O canal de vídeos educacionais Crash Course fala sobre capitalismo e socialismo.
O canal de vídeos educacionais Crash Course fala sobre capitalismo e socialismo.
Em vídeo de 2012, John Green, com seu estilo irônico e bem humorado fala sobre a história do capitalismo e traça um paralelo entre o capitalismo e o socialismo.
Abaixo, transcrevemos as legendas do vídeo.
Oi. Eu sou o John Green, este é o Crash Course História Mundial e hoje vamos falar de capitalismo.
- Sr. Green, o capitalismo transforma os homens em lobos. Seus mercados supostamente livres escravizam nós todos. -
Ai, meu Deus, Stan, sou eu na época da faculdade. "Eu do Passado" se tornou "Eu da Faculdade". Isso é um desastre.
A razão pela qual ele é tão insuportável, Stan, é que ele se recusa a reconhecer a legitimidade das narrativas de outras pessoas e isso significa que ele não vai nunca, mas nunca mesmo, ser capaz de ter uma conversa produtiva com outro ser humano em toda a sua vida.
Portanto escute, Eu do Passado: eu vou te desapontar por ser capitalista demais.
E vou desapontar muitas outras pessoas por não ser capitalista o suficiente.
E eu vou desapontar os historiadores por não usar jargões o suficiente.
Mas o que que eu posso fazer? Nós só temos 12 minutos.
Felizmente, o capitalismo tem tudo a ver com eficiência, então vamos lá, Eu da Faculdade.
Randy Riggs se torna um autor best-seller; Josh Radnor estrela uma grande sitcom; você e a Emily NÃO VÃO dar certo juntos; e NÃO VÁ para o Alaska com uma garota que você conheceu há 10 dias.
CERTO. VAMOS FALAR DE CAPITALISMO.
Então. O capitalismo é um sistema econômico, mas também é um sistema cultural.
Ele é caracterizado pelo aumento da riqueza através da inovação e do investimento.
Mas hoje nós vamos focar na produção e em como o capitalismo industrial a transformou.
Stan, eu não posso usar esses emblemas da burguesia enquanto o próprio Karl Marx está me olhando. É ridículo. Vou me trocar.
- É muito difícil tirar uma camisa dramaticamente. -
Digamos que é 1200 DC e você é um comerciante de tapetes. Exatamente como os comerciantes de hoje em dia, você às vezes precisa emprestar dinheiro para comprar os tapetes que você quer revender por lucro.
E então você paga a dívida, frequentemente com juros, uma vez que você tenha vendido os tapetes.
Isso se chama capitalismo mercantil e era um fenômeno global, dos chineses à rede comercial do Oceano Índico e a comerciantes muçulmanos que patrocinavam caravanas comerciais pelo Saara.
Mas lá pelo século XVII, comerciantes nos Países Baixos e na Grã-Bretanha tinham, sobre essa ideia, desenvolvido companhias de ações conjuntas.
Essas companhias podiam financiar missões comerciais maiores e também distribuir o risco do comércio internacional.
Mas o risco do comércio internacional é que às vezes navios naufragam ou são capturados por piratas.
e enquanto isso é ruim se você for um marinheiro, porque, sabe, você perde a sua vida, é MUITO ruim se você for um capitalista mercantil, porque você perde todo o seu dinheiro.
Mas se você for o dono de um quinto dos navios, esse risco é muito mais restrito.
Esse tipo de investimento definitivamente aumentou a riqueza, mas afetou apenas uma pequena parcela da população e não criou uma cultura capitalista.
O capitalismo industrial foi algo completamente diferente, em ambos escala e prática.
Vamos usar a definição de Joyce Appleby do capitalismo industrial: "Um sistema econômico baseado em investimento de capital em máquinas e tecnologia que são usadas para aumentar a produção de bens comerciáveis.
Então, imagine se alguém fizesse uma Máquina Stan.
Aliás, Stan, a semelhança é impressionante.
E que a Máquina Stan pudesse produzir e dirigir dez vezes mais episódios do Crash Course que o Stan humano.
Bom, claro, mesmo que haja custos significantes a princípio, eu vou investir na Máquina Stan, para que eu possa começar a espalhar dez vezes mais conhecimento.
Stan, você está focando no robô em vez de mim? Eu sou a estrela desse show! Stanbô, você vai para trás do globo.
Então.
Quando a maioria de nós pensa em capitalismo, especialmente quando pensamos em seus pontos negativos, (jornadas longas, salários baixos, condições de trabalho miseráveis, trabalho infantil, Stans desempregados) é nisso que estamos pensando.
