Você nunca gostou de brincar de carrinho ou de dar tiros com revólveres de brinquedo? Preferia brincar com a boneca Susi ou a Barbie da sua ...
Você nunca gostou de brincar de carrinho ou de dar tiros com revólveres de brinquedo? Preferia brincar com a boneca Susi ou a Barbie da sua irmã? A culpa pode ser dos ftalatos. Essa nem Freud explicou.
O PVC (policloreto de vinila) é um plástico duro e quebradiço que para ser utilizado pela indústria é necessário tornar-se mais maleável e mais fácil de ser processado. Para tanto é preciso ser aditivado com substâncias conhecidas como plastificantes, sendo os ftalatos o grupo mais comum desses componentes, principalmente o DOP – dioctilftalato. O problema é que ele, ao mesmo tempo em que é extremamente eficiente e de boa interação com o PVC, é também tóxico e cancerígeno, tendo seu uso limitado pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária na proporção de apenas 3% (Resolução nº 105, de 19 de maio de 1999).
Os ftalatos formam um conjunto de substâncias químicas que estão presentes, principalmente quando associados ao PVC, na formulação de sacos plásticos ou em forma de filme para embalar alimentos, além de também serem encontrados em brinquedos, certos tipos de pisos plásticos, cortinas de banheiro, embalagem para cosméticos, colas, corantes, artigos têxteis, cateteres e bolsas de sangue e soro, entre outros. Ou seja, estamos cercados por eles em nossa vida hodierna e sobre eles pesariam a suspeita de trazerem vários males à saúde humana.
Sexy para ela. Para o bebê, pode ser realmente tóxico.
Em artigo no sítio FAPESP Pesquisa Online, em 2008, foi relatado que estudos mostram que, mesmo em pequenas doses, os ftalatos podem passar por contato para alimentos e bebidas e depois ser ingeridos por adultos e crianças e ser associados a câncer, má-formação esquelética, problemas endócrinos e hormonais, principalmente danos ao sistema reprodutor masculino. O principal suspeito é um tipo plastificante chamado de ftalato de di-(2-etil-hexila) (DEHP na sigla em inglês) muito usado em filmes plásticos.
A Anvisa indica o máximo de 3% de ftalatos em produtos vendidos no Brasil. “Mas há dados na literatura nacional e internacional que mostram a presença de valores acima desse nível, principalmente nos filmes e sacos plásticos, produtos que ficam bem molinhos graças aos plastificantes.” diz Sônia.
Mas uma pesquisa feita nos EUA, publicada no Journal of Andrology, piora ainda mais a reputação dos plastificantes. O estudo indica que a exposição de gestantes aos ftalatos pode mudar o comportamento de seus filhos do sexo masculino, fazendo com que eles fiquem "mais femininos".
Segundo o estudo, de cientistas da University of Rochester, esses plastificantes interferem no desenvolvimento do cérebro, bloqueando a ação do hormônio masculino testosterona em bebês.
Liderado por Shanna Swan, um grupo de pesquisadores testou amostras de urina de gestantes a partir da metade da gravidez procurando por traços de ftalatos.
As gestantes deram à luz 74 meninos e 71 meninas. Quando os meninos tinham entre 4 e 7 anos, os pesquisadores perguntaram às mães sobre seus brinquedos e brincadeiras preferidos.
Eles verificaram que a presença de dois tipos de ftalatos, o DEHP e o DBP, tinha relação com a forma de brincar das crianças.
Os meninos expostos a altas doses desses compostos apresentaram menor tendência a brincar com carros, trens ou armas de brinquedo e a participar de brincadeiras mais agressivas, como lutas.
Ftalatos: por que não devemos comprar brinquedos de procedência duvidosa.
O time responsável pelo esse estudo já havia provado anteriormente a associação entre a substância e meninos nascidos com anomalias nos genitais (como testículos oclusos e pênis pequenos).
Diante de tal revelação é particularmente preocupante que algumas empresas que produzem brinquedos de plástico para crianças, em especial os chamados mordedores, negligenciem as margens de segurança impostas pelos órgãos de controle da qualidade de produtos industrializados.
