Não confirmamos muito do favoritismo (que nos foi vendido por especialistas), seria o complexo de vira-latas da copa de 1950 que nos persegu...
Não confirmamos muito do favoritismo (que nos foi vendido por especialistas), seria o complexo de vira-latas da copa de 1950 que nos persegue? Favoritismo atrapalha? Temos que estar sempre "dando a volta por cima"? Vamos ao balanço.O Brasil era candidato em 9 modalidades (judô, ginástica artística, atletismo, vela, futebol, vôlei, vôlei de praia, natação e hipismo) para medalha de ouro, trouxe três. Só que dessa vez levamos a maior delegação da história (270 esportistas em 31 modalidades). Houve um considerável aumento no investimento nos esportes olímpicos, devido a uma lei de 2001. A questão é que continuamos dependendo muito de heróis olímpicos, que parecem carregar o país nas costas ao invés de um trabalho social mais de longo prazo onde se investem em cem atletas para se obter apenas um de nível olímpico. É claro que precisamos de ídolos, Cesão guardou a calça de natação que ganhou de Gustavo Borges desde 1994, emoldurada.
Mas precisamos ainda mais de projeto, estratégia, inteligência, de não deixarmos talentos precoces se perderem (como o judoca Eduardo Santos que não tinha dinheiro para mudar para faixa preta até conseguir a vaga para Beijing, outro poderia ter largado para lá), como fez a China que priorizou os esportes que davam mais medalhas deixando um pouco de lado esportes coletivos como vôlei e futebol.
Com uma participação sempre marcante no atletismo o Brasil não conseguiu arrebatar aquelas medalhinhas que ex-pés-descalços como o Joaquim Cruz costuma nos encher de orgulho. Lendas como o João do Pulo e tantos outros, até aquela cena do ex-padre atacando nosso representante da maratona quando ele estava em primeiro fizeram falta nesta edição dos jogos. As mulheres brasileiras é que salvaram nossa pele. Ganharam no vôlei e no salto em distância.
O curioso é que em ambas oportunidades as atletas estavam dando a volta por cima. Maurren Maggi ficou dois anos suspensa por uso de doping, o que sempre negou, e as brasileiras do vôlei de quadra queriam provar que não amarelavam na final (nos últimos jogos, elas estiveram a um ponto de ganhar a medalha de ouro quando estava 24 a 19 contra as russas e conseguiram a proeza histórica de perder).
Reclamaram horrores dos que as criticaram esses anos todos, e eu acho que foi isso que fez o ouro vir agora.
Essa choradeira que marca a nossa participação, estilo por-que-Deus-está-me-punindo ou decepcionei-meu-país, e a quebra de protocolo nos podiuns mostra bem nossa cultura de heróis. Nós primamos pela inconstância, criatividade, improvisação e emotividade. E isso deveria ser aperfeiçoado. Se o Phelps chorasse a cada medalha conquistada como a gente, ele não teria forças para bater o recorde de Mark Setemedalhas Spitz. Não que os outros atletas não se emocionem, mas a gente dá tudo e depois relaxa a menos que se descubra o quanto é ruim o relaxamento depois de experimentarmos a sensação de sermos superiores.
Diego e Robinho não conseguiram a classificação para Olimpíada logo após ganharem o campeonato paulista pelo Santos. Se Robinho soubesse que não poderia participar desses jogos e Diego soubesse o quanto teria de perder de dinheiro para tentar esse título teriam se esforçado mais naquela oportunidade. Isso por que eles queriam muito ir, e esta pode ter sido a última chance do Brasil de ganhar a medalha de ouro no futebol.
Já com o Diego da já legendária família Hypólito a confiança era total, realizou toda a série de saltos e movimentos difíceis a que se propora e no último (e mais fácil) levou um traumatizante tombo (se não fosse comigo eu juro que ria).
Seria relaxamento? Excesso de confiança? Por que no mundial isso não aconteceu? Lá não havia a pressão do favoritismo como aqui. Agora a Golden Cross já explorava sua imagem: (ele fez o comercial, então já sabia do plano... Até imagino o marqueteiro falando) "-Quando terminar a competição vamos exibir sua imagem para todo o Brasil se equilibrando na beira da cobertura como um homem-aranha. Indestrutível. Destemido."
