TED: A neurologista que curou o próprio derrame cerebral

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No primeiro momento fiquei aflita. Depois, pensei: quantos cientistas têm a oportunidade de estudar as funções cerebrais de dentro para fora?

Como alguém que experimenta a morte e volta à vida para contar a história, a Dra. Jill Bolte Taylor teve um acidente vascular cerebral (AVC), o popular "derrame", e teve a "sorte" de estudar o evento de dentro para fora e recuperar-se para relatar como é sentir-se no Nirvana.



Em 10 de dezembro de 1996, aos 37 anos, Jill Bolte Taylor neurocientista da Universidade de Indiana, EUA, sentiu uma dor aguda atrás do olho esquerdo. Através dos sintomas que se sucederam e sua experiência, ela logo constatou que estava sofrendo um AVC.


Depois de retirado um coágulo "do tamanho de uma bola de golfe" de seu hemisfério esquerdo, Dra. Jill passou oito anos se recuperando até reestabelecer todas as funções cerebrais.

Graças a minha experiência como neurocientista soube como estimular meu cérebro da maneira correta para que parte dos neurônios recuperasse suas antigas conexões. Além disso, eu tinha um mapa muito claro das áreas que precisavam ser tratadas prioritariamente.
Dra. Jill Bolte Taylor. Neurocientista

Desse processo de enfermidade e terapia resultou um livro que já vendeu mais de 500 mil exemplares apenas nos EUA, e que foi lançado no Brasil com o título: A Cientista que Curou Seu Próprio Cérebro.

Em fevereiro de 2008, a Dra. Jill proferiu palestra no TED onde relata sua experiência dando uma aula de neurologia e de como cada hemisfério cerebral trabalha, na prática:


Decidi estudar o cérebro por ter um irmão que foi diagnosticado com uma doença cerebral: a esquizofrenia. E como irmã e mais tarde, como cientista, quis compreender por que posso pegar meus sonhos, conectá-los com a minha realidade, e fazer com que se realizem. O que acontece com o cérebro do meu irmão e a esquizofrenia dele que ele não consegue conectar seus sonhos com uma realidade comum e compartilhada, e em vez disso, os sonhos dele se transformam em delírios? Portanto dediquei minha carreira à pesquisa de doenças mentais graves. Eu me mudei do meu estado natal, Indiana, para Boston, onde trabalhei no de Psiquiatria de Harvard. E no laboratório, perguntávamos: "Quais são as diferenças biológicas entre os cérebros de indivíduos que seriam diagnosticados como controle normal, em comparação aos cérebros de indivíduos diagnosticados com esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo ou bipolar? Então, essencialmente mapeávamos os microcircuitos do cérebro: quais células se comunicam com quais células, com quais químicos, e em quais quantidades destes químicos? Então minha vida tinha muito significado, pois eu estava realizando este tipo de pesquisa durante o dia. Mas de noite e nos finais de semana, eu viajava como uma defensora da NAMI, a Aliança Nacional de Doenças Mentais. Mas na manhã de 10 de dezembro de 1996, eu acordei e descobri que tinha a minha própria doença mental. Uma veia explodiu do lado esquerdo do meu cérebro. E no curso de quatro horas, pude ver meu cérebro se deteriorar completamente com relação à capacidade de processar informações.

Para quem entende de computadores, o nosso hemisfério direito funciona como um processador paralelo, enquanto o nosso hemisfério esquerdo funciona como um processador serial.
Na manhã da hemorragia, não podia andar, falar, ler, escrever, ou me lembrar de nada da minha vida. Essencialmente, tornei-me uma criança no corpo de uma mulher. Se você alguma vez já viu um cérebro humano, é óbvio que os dois hemisférios estão completamente separados um do outro. E tenho aqui um cérebro humano real. Este é um cérebro humano real. Esta é a parte da frente do cérebro, a parte de trás, com a medula espinhal pendurada, e é assim que estaria posicionado dentro da minha cabeça. Quando olhamos para o cérebro, é óbvio que os dois córtices cerebrais estão completamente separados um do outro. Para quem entende de computadores, o nosso hemisfério direito funciona como um processador paralelo, enquanto o nosso hemisfério esquerdo funciona como um processador serial.