Agora, reconhecidamente, essa é apenas uma definição para o capitalismo industrial entre muitas, mas é a que vamos usar.
Tudo certo, vamos ao Thought Bubble.
O capitalismo industrial se desenvolveu primeiro na Grã-Bretanha no século XIX.
A Grã-Bretanha tinha uma série de vantagens: era o poder dominante nos mares e ganhava muito dinheiro do comércio com suas colônias, incluindo o comércio de escravos.
Além disso, o crescimento do capitalismo foi facilitado pelo meio século de inquietação civil resultantes da Guerra Civil Inglesa do século XVII.
Agora, eu não estou advocando pelas guerras civis ou algo do tipo, mas nesse caso em particular ela foi útil, pois antes da guerra a coroa britânica pusera muitas restrições à econômia (licenças complicadas, monopólios reais, etc.), mas durante o tumulto, ela não pôde reforçá-las, o que fez os mercados mais livres.
Outro fator foi o crescimento impressionante da produção agrícola no século XVI.
Quando os preços da comida começaram a subir, se tornou lucrativo para os fazendeiros, tanto pequenos quanto grandes, investir em tecnologias agrícolas que melhorariam o rendimento das safras.
Esses preços maiores dos grãos provavelmente resultaram do crescimento populacional, que por sua vez foi encorajado pelo aumento da produção de comida.
Algumas dessas melhorias agrícolas vieram dos holandeses, que tinham problemas crônicos em se alimentar e descobriram que plantando diferentes tipos de cultura, como couve, que adicionava nitrogênio ao solo e podia ser usada para alimentar o gado ao mesmo tempo, significava que mais campos podiam ser usados ao mesmo tempo.
A produtividade aumentada eventualmente trouxe abaixo os preços e isso encorajou mais inovação para aumentar a safra e compensar a queda dos preços.
Preços de comida mais baixos tinham um benefício extra: Já que a comida custava menos e os salários na Inglaterra continuaram altos, os trabalhadores tinham mais renda disponível, o que significava que se houvesse bens consumíveis disponíveis, eles seriam consumidos, o que incentivou as pessoas a fazer bens consumíveis mais eficientemente, e portanto a um custo menor.
Você pode ver como esse ciclo de retorno positivo leva a mais comida e mais coisas, culminando num mundo onde as pessoas têm tanta coisa que precisamos alugar espaço para armazená-las e tanta comida que a obesidade se tornou uma causa de morte maior que a inanição.
Obrigado, Thought Bubble.
Então essa produtividade aumentada também significava que menos pessoas precisavam trabalhar na agricultura para alimentar a população.
Para pôr os dados em perspectiva, em 1520, 80% da população inglesa cultivava a terra.
Em 1800, apenas 36% dos homens trabalhadores adultos trabalhava na agricultura, e em 1850, essa porcentagem caíra para 25.
Isso significa que quando as fábricas começaram a funcionar, havia uma profusão de trabalhadores prontos para operá-las.
Especialmente crianças.
Até então tudo soa muito bem, certo? Quer dizer, exceto pelo trabalho infantil.
Quem não gostaria de comida mais barata e em maior quantidade? É, bom, não tão rápido.
Um dos meios com que os britânicos atingiram essa produtividade agrícola foi através do processo de cercamento.
Em que senhorios reapropriavam e privatizavam campos que por séculos haviam sido cultivados por múltiplos vassalos.
Isso aumentou a produtividade agrícola, mas também empobreceu muitos fazendeiros vassalos, muitos dos quais perderam seu sustento.
Certo.
Para os nossos propósitos, o capitalismo é também um sistema cultural, baseado na necessidade de investidores privados de lucrar.
Portanto a verdadeira mudança necessária era uma mudança de mentalidade.
As pessoas tinham que desenvolver os valores capitalistas de tomar riscos e apreciar inovações.
E elas tinham que acreditar que investir de cara em alguma coisa como uma Máquina Stan poderia trazer o dinheiro gasto de volta e mais um pouco.
Uma das razões pelas quais esses valores se desenvolveram na Grã-Bretanha foi que as pessoas que inicialmente os possuíam eram muita boas em publicidade.
Escritores como Thomas Mun, que trabalhou para a Companhia Inglesa das Índias Orientais, expuseram o povo à ideia de que a economia é controlada por mercados.
E outros escritores popularizam a ideia de que era da natureza humana que indivíduos participassem de mercados como agentes racionais.
