Deepika Kurup está determinada a resolver a crise global de água desde que tinha 14 anos, depois de ver crianças perto da casa de seus avós ...
Deepika Kurup está determinada a resolver a crise global de água desde que tinha 14 anos, depois de ver crianças perto da casa de seus avós na Índia bebendo água que parecia suja demais até para ser tocada. Sua pesquisa começou na cozinha de sua família e por fim a levou a um prêmio importante de ciências. Ouça como esta cientista adolescente desenvolveu uma maneira econômica e ecologicamente sustentável de purificar água.
Todo verão, eu e minha família atravessamos o mundo, 5 mil quilômetros de distância, para o país de cultura diversa da Índia. A Índia é um país mal-afamado pelo calor escaldante e umidade. Para mim, o único alívio para o calor é beber muita água. Quando estamos na Índia, meus pais sempre me lembram de só beber água fervida ou engarrafada, porque, diferente daqui, nos EUA, onde eu posso abrir a torneira e ter água limpa e potável, na Índia, a água é frequentemente contaminada. Então meus pais têm que se assegurar de que a água que tomamos é segura.
Mas eu percebi rapidamente que nem todos têm o privilégio de desfrutar da água limpa que nós desfrutamos. Saindo da casa dos meus avós, nas ruas movimentadas da Índia, eu vi pessoas esperando em filas longas debaixo do sol quente enchendo baldes com água de uma torneira.
Ver estas crianças forçadas a tomar água que eu achava que era suja demais para ser tocada mudou a minha perspectiva do mundo. Essa injustiça social inaceitável me encorajou a querer encontrar uma solução para o problema de água potável do mundo. Eu queria saber porque essas crianças não tinham água, uma substância essencial para a vida. Eu aprendi que estamos enfrentando uma crise global de água.
Com as populações aumentando, desenvolvimento industrial e crescimento econômico, nossa demanda de água potável está aumentando, enquanto que nossas fontes de água doce estão se esgotando rapidamente.
A falta de acesso à água potável é a causa principal da mortalidade de crianças abaixo de cinco anos em países em desenvolvimento, e a UNICEF estima que 3 mil crianças morrem todos os dias de doenças relacionadas à água.
Depois de voltar para casa um verão, quando eu estava na oitava série, eu decidi que queria combinar minha paixão por resolver o problema global da água com meu interesse por ciências. Então eu decidi que a melhor coisa a fazer seria transformar minha garagem em um laboratório.
(Risos)
Na verdade, primeiro eu transformei minha cozinha em um laboratório, mas meus pais não aprovaram e me expulsaram.
Eu também li muitos artigos da área relacionados à pesquisa sobre água e descobri que atualmente em países em desenvolvimento, algo chamado de desinfecção solar, ou SODIS, é usado para purificar a água. No SODIS, garrafas plásticas transparentes são cheias com água contaminada e então expostas à luz do sol de seis a oito horas. A radiação UV do sol destrói do DNA dos patógenos nocivos e descontamina a água. Enquanto que o SODIS é muito fácil de usar e energeticamente eficiente, porque só usa energia solar, ele é muito lento, e pode levar dois dias com tempo nublado. Para tornar o processo de SODIS mais rápido, um método novo chamado fotocatálise tem sido usado ultimamente.
O que é exatamente a fotocatálise? Vamos por partes: "foto" significa do sol, e catalisador é algo que acelera uma reação. Então a fotocatálise acelera o processo solar de desinfecção. Quando a luz penetra e atinge um fotocatalisador, como o TiO2, ou dióxido de titânio, cria essas espécies de oxigênio muito reagentes, como superoxidas, peróxido de hidrogênio e radicais de hidroxila. Essas espécies de oxigênio reagentes podem remover bactéria e orgânicos e vários contaminantes da água potável.
