Pesquisadores belgas descobrem proteína que, em caso de sucesso na segunda fase de testes, permitirá que um produto terapêutico para ambas a...
Pesquisadores belgas descobrem proteína que, em caso de sucesso na segunda fase de testes, permitirá que um produto terapêutico para ambas as doenças possa ser desenvolvido dentro de cinco ou seis anos.
Pesquisadores da Universidade Católica de Lovaina (UCL), Bélgica, descobriram uma proteína, denominada Amuc_1100, capaz de evitar o desenvolvimento da obesidade e da diabete tipo 2 em ratos.
A Amuc_1100 compõe a membrana externa da bactéria Akkermansia muciniphila (foto acima), que vive exclusivamente na flora intestinal de animais vertebrados, como o homem.
O time de pesquisadores descobriu que essa proteína bloqueia completamente o desenvolvimento de intolerância a glicose e de resistência a insulina, tanto em um regime normal como em um regime rico em gordura, desde que a Amuc_1100 seja administrada em grande quantidade.
E como ela age? A proteína funciona como se fosse uma barreira protetora impedindo que toxinas presentes na massa fecal entrem na corrente sanguínea, através de uma redução da permeabilidade do intestino.
Pois essa mesma barreira também reduz a absorção de energia pelo intestino, o que acaba resultando em um menor ganho de massa corporal.
Como aconteceu com muitas das grandes descobertas científicas, Hubert Plovier, doutorando da equipe de Cani, descobriu a proteína Amuc_1100 por mero acaso.
A bactéria Akkermansia muciniphila é conhecida por sua capacidade de reduzir em entre 40 e 50% o ganho de massa corporal e de resistência a insulina em ratos, o que Cani comprovou em 2013.
Mas havia um problema, os testes em humanos esbarravam na dificuldade de reproduzir sinteticamente a bactéria, que é sensível ao oxigênio.
Para resolver o problema, Plovier optou pela pasteurização, um processo no qual uma substância é aquecida a 70 graus.
Ao investigar as razões do ganho em eficácia, os pesquisadores observaram a presença da proteína Amuc_1100 ainda ativa na bactéria pasteurizada.
Os efeitos da proteína isolada foram testados em três séries de testes com ratos e os mesmos resultados do tratamento com a bactéria Akkermansia muciniphila pasteurizada foram obtidos.
Animais submetidos a um regime rico em gordura e altamente calórico e que receberam a bactéria viva ganharam menos peso e desenvolveram menos resistência à insulina que os que receberam um placebo.
Já nos que foram administrados a bactéria pasteurizada ou a proteína isolada os resultados foram ainda mais impressionantes: O tratamento impediu qualquer ganho de peso e a resistência à insulina.
O tratamento com Akkermansia muciniphila pasteurizada já foi submetido a uma primeira fase de testes em humanos e foi concluído que sua administração não apresenta riscos para a saúde.
A prova foi realizada com quatro grupos de dez voluntários, em alguns casos durante 15 dias, em outros durante três meses, seguindo os procedimentos habituais para esse tipo de pesquisas.
Um grupo recebeu uma dose diária de um bilhão de bactérias vivas, outro 10 mil bactérias vivas, o terceiro um bilhão de bactérias pasteurizadas e o último um placebo.
Nenhum dos voluntários apresentou qualquer problema, de acordo com o professor Patrice Cani.
A segunda fase de testes em humanos, que deve ser concluída no segundo semestre de 2017 e deverá contar com mais de 100 voluntários, irá determinar os efeitos clínicos da bactéria sobre a obesidade e a diabete.
Na hipótese dos resultados serem positivos, esse seria o primeiro passo para o desenvolvimento de um futuro produto terapêutico contra ambas doenças, e que poderia chegar ao mercado em um prazo de cinco ou seis anos.
Todavia, para o desenvolvimento de um remédio, o processo poderia levar, no mínimo, dez anos. Uma vez que ainda é necessário testar o uso da proteína isolada em humanos e descobrir uma maneira de produzi-la em grande escala, destacam os pesquisadores.
Cani pretende ainda comprovar os efeitos da Akkermansia muciniphila sobre outras doenças relacionadas, como alto nível de colesterol, arteriosclerose, inflamação intestinal e mesmo câncer.
O estudo foi publicado na revista Nature e pode abrir caminho para o desenvolvimento de um medicamento contra as duas doenças que afetam 600 milhões e 400 milhões de pessoas em todo o mundo, respectivamente.
Fonte: BBC
[Visto no Brasil Acadêmico]
Pesquisadores da Universidade Católica de Lovaina (UCL), Bélgica, descobriram uma proteína, denominada Amuc_1100, capaz de evitar o desenvolvimento da obesidade e da diabete tipo 2 em ratos.