E parece ser tudo o que Hypólito não é, qualquer Aedes Egypt, flagelo nacional, pode tirá-lo do tablado. O nosso herói, que tem um salto com o seu nome (e não é aquele tombão), é frágil como um cristal que se quebra quando cai, resta saber se será como fênix. Mas isso deveria ser levado em conta quando preparamos o atleta. Um comercial desses, o Galvão falando das "esperanças depositadas", tudo deve ser trabalhado para se isolar o atleta, inclusive contra sabotagens.
A Jade já devia usar maquiagem a prova d´água a muito tempo, acho que de tanto esses técnicos estrangeiros sentarem nessas meninas elas ficam se sentindo meio por baixo.
E a Daiane dos Santos? A menina vai se empolgando, empolgando, até que em uma explosão muscular ela vai parar fora do tablado. É muito sangüínea, mas largou o chororô (só me lembro do Botafogo quando uso esse termo, ê Brasil).
Por falar em sabotagem, a que ocorreu com a nossa esperança feminina, de prata, é verdade, do salto com vara foi de lascar.
Intencionalmente ou não, a vara da mulher sumiu. É como se roubassem a bola em um jogo de futebol ou a raquete em um jogo de tênis. E não teve improvisação que desse jeito. O pior é que isso ocorreu no Brasil também. Serraram a vara de salto do recordista mundial Sergei Bubka no aeroporto quando ele veio competir no Brasil. Só que naquela ocasião ele ganhou assim mesmo.
Talvez uma atitude mais egocêntrica ajude mais. Algo no estilo eu-sou-o-cara do Romário. Em 1994, o craque frasista com toda a sua arrogância e petulância levou o time do Brasil às finais fazendo seu gols históricos. Essa arrogância não é admirada pelo brasileiro mas é quase cultuada nos EUA.
No ano passado, no Mundial também realizado na China, a goleira Hope Solo era titular da posição até chegar à semifinal da competição, justamente contra o Brasil. O técnico dos EUA na época, Greg Ryan, colocou Solo no banco de reservas, mesmo sem tomar gols a cerca de 300 minutos, e a experiente Briana Scurry no gol.
Scurry levou quatro gols na goleada por 4 a 0 e o time norte-americano ficou de fora da final. Revoltada, Solo disse que conseguiria defender melhor do que a companheira e não participou da decisão pelo bronze. Após causar revolta na seleção, a goleira teve que reconquistar a confiança do grupo. Mas deu a volta por cima. Com a técnica Pia Sundhage no comando da equipe, Solo retornou para a posição e garantiu a medalha de ouro em Beijing (defendendo um chute de dentro da pequena área da brasileira Marta). Um horror!
Me lembra um certo time de vôlei que barrou o maior levantador do mundo, Ricardinho. É como diz o comentarista Armando Nogueira: "Deus castiga a quem o craque fustiga".
Para ganhar o jogo contra os EUA o Brasil tinha que vir com tudo, mais um pouco, e ainda contar com a sorte e a experiência. Mas ali não foi bem um erro. O Brasil escolheu um caminho, privilegiar o grupo, ou a panela, sei lá. Não deu certo.
O Bernardinho já não berra mais como antes, o time se mostrou inconstante e o fundo dos EUA parecia saber (ter estudado) cada ataque nosso. O Tande e o Giba sumiram (inclusive com aqueles seus brados heróicos, tão fundamentais para o emotivo Brasil) e o time pareceu envelhecido ante a juventude estrategicamente lapidada pelo time dos EUA, que não parecia sem foco em momento algum. Lamentável!
O Bernadinho é ótimo mas, o José Roberto é que dirigiu o time no primeiro Ouro do masculino, quando o Bernardinho parecia não conseguir gritar com as mulheres, foi treinar o masculino.
O vôlei de praia teve contusão, teve dupla nova desbancando dupla velha (e relaxando na final...) Teve até dupla brasileira defendendo a Geórgia, e terminando em quarto.
Na vela a medalha parecia tão impossível que a prata teve sabor de ouro. Além disso teve um bronze inédito no feminino, outra vez as mulheres salvando o Brasil.
O bom é que o Lula não vai poder pôr a culpa no FHC.
A preparação olímpica foi toda dentro de seu governo. Só poderá reclamar da vaia que recebeu no Pan.
A tese é a seguinte: "Nossos times jogam igual as Tartarugas Ninja em combate num minuto e em outro parece um time de emos. Acho que deveria se reconhecer isso e tentar trabalhar melhor o emocional de nossos atletas."
