Estação espacial privada Voyager deverá ter capacidade para acomodar 400 hóspedes que não precisarão mais ficar flutuando. O conceito de gr...
Estação espacial privada Voyager deverá ter capacidade para acomodar 400 hóspedes que não precisarão mais ficar flutuando.
O conceito de gravidade artificial baseada em força centrífuga nem é tão novo. E pode ser visto em obras de ficção científica como 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), Elysium(2013), Interestelar (2014) ou Perdido em Marte(2015). E como nos filmes, essa é a ideia que a empresa Orbital Assembly Corporation (OAC) quer colocar em prática através da Estação Voyager.
Fonte: Space, Wikipedia, Voyager Station
A Voyager consiste em uma estrutura em forma de roda com 200m de diâmetro que ficará girando em uma velocidade tal que promoverá uma sensação de gravidade como a experimentada por astronautas na Lua por meio da força centrífuga.
Tudo começou quando John Blincow estabeleceu a The Gateway Foundation em 2012. Os planos da organização incluem o início e a sustentação de uma indústria de construção espacial robusta e próspera, primeiro com a Estação Voyager e a estação espacial comercial The Gateway. Em 2018, a equipe da The Gateway Foundation criaram a OAC, uma empresa de manufatura centrada na colonização do espaço, como uma forma de auxiliar a concretizar esses sonhos.
Pois recentemente a OAC discutiu a Estação Voyager durante uma coletiva de imprensa. Em 29 de janeiro, o evento virtual denominado “Primeira Assembleia” serviu como uma atualização para investidores, parceiros de marketing e turistas que esperam um dia reservar um quarto a bordo da Voyager.
Apresentada pela consultora médica da OAC, Shawna Pandya, e transmitidas ao vivo no canal da empresa no YouTube, a construtora espacial revelou sua programação para o próximo capítulo da exploração espacial humana. Sua veterana equipe de pilotos, engenheiros e arquitetos da NASA pretende montar um “hotel espacial” na órbita terrestre baixa que gire rápido o suficiente para gerar gravidade artificial para turistas, cientistas, astronautas, educadores e qualquer pessoa que queira ter uma vida fora da Terra .
A Estação Voyager é padronizada com base em conceitos imaginados pelo lendário cientista de foguetes Wernher von Braun, um dos principais orquestradores do programa Apollo da NASA e cuja ligação com o nazismo talvez tenha feito com que a The Gateway Foundation tenha abandonado a ideia de nomear a construção em sua homenagem evitando assim muita polêmica. A montagem está programada para começar por volta de 2025.
A Voyager abrigará 24 módulos habitacionais integrados, cada um medindo 20m x 12m. Com gravidade quase lunar, o resort giratório terá banheiros e chuveiros funcionais, e permitirá correr e pular de maneiras novas e divertidas.
Blincow explicou durante o evento de 29 de janeiro que o plano atual é construir a estação espacial giratória em etapas, começando com uma estação de protótipo em uma escala menor – um anel de gravidade que medirá 61m de diâmetro e será projetado para girar para criar gravidade artificial perto do nível de Marte, que é cerca de 40% da gravidade da Terra – além de uma instalação de microgravidade de vôo livre, ambos usando componentes da Voyager.
Este anel gravitacional funcionará como um “demonstrador de curto prazo”, que levará de dois a três anos para ser construído e lançado. Depois de instalado em órbita, sua montagem levará apenas três dias. Essa estrutura funcionará como a base de teste da empresa para muitas das tecnologias a serem usadas na construção da Estação Voyager.
O Robô de Montagem de Treliça de Estrutura (STAR) irá fabricar a estrutura das estações Voyager e Gateway em órbita. Para testar essa tecnologia, será construído um protótipo menor, aqui na Terra, conhecido como DSTAR.
“O anel gravitacional será um projeto-chave de demonstração de tecnologia que planejamos construir, montar e operar em órbita baixa da Terra em apenas alguns anos. A empresa também planeja usar uma versão orbital do DSTAR chamada PSTAR, que significa Prototype Structural Truss Assembly Robot.”
Jeff Greenblatt. Co-fundador da OAC
De acordo com Tim Clements, gerente de fabricação da OAC, durante o evento, o robô de montagem de treliça da OAC é o primeiro a construir uma estação espacial em órbita baixa da Terra e servirá como “espinha dorsal estrutural de projetos futuros no espaço”.
“O protótipo produzirá uma seção de treliça de aproximadamente 300 pés [90 m] de comprimento em menos de 90 minutos. O DSTAR pesa quase 8 toneladas em massa, composto de aço, componentes elétricos e mecânicos.”
Tim Clements. Gerente de Fabricação da OAC.
Também será criado um drone observador robótico para visualização remota por meio de um dispositivo de realidade virtual como seu primeiro projeto de desenvolvimento interno.
“Serão nossos olhos no local de trabalho. O drone observador opera em uma função de apoio. Ele pode pousar em naves existentes. Também pode ser totalmente reutilizável e pode voar e ter um modo de vôo livre em missões estendidas.”
Tim Alatorre. Membro da equipe executiva da Gateway Foundation
E Alatorre acrescenta: “Não vimos uma explosão de atividade comercial no espaço. O custo tem sido de cerca de US$ 8.000 por quilo por muito tempo. Mas com o Falcon 9, você pode fazer isso por menos de US$ 2.000. E conforme o Starship estiver online, custará apenas algumas centenas de dólares.” (fazendo referência aos lançadores da SpaceX – o foguete Falcon 9 da empresa e seu veículo Starship Mars, que se encontra em desenvolvimento)
“A microgravidade é simplesmente brutal em nossos corpos. Precisamos da gravidade artificial - um mecanismo que nos dê uma dosagem de gravidade para nos dar a capacidade de viver por muito tempo no espaço.”
Durante anos, mencionar a palavra Voyager no contexto aeroespacial remetia às duas sondas que a Nasa enviou para além do Sistema Solar. Pode ser que em breve ao falarmos de Voyager só lembraremos dessa estação.
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