Até a nossa linguagem mudou: a palavra "indivíduos" não se aplicava a pessoas até o século XVII.
E no século XVIII, uma "carreira" ainda se referia apenas às vidas competitivas dos cavalos.
Talvez a mais importante ideia que foi popularizada na Inglaterra foi a de que homens e mulheres são consumidores além de produtores e que isso era na verdade uma coisa boa, porque o desejo de consumir bens manufaturados podia incentivar o crescimento econômico.
Assim escreveu John Cary, um dos líderes de torcida do capitalismo, em 1695.
E em falar do nosso apetite, ele não se referia apenas a comida.
Isso não parece radical agora, mas certamente era naquela época.
Então aqui no século XXI está claro que o capitalismo industrial, pelo menos por enquanto, ganhou.
Desculpa, amigo.
Mas, sabe, você fez uma boa concorrência. Você não tinha como saber do Stalin.
Mas o capitalismo tem seus problemas, e críticos, e certamente houve muitas falhas no capitalismo industrial do século XIX.
As condições de trabalho eram horríveis. Os dias eram longos, árduos e monótonos.
Os trabalhadores viviam em condições que as pessoas em países desenvolvidos hoje associariam com pobreza extrema.
Uma maneira com que os trabalhadores responderam a essas condições foi se organizando em sindicatos.
Outra resposta foi em muitos casos teórica: socialismo, cujo mais famoso ramo é o socialismo marxista.
Eu provavelmente devo apontar aqui que o socialismo é um opositor imperfeito ao capitalismo, mesmo que os dois sejam com frequência justapostos.
Os defensores do capitalismo gostam de apontar que ele é "natural", isto é, que se abandonados à nossa própria sorte, os seres humanos construiriam relações econômicas similares ao capitalismo.
O socialismo, pelo menos em suas incarnações modernas, tem menos pretensões a respeito de ser uma expressão da natureza humana; é o resultado da escolha e do planejamento humanos.
Então. O socialismo, enquanto construção intelectual, começou na França.
- Fui bem, Stan? Hm. Na fronteira entre o Egito e a Líbia. -
Havia dois ramos de socialismo na França, utópico e revolucionário.
O socialismo utópico é frequentemente associado a Comte de Saint Simon e Charles Fourier, ambos dos quais rejeitavam ações revolucionárias depois de terem visto o desastre da Revolução Francesa.
Ambos eram críticos do capitaismo e enquanto Fourier é geralmente usado como piada em aulas de história porque ele acreditava que, em seu mundo socialista ideal, os mares se tornariam limonada, ele estava certo em dizer que seres humanos têm desejos que vão além do básico interesse próprio, e que nós nem sempre somos agentes econômicos racionais.
Os outros socialistas franceses eram os revolucionários e eles viam a Revolução Francesa, até mesmo sua violência, numa luz muito mais positiva.
O mais importante desses revolucionários era Auguste Blanqui e nós associamos muitas de suas ideias ao comunismo, um termo que ele usava.
Como os utópicos, ele criticava o capitalismo, mas acreditava que o mesmo só podia ser suplantado através de revolução violenta das classes trabalhadoras.
No entanto, enquanto Blanqui pensava que os trabalhadores dominariam um mundo comunista, ele era um elitista.
E ele acreditava que os trabalhadores, por si mesmos, jamais superariam suas superstições e preconceitos para suplantar a opressão burguesa.
E isso nos traz a Karl Marx, cujas ideias e barba projetam uma sombra sobre a maior parte do século XX.
Ah, está na hora da Carta Aberta? Uma carta aberta à barba de Karl Marx. Mas, antes, vamos ver o que há no compartimento secreto hoje.
Ah, robôs. Stanbôs! Dois Stanbôs, um deles fêmea! Agora eu possuo todos os meios de produção.
Você é oficialmente inútil para mim, Stan. Agora desliga a câmera. Desliga- Eu vou ter que me levantar pra ir desligar a câmera? Stanbô, vai desligar a câmera.
Olá, barba de Karl Marx. Uau, você é intensa! Karl Marx, hoje em dia há muitos jovens que acham barbas legais.
Amantes da barba, por assim dizer.
Mas aquelas não são barbas, são bigodinhos de leite glorificados.
Quer dizer, eu não me barbeio há algumas semanas, Karl Marx, mas não estou chamando o que eu tenho de barba.
Não se cresce uma barba sendo preguiçoso, se cresce uma barba sendo um revolucionário empenhado.
