Ela quer achar vida em outros planetas e ensinar astronomia para meninas.
A astrônoma Aomawa Shields procura por pistas da existência de vida em outro lugar do universo por meio da análise da atmosfera de exoplanetas muito distantes.
Quando ela não está explorando os céus, a atriz classicamente treinada (e Bolsista TED) procura por formas de envolver jovens mulheres na ciência usando o teatro, a escrita e as artes visuais. "Talvez, um dia, elas juntem-se ao mundo dos astrônomos - que são pessoas cheias de contradições -", ela diz, "e possam usar sua experiência para descobrir, de uma vez por todas, que nós verdadeiramente não estamos sozinhos no universo".
Estou procurando por outro planeta, em todo o universo, em que exista vida. Não posso ver esse planeta com meus próprios olhos, nem mesmo com o telescópio mais potente que possuímos atualmente. Mas eu sei que ele está lá. E entender as contradições que ocorrem na natureza vai nos ajudar a encontrá-lo.
Em nosso planeta, onde há água, há vida. Então procuramos planetas que orbitem a uma determinada distância de suas estrelas. Nessa distância, representada em azul nesse diagrama com estrelas de diferentes temperaturas, planetas podem ser quentes o suficiente para que água flua em suas superfícies, como lagos e oceanos, onde vida pode existir. Alguns astrônomos concentram seu tempo e energia em encontrar planetas que estejam a essas distâncias de suas estrelas. Meu trabalho começa quando o deles termina. Eu faço modelos de possíveis climas de exoplanetas. E digo a importância disso: há muitos fatores, além da distância de sua estrela, que controlam se um planeta pode suportar vida.
Pegue como exemplo Vênus. Seu nome veio da deusa romana do amor e da beleza graças à sua aparência benigna e etérea no céu. Mas os cálculos das naves espaciais revelam uma outra história. A temperatura da sua superfície chega a 900 °F, 500 °C. Quente o suficiente para derreter chumbo. Sua atmosfera densa, e não sua distância do sol, é a razão. Isso causa um efeito estufa exacerbado, que prende o calor do sol e torra a superfície do planeta. A realidade contradiz totalmente as percepções iniciais desse planeta. Das lições de nosso próprio sistema solar, aprendemos que a atmosfera de um planeta é crucial para seu clima e seu potencial para abrigar vida.
Não sabemos como são as atmosferas desses planetas porque são tão pequenos e escuros, se comparados com suas estrelas, e tão distantes de nós. Por exemplo, um dos mais próximos que poderia suportar água na superfície chama-se Gliese 667 Cc . Que nome cheio de glamour, quase um número de telefone... Ele está a 23 anos-luz de distância. Ou seja, mais de 161 trilhões de quilômetros. Tentar medir a composição atmosférica de um exoplaneta passando na frente de sua estrela é difícil. É como tentar ver uma mosca passando na frente do farol de um carro. Certo. Agora imagine que esse carro está a 161 trilhões de km de distância, e você quer saber precisamente a cor dessa mosca.
Então uso modelos feitos por computadores para calcular o tipo de atmosfera necessário a um planeta para que tenha um clima favorável à água e à vida.
Aqui temos uma representação artística do planeta Kepler-62f usando a Terra como referência. Ele está a 1,2 mil anos-luz de distância e é só 40% maior que a Terra. Em nossa pesquisa, financiada pela NSF, descobrimos que ele poderia ser quente o suficiente para ter água a partir de vários tipos de atmosfera e orientações de sua órbita. Então eu gostaria que telescópios futuros acompanhassem esse planeta para procurar sinais de vida.
Gelo na superfície de um planeta também é importante para o clima. Gelo absorve comprimentos de onda mais longos, avermelhados, e reflete os mais curtos, azulados. Por isso o iceberg é tão azul nessa foto. A luz avermelhada do sol é absorvida no seu percurso através do gelo. Só a luz azul chega até o fundo. Então é refletida de volta para nossos olhos e vemos gelo azul. Meus modelos mostram que planetas orbitando estrelas mais frias podem ser mais quentes do que planetas orbitando estrelas mais quentes. Aí está uma outra contradição: o gelo absorve os comprimentos de onda mais longos de estrelas mais frias e essa luz, essa energia, aquece o gelo.
Usar modelos de clima para explorar como essas contradições podem afetar climas planetários é vital à procura da vida em outro lugar.
E não é surpresa alguma que seja essa a minha especialidade. Sou uma mulher afro-americana que é astrônoma e atriz de treinamento clássico, que ama usar maquiagem e ler revistas de moda. Então estou num lugar especialmente privilegiado para compreender o valor das contradições na natureza
(Risos)
(Aplausos)
e como elas podem enriquecer a procura pelo próximo planeta em que haja vida.