O nosso hemisfério direito tem a ver com o momento atual. É sobre o "aqui e agora". O nosso hemisfério direito pensa em figuras, e aprende cinestesicamente através do movimento do nosso corpo.
Os dois hemisférios se comunicam através do corpo caloso, composto de aproximadamente 300 milhões de fibras axonais. Mas além disso, os dois hemisférios estão completamente separados. Como processam informações de forma diferente, cada um dos hemisférios pensa sobre coisas diferentes, eles cuidam de coisas diferentes e, ouso dizer que têm personalidades muito diferentes. Desculpe. Obrigada. Foi um prazer. (Assistente: Foi, sim.) O nosso hemisfério direito tem a ver com o momento atual. É sobre o "aqui e agora". O nosso hemisfério direito pensa em figuras, e aprende cinestesicamente através do movimento do nosso corpo. As informações, na forma de energia, fluem simultaneamente através de todos os nossos sistemas sensoriais, e depois explodem em uma enorme colagem do visual deste momento atual, do cheiro deste momento, do seu gosto, do seu sentimento e do seu som. Sou um ser de energia conectado com a energia ao meu redor através da consciência do meu hemisfério direito. Somos seres de energia conectados uns aos outros através da consciência dos nossos hemisférios direitos como uma família humana. E aqui, agora, somos irmãos e irmãs neste planeta, aqui, para fazer do mundo um lugar melhor. E neste momento somos perfeitos, somos completos e somos lindos.

E o nosso hemisfério esquerdo pensa em linguagem. É aquela conversa cerebral contínua que conecta a mim e meu mundo interno com o meu mundo externo.
Meu hemisfério esquerdo - nosso hemisfério esquerdo - é um lugar muito diferente. Nosso hemisfério esquerdo pensa linear e metodicamente. Nosso hemisfério esquerdo tem a ver com o passado e com o futuro. Nosso hemisfério esquerdo é projetado para pegar aquela enorme colagem do momento atual, e começar a selecionar detalhes, detalhes e mais detalhes sobre estes detalhes. E depois categoriza e organiza toda aquela informação, associa com tudo no passado que já aprendemos, e projeta no futuro todas as nossas possibilidades. E o nosso hemisfério esquerdo pensa em linguagem. É aquela conversa cerebral contínua que conecta a mim e meu mundo interno com o meu mundo externo. É aquela voz que diz: "Lembre-se de comprar bananas quando estiver voltando para casa. Preciso delas pela manhã".

E assim que o meu hemisfério esquerdo diz para mim: "Eu sou", fico separada. Eu me transformo em um indivíduo sólido único, separado do fluxo de energia ao meu redor e separado de vocês. E foi esta parte do meu cérebro que eu perdi na manhã que sofri o derrame.
É a inteligência calculista que faz com que eu lembre quando tenho que lavar roupa. Mas talvez o mais importante seja que é aquela voz que diz: "Eu sou. Eu sou". E assim que o meu hemisfério esquerdo diz para mim: "Eu sou", fico separada. Eu me transformo em um indivíduo sólido único, separado do fluxo de energia ao meu redor e separado de vocês. E foi esta parte do meu cérebro que eu perdi na manhã que sofri o derrame. Na manhã que sofri o derrame, acordei com uma dor aguda atrás do meu olho esquerdo. Era aquele tipo de dor - dor cáustica - aquela que você sente quando morde sorvete. E a dor me pegava e depois me soltava. E me pegava e depois soltava. E era muito incomum para mim sentir qualquer tipo de dor, então, pensei: "Tudo bem, vou começar minha rotina normal." Então fui para o meu Cardio Glider, que é um aparelho completo de exercício corporal. E lá estava eu fazendo o exercício, e reparei que minhas mãos pareciam garras primitivas agarrando a barra. E eu pensei: "Isto é muito estranho". E olhei para o meu corpo e pensei: "Uau, eu sou uma coisa muito esquisita". E foi como se a minha consciência tivesse saído da minha percepção normal da realidade, onde eu sou a pessoa no aparelho, e tivesse ido para um espaço esotérico onde pude ver a mim mesma passando por esta experiência.

A conversa cerebral do meu hemisfério esquerdo ficou em silêncio total. Como se alguém pegasse um controle remoto e apertasse a tecla "mudo".
E foi tudo muito estranho, e a dor de cabeça estava piorando. Então, saí do aparelho, e fui caminhando pela minha sala de estar, e senti que tudo dentro do meu corpo tinha ficado muito lento. E cada passo estava muito rígido e calculado. Não havia fluidez no meu ritmo, e havia uma constrição na minha área de percepções, e fiquei focada nos meus sistemas internos. E lá estava eu de pé no meu banheiro, prestes a entrar no chuveiro, e eu pude realmente ouvir o diálogo dentro do meu corpo. Ouvi uma voz dizendo: "Certo, vocês, músculos, precisam se contrair. E vocês, músculos, relaxem". E perdi meu equilíbrio, e me apoiei contra a parede. Olhei para o meu braço e percebi que não conseguia mais definir os limites do meu corpo. Não consigo definir onde eu começo e onde eu termino, pois os átomos e as moléculas do meu braço se misturaram com os átomos e as moléculas da parede. E tudo o que eu conseguia sentir era essa energia. Energia.