É por isso que marxistas hardcore são literalmente conhecidos como "marxistas barbados".
Hoje em dia, isso é um xingamento. Mas sabe do quê, Karl Marx? Olhando para a história, eu prefiro os comunistas de barba.
Vamos falar de alguns comunistas que não tinham barba: Mao Zedong, Pol Pot, Kim Jong-il, Joseph Stalin e sua lagarta facial! Então, sim, barba de Karl Marx, é meu grande pesar informá-lo de que há algumas barbas bem insignificantes tentando tomar parte na luta de classes hoje em dia.
Cumprimentos, John Green.
Apesar de ser frequentemente considerado o pai do comunismo porque ele é um dos autores do Manifesto Comunista, Marx era acima de tudo um filósofo e historiador.
Só que, diferentemente de muitos filósofos e historiadores, ele advocava pela revolução.
Sua maior obra, Das Kapital, tenta explicar o mundo do século XIX em termos históricos e filosóficos.
As reflexões de Marx são profundas e densas e nós temos pouco tempo, mas eu quero introduzir uma de suas ideias, a de luta de classes.
Para Marx, o foco não está nas classes, mas na luta.
Basicamente, Marx acreditava que as classes não lutam apenas para fazer história, mas que é a luta que faz das classes o que elas são.
A ideia é de que através do conflito, as classes desenvolvem um senso de si mesmas e que, sem conflito, não existe uma consciência de classe. Marx escrevia na Inglaterra do século XIX e havia duas classes importantes: os trabalhadores e os capitalistas.
Os capitalistas possuíam a maior parte dos meios de produção (nesse caso, terra e o capital para investir em fábricas). Os trabalhadores tinham apenas sua mão-de-obra.
Portanto, a luta de classes nesse caso é entre os capitalistas, que querem mão-de-obra ao preço mais baixo possível, e os trabalhadores, que querem ser pagos o maior salário possível por seu trabalho.
Há duas ideias-chave que fundamentam essa teoria de luta de classes.
A primeira: Marx acreditava que a produção, ou o trabalho, era o que dava à vida significado material.
A segunda é que nós somos por natureza animais sociais.
Trabalhamos juntos, colaboramos, somos mais eficientes quando compartilhamos recursos.
O criticismo de Marx ao capitalismo é que o capitalismo substitui essa colaboração igualitária por conflito.
E isso significa que não é um sistema natural, no fim das contas.
E, ao argumentar que o capitalismo na verdade não é consistente com a natureza humana, Marx quis empoderar os trabalhadores.
Isso é muito mais atrativo que o socialismo elitista de Blanqui e, enquanto estados supostamente marxistas, como a URSS, geralmente abandonam bem rápido o empoderamento dos trabalhadores, a ideia de proteger nosso interesse coletivo continua poderosa.
E é aqui que paramos por enquanto, antes que eu comece a ler o Manifesto Comunista.
Mas, no fim das contas, o socialismo não teve êxito em suplantar o capitalismo, como seus proponentes esperavam.
Nos Estados Unidos, pelo menos, "socialismo" se tornou uma palavra meio feia.
O capitalismo parece ter ganhado e, em termos de conforto material e acesso a bens e serviços para pessoas ao redor do mundo, isso é provavelmente uma coisa boa.
Agh! Você fica caindo. Você um grande bit, mas um bem fraquinho. Na verdade, pensando bem, você é mais um 8-bit.
Mas como e até que ponto usamos princípios socialistas para regular mercados livres continua uma questão em aberto e que recebe respostas bem diferentes em, digamos, a Suíça e os Estados Unidos.
E aí, eu diria, é onde Marx ainda é relevante.
A competição capitalista é boa e natural ou devem haver sistemas para controlá-la pelo nosso bem coletivo? Devemos nos juntar para fornecer cuidados médicos aos doentes ou pensões para os idosos? Os governos devem possuir empresas e, se sim, quais? O correio? A segurança do aeroporto? A educação? Esses são os setores em que o capitalismo industrial e o socialismo ainda estão competindo.
E, nesse sentido, pelo menos, a luta continua.
Obrigado por assistir. Te vejo semana que vem.
Fonte: Crash Course
[Visto no Brasil Acadêmico]
Em vídeo de 2012, John Green, com seu estilo irônico e bem humorado fala sobre a história do capitalismo e traça um paralelo entre o capitalismo e o socialismo.
Clique Retroceder Avançar Espaço / / F
Abaixo, transcrevemos as legendas do vídeo.
