A Boeing montou o simulador F/A 18 Super Hornet no Congresso Nacional para fazer lobby pela escolha do caça bombardeiro americano.
A Boeing montou o simulador F/A 18 Super Hornet no Congresso Nacional para fazer lobby pela escolha do caça bombardeiro americano.
Segundo Ted, um representante da Boeing que estava lá falando inglês e espanhol com os interessados, o simulador é realmente usado no treinamento dos pilotos da Marinha dos EUA, ou seja, simulação física realística.
Ele manuseou uma tela de toque dizendo que hoje o painel do avião está dividido em três mostradores (sendo touch-screen apenas o principal) mas o projeto do novo painel, usado no simulador, prevê uma tela única (no formato widescreen) que exibiria os três mostradores mas que, ao toque de um botão virtual, exibiria mapas mostrando até mesmo em perspectiva 3D os aviões amigos e inimigos detectados pelo radar.
Esse tipo de cockpit é denominado PCD (panoramic cockpit display) e não equipa os F/A 18 atuais, porém a Boeing poderia equipar os caças eventualmente encomendados. Depende da configuração requerida.
Ainda no PCD, o ângulo de visão pode ser alterado arrastando o dedo sobre a tela. Um botão em uma das alavancas de controle do co-piloto serviria como "mouse" para movimentar um cursor por uma das várias janelas de informações de voo da sofisticada aviônica do F18.
Tudo isso eu estava vendo no cockpit de trás do simulador, onde havia uma criança de uns 7 anos, no máximo, "pilotando". Na fila pude distinguir alguns jovens estudantes de engenharia da UNB Gama e servidores da Câmara. Um homem, que se identificou como coronel e piloto, disse que não poderia esperar para pilotar no simulador e prometeu voltar para conversar.
O fato de ter dois lugares permitiria, em tese, demonstrar como funcionaria os modelos F/A-18E Super Hornet (monoposto) e o F/A-18F (biposto) sendo que a variante monoposto teria sido um dos modelos finalista do Programa FX-2 (junto com o Dassault Rafale e o Saab Gripen) de substituição dos caças Mirage da FAB.
Mas o que é mais divertido é pilotar. Subi no cockpit dianteiro (atenção, para entrar você TEM que pisar no banco) e confesso que me surpreendi com a facilidade.
Claro que Mr. Ted já colocou o jato voando, através do programa do simulador, em linha reta e perfeitamente equilibrado. Mas no final da "sessão" no simulador ele auxiliou (indicando os botões) no pouso e em uma decolagem que foi executada muito bem (para um top gun de primeira viagem).
Falando em botões essa era a parte mais cabulosa. A alavanca de controle (o joystick) que fica entre as pernas tem uma quantidade de botões que me fez lembrar do DualShock 3 do PlayStation. É botão para tudo que é lado, só que você tem que controlar com uma só mão. Tem o botão que lembra aquele do "mouse" (já citado), outro muda o armamento do modo míssil para o canhão balístico, outro (mais em baixo) que muda de alvo (quando tem mais de um objeto na tela), além do gatilho de disparo que fica atrás.
No começo disparei mísseis no melhor estilo "fire at will", ou seja, em poucos segundo estava quase desarmado (ué, não são infinitos?). Ao ver aquilo, Ted falou em espanhol para que eu entendesse: "paciencia".
Nisso ele apertou o botão "reload" na tela e eu já era o próprio "Nascimento" alado de novo. Manobrei a aeronave no rumo de um dos aviõezinhos vermelhos da tela (aparentemente Migs-29), através da alavanca de controle e acelerei por meio de outra alavanca que ficava sob a minha mão esquerda. Essa alavanca de aceleração é dividida em duas pois o caça possui dois motores, o que confere maior segurança à aeronave que são embarcadas nos porta-aviões americanos e portanto precisam viajar longas distâncias sobre o mar.