 


E fiquei perguntando:

“O que há de errado comigo? O que se passa?” 

E naquele momento, a minha conversa cerebral - a conversa cerebral do meu hemisfério esquerdo - ficou em silêncio total. Como se alguém pegasse um controle remoto e apertasse a tecla "mudo". Silêncio completo. E no início fiquei chocada por estar dentro de uma mente silenciosa. Mas então fiquei imediatamente fascinada pelo esplendor da energia ao meu redor. E como eu não conseguia mais identificar os limites do meu corpo, me senti enorme e expansiva. Senti-me conectada com toda a energia que havia, e era tão lindo. E de repente o meu hemisfério esquerdo voltou a se ligar, e disse: "Ei, temos um problema!" Temos um problema! Precisamos de ajuda". E então eu pensei: "Ah, eu tenho um problema. Tenho um problema". Então disse: "Certo, certo, tenho um problema". Mas então voltei imediatamente para a consciência - e eu refiro carinhosamente a este espaço como a "Terra da Alegria". Mas era lindo lá. Imagine como seria estar completamente desconectado da sua conversa cerebral que conecta você ao mundo externo.
Quando acordei depois naquela tarde, fiquei chocada ao descobrir que ainda estava viva.
Então estou nesse espaço, e o meu trabalho e qualquer estresse relacionado ao meu trabalho tinha desaparecido. Senti-me mais leve no meu corpo. E imagine: todos os relacionamentos no mundo externo e qualquer fator estressante relacionado tinha desaparecido Senti esta noção de tranqüilidade. E imagine o que seria livrar-se de 37 anos de bagagem emocional! (Risos) Oh! Senti euforia. Euforia. Foi lindo. E então, novamente, meu hemisfério esquerdo se liga e diz: "Ei! Você precisa prestar atenção. Precisamos de ajuda". E eu pensei: "Preciso de ajuda. Preciso me concentrar". Então saí do chuveiro e me vesti mecanicamente e fiquei andando no meu apartamento, e pensando: "tenho que ir para o trabalho, tenho que ir trabalhar. Posso dirigir? Posso dirigir?" E naquele momento meu braço direito ficou completamente paralisado. Então percebi... "Caramba! Estou tendo um derrame! Estou tendo um derrame!" E a próxima coisa que o meu cérebro diz é: "Uau! Isso é tão legal". (Risos) "Isso é tão legal! Quantos cientistas que estudam o cérebro têm a oportunidade de estudar seu próprio cérebro de dentro para fora?" (Risos)

 


E então pensei: "Mas eu sou uma mulher muito ocupada!" (Risos) "Não tenho tempo para ter um derrame!" Então pensei: "Certo, não posso impedir o derrame, então vou fazer isto por uma semana ou duas, e depois volto para a minha rotina. Certo. Então preciso de ajuda. Tenho que ligar para o trabalho". Eu não me lembrava do telefone do trabalho, mas lembrei que no escritório eu tinha um cartão de visita, com o meu número de telefone nele. Fui para o escritório, e peguei uma pilha de quase oito centímetros de cartões. E estava olhando para o primeiro cartão e mesmo conseguindo ver claramente na minha mente como era o meu cartão, eu não conseguia dizer se este era ou não o meu cartão, pois eu só conseguia ver pixels.

Já não entendo números. E não entendo o telefone, mas é o único plano que eu tenho. Então peguei o telefone e coloquei aqui. E peguei o cartão, e coloquei aqui, e fiquei comparando o formato dos rabiscos no cartão com o formato dos rabiscos no telefone.
E os pixels das palavras se misturavam com os pixels do segundo plano e os pixels dos símbolos, e eu não sabia se era o cartão. Então esperei pelo que eu chamo de "onda de clareza". Naquele momento, eu conseguiria me reconectar com a realidade normal e poderia dizer que este não é o cartão. Este também não. Este também não. Demorei 45 minutos para ver quase três centímetros da pilha de cartões. Enquanto isso, por 45 minutos, a hemorragia foi aumentando no meu hemisfério esquerdo. Já não entendo números. E não entendo o telefone, mas é o único plano que eu tenho. Então peguei o telefone e coloquei aqui.