Vou terminar com a frase do Galvão, que para mim sempre dança conforme a música: -"Está na hora de mudar o discurso, de achar que participar de uma olimpíada está bom demais." Não é de uma hora para outra não Galvão.
Como os defensores de que o Brasil foi bem dizem isso porque passamos a decadente (no sentido olímpico) Cuba, segue um quadro comparativo de medalhas quantitativo.
O Brasil comparado com o BRIC mais Cuba mais EUA.
Apenas medalhas de ouro. O critério para se determinar a colocação de um país no jogos.
Mas precisamos ainda mais de projeto, estratégia, inteligência, de não deixarmos talentos precoces se perderem (como o judoca Eduardo Santos que não tinha dinheiro para mudar para faixa preta até conseguir a vaga para Beijing, outro poderia ter largado para lá), como fez a China que priorizou os esportes que davam mais medalhas deixando um pouco de lado esportes coletivos como vôlei e futebol.
Com uma participação sempre marcante no atletismo o Brasil não conseguiu arrebatar aquelas medalhinhas que ex-pés-descalços como o Joaquim Cruz costuma nos encher de orgulho. Lendas como o João do Pulo e tantos outros, até aquela cena do ex-padre atacando nosso representante da maratona quando ele estava em primeiro fizeram falta nesta edição dos jogos. As mulheres brasileiras é que salvaram nossa pele. Ganharam no vôlei e no salto em distância.
O curioso é que em ambas oportunidades as atletas estavam dando a volta por cima. Maurren Maggi ficou dois anos suspensa por uso de doping, o que sempre negou, e as brasileiras do vôlei de quadra queriam provar que não amarelavam na final (nos últimos jogos, elas estiveram a um ponto de ganhar a medalha de ouro quando estava 24 a 19 contra as russas e conseguiram a proeza histórica de perder).
Reclamaram horrores dos que as criticaram esses anos todos, e eu acho que foi isso que fez o ouro vir agora.
Essa choradeira que marca a nossa participação, estilo por-que-Deus-está-me-punindo ou decepcionei-meu-país, e a quebra de protocolo nos podiuns mostra bem nossa cultura de heróis. Nós primamos pela inconstância, criatividade, improvisação e emotividade. E isso deveria ser aperfeiçoado. Se o Phelps chorasse a cada medalha conquistada como a gente, ele não teria forças para bater o recorde de Mark Setemedalhas Spitz. Não que os outros atletas não se emocionem, mas a gente dá tudo e depois relaxa a menos que se descubra o quanto é ruim o relaxamento depois de experimentarmos a sensação de sermos superiores.
Diego e Robinho não conseguiram a classificação para Olimpíada logo após ganharem o campeonato paulista pelo Santos. Se Robinho soubesse que não poderia participar desses jogos e Diego soubesse o quanto teria de perder de dinheiro para tentar esse título teriam se esforçado mais naquela oportunidade. Isso por que eles queriam muito ir, e esta pode ter sido a última chance do Brasil de ganhar a medalha de ouro no futebol.
Já com o Diego da já legendária família Hypólito a confiança era total, realizou toda a série de saltos e movimentos difíceis a que se propora e no último (e mais fácil) levou um traumatizante tombo (se não fosse comigo eu juro que ria).
Seria relaxamento? Excesso de confiança? Por que no mundial isso não aconteceu? Lá não havia a pressão do favoritismo como aqui. Agora a Golden Cross já explorava sua imagem: (ele fez o comercial, então já sabia do plano... Até imagino o marqueteiro falando) "-Quando terminar a competição vamos exibir sua imagem para todo o Brasil se equilibrando na beira da cobertura como um homem-aranha. Indestrutível. Destemido."
E parece ser tudo o que Hypólito não é, qualquer Aedes Egypt, flagelo nacional, pode tirá-lo do tablado. O nosso herói, que tem um salto com o seu nome (e não é aquele tombão), é frágil como um cristal que se quebra quando cai, resta saber se será como fênix. Mas isso deveria ser levado em conta quando preparamos o atleta. Um comercial desses, o Galvão falando das "esperanças depositadas", tudo deve ser trabalhado para se isolar o atleta, inclusive contra sabotagens.
A Jade já devia usar maquiagem a prova d´água a muito tempo, acho que de tanto esses técnicos estrangeiros sentarem nessas meninas elas ficam se sentindo meio por baixo.