Mas infelizmente, há diversas desvantagens na maneira com que a SODIS fotocatalítica é implantada hoje. Eles pegam garrafas de plástico transparente e revestem seu interior com uma camada do fotocatalítico. Mas fotocatalisadores, como o dióxido de titanio, são muito usados em protetores solares para bloquear radiação UV. Ao revestir o interior das garrafas, estão bloqueando parte da radiação UV e diminuindo a efeciência do processo. Também, os revestimentos fotocatalíticos não são estreitamente ligados à garrafa de plástico, o que quer dizer que saem com água, e as pessoas acabam tomando o catalisador.
Meu objetivo era resolver as desvantagens dos métodos de tratamento em uso e criar um método seguro, sustentável, econômico e ecologicamente correto de purificar a água.
O composto combina dióxido de titânio com cimento. O composto análogo ao cimento pode ser formado por vários formatos, o que resulta numa gama extremamente versátil de métodos de implantação. Por exemplo, podemos criar um bastão que pode ser colocado numa garrafa para uso individual ou podemos criar um filtro poroso que pode filtrar água para famílias. Podemos até revestir o interior de um tanque de água para purificar quantias maiores de água para comunidades por um período maior.
Ao longo deste percurso, minha jornada não tem sido fácil. Eu não tinha acesso a um laboratório sofisticado. Eu tinha 14 anos quando comecei, mas não deixei minha idade me dissuadir do meu interesse em prosseguir com minha pesquisa científica e da minha vontade de resolver a crise global da água.
Água não é só um solvente universal. Água é um direito universal do ser humano. Por isso, eu continuo a trabalhar neste projeto da feira de ciências desde 2012 para levá-lo do laboratório ao mundo real. Neste verão, eu fundei o Catalyst for World Water, uma iniciativa social que busca soluções catalisadoras para a crise de água global.
(Aplausos)
Sozinha, uma gota de água não pode fazer muito, mas quando muitas gotas se juntam, podem abastecer a vida em nosso planeta. Assim como gotas de água se juntam para formam oceanos, eu creio que nós precisamos nos juntar para enfrentar este problema global.
Obrigada.
(Aplausos)
Obrigada.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Todo verão, eu e minha família atravessamos o mundo, 5 mil quilômetros de distância, para o país de cultura diversa da Índia. A Índia é um país mal-afamado pelo calor escaldante e umidade. Para mim, o único alívio para o calor é beber muita água. Quando estamos na Índia, meus pais sempre me lembram de só beber água fervida ou engarrafada, porque, diferente daqui, nos EUA, onde eu posso abrir a torneira e ter água limpa e potável, na Índia, a água é frequentemente contaminada. Então meus pais têm que se assegurar de que a água que tomamos é segura.
Mas eu percebi rapidamente que nem todos têm o privilégio de desfrutar da água limpa que nós desfrutamos. Saindo da casa dos meus avós, nas ruas movimentadas da Índia, eu vi pessoas esperando em filas longas debaixo do sol quente enchendo baldes com água de uma torneira.
Eu até vi crianças, que pareciam ter a minha idade, enchendo garrafas de plástico transparente com água suja dos córregos à beira da estrada.
Ver estas crianças forçadas a tomar água que eu achava que era suja demais para ser tocada mudou a minha perspectiva do mundo. Essa injustiça social inaceitável me encorajou a querer encontrar uma solução para o problema de água potável do mundo. Eu queria saber porque essas crianças não tinham água, uma substância essencial para a vida. Eu aprendi que estamos enfrentando uma crise global de água.
Isto pode parecer surpreendente, já que 75% do nosso planeta é coberto por água, mas só 2,5% disso é água doce, e menos de 1% do abastecimento de água da Terra está disponível para o consumo humano.
Com as populações aumentando, desenvolvimento industrial e crescimento econômico, nossa demanda de água potável está aumentando, enquanto que nossas fontes de água doce estão se esgotando rapidamente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 660 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a uma fonte de água potável.
A falta de acesso à água potável é a causa principal da mortalidade de crianças abaixo de cinco anos em países em desenvolvimento, e a UNICEF estima que 3 mil crianças morrem todos os dias de doenças relacionadas à água.