As informações projetadas sobre o para-brisa da aeronave (head-up display), que no simulador eram projetadas diretamente sobre uma das quatro telas, continham um círculo que eu tinha que tentar sobrepor ao alvo selecionado (marcado com um quadrado). No momento que isso era feito o alvo estava "travado" e era só disparar o míssel. Bingo! Minha primeira vítima no simulador.
O segundo avião que derrubei foi com o canhão balístico, o que fez Mr. Ted elogiar com um "Wow! Você já pilotou antes?" "Só no videogame." Respondi. Nesse ponto eu pensei: Esses caras sabem mesmo fazer um lobby. Sorte de principiante ou não, o fato é que parece ser mesmo muito fácil pilotar (e até mesmo abater outro avião) com tanta tecnologia embarcada.
Outra alavanca de que me recordo é uma localizada no lado esquerdo do painel que muda os mísseis ar/ar para ar/terra. Aliás, é por isso que o avião se chama F/A 18 (fighter e attack). Pois além de caça de interceptação de outras aeronaves ele também serve para bombardear alvos no solo.
Ao final, já fora da "aeronave" perguntei a Mr. Ted o que seria um pequeno cilindro que ficava sobre o cockpit, ele confirmou minhas suspeitas de que era apenas uma lanterna para que o piloto pudesse ler algo sobre a perna no escuro. "Não é nenhum segredo." Brincou. Brinquei de volta dizendo que aquela era a parte "lo-tec" do aparelho.
Cockpit dianteiro: Será que puxando a corda o ejetor funciona? :D
É claro que esse modelo dos anos 80 pode ser bastante útil para a defesa nacional. Com tanta biodiversidade, manacial hídrico e petróleo do pré-sal (tudo o que promete ser cada vez mais escasso e estratégico nesse século) o Brasil tem mais é que mostrar os dentes para espantar qualquer engraçadinho.
Mas além de ser o melhor tecnologicamente, a transferência de tecnologia (para que fiquemos independentes de qualquer outra nação e possamos até agregar funcionalidades ou desenvolver tecnologia nacional) é um fator estrategicamente interessante, uma vez que não estamos em guerra com nenhuma nação e no máximo teremos que abater algum teco-teco (ou jatinho) de traficante que invadir nosso espaço aéreo. É fundamental que essa questão entre na equação do custo-benefício. E é nesse ponto que o Super Hornet tem mais dificuldade em relação aos finalistas europeus.
Mas é por isso que a Boeing veio sanar as dúvidas dos nossos senadores sobre a aquisição de 36 aviões-caças para o governo brasileiro.
A câmara disse que autorizou a colocação do simulador do Super Hornet pois apenas a Boeing solicitou permissão. O local onde foi instalado, na chapelaria do Senado, é tradicionalmente usado para exposições de arte. O simulador está aberto ao público em geral.
Atualização (20/08/2011):
Na semana passada, a Saab apresentou aos senadores o modelo Gripen NG. Na última quinta-feira (18), representantes da Boeing participaram de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o processo de seleção do governo federal para compra dos aviões de combate, os caças FX-2. No dia 1º de setembro, será a vez da audiência com a Dassault, do modelo francês Rafale.
Perguntei ao gerente de simulação de voo e programas navais, John Keeven, sobre como ficaria a questão da transferência de tecnologia da Boeing para o Brasil. Ele se esquivou dizendo basicamente dizendo que esse assunto não era da alçada dele. Que era de competência de outros níveis decisórios. De fato, essa questão é um dos maiores entraves para a aquisição do modelo.
Para se ter uma ideia. O concorrente russo derrotado Sukhoi. Além de garantir transferência tecnológica total. Ainda oferecia parceria com a Embraer para desenvolver um jato de quinta geração (tipo stealth, ou invisível ao radar). Sua eliminação da fase final causou muita polêmica no meio especializado.
O Ted citado na matéria é o gerente de fomento de negócios da Boeing, Theodore N. Herman.
