O ano de 2021 é crítico para as mudanças climáticas. De acordo com o Acordo de Paris, os governos devem decidir agora como reduzir a quantid...
O ano de 2021 é crítico para as mudanças climáticas. De acordo com o Acordo de Paris, os governos devem decidir agora como reduzir a quantidade de carbono que colocam na atmosfera para evitar consequências mais devastadoras do aquecimento global. Estamos no caminho certo para limitar o aquecimento global em apenas 1,5ºC? O Climate Action Tracker explica as boas e as más notícias para o planeta.
O ano de 2021 é crucial na luta contra as mudanças climáticas. Conforme o cronograma do Acordo de Paris, neste ano os governos devem tomar decisões importantes ao atualizar seus planos de ação climática. Estamos no caminho para cumprir a meta de limitar o aquecimento global em 1,5ºC? Há boas e más notícias, e os detalhes são importantes, então, vamos analisar os dados.
A boa notícia tem a ver com daqui a 30 anos. Cada vez mais, os países se comprometem a atingir emissões líquidas zero até a metade do século, o que está alinhado com as metas do Acordo de Paris.
Sob o Acordo de Paris, os países têm que apresentar compromissos formais e atualizados para atingir a meta global. Nos últimos meses, UE, EUA, China e outros países apresentaram esses compromissos, e estimamos que sua implementação total pode nos levar a um aquecimento de 2,4ºC até 2100. Um pouco melhor, mas ainda longe de 1,5.
Existem boas notícias em todo lugar. Às vezes, podemos nos surpreender com a virada rápida que um setor inteiro pode vir a ter.
No Acordo de Paris, em 2015, os países concordaram em manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2ºC e tentar limitá-lo a 1,5ºC. Os cientistas, incluindo o IPCC, dizem que, para cumprir o limite de 1,5ºC de aquecimento, a emissão de gases de efeito estufa precisa ser reduzida pela metade até 2030, e a emissão líquida de dióxido de carbono precisa chegar a zero por volta de 2050. Um desafio enorme, mas alcançável.
A informação apresentada aqui é do Climate Action Tracker, um projeto que monitora compromissos e ações nacionais, e está atualizada até 1º de junho de 2021.
A boa notícia tem a ver com daqui a 30 anos. Cada vez mais, os países se comprometem a atingir emissões líquidas zero até a metade do século, o que está alinhado com as metas do Acordo de Paris.
Até agora, 131 países já adotaram metas de emissões líquidas zero ou estão discutindo-as. Essas metas cobrem 73% da emissão global atual de gases de efeito estufa.
Entre esses países estão a União Europeia, que consagrou esse objetivo em lei, Reino Unido, África do Sul, Japão, Coreia do Sul, Canadá, China e Estados Unidos, além de várias pequenas nações insulares. No entanto, as ações atualmente implementadas em todos os países farão pouco mais do que impedir o aumento das emissões futuras.
Isso indica um aquecimento estimado em 2,9ºC até 2100, e leva a uma mudança climática catastrófica.
Sob o Acordo de Paris, os países têm que apresentar compromissos formais e atualizados para atingir a meta global. Nos últimos meses, UE, EUA, China e outros países apresentaram esses compromissos, e estimamos que sua implementação total pode nos levar a um aquecimento de 2,4ºC até 2100. Um pouco melhor, mas ainda longe de 1,5.
Existe um cenário mais otimista.
Nele, os compromissos e intenções são transformados em políticas seguidas por ações, inclusive metas ainda em discussão ou ainda não apresentadas oficialmente no Acordo de Paris. Isso colocaria o mundo em uma trajetória de manter o aquecimento global em 2ºC até 2100. Com um pouco mais de ambição, teoricamente a meta de 1,5ºC poderia ser alcançada.
Mas isso é teoria. As ações e planos de curto prazo atuais ainda não correspondem às intenções de longo prazo, e essa é a má notícia.