A Amuc_1100 compõe a membrana externa da bactéria Akkermansia muciniphila (foto acima), que vive exclusivamente na flora intestinal de animais vertebrados, como o homem.
O time de pesquisadores descobriu que essa proteína bloqueia completamente o desenvolvimento de intolerância a glicose e de resistência a insulina, tanto em um regime normal como em um regime rico em gordura, desde que a Amuc_1100 seja administrada em grande quantidade.
E como ela age? A proteína funciona como se fosse uma barreira protetora impedindo que toxinas presentes na massa fecal entrem na corrente sanguínea, através de uma redução da permeabilidade do intestino.
A permeabilidade intestinal é responsável pela passagem ao sangue de determinadas toxinas que contribuem para o desenvolvimento da diabete, de inflamações, para o fato de que algumas pessoas obesas sintam fome constantemente e para várias desordens metabólicas.
Professor Patrice D. Cani. Líder da equipe de pesquisadores, em entrevista à BBC Brasil.
Pois essa mesma barreira também reduz a absorção de energia pelo intestino, o que acaba resultando em um menor ganho de massa corporal.
Como aconteceu com muitas das grandes descobertas científicas, Hubert Plovier, doutorando da equipe de Cani, descobriu a proteína Amuc_1100 por mero acaso.
A bactéria Akkermansia muciniphila é conhecida por sua capacidade de reduzir em entre 40 e 50% o ganho de massa corporal e de resistência a insulina em ratos, o que Cani comprovou em 2013.
Mas havia um problema, os testes em humanos esbarravam na dificuldade de reproduzir sinteticamente a bactéria, que é sensível ao oxigênio.
Para resolver o problema, Plovier optou pela pasteurização, um processo no qual uma substância é aquecida a 70 graus.
Descobrimos não só que a bactéria produzida dessa maneira [pasteurização] conserva suas propriedades, mas também que dobra em eficácia, detendo totalmente o desenvolvimento da obesidade e da diabete tipo 2, independente do regime alimentar.
Ao investigar as razões do ganho em eficácia, os pesquisadores observaram a presença da proteína Amuc_1100 ainda ativa na bactéria pasteurizada.
Quer dizer, a pasteurização elimina o que é desnecessário na bactéria e preserva a proteína, o que explica essa eficácia multiplicada.
Os efeitos da proteína isolada foram testados em três séries de testes com ratos e os mesmos resultados do tratamento com a bactéria Akkermansia muciniphila pasteurizada foram obtidos.
Animais submetidos a um regime rico em gordura e altamente calórico e que receberam a bactéria viva ganharam menos peso e desenvolveram menos resistência à insulina que os que receberam um placebo.
Já nos que foram administrados a bactéria pasteurizada ou a proteína isolada os resultados foram ainda mais impressionantes: O tratamento impediu qualquer ganho de peso e a resistência à insulina.
O tratamento com Akkermansia muciniphila pasteurizada já foi submetido a uma primeira fase de testes em humanos e foi concluído que sua administração não apresenta riscos para a saúde.
A prova foi realizada com quatro grupos de dez voluntários, em alguns casos durante 15 dias, em outros durante três meses, seguindo os procedimentos habituais para esse tipo de pesquisas.
Um grupo recebeu uma dose diária de um bilhão de bactérias vivas, outro 10 mil bactérias vivas, o terceiro um bilhão de bactérias pasteurizadas e o último um placebo.
Nenhum dos voluntários apresentou qualquer problema, de acordo com o professor Patrice Cani.
A segunda fase de testes em humanos, que deve ser concluída no segundo semestre de 2017 e deverá contar com mais de 100 voluntários, irá determinar os efeitos clínicos da bactéria sobre a obesidade e a diabete.
Na hipótese dos resultados serem positivos, esse seria o primeiro passo para o desenvolvimento de um futuro produto terapêutico contra ambas doenças, e que poderia chegar ao mercado em um prazo de cinco ou seis anos.
Todavia, para o desenvolvimento de um remédio, o processo poderia levar, no mínimo, dez anos. Uma vez que ainda é necessário testar o uso da proteína isolada em humanos e descobrir uma maneira de produzi-la em grande escala, destacam os pesquisadores.
Cani pretende ainda comprovar os efeitos da Akkermansia muciniphila sobre outras doenças relacionadas, como alto nível de colesterol, arteriosclerose, inflamação intestinal e mesmo câncer.
O estudo foi publicado na revista Nature e pode abrir caminho para o desenvolvimento de um medicamento contra as duas doenças que afetam 600 milhões e 400 milhões de pessoas em todo o mundo, respectivamente.
Fonte: BBC
[Visto no Brasil Acadêmico]
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