[Via BBA]
Segundo Ted, um representante da Boeing que estava lá falando inglês e espanhol com os interessados, o simulador é realmente usado no treinamento dos pilotos da Marinha dos EUA, ou seja, simulação física realística.
Ele manuseou uma tela de toque dizendo que hoje o painel do avião está dividido em três mostradores (sendo touch-screen apenas o principal) mas o projeto do novo painel, usado no simulador, prevê uma tela única (no formato widescreen) que exibiria os três mostradores mas que, ao toque de um botão virtual, exibiria mapas mostrando até mesmo em perspectiva 3D os aviões amigos e inimigos detectados pelo radar.
Esse tipo de cockpit é denominado PCD (panoramic cockpit display) e não equipa os F/A 18 atuais, porém a Boeing poderia equipar os caças eventualmente encomendados. Depende da configuração requerida.
Ainda no PCD, o ângulo de visão pode ser alterado arrastando o dedo sobre a tela. Um botão em uma das alavancas de controle do co-piloto serviria como "mouse" para movimentar um cursor por uma das várias janelas de informações de voo da sofisticada aviônica do F18.
Tudo isso eu estava vendo no cockpit de trás do simulador, onde havia uma criança de uns 7 anos, no máximo, "pilotando". Na fila pude distinguir alguns jovens estudantes de engenharia da UNB Gama e servidores da Câmara. Um homem, que se identificou como coronel e piloto, disse que não poderia esperar para pilotar no simulador e prometeu voltar para conversar.
O fato de ter dois lugares permitiria, em tese, demonstrar como funcionaria os modelos F/A-18E Super Hornet (monoposto) e o F/A-18F (biposto) sendo que a variante monoposto teria sido um dos modelos finalista do Programa FX-2 (junto com o Dassault Rafale e o Saab Gripen) de substituição dos caças Mirage da FAB.
Mas o que é mais divertido é pilotar. Subi no cockpit dianteiro (atenção, para entrar você TEM que pisar no banco) e confesso que me surpreendi com a facilidade.
Claro que Mr. Ted já colocou o jato voando, através do programa do simulador, em linha reta e perfeitamente equilibrado. Mas no final da "sessão" no simulador ele auxiliou (indicando os botões) no pouso e em uma decolagem que foi executada muito bem (para um top gun de primeira viagem).
Falando em botões essa era a parte mais cabulosa. A alavanca de controle (o joystick) que fica entre as pernas tem uma quantidade de botões que me fez lembrar do DualShock 3 do PlayStation. É botão para tudo que é lado, só que você tem que controlar com uma só mão. Tem o botão que lembra aquele do "mouse" (já citado), outro muda o armamento do modo míssil para o canhão balístico, outro (mais em baixo) que muda de alvo (quando tem mais de um objeto na tela), além do gatilho de disparo que fica atrás.
No começo disparei mísseis no melhor estilo "fire at will", ou seja, em poucos segundo estava quase desarmado (ué, não são infinitos?). Ao ver aquilo, Ted falou em espanhol para que eu entendesse: "paciencia".
Nisso ele apertou o botão "reload" na tela e eu já era o próprio "Nascimento" alado de novo. Manobrei a aeronave no rumo de um dos aviõezinhos vermelhos da tela (aparentemente Migs-29), através da alavanca de controle e acelerei por meio de outra alavanca que ficava sob a minha mão esquerda. Essa alavanca de aceleração é dividida em duas pois o caça possui dois motores, o que confere maior segurança à aeronave que são embarcadas nos porta-aviões americanos e portanto precisam viajar longas distâncias sobre o mar.
As informações projetadas sobre o para-brisa da aeronave (head-up display), que no simulador eram projetadas diretamente sobre uma das quatro telas, continham um círculo que eu tinha que tentar sobrepor ao alvo selecionado (marcado com um quadrado). No momento que isso era feito o alvo estava "travado" e era só disparar o míssel. Bingo! Minha primeira vítima no simulador.