Oi. Eu sou o John Green, este é o Crash Course História Mundial e hoje vamos falar de capitalismo.
- Sr. Green, o capitalismo transforma os homens em lobos. Seus mercados supostamente livres escravizam nós todos. -
Ai, meu Deus, Stan, sou eu na época da faculdade. "Eu do Passado" se tornou "Eu da Faculdade". Isso é um desastre.
A razão pela qual ele é tão insuportável, Stan, é que ele se recusa a reconhecer a legitimidade das narrativas de outras pessoas e isso significa que ele não vai nunca, mas nunca mesmo, ser capaz de ter uma conversa produtiva com outro ser humano em toda a sua vida.
Portanto escute, Eu do Passado: eu vou te desapontar por ser capitalista demais.
E vou desapontar muitas outras pessoas por não ser capitalista o suficiente.
E eu vou desapontar os historiadores por não usar jargões o suficiente.
Mas o que que eu posso fazer? Nós só temos 12 minutos.
Felizmente, o capitalismo tem tudo a ver com eficiência, então vamos lá, Eu da Faculdade.
Randy Riggs se torna um autor best-seller; Josh Radnor estrela uma grande sitcom; você e a Emily NÃO VÃO dar certo juntos; e NÃO VÁ para o Alaska com uma garota que você conheceu há 10 dias.
CERTO. VAMOS FALAR DE CAPITALISMO.
Então. O capitalismo é um sistema econômico, mas também é um sistema cultural.
Ele é caracterizado pelo aumento da riqueza através da inovação e do investimento.
Mas hoje nós vamos focar na produção e em como o capitalismo industrial a transformou.
Stan, eu não posso usar esses emblemas da burguesia enquanto o próprio Karl Marx está me olhando. É ridículo. Vou me trocar.
- É muito difícil tirar uma camisa dramaticamente. -
Digamos que é 1200 DC e você é um comerciante de tapetes. Exatamente como os comerciantes de hoje em dia, você às vezes precisa emprestar dinheiro para comprar os tapetes que você quer revender por lucro.
E então você paga a dívida, frequentemente com juros, uma vez que você tenha vendido os tapetes.
Isso se chama capitalismo mercantil e era um fenômeno global, dos chineses à rede comercial do Oceano Índico e a comerciantes muçulmanos que patrocinavam caravanas comerciais pelo Saara.
Mas lá pelo século XVII, comerciantes nos Países Baixos e na Grã-Bretanha tinham, sobre essa ideia, desenvolvido companhias de ações conjuntas.
Essas companhias podiam financiar missões comerciais maiores e também distribuir o risco do comércio internacional.
Mas o risco do comércio internacional é que às vezes navios naufragam ou são capturados por piratas.
e enquanto isso é ruim se você for um marinheiro, porque, sabe, você perde a sua vida, é MUITO ruim se você for um capitalista mercantil, porque você perde todo o seu dinheiro.
Mas se você for o dono de um quinto dos navios, esse risco é muito mais restrito.
Esse tipo de investimento definitivamente aumentou a riqueza, mas afetou apenas uma pequena parcela da população e não criou uma cultura capitalista.
O capitalismo industrial foi algo completamente diferente, em ambos escala e prática.
Vamos usar a definição de Joyce Appleby do capitalismo industrial: "Um sistema econômico baseado em investimento de capital em máquinas e tecnologia que são usadas para aumentar a produção de bens comerciáveis.
Então, imagine se alguém fizesse uma Máquina Stan.
Aliás, Stan, a semelhança é impressionante.
E que a Máquina Stan pudesse produzir e dirigir dez vezes mais episódios do Crash Course que o Stan humano.
Bom, claro, mesmo que haja custos significantes a princípio, eu vou investir na Máquina Stan, para que eu possa começar a espalhar dez vezes mais conhecimento.
Stan, você está focando no robô em vez de mim? Eu sou a estrela desse show! Stanbô, você vai para trás do globo.
Então.
Quando a maioria de nós pensa em capitalismo, especialmente quando pensamos em seus pontos negativos, (jornadas longas, salários baixos, condições de trabalho miseráveis, trabalho infantil, Stans desempregados) é nisso que estamos pensando.
Agora, reconhecidamente, essa é apenas uma definição para o capitalismo industrial entre muitas, mas é a que vamos usar.
Tudo certo, vamos ao Thought Bubble.
O capitalismo industrial se desenvolveu primeiro na Grã-Bretanha no século XIX.
