Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra interfaces entre as descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro, o ...
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra interfaces entre as descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro, o processo de aprendizagem na escola e a promoção de saúde.
Neuza aponta que as pesquisas na área neurológica se intensificaram na última década do século 20, conhecida como “a década do cérebro”. Uma das descobertas mais importantes da neurociência foi a da plasticidade cerebral. ”Durante todo o século 20, acreditava-se que os seres humanos iam perdendo, ao longo da vida, os neurônios com que nasciam”, conta. “Entretanto, ao aprofundarem os estudos sobre o funcionamento do cérebro os cientistas descobriram que as células nervosas se renovam e se adaptam. Elas são sensíveis às mudanças ao redor e excitáveis, gerando sentimentos, pensamentos e comportamentos”.
O estudo relaciona quinze pontos coincidentes ou complementares entre neurociência, educação e promoção da saúde. “Por exemplo, sabe-se que o cérebro humano tem capacidade de criar mapas e imagens, de fora para dentro por reações físicas e químicas aos estímulos que recebe do meio”, diz Neuza. Na educação, o incentivo (externo) que os professores oferecem aos alunos visa criar neles a motivação (interna) e a vontade de aprender, devido a atividade neural. “A consequência, no que diz respeito à promoção de saúde, é que o aluno motivado tem mais chance de ter melhor qualidade de vida porque o sucesso aprimora a autoestima”.
A educadora lembra que a plasticidade cerebral contribui para a adaptabilidade do comportamento. “O papel condutor da educação interfere na atividade da criança e em sua atitude diante da realidade, o que amplia aos poucos a sua consciência”, diz. “Nas experiências psíquicas estão emoções e sentimentos que interferem na qualidade de vida. Os estímulos do professor quando positivos, geram pensamentos e comportamentos que favorecem o processo de ensino-aprendizagem”.
Desenvolvimento do cérebro
De acordo com os neurocientistas, os estímulos ambientais ampliam as conexões entre neurônios, havendo uma relação entre as experiências de vida e o desenvolvimento do cérebro. “A aprendizagem pode ser mais eficiente se o professor conhecer a vida da criança em casa, tendo mais contato com as famílias, por meio das reuniões de pais ou mesmo chamando os familiares, se for necessário, demonstrando interesse pelo aluno”, observa Neuza. ”Quanto maior o contato, mais segurança o professor terá para planejar o processo educacional, além de dar mais segurança ao aluno, pois ele se sente acolhido pela escola ao perceber que sua família é bem-vinda”.
Os princípios da psicologia e da neurociência podem ser aplicados no trabalho diário do professor se ele entender como o cérebro humano reage aos estímulos e procurar despertar no aluno uma atitude positiva. “Por exemplo, quando o aluno é elogiado por uma tarefa que faz em sala de aula, acontecem reações elétricas e químicas no sistema nervoso que fazem com que ele se sinta capaz de aprender. O estímulo melhora sua autoestima, ele aprende com mais facilidade e vive a experiência escolar com alegria. Além de ir a escola com prazer, no seu dia-a-dia terá mais entusiasmo para tudo, inclusive para fazer atividades físicas, o que traz qualidade de vida e melhora a saúde”, diz a educadora. “O professor deve sempre buscar um ponto positivo para enaltecer o aluno, mostrar que ele tem valor, não fazendo apenas críticas que podem gerar desinteresse pela escola”.
Segundo Neuza, o conceito de promoção da saúde passou a ser difundido em todo o mundo após a divulgação da Carta de Ottawa no Canadá, em 1986, durante a 1a Conferência Internacional para a Promoção da Saúde. “Anteriormente, saúde era vista como ausência de doença. Com a Carta de Ottawa, saúde passou a ser sinônimo de qualidade de vida, vivenciada no dia-a-dia”, relata. “No Brasil, após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, os Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem a saúde como tema a ser trabalhado de forma transversal e contextualmente, em todos os níveis, tornando a escola uma promotora de saúde, não só dos alunos, mas de toda a sociedade”.
A educadora defende que o profissional de educação precisa se conscientizar do papel que tem como formador, muito mais do que apenas como transmissor de informações, e buscar compensar as possíveis falhas do seu curso de formação profissional. “Sempre cabe um repensar e se pode melhorar a atuação a cada dia”, afirma. “A internet pode ajudar bastante os que têm vontade de se atualizar”.
Neuza destaca que a educação determina em grande parte o bem-estar e a felicidade que a pessoa possa ter na vida. “Não se apaga o que se faz em educação, sejam aspectos positivos ou negativos”, conclui. A pesquisa, realizada durante pós-doutoramento na FSP, teve a supervisão da professora Isabel Maria Teixeira Bicudo Pereira.
Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
Fonte: Agência USP
[Visto no Brasil Acadêmico]
Olá tenho uma dúvida talvez vc possa me ajudar, considerandoque cientistas descobriram que as células nervosas do cérebro se renovam e se adaptam, que elas são sensíveis às mudanças ao redor e excitáveis, gerando sentimentos, pensamentos e comportamentos, e as teorias Laszlo Polgar ,pedagogo húngaro, que afirmava ser possível produzir um gênio, ou seja qualquer criança, por mais comum que fosse poderia ser genial, desde que lhe fossem proporcionadas condições para isto, através dos seu métodos, suas 3 filhas destacaram-se no xadrez, sendo que Judith Polgar foi campeã mundial, há um filme no you tube sobre este fato " Susan Polgar -mente brilhante: desenvolvendo a genialidade". Minhas dúvidas são : a capacidade de aprendizado diminui com o envelhecimento ? A partir de qual idade isto pode acontecer ? Existem métodos que proporcionem aprendizado eficaz independente de idades ?
ResponderExcluirSó perguntas de vestibular, né? Bom, vou opinar apenas como blogueiro que lê, pesquisa e vê muitas opiniões de especialistas. Creio que vale a penas dividir a resposta pois são questões complexas. A capacidade de aprendizado diminui com o envelhecimento? Se houver uma deteriorização no cérebro devido a danos de todo tipo: alimentação, poluição, tabagismo, alcoolismo, doenças etc. É provável que essas injúrias danifiquem o nosso órgão de pensar de modo fisicamente. Outro fator que tende a agravar com a idade é o estímulo para aprender mais. A capacidade de nos surpreendermos e nos espantarmos pode diminuir com a experiência e com isso passamos a aprender menos. Isso faria com que perdêssemos o "tesão" por descobrir coisas novas. Como a retenção, hoje se sabe, está muito ligado com o emocional, ter menos prazer em aprender dificultaria a criação de memórias de longo prazo. O que resultaria, falando em termos clássicos, em uma diminuição do QI. Um contraponto viria das pessoas que retiveram muita informação ao longo da vida (e com bastante variabilidade). Essas informações serviria de referência para novas lembranças o que faria essa pessoa ter mais facilidade em criar memórias além de ter mais formas de recuperá-las. Por exemplo, é mais fácil você entender a sinuca se você souber que cada bola tem um número de 1 a 15, que as cores da ímpares tendem a ser "quentes" e as pares "frias". Se você já sabe o que é par e ímpar e o que são cores quentes e frias vai parecer mais "inteligente" por não ter que perguntar toda hora se uma determinada bola é sua ou do seu adversário (só um exemplo que me ocorreu). Então, se uma pessoa mais velha já sabe jogar jogos que envolva cores e números como "roleta" terá mais facilidade em fazer uma relação com algo já aprendido do que alguém que nunca jogou nada.
ExcluirPor fim, recomendo o curso gratuito online da Universidade da Califórnia, San Diego (em português): Aprendendo a aprender: ferramentas mentais poderosas para ajudá-lo a dominar assuntos difíceis (em Português) (https://www.coursera.org/learn/learning-how-to-learn). Certamente o ajudará a compreender o aprendizado sob o enfoque da neurociência. E com algumas dezenas de dólares, você poderá receber um certificado de conclusão.
ExcluirUma vez perguntei a um médico sobre o auge do desenvolvimento físico. Ele me disse que seria em torno de 23 anos. Daí para frente a gente começa a decair fisicamente. Então poderíamos pensar que a audição, a visão, a tônus muscular (para segurar um livro, digitar durante horas em um computador), etc. devem ir reduzindo em capacidade paulatinamente. Mas devido às razões apontadas na resposta anterior, a deteorização dos sensores pode ser compensada por outras estratégias que o indivíduo venha a desenvolver.
ResponderExcluirEu acredito que sim. Tudo vai depender da motivação da pessoa em perseguir esse objetivo. Assim, a primeira técnica seria tentar motivar o indivíduo a querer tal desenvolvimento intelectual (o que já é um enorme barreira). Isso passaria até mesmo por um grupo social que valoriza o desenvolvimento mental (preferencialmente da mesma faixa etária). Um idoso pode ser muito tecnofóbico e depois ficar louco para aprender a entrar no Facebook para conversar com os demais parente ou com aquele grupo da 3ª idade espalhados geograficamente oriundos da mesma escola, bairro ou cidade. Motivado, ele iria dominar as teclas de um teclado com mais de 100 delas, um sistema operacional, o funcionamento de uma interface complexa, etc. Se houver um tutor paciente será mais rápido. Técnicas de memorização são excepcionais para estimular a imaginação e a memória, eu recomendo. Mas a motivação é o fator crucial. Há ainda o fator genético que diz muito sobre o aparelhamento físico do indivíduo. A família Bernoulli (https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_Bernoulli) é um caso clássico de genética bem dotada. Muito embora filhos de pais inteligentes tendam a ser inteligente, mesmo os adotados. Além da ascendência, inteligência tem muito a ver com os estímulos do ambiente. Espero ter ajudado.
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