Eu não sabia que não conseguia falar ou compreender a linguagem até ter tentado.
E peguei o cartão, e coloquei aqui, e fiquei comparando o formato dos rabiscos no cartão com o formato dos rabiscos no telefone. Mas eu voltava para a Terra da Alegria, e quando eu voltava, não me lembrava se já tinha discado aqueles números. Então peguei o meu braço paralisado como um tronco e ia cobrindo os números conforme ia discando, de forma que quando eu voltasse para a realidade normal, eu conseguia dizer: "Sim, já disquei este número". Finalmente, disquei o número inteiro e estou ouvindo o telefone, e meu colega atende o telefone e diz para mim: "Woo woo woo woo". (Risos) E eu pensei: "Meu Deus, ele parece um Golden Retriever!" Então eu disse para ele, claramente na minha mente, eu disse: "Aqui é a Jill! Preciso de ajuda!" E o que saiu da minha voz foi: "Woo woo woo woo". E pensei: "Nossa, eu pareço um Golden Retriever". Portanto, eu não podia saber... Eu não sabia que não conseguia falar ou compreender a linguagem até ter tentado. Ele percebeu que eu precisava de ajuda e me ajudou. Um pouco depois, estou indo na ambulância de um hospital por Boston, para o Hospital Geral de Massachusetts. E me enrolei em posição fetal. E como um balão com um resto de ar saindo direto do balão, senti minha energia subir e simplesmente senti meu espírito se entregar.

E, naquele momento, eu sabia que eu já não era mais a coreógrafa da minha vida. Ou os médicos resgatavam o meu corpo e me davam uma segunda chance, ou este talvez seria meu momento de transição.
Quando acordei depois naquela tarde, fiquei chocada ao descobrir que ainda estava viva. Quando senti meu espírito se entregar, eu disse adeus à minha vida. E a minha mente estava agora suspensa entre dois planos completamente opostos de realidade. Estímulos vindo através dos meus sistemas sensoriais eram de pura dor. A luz queimava meu cérebro como um incêndio, e os sons eram tão altos e caóticos que eu não conseguia captar uma voz do ruído geral de fundo, e eu só queria fugir. Como eu não conseguia identificar a posição do meu corpo no espaço, me sentia enorme e expansiva, como um gênio que acaba de sair da garrafa. E o meu espírito planava livre, como uma grande baleia deslizando por um mar de euforia silenciosa. Nirvana. Encontrei o Nirvana. E eu lembro que pensei: não vou conseguir comprimir essa grandeza que sou de volta neste corpo minúsculo. Homúnculo Mas então percebi: "Mas estou viva! Eu ainda estou viva, e encontrei o Nirvana. E se eu encontrei o Nirvana e ainda estou viva, então todas as pessoas que estão vivas podem encontrar o Nirvana". E vi um mundo repleto de pessoas lindas, pacíficas, compassivas, amorosas, que sabiam que poderiam ir para este lugar a qualquer momento. E que poderiam intencionalmente escolher ir para o lado direito de seus hemisférios esquerdos e encontrar esta paz. E então pude ver que dádiva maravilhosa esta experiência poderia ser, que revelação esse derrame poderia trazer, sobre como vivemos as nossas vidas. E isto me motivou a me recuperar. Duas semanas e meia depois da hemorragia, os cirurgiões removeram um coágulo de sangue do tamanho de uma bola de golfe que estava pressionando meus centros de linguagem. Aqui estou eu com minha mãe, que é um anjo na minha vida. Demorei oito anos para me recuperar completamente.

  Quem somos nós? Somos a força de vida do universo, com destreza manual e duas mentes cognitivas. E temos o poder de escolher, a cada momento, quem e como desejamos ser no mundo. Aqui, agora, eu posso ir para a consciência do meu hemisfério direito, onde estamos. Eu sou a força de vida no universo. Sou a força de vida de 50 trilhões de lindos gênios moleculares que criam o meu formato, junto com o todo que existe.

  Ou, posso escolher ir para a consciência do meu hemisfério esquerdo, onde sou um indivíduo único, sólido. Separada do fluxo, separada de vocês. Eu sou a Dra. Jill Bolte Taylor: intelectual, neuroanatomista. Estes são os "nós" dentro de mim. Qual você escolheria? Qual você escolhe? E quando? Acredito que quanto mais tempo investirmos escolhendo ir para o circuito profundo de paz interna do nosso hemisfério direito, mais paz vamos projetar no mundo, e mais pacífico o nosso planeta vai ser. E eu pensei que esta é uma idéia que valia a pena ser transmitida. Fonte: Revista Veja - Edição 2089 de 03 de dezembro de 2008. Pág. 17. Jill Bolte Taylor's stroke of insight - TED [Via BBA]

Comentários

BLOGGER: 3
  1. poxa, que bacana, adorei a postagem, achei muito interessante a história ocorrida com a dra. e terminei a leitura muito mais bem informada sobre o assunto....
    abs

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  2. Fiquei muito satisfeito. grato pela visita e pelo feedback.

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Brasil Acadêmico: TED: A neurologista que curou o próprio derrame cerebral
TED: A neurologista que curou o próprio derrame cerebral
No primeiro momento fiquei aflita. Depois, pensei: quantos cientistas têm a oportunidade de estudar as funções cerebrais de dentro para fora?
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Brasil Acadêmico
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