Isso foi constatado em 2008, quando o Idep realizou testes em brinquedos infantis e encontrou em 7 de 17 produtos.
A fiscalização é falha e é precisamente por isso que quando é divulgado o resultado de testes (Brinquedos Perigosos) onde alguns itens manufaturados são reprovados, devemos disseminar ao máximo essas informações e repudiar aqueles fabricantes que insistem em se aproveitar das fragilidades do sistema de vigilância sanitária (um escândalo no nosso país) para amealhar lucros, de uma forma que só podemos classificar como vil, e colocando em risco o futuro e a saúde de nossos bebês.
Na União Européia, os ftalatos foram banidos dos brinquedos há alguns anos.
A boa notícia é que há uma série de pesquisas em andamento para o desenvolvimento de produtos visando substituir o uso do ftalatos e consumir as substâncias do meio ambiente, inclusive por instituições brasileiras. Vide as fontes para conhecer algumas iniciativas.
Fontes:
Bactérias modificadas degradam contaminante presente no solo - Inovação Tecnológica
Babies absorb phthalates from baby products - Reuters
Brinquedos Perigosos - IDEC
Campaign for the safe cosmetics - NotTooPretty.org
Componente químico de plásticos 'afemina' meninos, diz estudo - G1
How "Fresh" Is Air Freshener? - Time
Idec aponta substâncias tóxicas em oito brinquedos - ADEC
Petroquímica verde - Pesquisa FAPESP Online
O PVC (policloreto de vinila) é um plástico duro e quebradiço que para ser utilizado pela indústria é necessário tornar-se mais maleável e mais fácil de ser processado. Para tanto é preciso ser aditivado com substâncias conhecidas como plastificantes, sendo os ftalatos o grupo mais comum desses componentes, principalmente o DOP – dioctilftalato. O problema é que ele, ao mesmo tempo em que é extremamente eficiente e de boa interação com o PVC, é também tóxico e cancerígeno, tendo seu uso limitado pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária na proporção de apenas 3% (Resolução nº 105, de 19 de maio de 1999).
Os ftalatos formam um conjunto de substâncias químicas que estão presentes, principalmente quando associados ao PVC, na formulação de sacos plásticos ou em forma de filme para embalar alimentos, além de também serem encontrados em brinquedos, certos tipos de pisos plásticos, cortinas de banheiro, embalagem para cosméticos, colas, corantes, artigos têxteis, cateteres e bolsas de sangue e soro, entre outros. Ou seja, estamos cercados por eles em nossa vida hodierna e sobre eles pesariam a suspeita de trazerem vários males à saúde humana.
Em artigo no sítio FAPESP Pesquisa Online, em 2008, foi relatado que estudos mostram que, mesmo em pequenas doses, os ftalatos podem passar por contato para alimentos e bebidas e depois ser ingeridos por adultos e crianças e ser associados a câncer, má-formação esquelética, problemas endócrinos e hormonais, principalmente danos ao sistema reprodutor masculino. O principal suspeito é um tipo plastificante chamado de ftalato de di-(2-etil-hexila) (DEHP na sigla em inglês) muito usado em filmes plásticos.
Em camundongos já estão comprovados câncer no pâncreas, rins e fígado, mas em relação aos humanos ainda há controvérsias.
Profa Sônia Faria Zawadzki. Departamento de Química da UFPR
A Anvisa indica o máximo de 3% de ftalatos em produtos vendidos no Brasil. “Mas há dados na literatura nacional e internacional que mostram a presença de valores acima desse nível, principalmente nos filmes e sacos plásticos, produtos que ficam bem molinhos graças aos plastificantes.” diz Sônia.
Mas uma pesquisa feita nos EUA, publicada no Journal of Andrology, piora ainda mais a reputação dos plastificantes. O estudo indica que a exposição de gestantes aos ftalatos pode mudar o comportamento de seus filhos do sexo masculino, fazendo com que eles fiquem "mais femininos".