O segundo avião que derrubei foi com o canhão balístico, o que fez Mr. Ted elogiar com um "Wow! Você já pilotou antes?" "Só no videogame." Respondi. Nesse ponto eu pensei: Esses caras sabem mesmo fazer um lobby. Sorte de principiante ou não, o fato é que parece ser mesmo muito fácil pilotar (e até mesmo abater outro avião) com tanta tecnologia embarcada.
Outra alavanca de que me recordo é uma localizada no lado esquerdo do painel que muda os mísseis ar/ar para ar/terra. Aliás, é por isso que o avião se chama F/A 18 (fighter e attack). Pois além de caça de interceptação de outras aeronaves ele também serve para bombardear alvos no solo.
Ao final, já fora da "aeronave" perguntei a Mr. Ted o que seria um pequeno cilindro que ficava sobre o cockpit, ele confirmou minhas suspeitas de que era apenas uma lanterna para que o piloto pudesse ler algo sobre a perna no escuro. "Não é nenhum segredo." Brincou. Brinquei de volta dizendo que aquela era a parte "lo-tec" do aparelho.
É claro que esse modelo dos anos 80 pode ser bastante útil para a defesa nacional. Com tanta biodiversidade, manacial hídrico e petróleo do pré-sal (tudo o que promete ser cada vez mais escasso e estratégico nesse século) o Brasil tem mais é que mostrar os dentes para espantar qualquer engraçadinho.
Mas além de ser o melhor tecnologicamente, a transferência de tecnologia (para que fiquemos independentes de qualquer outra nação e possamos até agregar funcionalidades ou desenvolver tecnologia nacional) é um fator estrategicamente interessante, uma vez que não estamos em guerra com nenhuma nação e no máximo teremos que abater algum teco-teco (ou jatinho) de traficante que invadir nosso espaço aéreo. É fundamental que essa questão entre na equação do custo-benefício. E é nesse ponto que o Super Hornet tem mais dificuldade em relação aos finalistas europeus.
Mas é por isso que a Boeing veio sanar as dúvidas dos nossos senadores sobre a aquisição de 36 aviões-caças para o governo brasileiro.
Além de ajudar o Brasil a atingir domínio aéreo, a Boeing pode ainda ser parceira estratégica em diversas áreas.
Joe McAndrew. Vice-presidente da Boeing para Desenvolvimento de Negócios Internacionais.
A câmara disse que autorizou a colocação do simulador do Super Hornet pois apenas a Boeing solicitou permissão. O local onde foi instalado, na chapelaria do Senado, é tradicionalmente usado para exposições de arte. O simulador está aberto ao público em geral.
Atualização (20/08/2011):
Na semana passada, a Saab apresentou aos senadores o modelo Gripen NG. Na última quinta-feira (18), representantes da Boeing participaram de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o processo de seleção do governo federal para compra dos aviões de combate, os caças FX-2. No dia 1º de setembro, será a vez da audiência com a Dassault, do modelo francês Rafale.
Perguntei ao gerente de simulação de voo e programas navais, John Keeven, sobre como ficaria a questão da transferência de tecnologia da Boeing para o Brasil. Ele se esquivou dizendo basicamente dizendo que esse assunto não era da alçada dele. Que era de competência de outros níveis decisórios. De fato, essa questão é um dos maiores entraves para a aquisição do modelo.
Para se ter uma ideia. O concorrente russo derrotado Sukhoi. Além de garantir transferência tecnológica total. Ainda oferecia parceria com a Embraer para desenvolver um jato de quinta geração (tipo stealth, ou invisível ao radar). Sua eliminação da fase final causou muita polêmica no meio especializado.
O Ted citado na matéria é o gerente de fomento de negócios da Boeing, Theodore N. Herman.
[Via BBA]
Parece que tem dois simuladores de F18 em São Paulo. Mas com os mostradores atuais (e não o PCD).
ResponderExcluirque parceria comigo amigo? http://fsxaoextremo.blogspot.com
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