A Grã-Bretanha tinha uma série de vantagens: era o poder dominante nos mares e ganhava muito dinheiro do comércio com suas colônias, incluindo o comércio de escravos.
Além disso, o crescimento do capitalismo foi facilitado pelo meio século de inquietação civil resultantes da Guerra Civil Inglesa do século XVII.
Agora, eu não estou advocando pelas guerras civis ou algo do tipo, mas nesse caso em particular ela foi útil, pois antes da guerra a coroa britânica pusera muitas restrições à econômia (licenças complicadas, monopólios reais, etc.), mas durante o tumulto, ela não pôde reforçá-las, o que fez os mercados mais livres.
Outro fator foi o crescimento impressionante da produção agrícola no século XVI.
Quando os preços da comida começaram a subir, se tornou lucrativo para os fazendeiros, tanto pequenos quanto grandes, investir em tecnologias agrícolas que melhorariam o rendimento das safras.
Esses preços maiores dos grãos provavelmente resultaram do crescimento populacional, que por sua vez foi encorajado pelo aumento da produção de comida.
Algumas dessas melhorias agrícolas vieram dos holandeses, que tinham problemas crônicos em se alimentar e descobriram que plantando diferentes tipos de cultura, como couve, que adicionava nitrogênio ao solo e podia ser usada para alimentar o gado ao mesmo tempo, significava que mais campos podiam ser usados ao mesmo tempo.
A produtividade aumentada eventualmente trouxe abaixo os preços e isso encorajou mais inovação para aumentar a safra e compensar a queda dos preços.
Preços de comida mais baixos tinham um benefício extra: Já que a comida custava menos e os salários na Inglaterra continuaram altos, os trabalhadores tinham mais renda disponível, o que significava que se houvesse bens consumíveis disponíveis, eles seriam consumidos, o que incentivou as pessoas a fazer bens consumíveis mais eficientemente, e portanto a um custo menor.
Você pode ver como esse ciclo de retorno positivo leva a mais comida e mais coisas, culminando num mundo onde as pessoas têm tanta coisa que precisamos alugar espaço para armazená-las e tanta comida que a obesidade se tornou uma causa de morte maior que a inanição.
Obrigado, Thought Bubble.
Então essa produtividade aumentada também significava que menos pessoas precisavam trabalhar na agricultura para alimentar a população.
Para pôr os dados em perspectiva, em 1520, 80% da população inglesa cultivava a terra.
Em 1800, apenas 36% dos homens trabalhadores adultos trabalhava na agricultura, e em 1850, essa porcentagem caíra para 25.
Isso significa que quando as fábricas começaram a funcionar, havia uma profusão de trabalhadores prontos para operá-las.
Especialmente crianças.
Até então tudo soa muito bem, certo? Quer dizer, exceto pelo trabalho infantil.
Quem não gostaria de comida mais barata e em maior quantidade? É, bom, não tão rápido.
Um dos meios com que os britânicos atingiram essa produtividade agrícola foi através do processo de cercamento.
Em que senhorios reapropriavam e privatizavam campos que por séculos haviam sido cultivados por múltiplos vassalos.
Isso aumentou a produtividade agrícola, mas também empobreceu muitos fazendeiros vassalos, muitos dos quais perderam seu sustento.
Certo.
Para os nossos propósitos, o capitalismo é também um sistema cultural, baseado na necessidade de investidores privados de lucrar.
Portanto a verdadeira mudança necessária era uma mudança de mentalidade.
As pessoas tinham que desenvolver os valores capitalistas de tomar riscos e apreciar inovações.
E elas tinham que acreditar que investir de cara em alguma coisa como uma Máquina Stan poderia trazer o dinheiro gasto de volta e mais um pouco.
Uma das razões pelas quais esses valores se desenvolveram na Grã-Bretanha foi que as pessoas que inicialmente os possuíam eram muita boas em publicidade.
Escritores como Thomas Mun, que trabalhou para a Companhia Inglesa das Índias Orientais, expuseram o povo à ideia de que a economia é controlada por mercados.
E outros escritores popularizam a ideia de que era da natureza humana que indivíduos participassem de mercados como agentes racionais.
Até a nossa linguagem mudou: a palavra "indivíduos" não se aplicava a pessoas até o século XVII.
E no século XVIII, uma "carreira" ainda se referia apenas às vidas competitivas dos cavalos.
Talvez a mais importante ideia que foi popularizada na Inglaterra foi a de que homens e mulheres são consumidores além de produtores e que isso era na verdade uma coisa boa, porque o desejo de consumir bens manufaturados podia incentivar o crescimento econômico.