Minha organização, "Rising Stargirls", ensina astronomia para meninas de outras etnias no ensino fundamental usando teatro, escrita e artes visuais. Temos outra contradição: arte e ciência não costumam se misturar, mas misturar as duas pode ajudar essas meninas a trazer tudo que são para o que elas aprendem. E talvez um dia elas entrem no mundo dos astrônomos, pessoas tão cheias de contradições, e usem sua experiência para descobrir, de uma vez por todas, que nós não estamos sozinhos no universo.
Obrigada.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Estou procurando por outro planeta, em todo o universo, em que exista vida. Não posso ver esse planeta com meus próprios olhos, nem mesmo com o telescópio mais potente que possuímos atualmente. Mas eu sei que ele está lá. E entender as contradições que ocorrem na natureza vai nos ajudar a encontrá-lo.
Em nosso planeta, onde há água, há vida. Então procuramos planetas que orbitem a uma determinada distância de suas estrelas. Nessa distância, representada em azul nesse diagrama com estrelas de diferentes temperaturas, planetas podem ser quentes o suficiente para que água flua em suas superfícies, como lagos e oceanos, onde vida pode existir. Alguns astrônomos concentram seu tempo e energia em encontrar planetas que estejam a essas distâncias de suas estrelas. Meu trabalho começa quando o deles termina. Eu faço modelos de possíveis climas de exoplanetas. E digo a importância disso: há muitos fatores, além da distância de sua estrela, que controlam se um planeta pode suportar vida.
Pegue como exemplo Vênus. Seu nome veio da deusa romana do amor e da beleza graças à sua aparência benigna e etérea no céu. Mas os cálculos das naves espaciais revelam uma outra história. A temperatura da sua superfície chega a 900 °F, 500 °C. Quente o suficiente para derreter chumbo. Sua atmosfera densa, e não sua distância do sol, é a razão. Isso causa um efeito estufa exacerbado, que prende o calor do sol e torra a superfície do planeta. A realidade contradiz totalmente as percepções iniciais desse planeta. Das lições de nosso próprio sistema solar, aprendemos que a atmosfera de um planeta é crucial para seu clima e seu potencial para abrigar vida.
Não sabemos como são as atmosferas desses planetas porque são tão pequenos e escuros, se comparados com suas estrelas, e tão distantes de nós. Por exemplo, um dos mais próximos que poderia suportar água na superfície chama-se Gliese 667 Cc . Que nome cheio de glamour, quase um número de telefone... Ele está a 23 anos-luz de distância. Ou seja, mais de 161 trilhões de quilômetros. Tentar medir a composição atmosférica de um exoplaneta passando na frente de sua estrela é difícil. É como tentar ver uma mosca passando na frente do farol de um carro. Certo. Agora imagine que esse carro está a 161 trilhões de km de distância, e você quer saber precisamente a cor dessa mosca.
Então uso modelos feitos por computadores para calcular o tipo de atmosfera necessário a um planeta para que tenha um clima favorável à água e à vida.
Aqui temos uma representação artística do planeta Kepler-62f usando a Terra como referência. Ele está a 1,2 mil anos-luz de distância e é só 40% maior que a Terra. Em nossa pesquisa, financiada pela NSF, descobrimos que ele poderia ser quente o suficiente para ter água a partir de vários tipos de atmosfera e orientações de sua órbita. Então eu gostaria que telescópios futuros acompanhassem esse planeta para procurar sinais de vida.
Gelo na superfície de um planeta também é importante para o clima. Gelo absorve comprimentos de onda mais longos, avermelhados, e reflete os mais curtos, azulados. Por isso o iceberg é tão azul nessa foto. A luz avermelhada do sol é absorvida no seu percurso através do gelo. Só a luz azul chega até o fundo. Então é refletida de volta para nossos olhos e vemos gelo azul. Meus modelos mostram que planetas orbitando estrelas mais frias podem ser mais quentes do que planetas orbitando estrelas mais quentes. Aí está uma outra contradição: o gelo absorve os comprimentos de onda mais longos de estrelas mais frias e essa luz, essa energia, aquece o gelo.
Usar modelos de clima para explorar como essas contradições podem afetar climas planetários é vital à procura da vida em outro lugar.
E não é surpresa alguma que seja essa a minha especialidade. Sou uma mulher afro-americana que é astrônoma e atriz de treinamento clássico, que ama usar maquiagem e ler revistas de moda. Então estou num lugar especialmente privilegiado para compreender o valor das contradições na natureza
(Risos)
(Aplausos)
e como elas podem enriquecer a procura pelo próximo planeta em que haja vida.
Minha organização, "Rising Stargirls", ensina astronomia para meninas de outras etnias no ensino fundamental usando teatro, escrita e artes visuais. Temos outra contradição: arte e ciência não costumam se misturar, mas misturar as duas pode ajudar essas meninas a trazer tudo que são para o que elas aprendem. E talvez um dia elas entrem no mundo dos astrônomos, pessoas tão cheias de contradições, e usem sua experiência para descobrir, de uma vez por todas, que nós não estamos sozinhos no universo.
Obrigada.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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