física, ela testemunhou a dificuldade do professor em ministrar a disciplina para uma turma de 20 alunos.
Eles odeiam a física. Você vai ver. Eles estão aterrorizados.
Daryao Khatri. Professor de física da UDC
Khatri tinha menos da metade de 1% dos alunos que o professor Brown tinha em Udacity, mas ele estava ajudando-os com muitas habilidades além da física. Ele estava cultivando a disciplina e foco, a reconstrução da confiança e carinho motivação. "Por favor reclamem se você não estiver aprendendo", disse o professor mais de uma vez.
Depois das apresentações iniciais, Khatri iniciou uma revisão de geometria e trigonometria para que os alunos tivessem o suficiente de matemática básica para começar. E ele fez isso em muito detalhadamente do que Brown tinha no Udacity, e ficou claro a partir das perguntas que muitos dos alunos precisavam dessa ajuda.
Mas tudo gira em torno da viabilidade econômica, ter um quarto em uma das 50 melhores universidade americanas será um luxo para poucos e, por serem as melhores, essas instituições não deverão desaparecer do mundo dos átomos.
Porém, as MOOC podem ajudar a forçar o preço dos cursos superiores para baixo (mesmo os demais cursos online) e a qualidade para cima. O que é altamente positivo. Mas em algum momento essas iniciativas deverão mostra resultado financeiro, e aí deveremos atingir um ponto onde o modelo de negócio tornará o empreendimento viável. Quem sabe com a adoção de pacotes freemium? Certamente teremos um futuro em que teremos altas doses de publicidade de patrocinadores da educação online que ditarão os rumos da grade acadêmica. Não custa lembrar o mote da campanha de Bill Cliton de 1992:
É a economia, estúpido!
Para conhecer opções em português veja Sites brasileiros estilo Khan Academy.
Fonte: Time (em inglês)
[Via BBA]
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