Com a cada vez mais provável vinculação entre o zika vírus e o crescente número de casos de microcefalia, a polêmica sobre a legalização do ...
Com a cada vez mais provável vinculação entre o zika vírus e o crescente número de casos de microcefalia, a polêmica sobre a legalização do aborto ganha fôlego.
O Frankfurter Allgemeine Zeitung, um dos maiores jornais da Alemanha, afirma que o vírus zika "esquentou o debate sobre a proibição do aborto" no Brasil e cita casos de mulheres que optaram por abortar "mesmo que ainda não haja uma comprovação entre a epidemia de zika e o concomitante número crescente de casos de recém-nascidos com microcefalia".
O jornal afirma ainda que as mulheres que optaram por abortar de "forma preventiva" são de classes sociais elevadas e que as famílias pobres não têm a possibilidade de fazer um aborto ilegal de forma segura numa clínica privada.
O diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, dedicou toda a sua página 3, reservada a reportagens longas, ao tema. Com o título No coração, a reportagem escrita pelo correspondente no Rio de Janeiro afirma que o zika "aflige os brasileiros de uma maneira especialmente pérfida: trata-se, agora, de suas crianças".
O texto relata os temores de uma mulher grávida de quatro meses no Rio, que tenta se proteger de picadas de mosquitos e "não ficar histérica". "Mas quando, à noite, ela ouve o zumbido dos mosquitos, ela se pega calculando a probabilidade" de contrair a doença, afirma o relato.
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ) diz que apoiará a ação pelo direito legal ao aborto de fetos com microcefalia, que deve ser levada ao Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas.
Temporão foi ministro no segundo governo Lula, entre 2007 e 2011.
Nas palavras do médico, atual diretor executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde (ISAGS), o projeto "já nasceria derrotado" caso a discussão acontecesse na Câmara dos Deputados.
Daí vem a escolha pelo poder Judiciário.
Durante seu mandato como ministro, Temporão defendeu publicamente, por diversas vezes, o direito à escolha pelo aborto legal como questão de "saúde pública". Na época, chegou a afirmar que a discussão era conduzida no país "de forma machista".
"A presidente Dilma nunca falou sobre o assunto e nenhum dos ministros que me sucedeu tocou no tema. Eu me arrisquei, botei meu rosto no debate e nunca recuei", diz hoje, se definindo como um "homem militante da causa feminista".
Como a BBC Brasil revelou, o mesmo grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos no STF, acatada em 2012, se organiza para levar ação similar à Suprema Corte em meio à epidemia de microcefalia que se espalha pelo país.
À frente da ação, a professora Debora Diniz diz que a interrupção de gestações "é só um dos pontos de uma ação maior", que também cobra políticas que erradiquem o mosquito Aedes aegipty, vetor do zika vírus, e garantias de acompanhamento e tratamento de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença.
O avanço da microcefalia e do zika vírus nas Américas foi declarado como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Temporão afirma que haveria "uma falsa impressão" de que epidemia seria fruto da "negligência das pessoas". Para o ex-ministro, a principal culpa é do Estado, que não ofereceria "coleta de lixo, fornecimento correto de água e esgotamento sanitário" de forma adequada.
O ex-ministro cita diversas vezes o médico Drauzio Varella, que afirmou à BBC Brasil que a proibição do aborto no Brasil "pune quem não tem dinheiro".
O médico mais popular do Brasil, conhecido por quadros na televisão, vídeos em redes sociais e best-sellers como Estação Carandiru, Drauzio Varella é categórico quando o assunto é a interrupção de gestações.
E concorda com Temporão quanto ao tratamento desigual das classes quanto à prática do aborto:
Mas diverge de Temporão quanto à responsabilidade precípua do governo na epidemia. Adota uma visão mais proativa da cidadania.
Dr. Drauzio ainda critica os religiosos favoráveis à proibição:
E ainda levanta uma questão confrontando a doação de órgãos e o aborto com a seguinte indagação: Se a doação de órgãos em caso de inatividade cerebral tem aceitação popular, por que a retirada de um feto igualmente sem atividade cerebral é criticada?
Para ilustrar, ele dá o exemplo de uma menina que sofre um acidente de moto e tem morte cerebral.
Fonte: DW, G1
[Visto no Brasil Acadêmico]
O Frankfurter Allgemeine Zeitung, um dos maiores jornais da Alemanha, afirma que o vírus zika "esquentou o debate sobre a proibição do aborto" no Brasil e cita casos de mulheres que optaram por abortar "mesmo que ainda não haja uma comprovação entre a epidemia de zika e o concomitante número crescente de casos de recém-nascidos com microcefalia".
O jornal afirma ainda que as mulheres que optaram por abortar de "forma preventiva" são de classes sociais elevadas e que as famílias pobres não têm a possibilidade de fazer um aborto ilegal de forma segura numa clínica privada.
São, portanto, as famílias pobres do Brasil que, de forma desproporcional, terão que carregar os custos sociais dos cuidados com as crianças que nascerem com microcefalia.
O diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, dedicou toda a sua página 3, reservada a reportagens longas, ao tema. Com o título No coração, a reportagem escrita pelo correspondente no Rio de Janeiro afirma que o zika "aflige os brasileiros de uma maneira especialmente pérfida: trata-se, agora, de suas crianças".
O texto relata os temores de uma mulher grávida de quatro meses no Rio, que tenta se proteger de picadas de mosquitos e "não ficar histérica". "Mas quando, à noite, ela ouve o zumbido dos mosquitos, ela se pega calculando a probabilidade" de contrair a doença, afirma o relato.
São apenas picadas, mas elas mudam a vida das pessoas para sempre.