Segundo o estudo, de cientistas da University of Rochester, esses plastificantes interferem no desenvolvimento do cérebro, bloqueando a ação do hormônio masculino testosterona em bebês.
Nossos resultados precisam ser confirmados, mas são intrigantes em muitos aspectos. Não apenas são consistentes com descobertas anteriores, associando os ftalatos a alterações no desenvolvimento dos genitais, mas também são compatíveis com conhecimentos atuais sobre como os hormônios moldam as diferenças sexuais no cérebro e, portanto, o comportamento.
Shanna Swan. Líder da equipe de pesquisadores
Liderado por Shanna Swan, um grupo de pesquisadores testou amostras de urina de gestantes a partir da metade da gravidez procurando por traços de ftalatos.
As gestantes deram à luz 74 meninos e 71 meninas. Quando os meninos tinham entre 4 e 7 anos, os pesquisadores perguntaram às mães sobre seus brinquedos e brincadeiras preferidos.
Eles verificaram que a presença de dois tipos de ftalatos, o DEHP e o DBP, tinha relação com a forma de brincar das crianças.
Os meninos expostos a altas doses desses compostos apresentaram menor tendência a brincar com carros, trens ou armas de brinquedo e a participar de brincadeiras mais agressivas, como lutas.
O time responsável pelo esse estudo já havia provado anteriormente a associação entre a substância e meninos nascidos com anomalias nos genitais (como testículos oclusos e pênis pequenos).
Os ftalatos têm a propriedade de simular hormônios, principalmente os estrógenos. Por isso, aumentam os riscos de se desenvolver tumores sensíveis ao estrogênio, como alguns cânceres de mama.
Dra. Sandra Goraieb. Médica anestesiologista e pósgraduada em psico-neuro-endócrino-imunologia
Diante de tal revelação é particularmente preocupante que algumas empresas que produzem brinquedos de plástico para crianças, em especial os chamados mordedores, negligenciem as margens de segurança impostas pelos órgãos de controle da qualidade de produtos industrializados.
Isso foi constatado em 2008, quando o Idep realizou testes em brinquedos infantis e encontrou em 7 de 17 produtos.
O Centro de Avaliação de Riscos Reprodutivos em Seres Humanos dos Estados Unidos confere aos ftalatos a categoria de risco mínimo para a população em geral. No entanto, enfatiza que recém-nascidos e crianças pequenas, devido a seus hábitos de levar objetos à boca, mastigá-los e mordê-los, sofrem exposições maiores aos ftalatos em uma época em que seu sistema reprodutor está se desenvolvendo e é vulnerável.
Dra. Joya Emilie de Menezes Correia-Deur, médica e pesquisadora em endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
A fiscalização é falha e é precisamente por isso que quando é divulgado o resultado de testes (Brinquedos Perigosos) onde alguns itens manufaturados são reprovados, devemos disseminar ao máximo essas informações e repudiar aqueles fabricantes que insistem em se aproveitar das fragilidades do sistema de vigilância sanitária (um escândalo no nosso país) para amealhar lucros, de uma forma que só podemos classificar como vil, e colocando em risco o futuro e a saúde de nossos bebês.
Na União Européia, os ftalatos foram banidos dos brinquedos há alguns anos.
A boa notícia é que há uma série de pesquisas em andamento para o desenvolvimento de produtos visando substituir o uso do ftalatos e consumir as substâncias do meio ambiente, inclusive por instituições brasileiras. Vide as fontes para conhecer algumas iniciativas.
Fontes:
Bactérias modificadas degradam contaminante presente no solo - Inovação Tecnológica
Babies absorb phthalates from baby products - Reuters
Brinquedos Perigosos - IDEC
Campaign for the safe cosmetics - NotTooPretty.org
Componente químico de plásticos 'afemina' meninos, diz estudo - G1
How "Fresh" Is Air Freshener? - Time
Idec aponta substâncias tóxicas em oito brinquedos - ADEC
Petroquímica verde - Pesquisa FAPESP Online
Nós estamos cercados por plásticos. É perturbador.
ResponderExcluirÉ mulherzinha, é?
ResponderExcluir