Quem sabe usar bem o computador e ferramentas de busca possui um diferencial na hora de encontrar informações. Mas um estudo diz que esses m...
Quem sabe usar bem o computador e ferramentas de busca possui um diferencial na hora de encontrar informações. Mas um estudo diz que esses motores de buscas podem tornar nossa memória mais ineficaz. Uma vez que o cérebro delega a tarefa de memorizar para a nuvem.
Ok! O homem sempre registrou informações em locais externos à memória. Desde a pré-história temos evidências de pinturas rupestres que relatam histórias e que servem como algum tipo de armazenamento de informação.
A questão é que hoje a informação é abundante e tão confiável quanto a nossa própria memória natural. Pois essa facilidade pode estar nos deixando mais preguiçosos para memorizar essas mesmas informações.
É o que conclui estudo publicado na revista Science na última quinta-feira, dia 14. A pesquisa conclui que motores de busca como o Google, Bing e Yahoo, e as bases de dados na internet mudaram a forma como nosso cérebro se lembra das informaçãoes e se transformaram em uma espécie de "memória externa" do nosso cérebro. De acordo com a descoberta, as pessoas perdem a memória retentiva de dados, mas ganham habilidades de procura.
Betsy Sparrow, professora da Universidade de Columbia, em Nova York, e autora do estudo, disse que os educadores e cientistas já advertiam que nós estamos nos tornando cada vez mais dependente das informações online. Todavia, poucos estudos sustentavam essa afirmação.
O artigo intitulado: "Google Effects on Memory: Cognitive Consequences of Having Information at Our Fingertips" (Efeitos Google sobre a memória: consequências cognitivas de ter informações em nossas mãos, em tradução livre para o português) foi escrito com os colegas Jenny Liu, da Universidade de Wisconsin-Madison e Daniel M. Wegner, da Universidade Harvard. Sparrow explica que a Internet tornou-se uma forma primária do que os psicólogos chamam de memória transacional. Lembranças que são externas a nós, mas que sabemos quando e como acessar.
Um estudo de 46 estudantes universitários encontraram menores taxas de recall em recém-aprendido fatos quando os alunos pensaram esses fatos foram salvos em um computador para posterior recuperação.
A pesquisa foi realizada através de quatro estudos:
[Infográfico Folha]
De acordo com Sparrow, uma maior compreensão de como a nossa memória funciona em um mundo com motores de busca tem o potencial para mudar o ensino e a aprendizagem em todos os campos.
O ensino pode até a tender a ter menos decoreba. Pelo menos em um contexto de maior dependência das informações digitais cada vez mais disponíveis. Mas o que é o conhecimento mínimo que se deve decorar é ainda um grande enigma.
Outra questão que podemos levantar com a pesquisa de Sparrow é o quanto nossa mente está migrando para Web. Os autores de ficção científica e os futurólogos já são quase indistinguíveis. O que o escritor Willian Gibson dizia em seu romance cyberpunk Neuromancer, em 1984, e o o neurocientista Miguel Nicolelis diz hoje tem algo em comum. Nós viraremos máquina. Ou melhor, silício (ou outra substância intimamente ligada à tecnologia que a nanotecnologia venha a desenvolver).
Nossa memória é apenas a ponta do iceberg. Hoje os motores de busca filtram os resultados para que vejamos o que, provavelmente, desejamos (as coisas de nossa região, aquilo que as pessoas que fizeram a mesma busca costumam acessar ou outro critério do gênero). Talvez já estejamos delegando não só a memória, mas o raciocínio também.
Assim, não só estamos confiando nossa memória a esses algoritmos como esses programas já nos ditam o que vamos lembrar. E parece que não teremos escolha. Alguém que não esteja usando a Internet hoje sofre de um "mal" chamado exclusão digital.
E esse é o paradoxo: quem está acostumado a encontrar informações sobre tudo na web tende a lembrar menos das informações. Aqueles que não têm acesso se lembram mais... de menos informações.
P.s.: Quer lutar contra a dependência da internet? Uma boa dica é jogar Perfil.
[Via BBA]
Ok! O homem sempre registrou informações em locais externos à memória. Desde a pré-história temos evidências de pinturas rupestres que relatam histórias e que servem como algum tipo de armazenamento de informação.
A questão é que hoje a informação é abundante e tão confiável quanto a nossa própria memória natural. Pois essa facilidade pode estar nos deixando mais preguiçosos para memorizar essas mesmas informações.
É o que conclui estudo publicado na revista Science na última quinta-feira, dia 14. A pesquisa conclui que motores de busca como o Google, Bing e Yahoo, e as bases de dados na internet mudaram a forma como nosso cérebro se lembra das informaçãoes e se transformaram em uma espécie de "memória externa" do nosso cérebro. De acordo com a descoberta, as pessoas perdem a memória retentiva de dados, mas ganham habilidades de procura.
Betsy Sparrow, professora da Universidade de Columbia, em Nova York, e autora do estudo, disse que os educadores e cientistas já advertiam que nós estamos nos tornando cada vez mais dependente das informações online. Todavia, poucos estudos sustentavam essa afirmação.