Não é surpresa que as ações de curto prazo, que podem definir os resultados eleitorais, são mais tímidas que os compromissos de longo prazo que vão recair sobre os futuros governos.
Os próximos nove anos vão determinar se alcançaremos a meta de emissão líquida zero até o meio do século. O primeiro marco é 2030. Até lá, precisamos reduzidas as emissões pela metade para caminharmos em direção a 1,5ºC. Se perdermos o marco de 2030, compensá-lo mais tarde será cada vez mais caro ou até mesmo impossível. Mas, com as ações propostas atualmente, mesmo com as metas anunciadas nos últimos meses, as emissões globais dificilmente se estabilizariam até 2030, deixando uma lacuna enorme.
A ideia do Acordo de Paris não é que os países simplesmente reenviem a mesma meta de cinco anos antes, ou que ofereçam metas diferentes que não resultem em emissões mais baixas. Infelizmente, esse é o caso até agora da Austrália, México, Rússia, Singapura, Suíça e Vietnã. Coreia do Sul e Nova Zelândia dizem que vão apresentar novas metas antes do fim do ano.
Os próximos nove anos vão determinar se alcançaremos a meta de emissão líquida zero até o meio do século. O primeiro marco é 2030. Até lá, precisamos reduzidas as emissões pela metade para caminharmos em direção a 1,5ºC. Se perdermos o marco de 2030, compensá-lo mais tarde será cada vez mais caro ou até mesmo impossível. Mas, com as ações propostas atualmente, mesmo com as metas anunciadas nos últimos meses, as emissões globais dificilmente se estabilizariam até 2030, deixando uma lacuna enorme.
A ideia do Acordo de Paris não é que os países simplesmente reenviem a mesma meta de cinco anos antes, ou que ofereçam metas diferentes que não resultem em emissões mais baixas. Infelizmente, esse é o caso até agora da Austrália, México, Rússia, Singapura, Suíça e Vietnã. Coreia do Sul e Nova Zelândia dizem que vão apresentar novas metas antes do fim do ano.
Talvez o pior caso seja o Brasil, cuja nova meta declarada gerará mais emissões do que sua promessa anterior.
Esses países precisam reconsiderar suas decisões. Por fim, dezenas de países ainda não anunciaram novas metas para 2030, como Indonésia e Índia, embora ainda tenham algum tempo antes da COP26 para formalizar suas propostas. Em resumo, o quadro é mais promissor do que nunca, se olharmos para as metas estabelecidas para 2050, mas as ações climáticas de curto prazo atuais não nos levarão até lá.
Existem boas notícias em todo lugar. Às vezes, podemos nos surpreender com a virada rápida que um setor inteiro pode vir a ter.
Por exemplo, energia renovável é o novo normal para capacidade de produção de energia em todo o mundo porque é mais barata.
Muitas das principais montadoras estão fazendo a transição para carros elétricos, e o setor financeiro parece ter iniciado o movimento de parar de investir em combustíveis fósseis. Além disso, os primeiros países anunciaram que vão parar totalmente de extrair combustíveis fósseis.
O mundo precisa de liderança séria e corajosa para nos levar a um caminho mais seguro. E lembrem-se que, se não chegarmos a 1,5ºC, a próxima meta não é 2, mas 1,6ºC. Os impactos do aquecimento global, que já estão sendo sentidos, vão chegar a um patamar de forma não linear e exponencial. Quando se trata de mudança climática, cada ano, cada ação e cada décimo de grau importam.
O mundo precisa de liderança séria e corajosa para nos levar a um caminho mais seguro. E lembrem-se que, se não chegarmos a 1,5ºC, a próxima meta não é 2, mas 1,6ºC. Os impactos do aquecimento global, que já estão sendo sentidos, vão chegar a um patamar de forma não linear e exponencial. Quando se trata de mudança climática, cada ano, cada ação e cada décimo de grau importam.
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