E a Daiane dos Santos? A menina vai se empolgando, empolgando, até que em uma explosão muscular ela vai parar fora do tablado. É muito sangüínea, mas largou o chororô (só me lembro do Botafogo quando uso esse termo, ê Brasil).
Por falar em sabotagem, a que ocorreu com a nossa esperança feminina, de prata, é verdade, do salto com vara foi de lascar.
Intencionalmente ou não, a vara da mulher sumiu. É como se roubassem a bola em um jogo de futebol ou a raquete em um jogo de tênis. E não teve improvisação que desse jeito. O pior é que isso ocorreu no Brasil também. Serraram a vara de salto do recordista mundial Sergei Bubka no aeroporto quando ele veio competir no Brasil. Só que naquela ocasião ele ganhou assim mesmo.
Talvez uma atitude mais egocêntrica ajude mais. Algo no estilo eu-sou-o-cara do Romário. Em 1994, o craque frasista com toda a sua arrogância e petulância levou o time do Brasil às finais fazendo seu gols históricos. Essa arrogância não é admirada pelo brasileiro mas é quase cultuada nos EUA.
No ano passado, no Mundial também realizado na China, a goleira Hope Solo era titular da posição até chegar à semifinal da competição, justamente contra o Brasil. O técnico dos EUA na época, Greg Ryan, colocou Solo no banco de reservas, mesmo sem tomar gols a cerca de 300 minutos, e a experiente Briana Scurry no gol.
Scurry levou quatro gols na goleada por 4 a 0 e o time norte-americano ficou de fora da final. Revoltada, Solo disse que conseguiria defender melhor do que a companheira e não participou da decisão pelo bronze. Após causar revolta na seleção, a goleira teve que reconquistar a confiança do grupo. Mas deu a volta por cima. Com a técnica Pia Sundhage no comando da equipe, Solo retornou para a posição e garantiu a medalha de ouro em Beijing (defendendo um chute de dentro da pequena área da brasileira Marta). Um horror!
Me lembra um certo time de vôlei que barrou o maior levantador do mundo, Ricardinho. É como diz o comentarista Armando Nogueira: "Deus castiga a quem o craque fustiga".
Para ganhar o jogo contra os EUA o Brasil tinha que vir com tudo, mais um pouco, e ainda contar com a sorte e a experiência. Mas ali não foi bem um erro. O Brasil escolheu um caminho, privilegiar o grupo, ou a panela, sei lá. Não deu certo.
O Bernardinho já não berra mais como antes, o time se mostrou inconstante e o fundo dos EUA parecia saber (ter estudado) cada ataque nosso. O Tande e o Giba sumiram (inclusive com aqueles seus brados heróicos, tão fundamentais para o emotivo Brasil) e o time pareceu envelhecido ante a juventude estrategicamente lapidada pelo time dos EUA, que não parecia sem foco em momento algum. Lamentável!
O Bernadinho é ótimo mas, o José Roberto é que dirigiu o time no primeiro Ouro do masculino, quando o Bernardinho parecia não conseguir gritar com as mulheres, foi treinar o masculino.
O vôlei de praia teve contusão, teve dupla nova desbancando dupla velha (e relaxando na final...) Teve até dupla brasileira defendendo a Geórgia, e terminando em quarto.
Na vela a medalha parecia tão impossível que a prata teve sabor de ouro. Além disso teve um bronze inédito no feminino, outra vez as mulheres salvando o Brasil.
O bom é que o Lula não vai poder pôr a culpa no FHC.
A preparação olímpica foi toda dentro de seu governo. Só poderá reclamar da vaia que recebeu no Pan.
A tese é a seguinte: "Nossos times jogam igual as Tartarugas Ninja em combate num minuto e em outro parece um time de emos. Acho que deveria se reconhecer isso e tentar trabalhar melhor o emocional de nossos atletas."
Vou terminar com a frase do Galvão, que para mim sempre dança conforme a música: -"Está na hora de mudar o discurso, de achar que participar de uma olimpíada está bom demais." Não é de uma hora para outra não Galvão.
Como os defensores de que o Brasil foi bem dizem isso porque passamos a decadente (no sentido olímpico) Cuba, segue um quadro comparativo de medalhas quantitativo.
O Brasil comparado com o BRIC mais Cuba mais EUA.
Apenas medalhas de ouro. O critério para se determinar a colocação de um país no jogos.
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