Depois de voltar para casa um verão, quando eu estava na oitava série, eu decidi que queria combinar minha paixão por resolver o problema global da água com meu interesse por ciências. Então eu decidi que a melhor coisa a fazer seria transformar minha garagem em um laboratório.
(Risos)
Na verdade, primeiro eu transformei minha cozinha em um laboratório, mas meus pais não aprovaram e me expulsaram.
Eu também li muitos artigos da área relacionados à pesquisa sobre água e descobri que atualmente em países em desenvolvimento, algo chamado de desinfecção solar, ou SODIS, é usado para purificar a água. No SODIS, garrafas plásticas transparentes são cheias com água contaminada e então expostas à luz do sol de seis a oito horas. A radiação UV do sol destrói do DNA dos patógenos nocivos e descontamina a água. Enquanto que o SODIS é muito fácil de usar e energeticamente eficiente, porque só usa energia solar, ele é muito lento, e pode levar dois dias com tempo nublado. Para tornar o processo de SODIS mais rápido, um método novo chamado fotocatálise tem sido usado ultimamente.
O que é exatamente a fotocatálise? Vamos por partes: "foto" significa do sol, e catalisador é algo que acelera uma reação. Então a fotocatálise acelera o processo solar de desinfecção. Quando a luz penetra e atinge um fotocatalisador, como o TiO2, ou dióxido de titânio, cria essas espécies de oxigênio muito reagentes, como superoxidas, peróxido de hidrogênio e radicais de hidroxila. Essas espécies de oxigênio reagentes podem remover bactéria e orgânicos e vários contaminantes da água potável.
Mas infelizmente, há diversas desvantagens na maneira com que a SODIS fotocatalítica é implantada hoje. Eles pegam garrafas de plástico transparente e revestem seu interior com uma camada do fotocatalítico. Mas fotocatalisadores, como o dióxido de titanio, são muito usados em protetores solares para bloquear radiação UV. Ao revestir o interior das garrafas, estão bloqueando parte da radiação UV e diminuindo a efeciência do processo. Também, os revestimentos fotocatalíticos não são estreitamente ligados à garrafa de plástico, o que quer dizer que saem com água, e as pessoas acabam tomando o catalisador.
Enquando que o TiO2 é seguro e inerte, é na verdade ineficiente se ficarmos tomando o catalisador, porque então temos que revesti-lo de novo, mesmo após poucos usos.
Meu objetivo era resolver as desvantagens dos métodos de tratamento em uso e criar um método seguro, sustentável, econômico e ecologicamente correto de purificar a água.
O que começou como um projeto de oitavo ano da feira de ciências é agora o meu composto fotocatalítico para purificar água.
O composto combina dióxido de titânio com cimento. O composto análogo ao cimento pode ser formado por vários formatos, o que resulta numa gama extremamente versátil de métodos de implantação. Por exemplo, podemos criar um bastão que pode ser colocado numa garrafa para uso individual ou podemos criar um filtro poroso que pode filtrar água para famílias. Podemos até revestir o interior de um tanque de água para purificar quantias maiores de água para comunidades por um período maior.
Ao longo deste percurso, minha jornada não tem sido fácil. Eu não tinha acesso a um laboratório sofisticado. Eu tinha 14 anos quando comecei, mas não deixei minha idade me dissuadir do meu interesse em prosseguir com minha pesquisa científica e da minha vontade de resolver a crise global da água.
Água não é só um solvente universal. Água é um direito universal do ser humano. Por isso, eu continuo a trabalhar neste projeto da feira de ciências desde 2012 para levá-lo do laboratório ao mundo real. Neste verão, eu fundei o Catalyst for World Water, uma iniciativa social que busca soluções catalisadoras para a crise de água global.
(Aplausos)
Sozinha, uma gota de água não pode fazer muito, mas quando muitas gotas se juntam, podem abastecer a vida em nosso planeta. Assim como gotas de água se juntam para formam oceanos, eu creio que nós precisamos nos juntar para enfrentar este problema global.
Obrigada.
(Aplausos)
Obrigada.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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