O principal impulso de comercializar ou, antes, de industrializar e inovar, é o apetite exorbitante dos homens, que eles se esforçarão para saciar.
Assim escreveu John Cary, um dos líderes de torcida do capitalismo, em 1695.
E em falar do nosso apetite, ele não se referia apenas a comida.
Isso não parece radical agora, mas certamente era naquela época.
Então aqui no século XXI está claro que o capitalismo industrial, pelo menos por enquanto, ganhou.
Desculpa, amigo.
Mas, sabe, você fez uma boa concorrência. Você não tinha como saber do Stalin.
Mas o capitalismo tem seus problemas, e críticos, e certamente houve muitas falhas no capitalismo industrial do século XIX.
As condições de trabalho eram horríveis. Os dias eram longos, árduos e monótonos.
Os trabalhadores viviam em condições que as pessoas em países desenvolvidos hoje associariam com pobreza extrema.
Uma maneira com que os trabalhadores responderam a essas condições foi se organizando em sindicatos.
Outra resposta foi em muitos casos teórica: socialismo, cujo mais famoso ramo é o socialismo marxista.
Eu provavelmente devo apontar aqui que o socialismo é um opositor imperfeito ao capitalismo, mesmo que os dois sejam com frequência justapostos.
Os defensores do capitalismo gostam de apontar que ele é "natural", isto é, que se abandonados à nossa própria sorte, os seres humanos construiriam relações econômicas similares ao capitalismo.
O socialismo, pelo menos em suas incarnações modernas, tem menos pretensões a respeito de ser uma expressão da natureza humana; é o resultado da escolha e do planejamento humanos.
Então. O socialismo, enquanto construção intelectual, começou na França.
- Fui bem, Stan? Hm. Na fronteira entre o Egito e a Líbia. -
Havia dois ramos de socialismo na França, utópico e revolucionário.
O socialismo utópico é frequentemente associado a Comte de Saint Simon e Charles Fourier, ambos dos quais rejeitavam ações revolucionárias depois de terem visto o desastre da Revolução Francesa.
Ambos eram críticos do capitaismo e enquanto Fourier é geralmente usado como piada em aulas de história porque ele acreditava que, em seu mundo socialista ideal, os mares se tornariam limonada, ele estava certo em dizer que seres humanos têm desejos que vão além do básico interesse próprio, e que nós nem sempre somos agentes econômicos racionais.
Os outros socialistas franceses eram os revolucionários e eles viam a Revolução Francesa, até mesmo sua violência, numa luz muito mais positiva.
O mais importante desses revolucionários era Auguste Blanqui e nós associamos muitas de suas ideias ao comunismo, um termo que ele usava.
Como os utópicos, ele criticava o capitalismo, mas acreditava que o mesmo só podia ser suplantado através de revolução violenta das classes trabalhadoras.
No entanto, enquanto Blanqui pensava que os trabalhadores dominariam um mundo comunista, ele era um elitista.
E ele acreditava que os trabalhadores, por si mesmos, jamais superariam suas superstições e preconceitos para suplantar a opressão burguesa.
E isso nos traz a Karl Marx, cujas ideias e barba projetam uma sombra sobre a maior parte do século XX.
Ah, está na hora da Carta Aberta? Uma carta aberta à barba de Karl Marx. Mas, antes, vamos ver o que há no compartimento secreto hoje.
Ah, robôs. Stanbôs! Dois Stanbôs, um deles fêmea! Agora eu possuo todos os meios de produção.
Você é oficialmente inútil para mim, Stan. Agora desliga a câmera. Desliga- Eu vou ter que me levantar pra ir desligar a câmera? Stanbô, vai desligar a câmera.
Olá, barba de Karl Marx. Uau, você é intensa! Karl Marx, hoje em dia há muitos jovens que acham barbas legais.
Amantes da barba, por assim dizer.
Mas aquelas não são barbas, são bigodinhos de leite glorificados.
Quer dizer, eu não me barbeio há algumas semanas, Karl Marx, mas não estou chamando o que eu tenho de barba.
Não se cresce uma barba sendo preguiçoso, se cresce uma barba sendo um revolucionário empenhado.
É por isso que marxistas hardcore são literalmente conhecidos como "marxistas barbados".
Hoje em dia, isso é um xingamento. Mas sabe do quê, Karl Marx? Olhando para a história, eu prefiro os comunistas de barba.