Desde o advento dos motores de busca, estamos reorganizando a nossa maneira de lembrar das coisas. Nossos cérebros dependem da Internet para a memória da mesma maneira que eles contam com a memória de um amigo, familiar ou colega de trabalho. Lembramo-nos menos por meio de informações que sabemos do que por saber onde a informação pode ser encontrada.
Betsy Sparrow
O artigo intitulado: "Google Effects on Memory: Cognitive Consequences of Having Information at Our Fingertips" (Efeitos Google sobre a memória: consequências cognitivas de ter informações em nossas mãos, em tradução livre para o português) foi escrito com os colegas Jenny Liu, da Universidade de Wisconsin-Madison e Daniel M. Wegner, da Universidade Harvard. Sparrow explica que a Internet tornou-se uma forma primária do que os psicólogos chamam de memória transacional. Lembranças que são externas a nós, mas que sabemos quando e como acessar.
Um estudo de 46 estudantes universitários encontraram menores taxas de recall em recém-aprendido fatos quando os alunos pensaram esses fatos foram salvos em um computador para posterior recuperação.
A pesquisa foi realizada através de quatro estudos:
- No primeiro, os participantes foram convidados a responder uma série de difíceis questões triviais. Em seguida, eles foram imediatamente testados para ver se eles tinham maior dificuldade de uma tarefa de nomeação de cores básicas, que mostrou participantes palavras em azul ou vermelho. Seu tempo de reação para palavras relacionadas a motores de busca, como o Google ou Yahoo, revelou que, após as difíceis questões de trívia, os participantes estavam pensando em motores de busca na Internet como forma de encontrar informações.
- No segundo, a perguntas triviais foram transformadas em declarações. Os participantes liam as declarações e suas memórias eram testadas quando eles acreditavam que as declarações tinham sido salvas (isto é, acessíveis a eles mais tarde, como é o caso da Internet) ou quando acreditavam que as informações seriam apagadas. Os participantes não aprendiam a informação quando eles acreditavam que a informação seria acessível como quando acreditavam que os dados seriam apagados e ainda tiveram um desempenho pior no teste de memória.
- No terceiro, as mesmas instruções triviais foram usados para testar a memória da informação em si e onde a informação poderia ser encontrada. Participantes novamente acreditavam que a informações seriam salvas em geral, salvas em um local específico, ou apagadas. Eles reconheceram as declarações que foram apagados mais do que as das categorias que foram salvas.
- No quarto, os participantes acreditavam que todas as declarações de trívia seriam salvas digitadas em uma das cinco pastas genéricas. Quando lhe pediram para lembrar os nomes de pasta, fizeram-no a taxas maiores do que a lembrança das declarações de trívia. Uma análise mais aprofundada revelou que as pessoas não necessariamente se lembram onde encontrar determinadas informações quando se lembram o que era essa informação, e que particularmente tendem a se lembrar onde encontrar a informação quando não conseguem se lembrar da informação em si.
De acordo com Sparrow, uma maior compreensão de como a nossa memória funciona em um mundo com motores de busca tem o potencial para mudar o ensino e a aprendizagem em todos os campos.
Talvez aqueles que ensinam em qualquer contexto, sejam eles professores universitários, médicos ou empresários, serão cada vez mais focados em transmitir uma maior compreensão de ideias e modos de pensar, e menos centrados na memorização. E talvez aqueles que aprendem vão se tornar menos ocupados com fatos e mais engajados em questões mais amplas de compreensão.
Betsy Sparrow
O ensino pode até a tender a ter menos decoreba. Pelo menos em um contexto de maior dependência das informações digitais cada vez mais disponíveis. Mas o que é o conhecimento mínimo que se deve decorar é ainda um grande enigma.
Outra questão que podemos levantar com a pesquisa de Sparrow é o quanto nossa mente está migrando para Web. Os autores de ficção científica e os futurólogos já são quase indistinguíveis. O que o escritor Willian Gibson dizia em seu romance cyberpunk Neuromancer, em 1984, e o o neurocientista Miguel Nicolelis diz hoje tem algo em comum. Nós viraremos máquina. Ou melhor, silício (ou outra substância intimamente ligada à tecnologia que a nanotecnologia venha a desenvolver).
Nossa memória é apenas a ponta do iceberg. Hoje os motores de busca filtram os resultados para que vejamos o que, provavelmente, desejamos (as coisas de nossa região, aquilo que as pessoas que fizeram a mesma busca costumam acessar ou outro critério do gênero). Talvez já estejamos delegando não só a memória, mas o raciocínio também.
Assim, não só estamos confiando nossa memória a esses algoritmos como esses programas já nos ditam o que vamos lembrar. E parece que não teremos escolha. Alguém que não esteja usando a Internet hoje sofre de um "mal" chamado exclusão digital.
E esse é o paradoxo: quem está acostumado a encontrar informações sobre tudo na web tende a lembrar menos das informações. Aqueles que não têm acesso se lembram mais... de menos informações.
P.s.: Quer lutar contra a dependência da internet? Uma boa dica é jogar Perfil.
[Via BBA]
Isso é parecido com ter um livro na estante e achar que tem o conhecimento contido nele.
ResponderExcluirSei não acho que o google não faria isso.
ResponderExcluirWeb design Curitiba
Não é uma intenção (pelo menos inicialmente não seria), qualquer indexador da Internet teria esse papel se fosse tão eficiente quanto o Google.
ResponderExcluir