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ) diz que apoiará a ação pelo direito legal ao aborto de fetos com microcefalia, que deve ser levada ao Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas.
Me coloquei à disposição (do grupo que levou a questão ao Judiciário) e vamos continuar em contato. Eu apoio que isso seja levado ao Supremo e que se levante a discussão.
José Gomes Temporão. Médico e ex-ministro da saúde.
Temporão foi ministro no segundo governo Lula, entre 2007 e 2011.
Nas palavras do médico, atual diretor executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde (ISAGS), o projeto "já nasceria derrotado" caso a discussão acontecesse na Câmara dos Deputados.
Jamais passaria. Este é talvez o mais reacionário corpo de deputados e senadores da história republicana.
Daí vem a escolha pelo poder Judiciário.
O Brasil vive um momento na política em que o cinismo, a mentira e a hipocrisia têm que terminar no contexto do aborto. Temos que enfrentar a realidade e deixar de fingir que não estamos vendo o que acontece. Abortos ilegais são feitos todos os dias nas camadas mais ricas da sociedade.
Durante seu mandato como ministro, Temporão defendeu publicamente, por diversas vezes, o direito à escolha pelo aborto legal como questão de "saúde pública". Na época, chegou a afirmar que a discussão era conduzida no país "de forma machista".
"A presidente Dilma nunca falou sobre o assunto e nenhum dos ministros que me sucedeu tocou no tema. Eu me arrisquei, botei meu rosto no debate e nunca recuei", diz hoje, se definindo como um "homem militante da causa feminista".
Como a BBC Brasil revelou, o mesmo grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos no STF, acatada em 2012, se organiza para levar ação similar à Suprema Corte em meio à epidemia de microcefalia que se espalha pelo país.
À frente da ação, a professora Debora Diniz diz que a interrupção de gestações "é só um dos pontos de uma ação maior", que também cobra políticas que erradiquem o mosquito Aedes aegipty, vetor do zika vírus, e garantias de acompanhamento e tratamento de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença.
O avanço da microcefalia e do zika vírus nas Américas foi declarado como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Temporão afirma que haveria "uma falsa impressão" de que epidemia seria fruto da "negligência das pessoas". Para o ex-ministro, a principal culpa é do Estado, que não ofereceria "coleta de lixo, fornecimento correto de água e esgotamento sanitário" de forma adequada.
Cerca de 80% dos focos no Nordeste não estão lá por culpa das famílias. Elas não têm acesso a água de forma contínua, por isso estocam. O Brasil enfrenta surtos permanentes de zika, dengue e chikungunya há 30 anos porque estas questões não foram atacadas.
O ex-ministro cita diversas vezes o médico Drauzio Varella, que afirmou à BBC Brasil que a proibição do aborto no Brasil "pune quem não tem dinheiro".
Que país é este que faz vista grossa para que a classe média faça o aborto e coloca na cadeia aquelas que ousam fazer, mas são pobres?
Drauzio Varella. Médico
O médico mais popular do Brasil, conhecido por quadros na televisão, vídeos em redes sociais e best-sellers como Estação Carandiru, Drauzio Varella é categórico quando o assunto é a interrupção de gestações.
O aborto já é livre no Brasil. É só ter dinheiro para fazer em condições até razoáveis. Todo o resto é falsidade. Todo o resto é hipocrisia.
E concorda com Temporão quanto ao tratamento desigual das classes quanto à prática do aborto:
A mulher rica faz normalmente e nunca acontece nada. Já viu alguma ser presa por isso? Agora, a mulher pobre, a mulher da favela, essa engrossa estatísticas. Essa morre.
Mas diverge de Temporão quanto à responsabilidade precípua do governo na epidemia. Adota uma visão mais proativa da cidadania.
O estado brasileiro falha em muitos níveis. Mas não dá pra colocar a culpa toda no Estado, essa é uma visão muito passiva. Larga-se o pneu com água armazenada, deixa-se a água acumular na calha... Esta culpa é compartilhada, a sociedade tem uma fração importante nessa luta.
Dr. Drauzio ainda critica os religiosos favoráveis à proibição:
Muitos religiosos pregam que o aborto não é certo. Se não está de acordo, não faça, mas não imponha sua vontade aos outros.
E ainda levanta uma questão confrontando a doação de órgãos e o aborto com a seguinte indagação: Se a doação de órgãos em caso de inatividade cerebral tem aceitação popular, por que a retirada de um feto igualmente sem atividade cerebral é criticada?
Para ilustrar, ele dá o exemplo de uma menina que sofre um acidente de moto e tem morte cerebral.
Ela pode, por lei, ter fígado, coração e rins retirados para doação, porque seu sistema nervoso central não está mais funcionando. O sistema nervoso central é o que determina a vida. Mas até o 3º trimestre de gravidez, não há nenhuma possibilidade de arranjo do sistema nervoso que se possa qualificar como atividade cerebral em qualquer nível, a não ser neurônios tentando se conectar.
Fonte: DW, G1
[Visto no Brasil Acadêmico]
com um problema de saúde destes, atraves de um vetor que se espalha rapido....qual é o foco??????? me pergunto???? a doença que ele transmite. certo??????? não ......ERRADO............
ResponderExcluirO FOCO VIRA OPORTUNISMO DE FEMININAZISMO ESQUERDOPATICO....... NEM FOI PROVADO AINDA ........ E MAIS O BRASIL NEGA AMOSTRAS DE ZICA PARA ESTUDO NOS EUA......CHEGA de oportunismo ..... caso de saude combater zica..... se aproveitar da desgraça dos outros por propria vaidade é não ter vergonha na cara......