Vamos falar de alguns comunistas que não tinham barba: Mao Zedong, Pol Pot, Kim Jong-il, Joseph Stalin e sua lagarta facial! Então, sim, barba de Karl Marx, é meu grande pesar informá-lo de que há algumas barbas bem insignificantes tentando tomar parte na luta de classes hoje em dia.
Cumprimentos, John Green.
Apesar de ser frequentemente considerado o pai do comunismo porque ele é um dos autores do Manifesto Comunista, Marx era acima de tudo um filósofo e historiador.
Só que, diferentemente de muitos filósofos e historiadores, ele advocava pela revolução.
Sua maior obra, Das Kapital, tenta explicar o mundo do século XIX em termos históricos e filosóficos.
As reflexões de Marx são profundas e densas e nós temos pouco tempo, mas eu quero introduzir uma de suas ideias, a de luta de classes.
Para Marx, o foco não está nas classes, mas na luta.
Basicamente, Marx acreditava que as classes não lutam apenas para fazer história, mas que é a luta que faz das classes o que elas são.
A ideia é de que através do conflito, as classes desenvolvem um senso de si mesmas e que, sem conflito, não existe uma consciência de classe. Marx escrevia na Inglaterra do século XIX e havia duas classes importantes: os trabalhadores e os capitalistas.
Os capitalistas possuíam a maior parte dos meios de produção (nesse caso, terra e o capital para investir em fábricas). Os trabalhadores tinham apenas sua mão-de-obra.
Portanto, a luta de classes nesse caso é entre os capitalistas, que querem mão-de-obra ao preço mais baixo possível, e os trabalhadores, que querem ser pagos o maior salário possível por seu trabalho.
Há duas ideias-chave que fundamentam essa teoria de luta de classes.
A primeira: Marx acreditava que a produção, ou o trabalho, era o que dava à vida significado material.
A segunda é que nós somos por natureza animais sociais.
Trabalhamos juntos, colaboramos, somos mais eficientes quando compartilhamos recursos.
O criticismo de Marx ao capitalismo é que o capitalismo substitui essa colaboração igualitária por conflito.
E isso significa que não é um sistema natural, no fim das contas.
E, ao argumentar que o capitalismo na verdade não é consistente com a natureza humana, Marx quis empoderar os trabalhadores.
Isso é muito mais atrativo que o socialismo elitista de Blanqui e, enquanto estados supostamente marxistas, como a URSS, geralmente abandonam bem rápido o empoderamento dos trabalhadores, a ideia de proteger nosso interesse coletivo continua poderosa.
E é aqui que paramos por enquanto, antes que eu comece a ler o Manifesto Comunista.
Mas, no fim das contas, o socialismo não teve êxito em suplantar o capitalismo, como seus proponentes esperavam.
Nos Estados Unidos, pelo menos, "socialismo" se tornou uma palavra meio feia.
O capitalismo parece ter ganhado e, em termos de conforto material e acesso a bens e serviços para pessoas ao redor do mundo, isso é provavelmente uma coisa boa.
Agh! Você fica caindo. Você um grande bit, mas um bem fraquinho. Na verdade, pensando bem, você é mais um 8-bit.
Mas como e até que ponto usamos princípios socialistas para regular mercados livres continua uma questão em aberto e que recebe respostas bem diferentes em, digamos, a Suíça e os Estados Unidos.
E aí, eu diria, é onde Marx ainda é relevante.
A competição capitalista é boa e natural ou devem haver sistemas para controlá-la pelo nosso bem coletivo? Devemos nos juntar para fornecer cuidados médicos aos doentes ou pensões para os idosos? Os governos devem possuir empresas e, se sim, quais? O correio? A segurança do aeroporto? A educação? Esses são os setores em que o capitalismo industrial e o socialismo ainda estão competindo.
E, nesse sentido, pelo menos, a luta continua.
Obrigado por assistir. Te vejo semana que vem.
Fonte: Crash Course
[Visto no Brasil Acadêmico]
Marx é um homem de seu tempo. O conflito no capitalismo não é inerente a sua estrutura, o que fica bem claro sob a égide uma profunda análise na teoria geral da administração em especial princípios de Taylor e Fayol, resumindo e muito: operário infeliz não produz.
ResponderExcluirPoderia dizer até que a ideia de conflito é uma hipótese Ad Hoc que nasceu com vício de embasamento, bem como a mais-valia que desconsidera o investimento e o caráter subjetivo do valor agregado ao produto/serviço. Somente a opinião pública determina qual é esse valor e o retorno do investimento.